quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Juan Pablo Montoya

Montoya, na FW26: carro bonito e revolucionário. Mas...

Depois de fazer uma carreira de sucesso nas categorias de base européias, Juan Pablo Montoya seguiu o caminho de outros colegas sulamericanos e europeus e foi “fazer a América”. Na Fórmula Indy, substituiu Alessandro Zanardi na Chip Ganassi, sagrando-se campeão da categoria em seu primeiro ano, e vencendo as 500 milhas de Indianápolis em 2000. Foi o bastante para que Frank Williams resolve-se apostar no talento do piloto, que já havia feitos testes para a equipe há alguns anos.

Passando Schumacher, em Interlagos:
essa o alemão teve que engolir. 
Nas duas primeiras corridas de 2001, em Melbourne e na Malásia, passou desapercebido. Mas foi em Interlagos que o mundo da F1 conheceu o real potencial do colombiano gordinho, rápido e audacioso. Logo na relargada da corrida, na terceira volta, Montoya jogou a Williams para dentro do S do Senna e surpreendeu Michael Schumacher, que teve que engolir uma das ultrapassagens mais espetaculares da história da categoria. Nessa altura, o autódromo inteiro já torcia por Juan Pablo, que liderava o GP do Brasil com imensa autoridade. Mas aí veio a chuva, e o retardatário Jos Verstappen atropelou a Williams do líder da prova, tirando Montoya da corrida. A arquibancada da reta oposta gritava seu nome como se estivesse num estádio de futebol, enquanto ele voltava a pé para os boxes. Um momento marcante da F1.

O ano de 2001 foi de muito aprendizado, e a primeira vitória veio no GP da Itália, daquele ano. No ano seguinte, Montoya conseguiu marcar sete pole positions, confirmando sua incrível velocidade. Mas, em corridas, nem mesmo ele foi capaz de parar a Ferrari F2002, que levou Michael Schumacher ao título mundial com impressionantes sete provas de antecedência.

Já em 2003, o colombiano entrou na disputa pelo título, contra Schumacher e Kimi Raikkonen, obtendo duas vitórias na temporada. Ali já se tinha a impressão de que era questão de tempo para que Montoya conseguisse o título. No final dessa temporada, o colombiano assinou contrato com a McLaren, para correr no time de Ron Dennis a partir de 2005.

Mas, a partir de 2004, a coisa começou a se enrolar. A Williams fez um carro de desenho revolucionário, mas pouco eficiente. A equipe já estava em guerra com a BMW e Montoya, já de saída, recebia pouca atenção do time. Ainda assim, o colombiano se despediu da equipe de Frank Williams com uma vitória em Interlagos.

A parceria com Ron Dennis, que prometia bastante, já começou tumultuada. Montoya ficou de fora de duas corridas em 2005, alegando ter se machucado jogando tênis. Mas ninguém engoliu muito bem a história: a desconfiança era de que Juan Pablo machucou-se andando de moto.

A McLaren tinha o carro mais rápido do grid, mas o motor Mercedes quebrou diversas vezes, o que tirou Kimi Raikkonen da disputa pelo título contra Fernando Alonso. Montoya, batido pelo companheiro, fechou o ano com três vitórias e o quarto lugar na tabela de pontuação, o que acabou não sendo um mau resultado.

Strike nos EUA: o adeus à F1
O problema é que, em 2006, a maionese desandou. Completamente fora de forma e sem ambiente na
equipe, Montoya demonstrava já não estar mais em sintonia com a F1. Envolveu-se em diversas batidas ao longo da temporada. A gota d`água foi o GP dos Estados Unidos, no qual o colombiano promoveu um verdadeiro strike logo na primeira curva, levando consigo a outra McLaren, de Kimi Raikkonen. Foi o bastante para Ron Dennis perder a paciência e mandar Juan Pablo para o olho da rua. No seu lugar, entrou Pedro de la Rosa, que completou a temporada, também sem conseguir nada muito significativo para o time.

Montoya foi ser feliz na Nascar, categoria na qual permaneceu até o final de 2013, quando assinou contrato com a Penske, voltando à Fórmula Indy. A categoria americana ainda cedeu Cristiano da Matta e Sebastien Bourdais, campeões por lá, para a F1. Mas nenhum, deles obteve qualquer resultado relevante.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Alessandro Zanardi

Zanardi na Williams: a bipolaridade atacou

Alessandro Zanardi talvez seja o maior caso de bipolaridade automobilística da história do esporte. Ao mesmo tempo em que foi um dos maiores nomes da Fórmula Indy, suas passagens pela F1 foram todas horrorosas, tendo apenas um ponto marcado em 44 corridas disputadas.

Mas vamos do começo: vice campeão da Fórmula 3000 em 1991, Zanardi chegou à F1 ainda naquele ano, como grande revelação. Até 94, perambulou por equipes pequenas como Jordan, Minardi e Lotus, envolvendo-se em uma série de batidas e incidentes. Sem lugar na categoria, partiu para a Indy.

E lá, foi outro piloto. Dono de um estilo agressivo, Zanardi fez corridas memoráveis pela Chip Ganassi, sagrando-se bi-campeão em 97 e 98. Este último campeonato, então, foi uma humilhação pública. Não havia nenhum adversário a sua altura, nesta época.

Com a ida de Jacques Villeneuve para a BAR, Frank Williams enxergou no italiano a solução para seus problemas. E assim Zanardi voltou à F1 pela porta da frente, com status de estrela do automobilismo internacional, para a categoria que havia lhe chutado anos antes.

Mas aí, foi só voltar para a Fórmula 1 que a carruagem de Zanardi virou abóbora de novo. Para começar, a Williams vivia um momento conturbado: a equipe já tinha um acordo com a BMW para o ano de 2000, mas até lá precisava continuar utilizando os velhos motores Renault, preparados pela Supertec, insuficientes para levar a equipe para brigar com McLaren, Ferrari e até Jordan.

A imagem mais vista de 99
Além disso, havia o próprio ambiente: Zanardi experimentou toda a liberdade e o clima festivo da Indy, onde era amado e idolatrado. Não foi fácil encarar os sisudos ingleses da Williams, que começaram a a virar a cara para o italiano, que não conseguia sequer chegar perto do desempenho de Ralf Schumacher, o outro piloto da equipe.

Dessa forma, Zanardi teve como único momento expressivo, um quarto lugar nos treinos para o GP da Itália. Ao final do ano, o italiano conseguiu a proeza de não marcar nenhum ponto, contra 35 de Ralf, que obteve três pódios no ano.


O resultado, como não poderia deixar de ser, foi a demissão sumária de Zanardi, que voltou à Indy em 2001, pela equipe MoNunn. O resto da história, infelizmente, já conhecemos. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Jacques Villeneuve

Villeneuve na Williams: bom momento que não se repetiu mais

O fiasco da participação de Michael Andretti, em 1993, não foi suficiente para minar a confiança de Bernie Ecclestone de que a aproximação da F1 com o mercado norte americano passava pela participação de pilotos da Indy na categoria. Assim, em 1995, o chefão entrou novamente em ação para ajudar Frank Williams a contratar Jacques Villeneuve para a temporada de 96.

O filho de Gilles Villeneuve experimentava um crescimento absurdo de sua carreira na Indy, sagrando-se campeão de 95 e vencedor das 500 milhas de Indianápolis daquele ano. Veloz e carismático, o perfil do canadense poderia salvar a F1 do marasmo e da carência de ídolos, após a morte de Ayrton Senna, em 94.

Para não repetir o mesmo erro cometido na adaptação de Michael Andretti pela McLaren, Frank Williams colocou o canadense em um extenso programa de testes, iniciados já em 95, nos circuitos de Silverstone e Jerez de la Frontera. A F1 já não contava mais com os componentes eletrônicos que eram febre em 93 e, com isso, a adaptação foi menos traumática.

E os resultados logo vieram. Na estréia, em Melbourne, Villeneuve marcou a pole position e só não venceu a corrida porque enfrentou problemas com o motor Renault de sua Williams. A primeira vitória viria três corridas mais tarde, em Nurburgring. Villeneuve levou a disputa do título com Damon Hill até a última corrida, no Japão, mas terminou o ano com o vice-campeonato. É preciso dizer, que 96 foi um ano todo da Williams: Michael Schumacher estava em seu primeiro ano de Ferrari e a Benetton, que tinha um bom carro, apostou na combalida dupla Berger e Alesi.

O lance decisivo de 97
Já em 97, alçado à condição de primeiro piloto da equipe, que contratara Heinz Harald Frentzen para o lugar de Hill, Jacques fez uma temporada brilhante. O título foi definido na última prova, em Jerez de la Frontera. Numa disputa com Michael Schumacher, Villeneuve tentou a ultrapassagem na parte final da prova e o alemão jogou a Ferrari em cima da Williams. Schumacher se deu mal, ficou fora da prova, e Villeneuve seguiu na prova, para se tornar campeão do mundo, apenas no seu segundo ano na categoria. Finalmente aparecia um piloto capaz de desafiar o reinado de Schumacher, então bi-campeão.

