domingo, 24 de junho de 2012

Sensacional é pouco...

Que temporada fantástica é essa de 2012. Que corrida tivemos agora a pouco, em Valência. E que vitória conquistou Fernando Alonso.

É realmente muito emocionante ver um piloto ganhar em casa, dessa maneira. Aliás, estava pensando: todo grande piloto tem pelo menos uma vitória que é marcante. Senna tem Interlagos/93, Schumacher tem Bélgica/95, Hakkinen tem Bélgica/00. E Alonso tem Valencia/12.

Sim, ele deu sorte porque Vettel e Grosjean tiveram problemas, mas sorte também é um fator importante. O que realmente importa é que o cara largou em 11º, passou um monte de gente na pista, e ganhou com autoridade de campeão. Tem agora 111 pontos no campeonato, contra 91 de Webber. Uma diferença monstruosa num campeonato tão competitivo.

Sua vantagem poderia ser bem menor se Hamilton conseguisse compreender a importância de se marcar pontos no campeonato. Com pneus no osso no finzinho, encarou Maldonado na briga pelo terceiro lugar, os dois forçaram além da conta e Hamilton se deu mal. Aliás, os dois se deram mal.

Valencia ainda nos presenteou com a volta de Schumacher ao pódio, depois de um trecho final de prova espetacular. Aliás, ele e Raikkonen destruiram os adversários nas últimas voltas. A se destacar também que Webber saiu do 19º lugar para o 4º, um grande resultado.

Os dois brasileiros ficaram de fora da festa, ambos acertados por Kamui Kobayashi. Os dois acidentes, na minha opinião, culpa do japonês. A diferença é que Massa vinha fazendo sua tradicional corrida ruim. Já Bruno Senna fazia grande prova, andando com pneus macios ainda na 20ª volta, uma estratégia que o levaria a um bom resultado no final. Bruno precisa aproveitar esse bom carro da Williams e converter suas atuações em resultados. Senão vai ficar difícil, infelizmente.

Essa semana vamos falar mais desse GP, um dos melhores do ano. E em Valência. Essa temporada é mesmo sensacional.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

“Na época do Senna era melhor”


Mansell e Senna batem rodas na Espanha: era melhor nessa época?


Quem gosta de automobilismo para valer, já ouviu essa frase centenas de milhares de vezes. A cena é comum: você chega numa roda de conversa e alguém lembra que você gosta de automobilismo. Se você estiver com 10 amigos, garanto que pelo menos 8 encherão o peito para repetir o título deste post.

Se a quantidade de pessoas que diz ter parado de ver Fórmula 1 em 1994 realmente assistisse às corridas nessa época, calculo que as manhãs de domingo na Globo deveriam ter quase 100% de audiência. Uau, melhor do que qualquer Big Brother!

Mas isso não é verdade. É claro que a epopéia de Emerson Fittipaldi, seguida do tricampeonato de Nelson Piquet e Ayrton Senna, somando a tudo isso o incrível talento midiático deste último, tornou a Fórmula 1 um esporte popular no Brasil. Mas isso foi apenas uma fase, aliás como são fase os sucessos de todos os esportes que não contam com 11 jogadores de cada lado, num gramado cercado de arquibancadas, povoada por gente fanática, que muitas vezes quer mais é agredir à torcida adversária do que, necessariamente, acompanhar o esporte.

Quem gosta de automobilismo gosta e pronto. A “época do Senna” foi ótima, uma Fórmula 1 de altíssimo nível, grandes pilotos e grandes equipes. A época agora é outra, mas não dá para dizer que não temos uma grande Fórmula 1.

A temporada de 91, por exemplo, último título do Brasil na Fórmula 1 (e com ele, Senna), não foi exatamente um primor de emoção. Até a 7ª etapa, Senna havia vencido 4 de ponta a ponta. Dessas 4, a única realmente emocionante foi a etapa de Interlagos, quando o brasileiro perdeu todas as marchas e quase foi alcançado por Riccardo Patrese, da Williams.

Ah, mas o campeonato só foi decidido na penúltima corrida, dirá alguém. Sim, mas isso aconteceu porque Nigel Mansell, que tinha um carro muito melhor, marcou só 6 pontos nas primeiras 4 etapas (que Senna venceu) e depois saiu ganhando todas as provas sem dar chance a ninguém.

Em 2012 já temos 7 vencedores em 7 GP’s. Desses, só Rosberg venceu com folga. Os outros tiveram vitórias apertadas. E ainda temos Lotus e Sauber em condições de vencer a qualquer momento. Em 1991 era só McLaren e Williams. A Benetton beliscou uma vitória com Piquet, quando Nigel Mansell abandonou o GP do Canadá na última volta.

