Estive em Interlagos pela primeira vez, em 2001. Já tinha
ensaiado uma ida diversas vezes, mas só consegui viabilizar a viagem neste ano.
O cenário era de expectativa pela vitória de Rubens Barrichello, apesar de
todos saberem que era Michael Schumacher o favorito disparado.
Mas foi na segunda volta, após a relargada que houve em
virtude de um acidente causado pelo próprio Rubinho, que a coisa esquentou. Lá
do final da reta oposta avistamos a Williams se enfiando por dentro na entrada
da curva, e jogando o odiado Schumacher para a terra na segunda perna. Quando
passou na nossa frente, identificamos a figura: era Juan Pablo Montoya, que
vinha da Fórmula Indy e tivera desempenho discreto nas duas primeiras provas do
ano.
A Williams não andava na ponta havia algum tempo, e era
inacreditável o que o colombiano fazia em Interlagos. Até que começou a chover,
na metade da prova, e o retardatário Jos Verstappen não conseguiu frear sua
Arrows na entrada da curva do lago e acertou o piloto da Williams, tirando
Montoya da corrida. Quando ele desceu do carro, foi ovacionado por todos da
arquibancada da reta oposta, que gritava seu nome e pulava, como se estivesse
num estádio de futebol. Nunca vou esquecer dos gritos de “Montoya, Montoya,
Montoya”, e a arquibancada balançando.
Depois disso, o colombiano teve uma carreira irregular, mas
sempre foi uma atração a parte na Fórmula 1, pelo seu estilo arrojado e de
pouca cautela. Teve chance de vencer o campeonato de 2003, venceu algumas
corridas, tentou a sorte na McLaren, mas não suportou a fleuma da equipe de Ron
Dennis e decidiu se mandar para a Nascar na metade de 2006, pegando todo mundo
de surpresa.
Montoya sumiu no mundo do automobilismo, venceu algumas
provas em circuito misto e, em 2014, não deverá estar mais na Nascar. Já há
convites da Andretti para que ele volte à Fórmula Indy, o que seria uma ótima
notícia.
Um piloto como Montoya não pode ficar fora das categorias de
monoposto. Na Nascar, é todo mundo louco como ele, mas nas fórmulas falta um
pouco de ousadia na turma. Alguém como Juan Pablo Montoya só pode fazer bem.
Que volte!
Felipe Massa, na Bélgica: explicações ignoradas pela Globo
Não há muito espaço para se ter dúvidas a respeito da desonestidade com que a Globo trata o público brasileiro quando o assunto é o desempenho de qualquer atleta brasileiro. Mas quando escancaram isso, chega a ser ofensivo. Aconteceu neste domingo, no GP da Bélgica.
Depois de fazer uma largada ruim, Felipe Massa chamou a equipe no rádio e reclamou que o volante de seu carro não mostrava informação alguma e que o Kers não funcionava. Foi o bastante para a equipe que transmitia a prova, composta por dois ex-pilotos, concluísse que este era o problema de Massa durante toda a corrida e que justificava seu desempenho discreto.
Nas voltas finais, com a câmera on-board, era possível ver que o painel funcionava normalmente. Rubens Barrichello explicou o porque da sua impressão de que o Kers não funcionava por causa das luzes no painel. Mas ignorou o fato de que elas pareciam indicar uma operação normal do equipamento.
Mas a coisa começou a escancarar no final. Entrevistado, Massa negou o problema, dizendo que o enfrentou nas primeiras voltas, mas que o carro funcionou normalmente nas voltas seguintes. Na transmissão, silêncio. (Cabe aqui um reconhecimento: Massa nunca foi de fugir das suas responsabilidades, ao contrário do novo comentarista da Globo).
Aí veio o Fantástico, à noite, com a cobertura da prova. E a entrevista do brasileiro foi descaradamente alterada, fazendo parecer que ele admitia que o problema com o Kers acabou com suas chances na prova. Evidentemente que este vídeo não está no Youtube mas, basicamente, os editores incluíram somente a fala inicial de Massa, falando do problema com o Kers, no contexto do mau desempenho. E retiraram toda a parte na qual ele admite que não foi bem na corrida.
Aliás, eu dei uma pesquisada rápida e estes vídeos não estão nem no G1, o portal de notícias da emissora. Talvez isso explique um pouco da falta de interesse cada vez maior das pessoas em relação à Fórmula 1. É que ninguém gosta de ser tratado como otário.