Mas, a partir de 98, a coisa começou a degringolar. A Williams perdeu o motor Renault, e passou a competir com um motor da marca francesa genérico, montado pela Mecachrome.  O ano acabou sendo um fiasco e Villeneuve obteve, como melhor resultado, um terceiro lugar no GP da Alemanha.

Fiasco na BAR
Sem perspectivas na Williams, o canadense resolveu apostar no projeto da British American Racing e
entrou de sócio na empreitada a partir de 99. Os resultados foram lamentáveis. Como nada dava certo na equipe, Craig Polock chegou com a empresa Prodrive, para dar uma organizada no time. E, de cara, viu que Villeneuve não apresentava resultados. Aliás, com a chegada de Jenson Button, em 2003, ficou evidente que o canadense não estava mais na sintonia da F1. Antes do fim da temporada, Villeneuve foi substituído por Takuma Sato, que marcou pontos logo na sua estréia, no GP do Japão.

Sem equipe, Jacques partiu para um ano sabático em 2004, que foi interrompido pelo convite da Renault, para substituir Jarno Trulli, demitido há três provas do fim da temporada. Mesmo sem marcar nenhum ponto, Villeneuve acabou chamando a atenção da Sauber, que o contratou para a temporada de 2005.

Fim de carreira com várias batidas,
na BMW
Ele deveria ter pensado melhor, antes de aceitar. Fora de forma, Villeneuve levou uma surra de Felipe Massa, o outro piloto do time. Para 2006, a Sauber se transformaria em BMW e os alemães decidiram dar nova chance ao velho campeão canadense. Depois de se envolver em diversas batidas e rodadas bizarras, a BMW decidiu substituí-lo pelo polonês Robert Kubica, então piloto de testes do time. Acabava ali a carreira de Jacques na F1.

Ainda que tenha sido campeão mundial em 97, sempre ficou a impressão de que Villeneuve foi menos do que poderia ter sido. Ainda hoje, tem sua parcela de fãs, mas sua marca na F1 poderia ter sido mais expressiva.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Michael Andretti

Andretti no MP4/8: muita tecnologia e pouco tempo para se acostumar

Nos dias de hoje, parece inimaginável que alguém que não seja jovem e que não esteja em um programa de desenvolvimento de pilotos qualificado, possa ter chance de competir na F1. Mas nem sempre foi assim. A categoria já foi mais democrática, em um passado até recente, dando chance a gente talentosa que já tinha carreira consagrada em outras grandes categorias.

E foi no início da década de 90 que Bernie Ecclestone deu o pontapé inicial na saga dos campeões da Fórmula Indy competindo na F1. Mais especificamente, no final do ano de 1992, quando Nigel Mansell anunciou que estava de mudança para a Newman Hass, na Indy, após ser campeão da F1 pela Williams. O velho Bernie entrou em ação e intermediou a negociação entre Michael Andretti e a McLaren, para a temporada de 1993.

Piloto extremamente veloz e muito combativo, Michael era um personagem interessante para dar uma movimentada na categoria, que vivia o auge da eletrônica com um domínio entediante da equipe Williams, com seus carros avançadíssimos para a época.

O problema é que pouca coisa deu certo nesse casamento. A McLaren, que havia perdido os motores Honda (a montadora japonesa estava de mudança justamente para a Indy), receberia propulsores Ford para a temporada. A definição do fornecedor de motores atrasou o desenvolvimento do MP4/8 e, com isso, Michael quase não andou na pré-temporada. Sem conseguir se acostumar com todos os componentes e traquitanas eletrônicas presentes no modelo, Andretti foi para a pista na África do Sul, para a abertura da temporada.

Pancada com Berger, em Interlagos
As três primeiras corridas foram um fiasco total. Michael simplesmente não conseguiu completar sequer três curvas em nenhuma das provas, envolvendo-se em acidentes. Um deles, com Gerhard Berger, em Interlagos, bastante grave, mas sem consequências para os pilotos.

Em Ímola, o norte americano até andou bem, fazia uma corrida combativa, mas cometeu um erro quando brigava com Karl Wendlinger, acabou rodando e foi para fora da pista, abandonando a corrida. Os primeiros pontos vieram na Espanha, com um quinto lugar. Mas os fiascos se seguiram, no Canadá e em Mônaco.

A essa altura, Andretti já enfrentava dois problemas que acabaram sendo fatais: o primeiro deles, o próprio ambiente da F1, muito mais sério e profissional do que o da festiva Fórmula Indy. O segundo, a concorrência: Ayrton Senna, seu companheiro de equipe, estava no auge da forma, pilotando como nunca e, depois de Mônaco, o brasileiro liderava o campeonato a frente das Williams de Prost e Hill, enquanto Andretti anotava apenas 2 pontos na tabela.

A partir do GP da França, a coisa desandou depois que Ron Dennis deu uma entrevista bastante sincera, criticando a falta de velocidade do norte americano. Para piorar, a McLaren recebeu o novo motor Ford com comando de válvulas pneumático, igual ao da Benetton. O que parecia ser uma boa notícia, tornou-se um pesadelo, já que Michael e Ayrton passaram a sofrer com a confiabilidade do MP4/8, que sofreu várias quebras ao longo do ano.

No pódio, em Monza, com
Alesi e Hill
Sem ambiente na equipe, na F1, criticado pela imprensa e levando uma surra do companheiro de equipe, Michael decidiu deixar a categoria antes do fim da temporada. E, ironicamente, foi na sua última prova, o GP da Itália, que Andretti fez sua melhor corrida, pilotando como nos tempos de Indy, para conseguir um brilhante terceiro lugar. Foi também a última vez que um piloto norte americano foi ao pódio.

Andretti fechou contrato com a Chip Ganassi para a temporada de 94 da Indy. No seu lugar, a McLaren colocou Mika Hakkinen, então piloto de testes do time. Logo de cara, em Portugal, Mika classificou-se à frente de Ayrton Senna no grid, um resultado que jogou a última pá de cal na carreira de Michael Andretti na F1.

Mas a F1 ainda procuraria mais campeões da Indy, com resultados bem melhores, como veremos no próximo post.

domingo, 29 de novembro de 2015

Acabou

Rosberg x Hamilton: era para ser uma disputa, mas a Mercedes não deixou

Não sei em qual postagem foi, mas foi numa das últimas que meu amigo Ron Groo postou um comentário que dizia mais ou menos assim: precisamos gostar da F1 atual como ela é, não dá pra ficar só pensando no passado. Concordo com ele. De fato, não faz sentido olhar para a Fórmula 1 de hoje e pensar como ela era boa no passado e que tudo deveria ser como era antes. Bobagem. Além disso, a F1 estar chata é uma questão de ponto de vista. Não deve estar tão ruim na Alemanha, ou na Inglaterra.

Mas a discussão é longa. Afinal de contas, há disputa nessa Fórmula 1 de hoje? Acabei de assistir ao GP de Abu Dhabi, que pode ser considerado um bom resumo do que foi essa temporada, uma das piores que já acompanhei, senão a pior. A Mercedes escolheu o vencedor da corrida. Lewis Hamilton arriscou uma tática para fazer uma parada a menos do que Nico Rosberg, mas a equipe o mandou para os boxes. E Lewis também não quis ficar por conta própria.

Em dois momentos, Sebastian Vettel, que fez grande corrida, deixou Kimi Raikkonen ultrapassá-lo, pelo fato de estar com pneus desgastados, já que faria uma parada a menos. Tivesse Vettel segurado Raikkonen por uma ou duas voltas, poderia ter tentado alcançá-lo no finalzinho, para brigar pelo pódio. Mas não. A Ferrari também escolheu o terceiro colocado.

Vamos esquecer a tecnologia, o barulho (ou a falta dele), as pistas com traçados bestas. Quem se dispõe a sentar num sofá para assistir mais de 50 voltas de uma corrida, quer ver equipes, ou corporações escolhendo pilotos que vão vencer?

Você, que gosta de corridas: quantas vezes recebeu, no celular, o video de Valentino Rossi e Marc Marquez na Malásia? E quantos videos de F1 você recebeu, com disputas deste ano?

A Fórmula 1 atual não produz nada que seja notícia. Não há batidas, não há quebras de motor, não há grandes rivalidades, as ultrapassagens são fáceis, com uso da asa móvel. A Fórmula 1 atual não chama a atenção, porque não tem nada mesmo que chame a atenção.

Ao final da transmissão de hoje, outra vez péssima, como todas as outras de 2015, Galvão Bueno disse que Bernie Ecclestone está atento aos problemas e que vai resolve-los. Peço licença para discordar. A F1 precisa de cabeças novas. Que saibam olhar para o passado, não para colocar plaquinhas de titânio no fundo dos carros para produzir faíscas, mas que saibam trazer de lá o que a F1 tinha de melhor, o que atraía o público, o que levava gente a vê-la, afinal. E adaptar aos novos tempos, aos computadores, às redes sociais, ao que a garotada gosta.

