quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Juan Pablo Montoya

Montoya, na FW26: carro bonito e revolucionário. Mas...

Depois de fazer uma carreira de sucesso nas categorias de base européias, Juan Pablo Montoya seguiu o caminho de outros colegas sulamericanos e europeus e foi “fazer a América”. Na Fórmula Indy, substituiu Alessandro Zanardi na Chip Ganassi, sagrando-se campeão da categoria em seu primeiro ano, e vencendo as 500 milhas de Indianápolis em 2000. Foi o bastante para que Frank Williams resolve-se apostar no talento do piloto, que já havia feitos testes para a equipe há alguns anos.

Passando Schumacher, em Interlagos:
essa o alemão teve que engolir. 
Nas duas primeiras corridas de 2001, em Melbourne e na Malásia, passou desapercebido. Mas foi em Interlagos que o mundo da F1 conheceu o real potencial do colombiano gordinho, rápido e audacioso. Logo na relargada da corrida, na terceira volta, Montoya jogou a Williams para dentro do S do Senna e surpreendeu Michael Schumacher, que teve que engolir uma das ultrapassagens mais espetaculares da história da categoria. Nessa altura, o autódromo inteiro já torcia por Juan Pablo, que liderava o GP do Brasil com imensa autoridade. Mas aí veio a chuva, e o retardatário Jos Verstappen atropelou a Williams do líder da prova, tirando Montoya da corrida. A arquibancada da reta oposta gritava seu nome como se estivesse num estádio de futebol, enquanto ele voltava a pé para os boxes. Um momento marcante da F1.

O ano de 2001 foi de muito aprendizado, e a primeira vitória veio no GP da Itália, daquele ano. No ano seguinte, Montoya conseguiu marcar sete pole positions, confirmando sua incrível velocidade. Mas, em corridas, nem mesmo ele foi capaz de parar a Ferrari F2002, que levou Michael Schumacher ao título mundial com impressionantes sete provas de antecedência.

Já em 2003, o colombiano entrou na disputa pelo título, contra Schumacher e Kimi Raikkonen, obtendo duas vitórias na temporada. Ali já se tinha a impressão de que era questão de tempo para que Montoya conseguisse o título. No final dessa temporada, o colombiano assinou contrato com a McLaren, para correr no time de Ron Dennis a partir de 2005.

Mas, a partir de 2004, a coisa começou a se enrolar. A Williams fez um carro de desenho revolucionário, mas pouco eficiente. A equipe já estava em guerra com a BMW e Montoya, já de saída, recebia pouca atenção do time. Ainda assim, o colombiano se despediu da equipe de Frank Williams com uma vitória em Interlagos.

A parceria com Ron Dennis, que prometia bastante, já começou tumultuada. Montoya ficou de fora de duas corridas em 2005, alegando ter se machucado jogando tênis. Mas ninguém engoliu muito bem a história: a desconfiança era de que Juan Pablo machucou-se andando de moto.

A McLaren tinha o carro mais rápido do grid, mas o motor Mercedes quebrou diversas vezes, o que tirou Kimi Raikkonen da disputa pelo título contra Fernando Alonso. Montoya, batido pelo companheiro, fechou o ano com três vitórias e o quarto lugar na tabela de pontuação, o que acabou não sendo um mau resultado.

Strike nos EUA: o adeus à F1
O problema é que, em 2006, a maionese desandou. Completamente fora de forma e sem ambiente na
equipe, Montoya demonstrava já não estar mais em sintonia com a F1. Envolveu-se em diversas batidas ao longo da temporada. A gota d`água foi o GP dos Estados Unidos, no qual o colombiano promoveu um verdadeiro strike logo na primeira curva, levando consigo a outra McLaren, de Kimi Raikkonen. Foi o bastante para Ron Dennis perder a paciência e mandar Juan Pablo para o olho da rua. No seu lugar, entrou Pedro de la Rosa, que completou a temporada, também sem conseguir nada muito significativo para o time.

Montoya foi ser feliz na Nascar, categoria na qual permaneceu até o final de 2013, quando assinou contrato com a Penske, voltando à Fórmula Indy. A categoria americana ainda cedeu Cristiano da Matta e Sebastien Bourdais, campeões por lá, para a F1. Mas nenhum, deles obteve qualquer resultado relevante.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Alessandro Zanardi

Zanardi na Williams: a bipolaridade atacou

Alessandro Zanardi talvez seja o maior caso de bipolaridade automobilística da história do esporte. Ao mesmo tempo em que foi um dos maiores nomes da Fórmula Indy, suas passagens pela F1 foram todas horrorosas, tendo apenas um ponto marcado em 44 corridas disputadas.

Mas vamos do começo: vice campeão da Fórmula 3000 em 1991, Zanardi chegou à F1 ainda naquele ano, como grande revelação. Até 94, perambulou por equipes pequenas como Jordan, Minardi e Lotus, envolvendo-se em uma série de batidas e incidentes. Sem lugar na categoria, partiu para a Indy.