Scott Dixon acelera em Sonoma: vai precisar de mais do que velocidade
Pelo que vimos ontem em Sonoma, não é só a sorte que levará Hélio Castroneves a vencer o campeonato da Fórmula Indy em 2013. Fazendo uma prova absolutamente burocrática e até mesmo medrosa na sinuosa pista da Califórnia, o brasileiro viu seu principal adversário, Scott Dixon, da Ganassi, liderar a maior parte do tempo, até o momento do último pit stop.
Aí aconteceu o lance que, infelizmente, pode definir o campeonato em favor de Helinho. Dixon parou para trocar pneus atrás do vizinho de box, Will Power, que é companheiro de equipe do brasileiro. Power estacionou seu carro um pouco mais atrás do que o habitual, uma manobra comum na Indy, que os pilotos fazem quando querem atrapalhar o adversário.
Ao fim da parada, um mecânico da Penske invadiu a área de box da Chip Ganassi e acabou sendo atropelado por Dixon. É óbvio que o mecânico não queria ser atropelado, mas utilizou o espaço para atrapalhar o neo zelandês e acabou sofrendo a consequência do seu ato. O piloto da Ganassi foi punido, caiu para último e viu a diferença na tabela subir para 38 pontos, depois de andar na frente durante a maior parte do tempo.
A Indy não é uma categoria que prima por critérios. Ontem, tivemos acidentes semelhantes que geraram bandeiras amarelas ao sabor da vontade da direção de prova. Num cenário desses, estar numa equipe como a Penske ajuda muito, já que a força de política do velho Roger Penske faz toda a diferença.
Ainda assim, é preciso dizer que Helinho precisará fazer um pouco mais para ganhar o campeonato. Ontem, o piloto brasileiro correu o tempo todo como se estivesse com medo de bater, não arriscou nada, sequer despenteou seus bem cuidados cabelos. É bom abrir o olho, pois não se ganha um campeonato apenas com sorte.
Depois da vitória de Hamilton na Hungria, parecia que a Mercedes iria se estabelecer como principal rival da Red Bull e de Sebastian Vettel na luta pelo tetracampeonato do alemão. Depois da pole do inglês no sábado, em Spa Francorchamps, essa impressão se fortaleceu ainda mais. Mas isso durou até o final do contorno da Eau Rouge, quando Vettel passou por cima do adversário e não viu mais ninguém na sua frente. Outro passeio dominical.
E Hamilton sequer foi o segundo colocado, perdeu essa honra para Fernando Alonso que conseguiu o milagre de por a problemática Ferrari no pódio e assumiu a vice liderança do campeonato novamente. Tem 46 pontos a menos. Duas vitórias de Alonso e dois abandonos de Vettel colocariam o espanhol na liderança de novo, mas isso não vai acontecer. E, por isso, está explicada a cara de poucos amigos do bicampeão após a prova, mesmo tendo sido o melhor piloto da pista hoje, saindo do 9º para o 2º lugar.
Esperava-se mais do GP da Bélgica, é verdade, mas todo mundo sabia que a corrida só seria muito disputada se a chuva viesse. Como não veio, acompanhamos brigas que ocorreram no pelotão intermediário. Destaque para a ultrapassagem de Sutil sobre Hulkenberg, na Eau Rouge e a de Massa sobre Grosjean, no final da reta oposta.
Ainda tivemos Maldonado aprontando todas e tirando Paul di Resta da corrida e Kimi Raikkonen abandonando uma prova, depois de sei lá quantas corridas disputadas e marcando pontos. O último abandono do finlandês por problemas mecânicos tinha sido em 2009, na Ferrari!
Aliás, Alonso e Raikkonen, que estão no centro do furacão dos boatos para 2014, devem ter reunido mais motivos para trocarem de equipe. O espanhol por ver que o domínio da RedBull deverá continuar por muito tempo. E o finlandês por ver que, na Lotus, vai vencer uma ou outra corrida e olhe lá.
A taça de 2013 já tem dono. Aliás, ela vai fazer companhia aos últimos três troféus do mundial de Fórmula 1.