Atrair para a F1, gente que gosta de corridas e não só de dinheiro. Dinheiro, essa praga que vai estragando os esportes. Que vai transformando tudo em uma interminável ação de marketing, na qual a imagem importa mais do que o resultado.

A pista de Abu Dhabi é linda, assim como a do Barhein, ou a de Xangai. Os carros atuais são fascinantes em sua tecnologia. Mas nós, que gostamos de corrida, gostamos de corrida. Automobilismo, ultrapassagens, pilotos batendo rodas, ficando putos uns com os outros. Será que é difícil de fazer isso?

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Nem Deus Senna salva

Torcida invade a pista e grita os nomes de Senna e Barrichello (!): F1 atual não conquista mais ninguém

A torcida brasileira invadiu a pista de Interlagos, após o aborrecido GP do Brasil de F1, gritando os nomes de Senna e Barrichello. Felipe Massa, inclusive, foi vaiado quando estacionou seu carro em frente às arquibancadas do setor A, após a prova. Na TV, a Globo perdeu em audiência para a Record, que passava um programa de auditório.

É um movimento a ser analisado, este da torcida brasileira. Gritar o nome de pilotos ausentes (um morto há 21 anos e o outro aposentado, alvo de chacotas diárias nas redes sociais) é muito mais um movimento de protesto do que de idolatria, ao contrário do que se possa imaginar. Duvido que alguém que assista corridas de vez em quando seja capaz de lembrar de Senna na pista, local onde era gênio, mas também errava e fazia corridas ruins, como qualquer piloto. E sobre Barrichello, melhor nem comentar. Apesar de ter tido uma carreira bastante relevante, o piloto jamais foi compreendido pela torcida, que agora se põe a gritar seu nome a plenos pulmões na arquibancada.

Há uma junção de fatores, mas todos eles passam pelo trabalho da mídia, especialmente da Globo. Ao ficar martelando a imagem de Senna como um Deus reencarnado, a emissora convenceu as pessoas de que, para ver Fórmula 1 de novo, é preciso que um novo Ayrton surja. Esqueçam. Isso não vai acontecer.

Some-se a isso o fato de que  os pilotos brasileiros que atualmente correm por lá, não ajudam em nada. Felipe Nasr tem potencial, mas está numa equipe de poucos recursos. E, pelo menos até agora, não mostrou nada que possa nos levar a classificá-lo como um ás das pistas, essa é a verdade. Já o outro Felipe, veteraníssimo, foi responsável pelo último grande momento do automobilismo brasileiro, quando decidiu e perdeu o título para Lewis Hamilton, em 2008. De lá para cá, sua carreira entrou em modo automático. Este ano, faz uma temporada apenas regular, nem melhor nem pior do que a de 2014. E, pelo segundo ano consecutivo, leva uma surra do excelente Valteri Bottas, seu companheiro de equipe, que está apenas na sua terceira temporada completa de F1.

Domingo, o público que foi a Interlagos, presenciou uma corrida ruim. Não havia nada em jogo, não há competição pela ponta. Tirando um ou outro arroubo de Pastor Maldonado (dêem uma Mercedes para esse cara!) e duas ultrapassagens belíssimas de Max Vertappen, nada mais aconteceu. Os carros não fazem barulho, parecem enceradeiras velhas. E Felipe Massa, para quem a maioria torcia, fez uma corrida horrível, burocrática, totalmente apagada. Em nenhum momento produziu nada que levanta-se a torcida.

Em tempos remotos, as corridas em Interlagos costumavam ser boas, porque a pista é boa. Mas, ao colocar seus carros super tecnólogicos na boa e velha pista paulistana, a Fórmula 1 mostrou que não é mais capaz de produzir um espetáculo empolgante para quem paga caro por vê-la.  Do jeito que está, o último que sair, que apague a luz.

domingo, 15 de novembro de 2015

É dose

Hamilton só acompanha Rosberg, em Interlagos: gente, o campeonato já acabou! Se arrebentem! 

Não sei exatamente o que, e nem como, mas a Fórmula 1 precisa providenciar uma maneira de evitar que tenhamos, em 2016, o quarto campeonato seguido de domínio de uma equipe. Em 2013 foi a RedBull, e nos dois últimos anos a Mercedes. Não dá para se chegar a Interlagos, penúltima etapa, com uma corrida que não vale nada. Que se juntem os dirigentes e façam alguma coisa. Desse jeito, a audiência vai cair mesmo. A gente gosta de ver disputas por títulos e vitórias. Sim, pode haver domínio em um ano ou outro, mas todo ano é dose pra leão.

Hoje, em Interlagos, tivemos um dos piores GP`s do Brasil da história, pelo menos que eu me lembre. Recordo da corrida da 2002, que foi um porre, mas a de hoje superou. As Mercedes, mais uma vez, dominaram com grande facilidade e seus pilotos pouco disputaram a primeira posição. Lewis Hamilton, que já é campeão, chegou perto de Nico Rosberg na metade da prova, mas pediu à equipe que mudasse sua estratégia, pois não conseguia ultrapassar o companheiro. Se fosse eu no rádio, diria: “Meu filho, o campeonato acabou! Joga o carro pra dentro e vê no que dá!”

Com isso Rosberg venceu, com Hamilton em segundo e Vettel em terceiro. O finalzinho da corrida ainda guardou algumas disputas entre Ricciardo, Maldonado, Nasr e Grosjean. Mas apenas um cara se salvou: Max Verstappen, autor de uma das mais belas manobras de ultrapassagem do ano, no S do Senna, sobre Pérez. Depois, repetiu a dose contra Nasr, mas o brasileiro demonstrou menos resistência do que o mexicano.

Para a torcida que foi ao autódromo, não restou nem mesmo a animação pelos brasileiros. Nasr até tentou fazer alguma coisa, parando uma vez menos para trocar pneus, mas foi ultrapassado por praticamente todos os carros da pista. E Felipe Massa foi um horror, totalmente apático, sem brilho e, mais uma vez, engolido pelo seu companheiro Valteri Bottas. O finlandês, com o quinto lugar, garantiu o terceiro posto para a Williams nos construtores, um resultado importante para a equipe. Massa ainda foi desclassificado no final, por causa de irregularidades na pressão de seus pneus, mas acho que nem ele vai sentir falta da oitava posição.

E vamos agora para as duas últimas provas de um campeonato em que, até os pilotos, parecem estar na contagem regressiva para terminar logo. Que tristeza.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Um recado pra quem vai

Não fique bravo com essa bandeira: se fizer sol, você
vai amá-la
Semana de GP do Brasil é sempre aquele momento de relembrar histórias legais, vividas nas arquibancadas de Interlagos. Entre 2001 e 2012, estive por lá em quase todas as corridas e, de cada uma, tenho uma lembrança especial.

As descobertas de 2001, o sol para cada um de 2002, a transmissão para a rádio Fumec em 2003, o sonambulismo na fila em 2005, a tempestade nos treinos em 2009, a corridaça sensacional de 2012, que deu o título a Sebastian Vettel.

Para quem gosta de automobilismo, ir a Interlagos no final do ano, é uma espécie de fechamento do ano automobilístico. Participar das gozações da paulistada (ô, Corrrrnôôô..), passear pelas barraquinhas da parte de trás da arquibancada, tomar café na padaria que fica perto da entrada do setor A. Costumo dizer para qualquer um que goste um pouquinho que seja de corridas e que nunca foi, que ir a Interlagos é uma daquelas coisas que a pessoa tem que fazer na vida.

Ano passado não fui, e este ano também não estarei lá. Vi uns videos do ano passado e confesso que o som desses motores me deixa meio com preguiça. Mas também pode ser um disfarce para não ter que lidar com o fato de que não vou porque não posso mesmo, se tivesse uma micro oportunidade, corria para lá.

Então, quem for, que aproveite muito. E que faça valer cada minuto  que se passa sentado naquela arquibancada improvisada, que vale muito para quem gosta de corridas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cabecinha fraca


Lewis Hamilton pode até ser, e é, um piloto espetacular, que merece o tricampeonato que conquistou este ano. Mas, às vezes, passa a impressão de ter a cabeça meio fraca. No ano passado, quase entrou em colapso nas primeiras provas do ano, quando teve alguns azares que permitiram que Nico Rosberg o desafiasse seriamente pelo título.

Em 2007 colecionou uma série de erros infantis no final do ano, perdendo o campeonato para Kimi Raikkonen. No ano seguinte, se embananou na chuva de Interlagos e por muito pouco não fica sem o título, que ganharia passando Timo Glock na última curva do circuito. No ano seguinte, passou Jarno Trulli em Melbourne, com bandeira amarela, e mentiu descaradamente depois, dizendo que o piloto da Toyota estava fora da pista. Quase foi suspenso por essa gracinha.