E lá, foi outro piloto. Dono de um estilo agressivo, Zanardi fez corridas memoráveis pela Chip Ganassi, sagrando-se bi-campeão em 97 e 98. Este último campeonato, então, foi uma humilhação pública. Não havia nenhum adversário a sua altura, nesta época.

Com a ida de Jacques Villeneuve para a BAR, Frank Williams enxergou no italiano a solução para seus problemas. E assim Zanardi voltou à F1 pela porta da frente, com status de estrela do automobilismo internacional, para a categoria que havia lhe chutado anos antes.

Mas aí, foi só voltar para a Fórmula 1 que a carruagem de Zanardi virou abóbora de novo. Para começar, a Williams vivia um momento conturbado: a equipe já tinha um acordo com a BMW para o ano de 2000, mas até lá precisava continuar utilizando os velhos motores Renault, preparados pela Supertec, insuficientes para levar a equipe para brigar com McLaren, Ferrari e até Jordan.

A imagem mais vista de 99
Além disso, havia o próprio ambiente: Zanardi experimentou toda a liberdade e o clima festivo da Indy, onde era amado e idolatrado. Não foi fácil encarar os sisudos ingleses da Williams, que começaram a a virar a cara para o italiano, que não conseguia sequer chegar perto do desempenho de Ralf Schumacher, o outro piloto da equipe.

Dessa forma, Zanardi teve como único momento expressivo, um quarto lugar nos treinos para o GP da Itália. Ao final do ano, o italiano conseguiu a proeza de não marcar nenhum ponto, contra 35 de Ralf, que obteve três pódios no ano.


O resultado, como não poderia deixar de ser, foi a demissão sumária de Zanardi, que voltou à Indy em 2001, pela equipe MoNunn. O resto da história, infelizmente, já conhecemos. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Jacques Villeneuve

Villeneuve na Williams: bom momento que não se repetiu mais

O fiasco da participação de Michael Andretti, em 1993, não foi suficiente para minar a confiança de Bernie Ecclestone de que a aproximação da F1 com o mercado norte americano passava pela participação de pilotos da Indy na categoria. Assim, em 1995, o chefão entrou novamente em ação para ajudar Frank Williams a contratar Jacques Villeneuve para a temporada de 96.

O filho de Gilles Villeneuve experimentava um crescimento absurdo de sua carreira na Indy, sagrando-se campeão de 95 e vencedor das 500 milhas de Indianápolis daquele ano. Veloz e carismático, o perfil do canadense poderia salvar a F1 do marasmo e da carência de ídolos, após a morte de Ayrton Senna, em 94.

Para não repetir o mesmo erro cometido na adaptação de Michael Andretti pela McLaren, Frank Williams colocou o canadense em um extenso programa de testes, iniciados já em 95, nos circuitos de Silverstone e Jerez de la Frontera. A F1 já não contava mais com os componentes eletrônicos que eram febre em 93 e, com isso, a adaptação foi menos traumática.

E os resultados logo vieram. Na estréia, em Melbourne, Villeneuve marcou a pole position e só não venceu a corrida porque enfrentou problemas com o motor Renault de sua Williams. A primeira vitória viria três corridas mais tarde, em Nurburgring. Villeneuve levou a disputa do título com Damon Hill até a última corrida, no Japão, mas terminou o ano com o vice-campeonato. É preciso dizer, que 96 foi um ano todo da Williams: Michael Schumacher estava em seu primeiro ano de Ferrari e a Benetton, que tinha um bom carro, apostou na combalida dupla Berger e Alesi.

O lance decisivo de 97
Já em 97, alçado à condição de primeiro piloto da equipe, que contratara Heinz Harald Frentzen para o lugar de Hill, Jacques fez uma temporada brilhante. O título foi definido na última prova, em Jerez de la Frontera. Numa disputa com Michael Schumacher, Villeneuve tentou a ultrapassagem na parte final da prova e o alemão jogou a Ferrari em cima da Williams. Schumacher se deu mal, ficou fora da prova, e Villeneuve seguiu na prova, para se tornar campeão do mundo, apenas no seu segundo ano na categoria. Finalmente aparecia um piloto capaz de desafiar o reinado de Schumacher, então bi-campeão.

Mas, a partir de 98, a coisa começou a degringolar. A Williams perdeu o motor Renault, e passou a competir com um motor da marca francesa genérico, montado pela Mecachrome.  O ano acabou sendo um fiasco e Villeneuve obteve, como melhor resultado, um terceiro lugar no GP da Alemanha.

Fiasco na BAR
Sem perspectivas na Williams, o canadense resolveu apostar no projeto da British American Racing e
entrou de sócio na empreitada a partir de 99. Os resultados foram lamentáveis. Como nada dava certo na equipe, Craig Polock chegou com a empresa Prodrive, para dar uma organizada no time. E, de cara, viu que Villeneuve não apresentava resultados. Aliás, com a chegada de Jenson Button, em 2003, ficou evidente que o canadense não estava mais na sintonia da F1. Antes do fim da temporada, Villeneuve foi substituído por Takuma Sato, que marcou pontos logo na sua estréia, no GP do Japão.