Em setembro Rush estreia
no Brasil. O filme do diretor Ron Howard vai contar a história da rivalidade
entre James Hunt e Nick Lauda, dois campeões da Fórmula 1. Na Internet já estão
rolando vários trailers e fotos do filme e, até agora, tudo parece espetacular.
Filmes que trazem automobilismo como tema não são comuns e
essa é uma carência grande dos fãs. Nesta semana, fiz um compilado de alguns
filmes que vi e que utilizam o tema para contar suas histórias.
Cabem algumas observações:
_ Não vi Grand Prix, que dizem ser o clássico definitivo
deste tema na telona. Por isso não está na lista.
_ Não sou crítico de cinema, apenas gosto do
assunto. As análises estão muito mais ligadas ao automobilismo do que ao filme
em si.
E vamos à lista:
Carros
Personagens divertidos, animação caprichada e uma boa
história para contar. Carros segue a risca a cartilha da Pixar de filmes em
desenho animado e não decepciona. O filme conta a história de Relâmpago
McQueen, um carro de Nascar que acaba perdido e preso numa cidade às margens da
Rota 66, uma semana antes da decisão do campeonato da categoria. Para sair de
lá ele precisa superar sua arrogância e aprender várias lições com os moradores
locais.
Não é um enredo genial, é verdade, mas Carros traça um
retrato descontraído e bastante fidedigno do automobilismo norte-americano. Do
clima interiorano e amistoso que permeia o ambiente das corridas, passando pela
reverência do povo aos ídolos do passado e recheando tudo com situações
corriqueiras e atuais, como os micos que os pilotos precisam pagar para promover
as marcas que os patrocinam.
No processo o filme traz muitas curiosidades, como a
homenagem explícita à lenda da Nascar, o piloto Richard Petty, ou a
participação especial de Michael Schumacher, que dubla uma Ferrari no final do
filme.
Infelizmente, Carros ganhou uma continuação anos depois, mas
ela nem se compara ao original.
Alta Velocidade
Silvester Stallone queria muito fazer um filme sobre automobilismo.
Andou perambulando pelos bastidores da Fórmula 1 na década de 90, mas percebeu
que aquele ambiente fechado não permitiria que ele rodasse suas cenas. Partiu
então para a Cart.
Infelizmente ele deveria ter ido para casa, já que Alta
Velocidade é uma das piores porcarias já produzidas na história do cinema. No
filme, Stallone é Joe Tanto, um campeão aposentado que é convidado por seu
ex-chefe, interpretado por Burt Reynolds, para ajudar o jovem e talentoso Jimmy
Bly a vencer o campeonato. Uma clara inspiração no campeonato da F1 de 94,
quando Nigel Mansell foi chamado pela Williams para ajudar Damon Hill no final
da disputa.
Até poderia ser uma boa história se o roteiro não fosse
povoado por personagens patéticos e acidentes absurdos, que desafiam todas as
leis da física. Há, ainda, um triângulo amoroso ridículo envolvendo dois
pilotos e uma loira que a cada hora namora um e uma trama totalmente
inverossímil sobre o empresário de Bly, vivido por Robert Sean Leonard, o Dr.
Wilson, da série House.
Se você estiver à toa e quiser dar uma espiada neste lixo,
atente-se especialmente à cena na qual dois pilotos saem pelas ruas acelerando
um carro de Fórmula Indy, ou à patética tomada final, da decisão do campeonato.
Nem mesmo as cenas filmadas em corridas reais salvam, já que são rápidas e
cheias de cortes, sendo substituídas pelas réplicas mal feitas dos carros da
categoria.
Dias de Trovão
Dias de Trovão é o típico filme americano que conta a
história de um herói que, talentoso e arrogante, precisa superar vários
desafios para conseguir vencer os adversários, dar a volta por cima e, claro,
beijar a linda loira no fim.
Neste filme, Tom Cruise é Cole Trickle, um jovem piloto que
chega à Nascar achando que vai vencer todas as corridas e acaba tropeçando nos
próprios erros. E é uma pena que este seja o fio condutor da história, pois
Dias de Trovão também oferece uma visão interessantíssima sobre os bastidores
da categoria americana, mostrando como funcionam as negociações entre equipes e
patrocinadores, e a maneira como essas negociatas chegam aos pilotos em forma
de pressão. Destaque para a belíssima cena na qual o personagem de Robert
Duvall constrói o carro que será usado por Trickle.