E agora, já tricampeão, parece mesmo ter deixado o sucesso subir à cabeça. Primeiro, deu entrevistas diminuindo a imponente vitória de Nico Rosberg no México, dizendo que a equipe precisava motivá-lo.
Como se não bastasse, resolveu alfinetar o heptacampeão Michael Schumacher, dizendo que não precisou fazer as coisas que o alemão fez para ganhar o título, contando apenas com seu talento natural. E, curioso: disse isso porque uma revista italiana considerou-o mais próximo de Schumacher do que de seu ídolo, Ayrton Senna.

Bem, tirando de lado a deselegância de se referir dessa forma ao maior piloto da história da categoria, que hoje encontra-se impossibilitado de responder a Hamilton como ele merece, há ainda a ironia da comparação. Ora, se Schumacher ganhou um de seus títulos jogando seu carro em cima de Damon Hill em 94, é bom lembrar que Senna fez o mesmo com Prost, em 90. Os dois, Senna e Schumacher, são feitos do mesmo material, assim como Hamilton, Alonso, Prost e tantos outros. Vencer a qualquer custo, é o lema dos campeões do automobilismo.

Hamilton é um cara que parece legal, mas precisa dar um jeito nessa cabecinha fraca. Ser tricampeão não dá a ninguém o direito de sair por aí falando bobagens, ainda mais contra quem se tornou o maior nome do esporte que ele disputa.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quando torcida ganha jogo



O GP do México, no reformado autódromo Hermanos Rodriguez, foi assistido por assombrosas 134.850 pessoas. A cada passagem dos carros, especialmente de Sérgio Perez, era possível ouvir os gritos delirantes da torcida. A todo momento, câmeras captavam a reação divertida dos mexicanos ao que ocorria na pista. E a corrida não foi boa. Aliás, foi chatíssima. Mas em nenhum momento eu desgrudei da televisão. Estava achando aquilo tudo divertidíssimo.

Pode parecer um absurdo o que vou dizer, mas até mesmo a chatice de uma corrida pode mudar de pista para pista. O circuito Hermanos Rodriguez nem é um circuito exatamente fascinante, ou desafiador (ainda mais sem a Peraltada), mas ver um autódromo cheio, com as pessoas participando ativamente da prova, faz toda a diferença.

É nisso que a Fórmula 1 tem que pensar antes de ir atrás da grana do oriente médio, colocando seus carros para fazer barulho (ou, nem tanto) em circuitos gigantescos como Abu Dhabi, ou Barhein, recheados de areas vips, nas quais as pessoas vão para fazer de tudo, menos para ver uma corrida. E as arquibancadas, coitadas, vazias que dão pena.

Esse tipo de atmosfera, a F1 só vai encontrar em lugares onde gostam dela. Já foi bacana ver A1-Ring de volta, em 2014. Agora o México. Que tal ir atrás de Hockenheim, Nurburgring, Magny-Cours, Paul Ricard, Brands Hatch, e tantas outras?

Corridas podem ser boas ou ruins, mas uma corrida ruim num palco legal, é bem diferente de uma corrida ruim num lugar insípido, onde ninguém liga para ela. Pensa nisso Bernie, por favor!

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Na turma dos segundões


Nico Rosberg tinha uma carreira promissora. Estreou na Williams, em 2006, pontuando e fazendo a melhor volta logo na primeira prova do campeonato, no Barhein. Porém, na equipe inglesa, viveu anos de penúria com carros até bem construídos, mas que acabavam sucumbindo à falta de recursos ao longo da temporada. Ainda assim, em 2008, subiu ao pódio duas vezes, em Melbourne e Cingapura. Faltava um bom carro.

Ele veio em 2010, quando foi para a Mercedes. Até 2012 teve um desempenho muito melhor do que o do companheiro, o heptacampeão quase aposentado, Michael Schumacher. Foi em 2012, na China, que venceu sua primeira corrida na Fórmula 1. Em 2013 ganhou a companhia de Lewis Hamilton, seu amigo dos tempos de Kart. Ambos sofreram com um carro rápido, mas que destruia pneus em poucas voltas.
Em 2014, os alemães fizeram um foguete e Nico fez uma temporada quase irretocável. A ponto, inclusive, de destruir a amizade com Hamilton, fazendo nascer uma rivalidade que prometia ser uma das mais interessantes da F1.

Mas ficou na promessa. Depois de perder o título de 2014 na última prova, Nico Rosberg juntou-se, em 2015, ao grupo dos segundões, acompanhado de Rubens Barrichello, Felipe Massa, Riccardo Patrese, Gerhard Berger e tantos outros.

É um grupo fiel, esse dos segundões. São sempre leais às suas equipes, estão sempre dispostos a fazer o bem pelo time. Foi essa a desculpa que Massa e Barrichello sempre deram, ao entregar posições para Alonso e Schumacher, na Ferrari. O detalhe é que esse sentido de equipe só está neles: os primeirões da turma não estão nem aí para o sentido de equipe. É por isso que Hamilton empurrou Rosberg para fora no último GP dos EUA, Alonso jogou Massa na brita em Shangai/2010 ou Schumacher quase arrancou a frente da Ferrari de Barrichello, para vencer em Indianápolis / 2005.

E em que grupo estão os campeões, bi-campeões ou tri-campeões? Talvez esteja tarde para Nico mudar de lado, e talvez não haja mais vaga na turma dos primeirões. Mas eu, se fosse ele, tentaria.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Bem vindo de volta, Reginaldo



Como já esperado e anunciado, a Globo não transmitiu o GP dos Estados Unidos de Fórmula 1, corrida que daria, e deu, o título de tricampeão a Lewis Hamilton. A transmissão foi relegada ao canal a cabo Sportv. Sorte de quem gosta de corridas.

A transmissão na TV fechada foi uma das melhores dos últimos anos. Adotando um tom mais sóbrio, com muitas informações e, principalmente, permitindo que o espectador acompanhasse todos os detalhes, até a entrevista no pódio, comandada pelo cantor Elton John, o Sportv provou de uma vez por todas que o lugar da Fórmula 1 é na TV a Cabo. Que fique a TV aberta com as pachecadas em seus programas esportivos, em caso de vitória de algum piloto brasileiro. Quem gosta de corridas, não liga para isso.

E mais: a transmissão, comandada pelo bom narrador Sérgio Maurício, trouxe de volta Reginaldo Leme que, na Globo, há muito tempo foi engolido pelo ego de Galvão Bueno e sua necessidade de proteger os amigos Felipe Massa, Felipe Nasr e Ayrton Senna (que morreu há mais de 20 anos, mas na Globo isso não parece ser levado em conta).

Com espaço de sobra para contar suas histórias, vividas durante quase 50 anos de carreira, e sem ser interrompido a cada segundo, Reginaldo transformou a transmissão do Sportv em um programa imperdível para quem gosta de corridas. Até mesmo Luciano Burti, sempre burocrático na TV aberta, teve mais espaço para comentários técnicos, embora fique a anos luz do titular do Sportv, Max Wilson. E ninguém sentiu a menor falta do aborrecido Lito Cavalcanti, que comenta os treinos no canal.

A proxima corrida, no México, também será transmitida pelo Sportv. Da minha parte a audiência está garantida. Espero, sinceramente, que estejamos vendo o embrião do que será a transmissão da F1 já em 2016. O verdadeiro fã de automobilismo, agradece.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

1, 2, 3 Lewis Hamilton



Lewis Hamilton é tricampeão mundial de Fórmula 1. O inglês estreou na categoria como um raio, em 2007, mostrando seu cartão de visitas a Fernando Alonso, então bi-campeão do mundo. Venceu a temporada de 2008, mas depois entrou num espiral ruim. Mostrava-se sempre um ótimo piloto, mas com carros apenas razoáveis na McLaren, tornou-se coadjuvante de Sebastian Vettel.

Em 2013, mudou-se para a Mercedes e encontrou lá seu lugar. Quando a equipe passou a fabricar foguetes de corrida, a partir de 2014, Hamilton voltou ao trilho das vitórias. E ontem, no seu 43° triunfo, mostou que merece estar na galeria dos tricampeões da F1 com louvor.

Sua vitória, no GP de Austin, no Texas, uma das melhores corridas da temporada, veio numa entregada de Nico Rosberg, seu único adversário. O alemão fazia sua melhor prova do ano, mas cometeu um erro ridículo quando faltavam 7 voltas para o fim da corrida. Hamilton agradeceu, assumiu a ponta, e fez aquilo que vem fazendo ao logo de toda a temporada: apenas controlou a distância para os adversários e cruzou em primeiro.

A prova americana teve outros destaques: Sebastian Vettel, com a Ferrari, largando no fim do grid e chegando em terceiro. Acho que Vettel, a despeito do título de Hamilton, foi o grande nome da temporada. Max Verstappen, com a Toro Rosso, também foi um gigante, conseguindo um incrível 4° lugar. Isso sem contar a dupla da RedBull, Riccardo e Kvyat, que deram um calor nas Mercedes, enquanto a pista estava molhada.

