terça-feira, 29 de março de 2016

Como está fica

McLaren foi uma das que votaram pela continuidade do
novo formato de treinos

A Fórmula 1 vai manter o novo formato de classificação no GP do Barhein, neste fim de semana. O treino disputado na Austrália, embora tenha produzido boas situações no Q1 e em parte no Q2, afundou no Q3, justamente no momento decisivo. A críticas foram pesadas e a FIA anunciou que voltaria ao formato antigo. Mas não houve unanimidade na votação (McLaren e RedBull votaram pela continuidade do formato novo) e o sistema de eliminação visto em Melbourne permanece.

É uma bobagem enorme, embora não haja o que fazer se não há unanimidade na votação. A pessoa que pensou neste formato, teve uma boa idéia. De fato o sistema eliminatório manteve os pilotos na pista durante o Q3, e eles tiveram que se virar com o tráfego para conseguirem uma volta limpa e não serem eliminados. O problema é que nas fases seguintes, a questão do tráfego desaparece e os pilotos passam a se preocupar com os pneus que terão que usar na corrida.

Como eu disse após a prova da Austrália, as equipes hoje sabem exatamente qual tempo seu conjunto carro/piloto é capaz de atingir. Não há mais margem para variáveis neste sentido. Por isso vimos no Q3 os pilotos parados nos boxes, desistindo da classificação por saberem que já tinham atingido seu limite. Não vejo como isso pode ser mudado para o Barhein, vai continuar a mesma coisa.

Eu, pessoalmente, não desgosto do formato que era usado até o ano passado, achei que não precisavam ter inventado moda com os treinos. Formato bom mesmo era o de 2003, com os pilotos indo para a pista cada um de uma vez. Mas ele durou só até 2005 e acho que não será mais adotado. De qualquer maneira, no Bahrein, veremos mais um capítulo da novela dos treinos e com um final que já conhecemos.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Quase deu certo

Valteri Bottas fora do carro no sábado: imagem comum do
novo formato de treinos.

Como este blog é muito inovador, vamos inverter tudo. Ontem falamos da prova da Austrália e de como o mundial começou bem. Hoje, falaremos do treino classificatório, mas não do resultado, que importa pouco. O foco aqui é o novo formato adotado.

Novo que já é velho, aliás. Em uma reunião de emergência, no sábado mesmo, a nova classificação foi abolida para as próximas corridas e, a partir do Barhein, voltaremos a ver o treino como era disputado até o fim do ano passado.

O polêmico formato, que ninguém conseguiu explicar direito, nem eu, era até simples de entender vendo na prática. Depois de uma certa quantidade de minutos, em cada parte da classificação, aqueles que estavam em último lugar passavam a ter 90 segundos para marcar um tempo que lhe desse uma posição melhor.

No Q1, tudo funcionou maravilhosamente bem. Essa parte da classificação foi eletrizante, com os pilotos permanecendo na pista e  tentando sobreviver o maior tempo possível no treino. Mas, a partir da metade do Q2, os problemas apareceram.

Com toda a tecnologia embarcada nos carros atuais, as equipes sabem milimetricamente quais são suas possibilidades em termos de tempo. E, por isso, ninguém vai queimar pneus sabendo que não poderá melhorar nem um milésimo de seu tempo. E, assim, a partir da metade do Q2, muitos pilotos ficaram parados nos boxes enquanto sua contagem era corria na pista. No Q3, a coisa piorou e o treino acabou antes, de forma melancólica, com todos os pilotos já nos boxes.

As reações foram imediatas, todos reclamaram. Pessoalmente, acho muito sintomático que a F1 tenha que ficar inventando muita moda nas classificações, pois vejo isso como um sinal de que as corridas não estejam mesmo muito atrativas. Mas, por outro lado, valorizo que a categoria se movimente para criar fatos que atraiam mais espectadores.

Muita gente acha frescura, e acredita que o melhor seria voltar ao formato mais antigo, liberando os pilotos para darem as voltas que quiserem, durante uma hora de treino. Mas lembro que este formato, usado pela última vez em 2002, deixou de ser adotado porque os caras deixavam para marcar tempo nos últimos 5 minutos de treino, fazendo com que os outros 55 fossem um martírio. Isso não seria diferente agora.

Sei que vou levar muita porrada mas, para mim, o melhor formato de treino já adotado na F1 foi aquele da temporada de 2003, em que os pilotos entravam na pista um a um e tinham apenas uma volta para marcar tempo. Tínhamos uma ótima exposição das equipes menores e ainda vimos, várias vezes, pilotos experientes sucumbindo à pressão, errando, e tendo que largar no fim do grid. O único problema desse treino era a obrigação de se classificar com o combustível e pneus a serem usados na prova, mas isso é fácil de resolver.

Mas talvez, e escrevo isso com pesar, estejamos próximos de concluir que os treinos, pela previsibilidade de desempenho dos carros, não sejam mais interessantes como foram no passado. E, neste caso, talvez a Globo esteja certa na sua decisão de transmitir apenas um pedaço. É uma pena, mas pode ser a verdade.

domingo, 20 de março de 2016

Começou bem



É impressionante como todo mundo reclama que a Fórmula 1 está chata, mas todo mundo fica ligado quando os carros vão para a pista em Melbourne, na primeira etapa da temporada. E quando a coisa começa animada, melhor ainda.