Com várias cenas filmadas em corridas de verdade, Dias de
Trovão acaba sendo um passatempo interessante, embora tivesse potencial para
ser muito mais que isso. Mas vale a conferida.
Se meu Fusca Falasse
Acho que não existe nenhuma pessoa que não tenha se
emocionado com a história do simpático fusquinha Herbie que, descoberto numa
revenda de carros usados, acaba construindo uma linda história de amizade com
seu dono.
Lançado na década de 60, “Se meu Fusca Falasse” faz uma
homenagem às populares corridas de carreteiras da época, com muito bom humor e
descontração. O carro acabou se tornando maior que o filme e que todos os seus
personagens. Ganhou continuações como “O Fusca enamorado” que passou algumas
vezes na Sessão da Tarde e também uma versão moderninha com Lindsay Lohan de
protagonista. Não vi nenhuma das duas, então não sei se são tão boas.
O fato é que até hoje, em encontros de carros antigos, é
possível ver fusquinhas pintados com o lendário #53, que Herbie usava nas
corridas que disputava pelas estradas norte americanas.
Senna
Lançado em 2010, o documentário “Senna” é uma verdadeira
pérola para os amantes do automobilismo. Acompanhando a trajetória de Ayrton
Senna desde o Kart, o documentário, produzido pelo inglês Asif Kapadia mostra
detalhes da carreira do brasileiro sem transformá-lo numa espécie de Jesus
Cristo na Terra, como estamos acostumados a ver na Rede Globo.
Recheado de imagens interessantíssimas dos bastidores, o
documentário mostra como a rivalidade entre Senna e Prost se deu dentro e fora
da pista, com o francês tentando desestabilizar o brasileiro. Também é
interessante acompanhar a forma como se davam as reuniões entre pilotos antes
das provas e a maneira como Senna reagia às determinações com as quais não
concordava, frequentemente esbravejando e deixando a sala antes do fim do
encontro.
Mas, além da politicagem, o filme também mostra o talento
incomparável de Senna na pista e o clima de tensão que cercou o fim de semana
do GP de San Marino, que acabaria resultando na morte do brasileiro e de Roland
Ratzenberger.
De quebra, é possível ver cenas raríssimas, como aquela do
acidente de Ratzenberger feita a partir da câmera de um espectador que eu, pelo
menos, nunca tinha visto. “Senna” é um documentário para ver e guardar para
mostrar para os filhos.
A Codemasters confirmou para setembro o lançamento oficial
de F1 2013, o game oficial da Fórmula 1. Além das já tradicionais melhorias que
são feitas a cada ano, uma novidade já está movimentando os fãs da série: a
Codemasters incluiu alguns carros históricos, uma reinvindicação dos fãs desde
o primeiro jogo, lançado em 2010.
Não sou especialista em games, mas sou um jogador
semi-viciado, se é que isso existe. Sou do tempo da série GP, para mim o melhor
e mais flexível game de corridas que já existiu. Em relação à série da
Codemasters, joguei todos os títulos lançados e a evolução é notável em todos
os sentidos. Eu sinto falta de um pouco mais de inteligência dos adversários na
pista, mas a versão 2012 do game já apresenta um ganho enorme nesta parte
também.
Voltando ao F1 2013 estarão disponíveis para a pilotagem
modelos da Williams, Ferrari e Lotus, e pilotos como Schumacher, Hill, Emerson,
Hakkinen e outros. Pelo que entendi não será possível disputar corridas e sim
testar os carros em pistas como Jerez, Silverstone e Monza. Já tem gente chiando
à beça porque os pilotos não correspondem aos carros disponíveis e com isso temos
Hakkinen a bordo da Lotus de 88, por exemplo.
Na minha opinião, uma bobagem. No youtube já estão rolando vídeos
de testes destes carros e pouca diferença faz qual é o piloto. O legal é ter a
sensação de pilotar um carro destes. Neste ponto a Codemasters é craque, já que
a jogabilidade da série é perfeita desde o primeiro título. Eu acharia mais
interessantes se a Codemasters disponibilizasse uma temporada inteira de um ano
específico, para correr com todos os carros, ao invés de modelos aleatórios
para teste. Mas entendo que a coisa acontece aos poucos, ainda mais com os
problemas de direitos autorais que existem nestes casos (Ayrton Senna, por
exemplo, não está no game porque a família dele não autorizou).