A dupla da McLaren também merece muitos elogios. Button, que terminou em 6° e Alonso, que perdeu o 10° na última volta, por problemas no motor Honda, fizeram uma corrida combative, mostrando que a equipe inglesa pode reaparecer em 2016.

Já a Williams, num dia em que poderia sonhar em desafiar as Mercedes, acabou fora com seus dois pilotos, vítimas de problemas nos amortecedores.

Faltando 3 provas para o fim da temporada, a graça agora será a briga entre Rosberg e Vettel pela segunda posição no campeonato. Se Nico, com o carro que tem nas mãos, não levar essa, pode ir se preparando para dar adeus a equipe em breve.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Hora de voltar 25 anos no tempo, doutor!


Num dia em que se fala tanto de viagens no tempo, a turma que gosta de automobilismo certamente pegaria o DeLorean, de De Volta para o Futuro, para dar umas voltas em 1990. Foi neste dia, há exatos 25 anos, que Ayrton Senna conquistou seu segundo título mundial, no GP do Japão de 1990. De uma forma controversa: devolvendo a “gentileza”de Alain Prost, que jogou seu carro sobre o do brasileiro um ano antes. Dessa vez, Senna atropelou Prost depois de largar mal, perdendo a liderança da corrida para o francês, que corria na Ferrari. Os dois ficaram fora e Senna não poderia mais ser alcançado na tabela de pontuação.

A corrida foi vencida por Nelson Piquet, já tricampeão, com a Benetton. O segundo lugar foi de Roberto Moreno, pela mesma equipe, seu primeiro e único pódio na categoria. Vejam só o momento do automobilismo brasileiro. Em uma mesma prova vimos Senna se sagrar campeão pela segunda vez, Piquet vencer e Moreno chegar em segundo, protagonizando um dos pódios mais emocionantes já vistos na categoria.

Na rabeira do sucesso de Senna e Piquet, vários pilotos promissores se destacavam em categorias de base. Gente como Rubens Barrichello, Gil de Ferran, Christian Fittipaldi, e outros que viriam a ter carreira vitoriosa em diversas categorias importantes.

Infelizmente, Piquet parou em 91, Senna morreu em 94, em um acidente marcante, que traumatizou milhares de fãs de F1 no país. Foi nessa época que a Globo nos ensinou que para gostar de um esporte é necessário que sejamos campeões nele e o Brasil só voltou a se interessar por F1 quando Barrichello foi para a Ferrari, em 2000. Infelizmente, sua passagem por lá, embora vitoriosa, foi ofuscada por Michael Schumacher, apenas 7 vezes campeão do mundo. Felipe Massa, quando decidiu o título de 2008 e perdeu, em casa, trouxe mais algum entusiasmo, mas ele acabou rapidinho.

Ninguém mais liga para corridas no Brasil, só mesmo um pequeno número de fãs de velocidade, como eu e você. Os indices de audiência são pequenos. No próximo domingo, a F1 deverá consagrar Lewis Hamilton, admirador de Ayrton Senna, como tri-campeão. Mas a corrida será transmitida apenas na TV a Cabo, pois é no horário do futebol.


Em 25 anos muita coisa muda, para melhor e para pior. O automobilismo brasileiro, como era em 1990, talvez nunca mais exista. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Magnussen fora



Kevin Magnussen foi desligado da McLaren, depois de ficar a temporada inteira assistindo corridas nos boxes da equipe. Havia a expectativa de que ele fosse o substituto de Jenson Button em 2016, mas a Mclaren anunciou que o inglês continua como titular. Como Fernando Alonso também segue no time, não há lugar para o dinamarques, que estreou em 2014.

E não há lugar em equipe nenhuma. A Fórmula 1 não tem mais uma Minardi, ou uma Onix, ou uma Eurobrun, que pudessem colocar o piloto para correr, recebendo uma grana da McLaren. Se houvesse, Ron Dennis poderia manter seu piloto na ativa, pronto para o momento no qual Alonso ou Button deixassem a equipe. Também não há testes para se fazer, tudo é feito em simuladores que são utilizados pelos próprios titulares.

Vejam só que grupinho fechado a F1 se tornou. Não há mais espaço para contratações bombásticas e inusitadas. Era hora da Haas, por exemplo, trazer alguém da Indy, ou da Nascar, para dar uma movimentada, como foi quando a Williams trouxe Villeneuve, ou Zanardi, ou Montoya. Esqueçam.

Também não há mais equipes pequenas. O que existe, são grandes conglomerados que aceitam investir mais ou menos, dependendo do interesse comercial. Por isso, as equipes acabam escolhendo até mesmo os pilotos pagantes, como a Sauber. Ela não precisa da grana da McLaren para admitir Magnussen. É mais interessante ficar com os cifrões de Felipe Nasr e Thomas Ericsson.

E, com isso, é mais uma carreira que se vai. Claro, Magnussen tem muitas opções pela frente. Mas desconfio que, na F1, não tem mais chance. E olha que sua única temporada, em 2014, nem foi das piores, considerando que a McLaren estava em queda livre, devido à deterioração de sua relação com a Mercedes.

Uma pena, mas um sinal dos tempos. A Fórmula 1 sempre foi para poucos, mas agora é para pouquíssimos. E esses pouquíssimos estão cada vez menos se beneficiando dos seus méritos na pista e cada vez mais dos acordos comerciais que são capazes de fazer. E ainda nos perguntamos porque o público se interessa cada vez menos pela categoria.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

GP da Rússia guardou as emoções para o final

Raikkonen x Bottas: melhor briga da temporada deve ser
valorizada, não criticada

O final do GP da Rússia, surpreendentemente, acabou sendo um dos principais momentos da temporada de Fórmula 1. Surpreendentemente, porque a pista de Sóchi não tem nada de especial, é apenas mais um traçado comum com areas de escape gigantescas, como vemos aos montes por aí.

Mas, mesmo com Lewis Hamilton passeando mais uma vez, o GP russo ocupou os noticiários em virtude das várias brigas e batidas que ocorreram ao longo da prova. Especialmente a tentativa de Kimi Raikkonen para cima de Valteri Bottas, na última volta, pela 3ª posição.

Tentando ultrapassar o compatriota durante toda a parte final da corrida, Kimi viu a possibilidade no último giro, e mergulhou com tudo. Bottas não viu, ou jogou duro mesmo, fechou a porta e os dois bateram. O piloto da Williams ficou de fora, enquanto Raikkonen se arrastou até a linha de chegada, mas perdeu a 5ª posição ao ser punido depois da corrida, por causa do acidente.

Não há dúvidas de que Raikkonen foi culpado e, desta vez, acho que a direção de prova acertou ao puní-lo, já que ele estragou uma boa corrida de Valteri Bottas. Mas não acho que deva ser crucificado. Kimi viu um espaço e mergulhou, na tentativa de ganhar a posição. É óbvio que não queria causar a batida.

Não acho que tentativas de ultrapassagem devam ser contestadas pela mídia, como se o piloto de trás tivesse sempre que esperar o momento mais limpo. Quando não dá na boa, forçar pode ser um caminho e já vimos inúmeras ultrapassagens que se tornaram históricas.

E, sem querer jogar a responsabilidade nos ombros do adversário, faltou a Bottas um pouco de inteligência. Se ele tira a Williams da trajetória, Raikkonen ia passar reto e Valteri teria seu pódio garantido.

Particularmente, fico é feliz de ver que ainda existem pilotos que têm sangue nas veias. A tentativa de Kimi Raikkonen mostrou que ele é um desses e, mesmo errando, merece nosso respeito.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Novidades do dia

Button segue na McLaren em 2016
Duas novidades do dia, uma esperada e a outra nem tanto. Vamos primeiro com a surpresa: Jenson Button cumprirá seu contrato com a Mclaren até o final de 2016 e se disse motivado para correr em 2017 também. Com o desempenho pífio da equipe inglesa e da Honda este ano, esperava-se que Button anunciasse que se retiraria da F1 ao final do ano.

É uma ótima notícia para Ron Dennis e para a turma da Honda. Button pode não ser tão rápido quanto Alonso, mas é dedicado, reclama pouco, e não tem arroubos de vaidade, como o espanhol. Tem a tarimba de um campeão do mundo, sem ser um sujeito antipático e escandaloso. Aos 35 anos ainda tem lenha para queimar, o que é ótimo para a F1.

A outra notícia do dia, já era mais ou menos esperada: a Manor receberá as unidades de força da Mercedes, no ano que vem. Como os alemães não deverão mais fornecer para a Lotus, que deverá ser comprada pela Renault, poderão disponibilizar estes motores para mais uma equipe e já tinham dito que não seria a RedBull. Não sei até que ponto a Manor poderá evoluir em 2016, mas se a McLaren não abrir o olho, corre o risco de se tornar a pior equipe da F1, o que será uma catástrofe para o time.