A Fórmula 1 de hoje tem vários defeitos em relação ao passado. E, claro, ninguém é obrigado a gostar de corridas. O que falta à F1 de hoje é brasileiro na ponta. Infelizmente isso servirá para atrair as pessoas que só valorizam esporte em época de olimpíada ou copa do mundo. Porque, para quem gosta mesmo de corridas, sinto dizer: a época do Senna não era melhor. Era igual.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O nó tático que não deu certo



Button, Alonso, Rosberg, Vettel, Maldonado, Webber e Hamilton. Esses são os 7 vencedores dos 7 primeiros grandes prêmios desta que é a melhor temporada de Fórmula 1 em muitos anos. E ainda podemos colocar nessa fila Grosjean e Raikkonen, da Lotus, mais Sérgio Perez da Sauber e, porque não, Schumacher, que precisa benzer sua Mercedes.

O GP do Canadá, disputado no último fim de semana, mostrou que, quando tudo parece definido, aparece um novo fator para bagunçar a corrida e tornar tudo imprevisível. Primeiro, Vettel tomou a pole que parecia ser de Hamilton. Largou bem e se mandou na frente. Depois, no momento da primeira parada, foi Alonso quem deu um lençol em todo mundo e tomou a ponta. Mas logo perdeu para o quase imbatível Lewis Hamilton.

Lewis imprimiu um ritmo fortíssimo e parecia que ganharia a prova fácil, quando a McLaren o trouxe para os boxes pela última vez. Ainda assim, era só esperar que Alonso e Vettel parassem para retomar a ponta. Mas o alemão e o espanhol resolveram dar outro “nó tático” na McLaren e tentaram levar até o final. Vettel logo viu que não daria e parou. Alonso não. Foi superado não só por Hamilton, mas também por Grosjean, Perez e o próprio Vettel. Aliás, se a corrida tivesse mais 3 voltas, acho que o espanhol nem marcaria pontos.

Mas não foi só na ponta que as disputas aconteceram. Rosberg e Raikkonen protagonizaram uma briga de cinema após o primeiro pit-stop do finlandês. Felipe Massa, ainda no início da prova, também fez uma bela ultrapassagem sobre filho de Keke e parecia estar partindo para sua melhor prova no ano.

Parecia, porque quando começava a se aproximar de Mark Webber ele rodou sozinho, como um principiante. É incrível como Massa parece dar munição para a imprensa italiana. Na semana em que Montezemolo diz que Sérgio Perez ainda é muito jovem para sentar no cockpit vermelho, o brasileiro comete um erro de estreante e, um pódio que poderia ser seu, cai na mão de quem? Exatamente, Sérgio Perez. Está ficando indefensável.

Sobre o restante, ficam algumas considerações: o carro da Williams começa a cair de rendimento e Bruno Senna precisa abrir o olho. A temporada de 2012 é, de longe, a mais azarada de toda a carreira de Michael Schumacher, que não perde o bom humor. E, por fim, o que aconteceu com Jenson Button?

domingo, 3 de junho de 2012

Decepção de verdade



Quando se fala em decepção do ano, na Fórmula 1, o primeiro nome que vem a cabeça é o de Felipe Massa. E não é para menos: com 66 pontos a menos que o companheiro de equipe no campeonato, o brasileiro já é dado como carta fora do baralho na Ferrari no fim do ano e vários nomes de substitutos já foram ventilados. Mas Felipe vem em uma curva descendente desde 2010 e não chega a ser uma surpresa seu mal desempenho. Surpresa é ele ser tão ruim assim.

Para mim, decepção mesmo é Jenson Button. Num campeonato que premia a regularidade, como este de 2012, o campeão de 2009 deveria estar nadando de braçada. Mas não está. Button venceu o GP da Austrália, na estréia da temporada, e parecia ser capaz de massacrar seu instável companheiro de equipe Lewis Hamilton.

Button ainda foi o segundo colocado na China, fazendo uma bela prova, mas de resto sua temporada é fraquíssima. Não pontuou na Malásia e no Barhein e, em Mônaco, passou a corrida toda preso atrás de Heikki Kovalainen, com a fraquíssima Catheram.  O máximo que conseguiu na Espanha foi o nono lugar.

Se, nas três provas que zerou, Button tivesse conseguido um quinto lugar em cada uma, teria hoje 75 pontos e seria vice líder do campeonato. É evidente que este é um pensamento simplório, mas são resultados dentro da realidade de um piloto da capacidade de Jenson Button.

O equilíbrio do campeonato, até aqui, permite que uma sequência de vitórias, leve o piloto à liderança do torneio rapidamente. O problema é conseguir essa sequência. Este ano vai vencer aquele que tiver mais regularidade. E Button não teve nenhuma até agora. A fatura vai ser paga no final do ano.