Bem, mas enquanto o game não chega, o negócio é ir se
deliciando com os vídeos, como este abaixo:
O Brasil tem uma mania estranha de só reverenciar seus ídolos quando eles morrem. No automobilismo, isso é bem claro. Aqui, Senna é tratado como Deus, uma figura divina à qual todos devem orar todos os dias por obrigação. Mas sinto muito Sennistas: Ayrton não é o principal piloto brasileiro, e nem Nelson Piquet. Independente de talento, títulos ou vitórias, o maior e mais importante representante do Brasil no automobilismo é Emerson Fittipaldi.
Mas por que isso? Simples. Porque se Senna e Piquet (e todos os outros brasileiros) chegaram à Fórmula 1 pelo caminho que chegaram, devem isso ao grande Rato. Foi Emerson que, em 1970, após vencer corridas na Fórmula 3 Inglesa sem poder bater o carro, por não ter dinheiro para comprar outro, chegou à F1 pelas mãos de Colin Chapmam, da Lotus. E já neste ano de estréia, venceu sua primeira corrida, em Watkins Glen, nos EUA.
Os títulos vieram em 1972 e 1974 e, a partir de 1975 mais uma realização espetacular: a fundação da Copersucar, primeira e única equipe brasileira a competir na Fórmula 1. Infelizmente os resultados não vieram e a melhor colocação foi um segundo lugar no GP do Brasil, em 1978.
Emerson então se retirou da F1 em 1980 e foi competir na Indy 5 anos mais tarde, novamente abrindo caminho para os brasileiros em uma nova categoria. Ganhou duas vezes as 500 milhas de Indianápolis e foi campeão em 1989. E, em 96, trouxe a Indy para o Brasil, num dos momentos mais marcantes do automobilismo brasileiro.
Bem, mas se o Brasil não o homenageia como deveria, os gringos podem fazer isso por nós. A Lotus o convidou para dar umas voltas num carro de Fórmula 1 atual. Veja a reportagem abaixo o respeito (dele e da equipe) e a emoção do cara no final. A emoção de uma pessoa que amou o esporte que competiu intensamente, fez dele o seu ganha pão e ajudou a difundí-lo num país que só se importa com esporte quando algum brasileiro está ganhando.
Quem me acompanha aqui no blog, sabe que gosto bastante da Fórmula Indy. Mas gosto mesmo da Fórmula Indy da década de 90, pra mim uma das melhores épocas do automobilismo em toda a sua história.
E, quem gosta de Fórmula Indy, não pode deixar de acessar a página “Blog da Indy”, no Facebook. O Jackson, que é o autor, sabe tudo da categoria, conhece os pilotos, sabe detalhes da história. E posta fotos raríssimas e vídeos espetaculares atuais e do passado.
Aliás, o Jackson é o responsável pela retomada do meu gosto pela categoria, já que ele tem milhares de provas de Fórmula Indy gravadas em ótima qualidade. Comprei os DVD’s das temporadas 93, 94, 95, 96 e 97 e assisto pelo menos uma corrida a cada fim de semana. O preço é bom, podem entrar em contato com ele!
Quando vai tudo bem, a Ferrari é uma ótima equipe. Mas bastou pintar um probleminha, ela se transforma numa máquina de fritar pilotos. Não é a toa que em sua melhor fase, entre os anos 2000 e 2006, a equipe tenha sido comandada por um alemão, um inglês e um francês. Quando os italianos põe a mão, a coisa complica. Veja alguns do que já sentiram na pele o problema:
Alain Prost
O tricampeão chegou à Ferrari em 90, após se cansar das brigas internas da McLaren. Era uma contratação bombástica. No primeiro ano, tudo certo, bons resultados, vitórias e um vice-campeonato.
No ano seguinte, a coisa degringolou. O carro era ruim, Prost não conseguia extrair o melhor desempenho da máquina e ainda via Jean Alesi conquistar a simpatia da torcida de Maranello. No final do ano, o francês desandou a falar mal do carro e isso é um pecado mortal na Ferrari. Ele foi demitido antes da última corrida do ano e só voltou à F1 em 93, para ser tetracampeão pela Williams.