Se a coisa caminhar dessa forma, no ano que vem, a F1 pode dar adeus a qualquer tentativa de entrada de um novo fornecedor na categoria. Investir uma grana para andar em último? Sem chances.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Grosjean na Haas, em 2016



A movimentação do mercado de pilotos para 2016 vinha sendo bem pouco interessante este ano, até que a Haas, nova equipe da F1 no ano passado resolveu colocar um pouco de sal na mistura: anunciou que terá Romain Grosjean como um de seus pilotos para o próximo ano. O outro piloto ainda não foi anunciado, mas deve ser indicado pela Ferrari, e tudo leva a crer que Esteban Gutierrez assume o volante do outro carro.

Com isso, a Lotus fica com uma boa vaga disponível. Se for comprada pela Renault, o que deve acontecer, torna-se ainda mais interessante. Quem poderia ir para lá? Alonso? Button? Algum jovem talento da GP2? Será interessante ver essa movimentação.

Quanto a Grosjean, é um piloto que merece muito crédito. Começou na F1 em 2009, substituindo Nelsinho Piquet na Renault, mas não engrenou. Teve sabedoria para voltar atrás, retornar a GP2, vencer um campeonato e voltar à mesma Renault, que já era Lotus (essa equipe é uma confusão só!) pela porta da frente em 2012.

E é legal acreditar no projeto da Haas, uma equipe que vem se preparando há muito tempo para ingressar na F1, ao contrário das nanicas HRT (que foi Hispânia), Catheram (que foi Lotus) e a Marússia (que entrou como Virgin e foi a única a sobreviver até hoje).

Certamente será um primeiro ano difícil, mas com futuro promissor. Aos 29 anos, Grosjean tem tempo, experiência e talento para fazer da Haas uma equipe vencedora. Torço para que dê certo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Sono define

McLaren sofrendo com pressão da Toro Rosso: é a "nova" F1 meus amigos

“Temos um motor de GP2”, berrou Alonso no rádio, durante o GP do Japão, ao ser ultrapassado por Max Verstappen na reta, como se estivesse parado. Na casa da Honda, o espanhol perdeu a paciência com os japoneses e soltou o verbo sem dó. E dó é o que dá no espectador de ver McLaren e Honda, duas gigantes da categoria, com dois campeões do mundo sentados no cockpit completamente inertes, sendo devorados por carros de equipes como Toro Rosso, Sauber e Force Índia.

Culpa desse regulamento horroroso, que obriga os fabricantes a produzirem motores, ou unidades de força, incompreensíveis, que levam anos e anos de adaptação para conseguirem algum resultado. Veja a situação da RedBull, agora: uma equipe com muita grana, rompida com a Renault, tendo que mendigar motores para a Ferrari, em 2016. Seria uma hora ótima para atrair novas fábricas como Audi, Toyota, BMW, e tantas outras. Mas quem é que vai querer entrar numa bricandeira dessas, caríssima e nada promissora?

Aliás, o GP do Japão foi meio que uma síntese do que é a Fórmula 1 atualmente. Uma corrida insípida, sem emoções, com pilotos passivos, sem poder fazer nada mais do que os seus carros permitem. A única exceção foi Max Verstappen, que animou um pouco a madrugada com algumas ultrapassagens. De resto, uma chatice só.

Isso nem seria problema, se fosse uma exceção. Mas não é. E quando se vê Nico Rosberg, largando na pole, depois de conseguir descontar 12 pontos para Lewis Hamilton em Cingapura, fazer uma largada e uma corrida como a que fez em Suzuka, aí é para desanimar mesmo. Um campeonato sem disputa é aceitável, se as corridas forem boas. Corridas chatas são aceitáveis, se a disputa pelo título estiver pegando fogo. Mas corridas chatas e campeonato dominado por apenas um piloto, aí é dose.

Pela primeira vez, em muito tempo, acabei dormindo durante a corrida, de forma involuntária. Foi por isso que só consegui postar hoje, inclusive, pois tive que rever a prova. E olha que gosto das provas de madrugada, mas essa foi impossível acompanhar.

É Fórmula 1, você já perdeu a audiência daqueles que só assistiam de vez em quando. Está querendo que a turma que gosta mesmo de automobilismo te abandone também?

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Corrida esquisita coloca Vettel na briga

Mercedes escondidas na largada do GP de Cingapura: um GP bem estranho

Corridinha esquisita essa de Cingapura. Ferrari e RedBull dominando, Mercedes como terceira força, batida boba envolvendo dois pilotos experientes, piloto de 17 anos desobedecendo ordem de equipe. Vamos por partes então.

A começar pelo estranhíssimo desempenho da Mercedes. Sim, é normal uma equipe ter dificuldade em uma ou outra pista, já vimos isso acontecer com a própria Mercedes nos dois últimos anos. Mas, pela primeira vez, desde que se tornou a grande força da Fórmula 1, a equipe alemã se tornou coadjuvante em uma corrida, sem mostrar potencial sequer para incomodar os líderes, em momento algum. Ninguém conseguiu entender o desempenho de Lewis Hamilton e Nico Rosberg, nem os próprios. Com Lewis abandonando, Nico acabou lucrando, conseguindo o quarto lugar e descontando 12 pontos na tabela.

A má notícia para o alemão, no entanto, foi a vitória arrasadora de Sebastian Vettel, que mostrou a velha classe de um tetracampeão ao passear pelas ruas de Cingapura com a sua Ferrari. Vettel tem 8 pontos a menos do que Rosberg e, a se considerar a temporada ruim que o piloto da Mercedes vem fazendo, é bastante viável pensar que a Ferrari pode sonhar com seu piloto como vice campeão. Nico precisa abrir o olho. Um vexame desses não vai contribuir em nada para o seu futuro na F1.

No pelotão do meio, Felipe Massa e Nico Hulkenberg se meteram numa batida ridícula, digna de dois principantes. O brasileiro vinha saindo dos boxes, após outro trabalho lamentável da Williams, e foi acertado por Hulkenberg, que fez a curva como se não houvesse ninguém ali. Achei que os dois foram culpados, mas Nico forçou a barra mais do que devia. A FIA concordou e puniu o alemão, o que consegue ser mais ridículo do que a batida. Alô pessoal da FIA, batidas acontecem em corridas. Hulkenberg se deu mal e abandonou a prova. Precisa de punição extra? Vão todos à merda.

No final, ainda tivemos Max Verstappen soltando um sonoro não à Toro Rosso, depois que a equipe pediu que ele deixasse Carlos Sainz passar para que o espanhol tentasse atacar Sérgio Perez. Muito legal, uma atitude digna de um grande piloto (e, aliás, que corrida fez Max Verstappen, depois de ficar parado na largada), mas vamos com calma. Meu amigo Ron Groo, postou uma coisa no Facebook com a qual concordo: negar uma ordem da Toro Rosso é bem diferente de negar uma ordem da Ferrari, da Mercedes, ou mesmo da RedBull.

Por último, um comentário sobre transmissão: a Globo não transmitiu o treino, o que levou muita gente a faniquitos, alguns delirando porque várias mensagens ofensivas foram postadas na página da emissora. Onde está a surpresa? Em 3 ou 4 anos, suponho, a F1 não estará mais na Globo. E eu continuo com o mesmo posicionamento: se é para ouvir Galvão Bueno comentar “o choro é livre”, após o anúncio da punição a Hulkenberg, é melhor que a TV a Cabo assuma logo o comando do negócio. Dou 3 corridas nessa situação para que todos dêem graças a Deus de terem ficado livres desse tormento chamado Globo.

domingo, 6 de setembro de 2015

Hamilton e a contagem regressiva



Como é chato um campeonato sem disputa. Uma semana depois de vermos Juan Pablo Montoya perder o título da Indy, para Scott Dixon, pelos critérios de desempate, somos obrigados a testemunhar mais um passeio de Lewis Hamilton que será campeão mundial pela terceira vez na carreira. E com requintes de crueldade: há poucas voltas do fim, quando já tinha mais de 20 segundos, a equipe pediu que ele conseguisse mais 5 segundos em virtude de uma eventual punição, que poderia surgir no final. Não surgiu, mas Hamilton apertou o da direita e cumpriu a ordem da Mercedes, cruzando a linha de chegada 25 segundos e uns quebrados a frente de Sebastian Vettel.

Contemplar um piloto na plenitude de sua forma, com um carro absurdamente melhor do que todos os outros até tem seu charme, mas a F1 já está há três temporadas nessa. Vai cansando. E nem mesmo Nico Rosberg, montado na mesma Mercedes, é capaz de se aproximar de Hamilton. Esse fim de semana, na Itália, o desempenho do alemão foi pífio. Classificou-se apenas em quarto lugar e fez uma corrida em marcha lenta, dependendo de pit-stops para ultrapassar os carros da Williams. No final, com a quebra de seu motor, Nico despede-se definitivamente da briga pelo título. Só um milagre poderia recolocá-lo na disputa novamente.