A F1 começou bem em 2016, por alguns motivos que podem ser resumidos facilmente: a Ferrari reduziu a distância para a Mercedes, e vai roubar pontos dos prateados. Nico Rosberg parece mais combativo do que foi em 2015, embora ainda tenha muito a provar. A Toro Rosso fez um bom carro e sua dupla de pilotos jovem e explosiva vai divertir bastante ao longo do ano. A Haas é uma baita equipe competente e Grosjean mostrou que, com a experiência, transformou-se em um pilotaço. E até mesmo a Manor, nanica, melhorou com a chegada do motor Mercedes e vai incomodar a Sauber e, quem sabe, a Renault.

Mas vamos pela ordem. Logo na largada, a Ferrari mostrou seu cartão de visitas com Vettel partindo da terceira para a primeira posição. As Mercedes se enrolaram na primeira curva e Raikkonen aproveitou para assumir o segundo lugar. Hamilton caiu para sexto. O ritmo dos ferraristas era muito bom e a Mercedes percebeu que precisava se mexer. Chamou Rosberg para os boxes e colocou pneus macios no carro do alemão. Para não ficar para trás, a Ferrari chamou Vettel e manteve os super macios no #5, permitindo que seu piloto voltasse a frente de Rosberg. Assim os dois partiram para cima de Hamilton, que vinha tentando fazer uma parada a menos.

A essa altura, Felipe Massa se arrastava na pista, na sétima posição, enquanto Valteri Bottas penava em 11°. O GP da Austrália mostrou que a Williams não tem perspectivas muito animadoras com esse carro.

McLaren #14 virou sucata
E foi aí que ocorreu o acidente de Fernando Alonso. O espanhol tentava ultrapassar a Haas de Esteban Gutierrez, mas atropelou a roda traseira esquerda do mexicano e decolou, capotando várias vezes e parando de ponta cabeça, rente ao muro. Saiu andando do carro, mas a preocupação na hora foi grande. Achei, no primeiro momento, que Gutierrez antecipou muito a freada, mas o próprio Alonso admitiu ter errado o cálculo na entrada da curva.

A pista ficou cheia de detritos e a prova foi interrompida com bandeira vermelha. Todos os pilotos puderam trocar de pneus e isso arruinou a estratégia da Ferrari. Enquanto Hamilton e Rosberg puseram pneus macios, os italianos mantiveram seus pilotos com supermacios, na esperança de abrir vantagem após a relargada. Mas, com pneus em igual estado de desgaste, é difícil conseguir um ritmo tão mais forte quanto as Mercedes. Pisada de bola dos estrategistas da Ferrari.

Vettel relargou, abriu pouca coisa para Rosberg e, quando parou nos boxes, voltou em terceiro. No final, foi para cima de Hamilton mas a briga que seria épica, não aconteceu porque o alemão acabou cometendo um erro há três voltas do fim e teve que se contentar com a terceira posição.

Ainda no pelotão intermediário, a Toro Rosso protagonizava grandes momentos, com Carlos Sainz Jr. e Max Vertappen brigando por posição. Max, que estava atrás, berrava no rádio para que a equipe ordenasse que Sainz o deixasse passar, mas o espanhol não quis nem saber. Sinal dos tempos? O holandês é talentoso, mas se quiser passar, que o faça na pista.

E em sexto lugar, a grande notícia do fim de semana: Romain Grosjean, com o carro da Haas. Desde a estréia da Toyota, em 2002, uma equipe que veio do zero não estreava marcando pontos. Um grande resultado.

No fim, deu Rosberg, com Hamilton em segundo e Vettel em terceiro. Massa, que soube aproveitar a bandeira vermelha e levou seu carro com pneus médios até o fim, obteve um grande quinto lugar para a Williams, uma posição que não condiz com a situação do time no momento.

Ainda essa semana vamos falar mais da prova, e da polêmica sobre o sistema de classificação, que já foi abolido para a próxima prova, no Bahrein. A F1 voltou!

quinta-feira, 3 de março de 2016

Halo



Kimi Raikkonen foi para a pista hoje, em Barcelona, utilizando o Halo, dispositivo de proteção a cabeça do piloto. A idéia é começar a usá-lo na temporada 2017. Disse que não atrapalhou muito a visão. Aliás, Raikkonen é perfeito para testar a traquitana, já que não é de falar muito. Se fosse Fernando Alonso, do jeito que está com o saco na lua, teria saído do carro cuspindo marimbondos.

Acho que a discussão estética não cabe mais: esse troço é feio pra caramba, e ponto final. Mas não é de beleza que se trata e, adotar algo para proteger a cabeça do piloto parece mesmo ser um caminho sem volta.

Mas, vendo o tal Halo, fico me perguntando se, já que vão colocar mesmo, será que não é melhor fechar logo o cockpit todo? Esse equipamento seria útil no caso de impacto com uma peça grande, como foi no caso de Justin Wilson. Mas não sei se evitaria a colisão no caso de Felipe Massa, que foi acertado por uma mola, em 2009. E tenho sérias dúvidas se esse negócio aguentaria uma pancada de um trator, como foi no caso de Jules Bianchi.

Talvez uma bolha, feita de material transparente, ultraresistente, sei lá, não entendo nada disso. Mas tenho a impressão que, em certos casos, é melhor radicalizar de uma vez.