Ivan Capelli
Para o lugar de Prost em 92, a Ferrari buscou Ivan Capelli, que estava na March e havia conseguido alguns resultados expressivos, mesmo tendo um carro ruim nas mãos. Seria o primeiro italiano a correr na Ferrari desde Michelle Alboreto, em 1988 (Gianni Morbidelli tinha substituído Alain Prost na Austrália/91, mas aquela corrida durou apenas 15 voltas).
Mas as esperanças acabaram logo nos primeiros minutos da temporada. O carro era uma porcaria, um dos piores que a Ferrari já fez e Capelli também não colaborou, envolvendo-se em acidentes esquisitíssimos e andando muito atrás de Jean Alesi, seu companheiro de equipe.
Após o GP da Bélgica daquele ano, com apenas 3 pontos anotados na temporada, Capelli foi sumariamente demitido. Em seu lugar, entrou o também italiano Nicola Larini. Ivan Capelli voltaria a correr em algumas provas pela Jordan no ano seguinte, mas sua carreira estava acabada.
Eddie Irvine
A partir de 1996, com um projeto voltado para que Michael Schumacher fosse campeão, a Ferrari parecia não se importar com os resultados pouco expressivos conseguidos pelo irlandês Irvine no carro nº2. Mas veio 1999, os italianos finalmente tinham uma máquina capaz de ganhar o campeonato e quando tudo parecia encaminhado, Schumacher se arrebentou na Inglaterra e ficou fora da disputa.
A responsabilidade de conduzir a equipe caiu sobre os ombros de Irvine o que, claro, não deu certo. O irlandês fanfarrão venceu 4 corridas naquele ano, mas nem com Mika Hakkinen fazendo todo o tipo de bobagens e nem com a falta de confiabilidade da McLaren de 1999, ele conseguiu o título. Acabou deixando a equipe no final do ano, para a entrada de Rubens Barrichello em 2000.
Rubens Barrichello
A relação do brasileiro com a equipe italiana sempre foi meio de gato e rato. Falastrão, foi proibido diversas vezes de falar com a imprensa. Teve que engolir várias situações constrangedoras como a famosa marmelada da Áustria, em 2002, quando entregou a vitória a Michael Schumacher.
Mas foi em 2005 que a maionese desandou de vez. A equipe tinha um carro ruim, que não se adaptava ao esdrúxulo regulamento daquele ano, que proibia trocas de pneus. Em meio à crise pela falta de vitórias, Rubinho viu Schumacher desrespeitar um acordo de cavalheiros eu existia entre ambos, quando o alemão o ultrapassou na última volta do GP de Mônaco. A relação entre os dois azedou e culminou com uma manobra perigosa do heptacampeão no GP dos EUA (aquele de 6 carros), quando Schumy jogou o carro para cima do brasileiro, quase jogando fora uma dobradinha providencial para a equipe.
Rubinho deixou a equipe no final daquele ano e, desde então, sempre dá suas alfinetadas nos italianos.
Fernando Alonso
Ainda não é propriamente uma crise, mas Alonso começa a traçar um caminho semelhante ao de Alain Prost, o que pode ser perigoso. Sem paciência com a desorganização e a incapacidade da equipe em lhe entregar um carro capaz de vencer o campeonato, o espanhol andou falando mal da equipe para a imprensa.
Depois, seu empresário foi visto conversando com membros da Red Bull na Hungria e nenhuma das partes negou absolutamente nada. O piloto ganhou um puxão de orelhas público do presidente da escuderia, Luca di Montezemolo. Já vimos esse filme antes e o resultado não foi nada bom.
Castroneves em Mid-Ohio: corrida espetacular pode ter garantido a taça
Hélio Castroneves é um paradoxo em forma de piloto. Sua principal característica é a regularidade, a capacidade de acumular pontos sem necessariamente vencer uma corrida, chegando ao título no final. Ótimo. Mas ele nunca foi campeão. Tirando um título brasileiro de kart, em 1989, o brasileiro passou pelas categorias de base sem ganhar nada. Na Indy, passou perto várias vezes, mas também não conseguiu ganhar nenhuma taça, embora sempre tenha corrido pela Penske, uma verdadeira lenda do automobilismo americano.
Mas parece que 2013 vai mudar essa escrita. Restando 5 provas para o final da temporada, Castroneves tem 31 pontos de vantagem. Não é muito para uma categoria como a Indy, é verdade, mas ainda assim é uma vantagem considerável em razão das circunstâncias.