A Williams, por sinal, continua devendo a seus pilotos. Massa e Bottas, de contratos renovados, fizeram uma ótima corrida, mas a equipe, novamente com pit-stops desastrosos, os fez perder posições. O abandono de Rosberg salvou  o pódio merecido de Felipe Massa, que suportou de forma brilhante a pressão de Bottas no fim da prova.

Quem acabou aparecendo bem na corrida foi Kimi Raikkonen. Depois de brilhar nos treinos, conseguindo o segundo lugar, Kimi se atrapalhou na largada, caiu para último e teve que fazer uma prova de recuperação. Conseguiu terminar em quinto, um resultado bom numa temporada marcada por azares de todos os tipos.

E é o que tenho para comentar sobre o GP da Itália. A corrida foi monótona, com um final interessante, mas que em nada mudou no panorama do mundial: Hamilton ruma para um título fácil, para o azar de quem gosta de boas disputas. Fica para o ano que vem. Será?

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dixon, de virada



Nada como uma boa decisão de campeonato para lembrarmos porque mesmo gostamos deste esporte. E foi o que a Indy proporcionou, ao chegar a Sonoma com 6 postulantes ao título e um franco favorito: Juan Pablo Montoya, que largava em quinto, ao lado de seu adversário direto, Graham Rahal. Os demais tinham possibilidades remotas e foi justamente um deles, Scott Dixon, que levou a taça no final, conquistando uma vitória com a categoria e autoridade de um, agora, tetracampeão da Indy.

A prova foi marcada por homenagens a Justin Wilson, num clima triste e pouco convidativo para se disputar uma corrida. Mas, motores ligados, viseiras fechadas, a tristeza fica para trás. O GP de Sonoma foi como aqueles bons filmes de terror, nos quais a gente começa achando tudo meio sem graça, mas a tensão vai crescendo e, no fim, estamos roendo todas as unhas.

Adotando uma estratégia de box diferente, parando uma vez menos, Dixon conseguiu ser rápido e econômico, liderando a corrida com folga em sua segunda metade. Ele contou também com a tarde ruim de Montoya, Will Power e Rahal. Os dois da Penske, inclusive, acabaram se estranhando na pista e jogaram fora suas chances de título. No finalzinho, Montoya precisava de apenas uma ultrapassagem para conseguir o campeonato, mas acabou não sendo capaz e encostar em Ryan Briscoe. Acabou em sexto lugar, atingindo a mesma pontuação de Scott Dixon que, com uma vitória a mais, sagrou-se campeão.

E terminou assim mais um bom ano da Fórmula Indy, uma categoria que não tem o espaço que merece no Brasil. Com pequenos ajustes, carros esteticamente mais atraentes e bandeiras amarelas menos longas, talvez a Indy conseguisse despertar o interesse de uma TV que a leve mais a sério. Mesmo assim, é preciso elogiar o bom trabalho do BandSports ontem, embora tenha sido ocasional. A categoria foi tratada como lixo, durante a maior parte do ano.

Sobre os brasileiros, infelizmente foi um ano ruim. Tony Kanaan fez algumas corridas exuberantes, mas de poucos resultados. E Hélio Castroneves foi, bem, foi Hélio Castroneves. Chegando nos pontos, mas pouco combativo, falhando em momentos decisivos e, pela 7837465478437 vez chegando a uma decisão com chances e perdendo ao fazer uma corrida medíocre.

Nelsinho Piquet andou namorando a Indy, inclusive realizando testes. Seria uma ótima pedida para tentar aumentar o interesse por uma categoria que produz ótimas corridas, mas que ninguém vê.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Tristeza


A Indycar confirmou que Justin Wilson faleceu em virtude do trauma causado pelo choque do bico do carro de Sage Karam com sua cabeça. Karam, que liderava as 500 milhas de Pocono, perdeu o controle do carro e bateu no muro. Wilson vinha mais atrás e pegou os destroços do acidente em cheio.

Uma tremenda fatalidade, muito semelhante ao que aconteceu com Felipe Massa, nos treinos para o GP da Hungria de Fórmula 1, em 2009.

A automobilismo precisa andar para frente, aprender com acidentes para que eles não se repitam. Mas, num momento como esse, essas discussões ficam para depois. Ver um piloto morrer num carro de corrida, é muito triste para quem gosta do esporte.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Justin Wilson


Toda a sorte do mundo para Justin Wilson, vítima de uma incrível fatalidade nas 500 milhas de Pocono, na Fórmula Indy. Li uma frase no Twitter, mas não lembro o autor, que traz um pensamento com o qual compartilho: depois de Jules Bianchi e Michael Schumacher, tudo o que o automobilismo não precisa é de outro drama prolongado.

Vamos torcer para que ele saia dessa logo!


domingo, 23 de agosto de 2015

Bélgica, Hamilton e o balde de água fria



Se havia alguma esperança de que as férias mudariam algo na balança de forças da F1, o GP da Bélgica se encarregou de enterrar tudo. E com requintes de crueldade já que, além das Mercedes terem aumentado sua distância para as outras, Lewis Hamilton parece estar sobrando ainda mais e a Williams, que poderia ser uma adversária possível, andou para trás. Ou seja: Hamilton entrou, a partir de agora, em contagem regressiva para o título.

É triste que uma pista espetacular, como Spa-Francorchamps, seja palco de uma corrida tão fria e sem surpresas como essa, mas assim é a Fórmula 1 atual. É bem verdade que tivemos algumas ultrapassagens no pelotão intermediário e a briga entre Vettel e Grosjean tenha causado um pequeno levantar de sobrancelhas, mas no geral, passamos mais tempo rezando para que chovesse. E nem a água, que costuma dar o ar da graça na Bélgica, apareceu.

Me impressiona muito o controle que Hamilton tem da corrida, principalmente nessas provas de 2015. O cara parece correr o tempo todo com reservas. Hoje, Rosberg fez uma largada lamentável, e quando terminou de escalar o pelotão, estava 9 segundos atrás do companheiro. Empolgado, começou a tirar a vantagem até que, quando a mesma chegou em 4 segundos, Hamilton deu uma volta rápida e aumentou  para 5.5. Assim, com uma volta. Infelizmente, por mais que tenhamos tentado acreditar que o piloto do #6 fosse capaz de desafiar o companheiro inglês, não há o que fazer. O caneco tem dono.

Mais atrás, novamente, uma corrida espetacular de Sebastian Vettel, que conseguiria um novo pódio após largar apenas em 9° lugar. Parou apenas uma vez nos boxes e seus pneus não resistiram, furando a duas voltas do final. Uma pena.

Pneus também foram problema para a Williams, mas por outro motivo: num erro absolutamente incompatível para uma equipe nesta posição, montaram um jogo com 3 pneus macios e 1 duro no carro de Bottas, que acabou punido. Felipe Massa salvou o domingo com o sexton lugar, pulando para a quarta posição no campeonato. Mas essa era uma pista que, aparentemente, favorecia a Williams e o resultado não foi nada bom. Perspectivas ruins para o final do ano.

No fim de tudo, o grande destaque da prova foi Romain Grosjean, que chegou ao pódio pela primeira vez desde 2013, levando um pouco de alívio à Lotus, a equipe que mais sofreu com o novo regulamento, adotado no ano passado.

No mais, entramos, junto com Hamilton, na contagem regressive para o fim do campeonato. Torcendo para que o ano que vem traga de volta a competitividade que já passa longe da F1 há bastante tempo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ferrari dá um balão nos chutadores e anuncia Raikkonen para 2016

Raikkonen fica na Ferrari: Profissionalismo 5 x 0 "Jornalismo"
Com um simples e direto anúncio oficial, a Ferrari deu uma bela de uma brochada na temporada de boatos que começava a ficar interessante. A equipe italiana informou que renovou o contrato de Kimi Raikkonen por mais um ano. Assim, o campeão mundial de 2007 segue formando dupla com Sebastian Vettel.

E assim, caiu do cavalo quem embarcou neste grande campeonato mundial de chutes que se tornou o jornalismo esportivo nesses tempos de Internet. Diversos jornais, sites e revistas, inclusive brasileiros, cravaram que Valteri Bottas já tinha assinado com a Ferrari e que sua vaga, na Williams, seria a mais cobiçada cadeira da atualidade, disputada por Felipe Nasr, Nico Hulkenberg e até mesmo pelo próprio Raikkonen.

Pois o fato é que Bottas deverá permanecer onde está, embora a Williams ainda não tenha anunciado sua dupla de pilotos para o ano que vem. Mas não vejo sentido em mudar, já que tanto o finlandês quanto Felipe Massa vêm fazendo um bom trabalho (especialmente o primeiro) e têm sua parcela de responsabilidade no incrível crescimento da equipe nas últimas duas temporadas. É um caso em que a continuidade só fará bem a time e pilotos.