Sem equipe, Jacques partiu para um ano sabático em 2004, que foi interrompido pelo convite da Renault, para substituir Jarno Trulli, demitido há três provas do fim da temporada. Mesmo sem marcar nenhum ponto, Villeneuve acabou chamando a atenção da Sauber, que o contratou para a temporada de 2005.

Fim de carreira com várias batidas,
na BMW
Ele deveria ter pensado melhor, antes de aceitar. Fora de forma, Villeneuve levou uma surra de Felipe Massa, o outro piloto do time. Para 2006, a Sauber se transformaria em BMW e os alemães decidiram dar nova chance ao velho campeão canadense. Depois de se envolver em diversas batidas e rodadas bizarras, a BMW decidiu substituí-lo pelo polonês Robert Kubica, então piloto de testes do time. Acabava ali a carreira de Jacques na F1.

Ainda que tenha sido campeão mundial em 97, sempre ficou a impressão de que Villeneuve foi menos do que poderia ter sido. Ainda hoje, tem sua parcela de fãs, mas sua marca na F1 poderia ter sido mais expressiva.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Michael Andretti

Andretti no MP4/8: muita tecnologia e pouco tempo para se acostumar

Nos dias de hoje, parece inimaginável que alguém que não seja jovem e que não esteja em um programa de desenvolvimento de pilotos qualificado, possa ter chance de competir na F1. Mas nem sempre foi assim. A categoria já foi mais democrática, em um passado até recente, dando chance a gente talentosa que já tinha carreira consagrada em outras grandes categorias.

E foi no início da década de 90 que Bernie Ecclestone deu o pontapé inicial na saga dos campeões da Fórmula Indy competindo na F1. Mais especificamente, no final do ano de 1992, quando Nigel Mansell anunciou que estava de mudança para a Newman Hass, na Indy, após ser campeão da F1 pela Williams. O velho Bernie entrou em ação e intermediou a negociação entre Michael Andretti e a McLaren, para a temporada de 1993.

Piloto extremamente veloz e muito combativo, Michael era um personagem interessante para dar uma movimentada na categoria, que vivia o auge da eletrônica com um domínio entediante da equipe Williams, com seus carros avançadíssimos para a época.

O problema é que pouca coisa deu certo nesse casamento. A McLaren, que havia perdido os motores Honda (a montadora japonesa estava de mudança justamente para a Indy), receberia propulsores Ford para a temporada. A definição do fornecedor de motores atrasou o desenvolvimento do MP4/8 e, com isso, Michael quase não andou na pré-temporada. Sem conseguir se acostumar com todos os componentes e traquitanas eletrônicas presentes no modelo, Andretti foi para a pista na África do Sul, para a abertura da temporada.

Pancada com Berger, em Interlagos
As três primeiras corridas foram um fiasco total. Michael simplesmente não conseguiu completar sequer três curvas em nenhuma das provas, envolvendo-se em acidentes. Um deles, com Gerhard Berger, em Interlagos, bastante grave, mas sem consequências para os pilotos.

Em Ímola, o norte americano até andou bem, fazia uma corrida combativa, mas cometeu um erro quando brigava com Karl Wendlinger, acabou rodando e foi para fora da pista, abandonando a corrida. Os primeiros pontos vieram na Espanha, com um quinto lugar. Mas os fiascos se seguiram, no Canadá e em Mônaco.

A essa altura, Andretti já enfrentava dois problemas que acabaram sendo fatais: o primeiro deles, o próprio ambiente da F1, muito mais sério e profissional do que o da festiva Fórmula Indy. O segundo, a concorrência: Ayrton Senna, seu companheiro de equipe, estava no auge da forma, pilotando como nunca e, depois de Mônaco, o brasileiro liderava o campeonato a frente das Williams de Prost e Hill, enquanto Andretti anotava apenas 2 pontos na tabela.

A partir do GP da França, a coisa desandou depois que Ron Dennis deu uma entrevista bastante sincera, criticando a falta de velocidade do norte americano. Para piorar, a McLaren recebeu o novo motor Ford com comando de válvulas pneumático, igual ao da Benetton. O que parecia ser uma boa notícia, tornou-se um pesadelo, já que Michael e Ayrton passaram a sofrer com a confiabilidade do MP4/8, que sofreu várias quebras ao longo do ano.

No pódio, em Monza, com
Alesi e Hill
Sem ambiente na equipe, na F1, criticado pela imprensa e levando uma surra do companheiro de equipe, Michael decidiu deixar a categoria antes do fim da temporada. E, ironicamente, foi na sua última prova, o GP da Itália, que Andretti fez sua melhor corrida, pilotando como nos tempos de Indy, para conseguir um brilhante terceiro lugar. Foi também a última vez que um piloto norte americano foi ao pódio.

Andretti fechou contrato com a Chip Ganassi para a temporada de 94 da Indy. No seu lugar, a McLaren colocou Mika Hakkinen, então piloto de testes do time. Logo de cara, em Portugal, Mika classificou-se à frente de Ayrton Senna no grid, um resultado que jogou a última pá de cal na carreira de Michael Andretti na F1.

Mas a F1 ainda procuraria mais campeões da Indy, com resultados bem melhores, como veremos no próximo post.