Enquanto Scott Dixon e Ryan Hunter Reay, seus rivais mais diretos, se revezam entre vitórias e fracassos, Hélio está sempre ali, somando pontos que no final vão fazer diferença. Foi o que aconteceu ontem, em Mid Ohio. Hunter Reay, que largou na pole, chegou na quinta posição, quase uma volta atrás do vencedor, Charlie Kimball. Enquanto Dixon conseguiu apenas a 7ª posição. No meio deles, Helinho, que havia largado em 15º e fez uma extraordinária corrida de recuperação, andando no limite o tempo todo e segurando todos no final, quando teve de correr com pneus mais duros.
Sem cometer um único erro sequer, recuperou posições que havia jogado fora no treino e obteve um resultado espetacular.
Se a Penske não fizer nenhuma bobagem e o brasileiro mantiver esta tocada, poderá finalmente por no seu currículo algo além das três vitórias em Indianápolis. Está mais do que na hora.
McLaren de 1995: quem me acompanha, sabe que acho esse carro espetacular
Uma boa dica para o fim de semana: entre no Facebook, curta
a página Fórmula 1 Miniaturas e viaje nas fotos que o administrador coloca, de
réplicas dos mais variados carros de F1.
Eu, e acho que todo mundo que gosta de carros, sou um
aficionado por essas pequenas maravilhas. Hoje minha coleção está pequena
(tenho três F1 e quatro carros de passeio), mas já tive várias, além de também
já ter montado algumas.
Maquete da batida de Schumacher,
em Silverstone
Nesta página, além de fotos das miniaturas, você ainda pode
ver reprodução em maquete de cenas clássicas da categoria. Todas as imagens que
eu vi mostravam um trabalho muito bem feito. E, como ainda é possível comprar
alguns exemplares, já que tem algumas à venda, o duro é resistir a tentação de
por a mão no bolso. Não deixe de entrar!
Schumacher e Alonso em seus anos de estréia pela Ferrari: objetivos e resultados diferentes
Outro dia, escrevendo sobre essa história de Alonso na Red Bull, acabei citando muito de passagem a relação entre os primeiros anos do espanhol na Ferrari, comparando-o com Michael Schumacher no mesmo período. Aí fui dar uma olhada em alguns números e a coisa ficou mais interessante. Vejam só:
Schumacher tinha 27 anos quando sentou no carro da Ferrari em 1996. Alonso chegou à equipe italiana com 29 anos. Ambos bi-campeões, o primeiro pela Benetton o segundo pela Renault. A mesma equipe, basicamente.
Schumacher venceu 14 provas, conseguiu 2 vice campeonatos e um terceiro lugar. Um desses vices foi anulado, por causa da manobra suja que o alemão fez pra cima de Jacques Villeneuve em 97, tentando garantir o título.
Alonso venceu 8 vezes, foi vice em duas oportunidades e obteve um quarto lugar. Lembrando que quando Schumacher chegou à Ferrari, os vermelhos eram a quarta força do campeonato. Em 2010, a Ferrari era uma equipe forte. Com isso, começamos a ver algumas diferenças que podem apontar o caminho de Fernando Alonso para o ano que vem.
Schumacher tinha a missão de reerguer a Ferrari e levou para lá todo o seu staff campeão na Benetton: Ross Brawn e Rory Byrne foram com ele e se juntaram à Jean Todt, que tinha vindo do Rali, em 93. Nos três primeiros anos, eles prepararam a casa para buscar os títulos e o primeiro viria em 1999 se Schumacher não tivesse quebrado a perna num acidente em Silverstone.
Quando Alonso chegou à Ferrari, buscava uma equipe forte para ser campeão. Lá encontrou o staff atual, chefiado pelo confuso Stefano Domenicalli. E desde então espera o nascimento de um carro campeão. Depois de três anos, nada parece apontar para um caminho de evolução.
E é isso que deve ter levado Alonso a especular sobre um lugar na Red Bull. A equipe austríaca representaria para ele, aquilo que a Ferrari representou em 2010. A chance de se tornar campeão novamente.
Jornalista. 36 anos. Desde pequeno dirige tudo que vê na frente. Tudo o que tiver motor, volante e quatro rodas, é com ele mesmo.
Twitter: @brunoaleixo80