A Mercedes não terá novidade e nem a RedBull, ainda mais agora que Daniil Kvyat parece ter se encontrado. A Lotus é uma incognita nessa eterna relação de compra e venda que tem com a Renault. A Force India precisa de grana e a Toro Rosso é laboratório de pilotos da Red Bull. A McLaren, se não renovar com Button, deverá promover Kevin Magnussen de volta. A Sauber já anunciou renovação de Nasr e Ericsson. Sobram a novata Haas e a Marússia, que deverão apostar em gente nova.

Sobre a permanência de Raikkonen, entendo ao opção da Ferrari. Se a equipe deu centenas de chances a Felipe Massa, mesmo com o brasileiro oferecendo um desempenho sofrível, é de se imaginar que podem ter mais paciência com o finlandês que, afinal de contas, deu aos italianos seu último título mundial. E, claro, Raikkonen é um piloto de quem sempre se pode esperar algo, mesmo quando parece estar em baixa.

domingo, 16 de agosto de 2015

A prova da Stock Car, ou porque a Globo não serve para exibir eventos de automobilismo


Hoje eu deveria escrever um mega texto sobre a vitória fantástica de Thiago Camilo na Corrida do Milhão, da Stock Car. Mas não vou fazer isso. Ao invés de escrever sobre a corrida, vou aproveitar o momento para trazer de volta uma discussão que vem desde o ano passado e que teve hoje, um momento de prova cabal do que eu já afirmara antes: a TV aberta não serve mais para a transmissão de qualquer evento de automobilismo. Aliás, eu até poderia escrever esportivo, mas não acho que ninguém vai abrir mão das grandes audiências proporcionadas pelo futebol.

A Stock Car é transmitida pela Sportv, mas algumas provas vão para a Globo, que passa a corrida dentro do Esporte Espetacular. Essas não vão para a TV a Cabo e foi o caso da prova de hoje, a mais importante do calendário. A Globo prometeu transmissão completa, com equipe in loco.

Ocorre que hoje foi dia de manifestações em todo o país. Não vou entrar no mérito do movimento, mas a manifestação estava marcada há muitos dias e em nada difere dos outros movimentos que foram realizados pelo país afora, em domingos anteriores.

A Globo dá ampla cobertura a estes movimentos e interrompeu o Esporte Espetacular a cada 15 ou 20 minutos para mostrar imagens idênticas de Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e todos os lugares ocupados pelos manifestantes. E o mesmo ocorreu na prova da Stock.

Ao todo, numa prova de 45 minutos foram 3 interrupções, uma delas durante a janela de pit-stops, o momento mais decisivo da corrida, quando Thiago Camilo começou a construir sua vitória. A festa do vencedor também foi cortada, novamente com o objetivo de mostrar as capitais do país, onde nada parecia estar acontecendo de novo.

A TV aberta tem seus objetivos, e não me importa quais sejam. Mas hoje, a Globo provou que seu interesse pelo esporte é mínimo, a ponto de não poder esperar o término de uma corrida para mostrar imagens praticamente inertes de uma manifestação que duraria pelo menos mais três ou quatro horas. Se a corrida estivesse sendo transmitida pelo Sportv, quem gosta de corrida veria a corrida toda. Quem gosta de “jornalismo” veria as imagens das manifestações pela tela da Globo, ou qualquer outro canal que o valha. E todos sairiam felizes.

Por favor, no dia em que a Globo chutar o balde e desistir de vez do automobilismo, não dêem escândalos. Será uma espécie de libertação para quem gosta de corrida de verdade. Porque de desrespeito, já estamos de saco cheio.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Jacques Villeneuve na Fórmula E

Villeneuve: carreira de altos e baixos, mas sempre com
a boca no trombone
Notícia já meio velha, mas que vale o comentário: a Venturi confirmou a contratação de Jacques Villeneuve para a próxima temporada da Fórmula E. Ele entra no lugar de Nick Heidfeld que, por sua vez, correrá na Mahindra, no lugar de Karun Chandhok. Villeneuve será o piloto de currículo mais respeitável da categoria, com uma vitória nas 500 milhas de Indianápolis, um título da Fórmula Indy e outro da Fórmula 1.

Ainda assim, vale muito mais como personagem do que como piloto. Villeneuve é um nome importante para o automobilismo, pois fala o que pensa, como pensa. Talvez por isso seja tão pouco reverenciado no meio da Fórmula 1. Dirigentes, em geral, não gostam de quem fala verdades.

Jacques Villeneuve teve uma carreira interessante, porém com muitos momentos ruins. Apareceu na Fórmula Indy, venceu uma 500 milhas e o campeonato em 95. Foi contratado pela Williams e quase venceu logo na sua estréia, em Melbourne. Fez ótima temporada em 96 e, em 97, faturou o título na polêmica decisão contra Michael Schumacher, em Jerez, quando o alemão, ao ver que seria ultrapassado, jogou o carro contra o canadense. Schumacher se deu mal e Villeneuve levantou a taça.

Depois disso, a Williams caiu e Villeneuve foi junto. Fracassou na tentativa de emplacar o projeto BAR, e a equipe só cresceu quando ele saiu, ao final de 2003. Voltou no fim do ano seguinte, para substituir o demitido Jarno Trulli, na Renault. Não fez nada de mais, mas conseguiu um contrato com a Sauber para o ano seguinte, quando foi afundado por Felipe Massa. Em 2006, seu derradeiro ano, acumulou acidentes bizarros e acabou dispensado por deficiência técnica.

Fora da F1, perambulou por categorias de turismo, participando até de provas da Stock Car. No ano passado, correu nas 500 milhas de Indianápolis.

A próxima temporada da Fórmula E será fundamental para consolidar uma categoria que nasceu muito bem. A chegada de um nome como Villeneuve só prova que os dirigentes estão no caminho certo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Road America de volta à Indy

Scott Pruett e Jimmy Vasser, em Road America/95: aos poucos
a Indy vai retomando suas melhores pistas

Road America está de volta ao calendário da Indy, a partir da próxima temporada. A pista localizada em Elkart Lake, Winsconsin, tem um dos mais incríveis traçados do mundo e recebeu a Indy até o ano de 2007.

Road America era uma das mais tradicionais pistas do calendário da Indy, recebendo corridas da categoria desde 1982. Quando a Indy Car e Cart romperam, em 1996, a então IRL foi correr apenas em circuitos ovais, enquanto a Cart continuou com as pistas tradicionais do calendário. Em 2008, quando elas se juntaram novamente, a Cart, que já havia virado Champ Car, estava quase falida e aceitou apenas transferir equipes e pilotos para a Fórmula Indy.

Mas, aos poucos, os grandes circuitos vão voltando. Hoje, o calendário já conta com Detroit e Toronto, que são pistas das antigas. A partir do ano que vem, Road America.

Quem sabe não podemos sonhar com um calendário que tenha, além dessas, Laguna Seca, Portland, Surfes Paradise e Cleveland? Dedos cruzados desde já.

sábado, 18 de julho de 2015

Jules Bianchi



Há 21 anos, quando Ayrton Senna estampou o muro da curva Tamburello, em Ímola, a Fórmula 1 levou um choque de realidade. A morte do brasileiro, e de Roland Ratzenberger, um dia antes, ocorria 12 anos depois do último falecimento na F1 (Ricardo Palleti, que morrera no Canadá, em 82). A categoria caiu na real porque, apesar de mais de uma década sem acidentes fatais, sempre ficava a impressão de que aquela segurança toda era fruto muito mais da sorte, do que da competência dos dirigentes.

Nos anos seguintes, a F1 promoveu uma verdadeira revolução em suas pistas e carros e, se hoje é mais seguro estar dentro de um bólido da categoria, do que em um carro comum na cidade, devemos isso ao sacrifício de Senna e Ratzenberger, naquele fim de semana trágico de Ímola.

Pois bem: ontem, recebemos a triste notícia do falecimento de Jules Bianchi, de 25 anos, que passou nove meses em coma, resultado da batida estúpida em Suzuka, no ano passado. Desta vez, o choque é outro: em carros e pistas tão seguros, como a F1 pode ter matado alguém depois de tanto tempo?

O tempo, agora, é de se pensar em procedimentos, o que já vem sendo feito. Bianchi saiu da pista quando já escurecia, bateu num trator que resgatava o carro de Adrian Sutil, que rodara uma volta antes. Quantas e quantas imagens vimos, na época do acidente, de resgates insanos na pista, enquanto a corrida rolava? Quantas saídas de pista ocorreram, com carros passando bem próximos a tratores e guinchos?

O fato é que correr num carro, qualquer carro, a mais de 300 Km por hora sempre foi e sempre será perigoso. Mas, assim como na aviação, os acidentes devem servir para que se tome providências, no sentido de minimizar os riscos aos pilotos.

Que a morte de Bianchi não seja em vão, como não foram as de Senna e Ratzenberger.