terça-feira, 29 de novembro de 2011

Kimi Raikkonen para liderar um projeto. Não vai dar certo.

Kimi Raikkonen volta à Fórmula 1 em 2012. Não pela Williams, como muitos imaginavam, mas pela Renault (que no ano que vem passa a se chamar Lotus). Pelo que foi noticiado, Kimi queria participação societária na equipe do velho Frank que não aceitou o acordo. A Lotus, certamente, pagou uma grana boa para contar com o campeão de 2007 em seu cockpit.

O objetivo da Lotus é que Raikkonen lidere o projeto da equipe pelos próximos dois anos. Péssima ideia. Porque, apesar de muito talentoso, Kimi não tem o perfil profissional para tal trabalho. Seu negócio é sentar e acelerar. Se o carro da Lotus não nascer bem, temo que a equipe não consiga se desenvolver ao longo do ano. E, sinceramente, trocando o motor Renault pelo Cosworth em 2012, estou achando que o campeão de 2007 e seu companheiro de equipe terão que se contentar com o fim do grid.

Companheiro que pode ser Petrov, Senna ou Grosjean. Quem pagar mais vai ficar com a vaga. Em termos de resultado, nenhum deles conseguiu nada digno de nota (talvez Petrov, chegou a subir no pódio, mas teve duas temporadas completas contra algumas corridas dos outros dois).

Na Williams o caminho se abre, novamente, para Rubens Barrichello. Mas a disputa lá também envolve muita grana, principalmente se Frank Williams perder a boquinha do governo da Venezuela. O país está de olho no patrocínio da PDVSA ao carro inglês. Mas aí também a equipe passa a ter duas vagas, já que Maldonado deve dançar.

Vamos acompanhar os próximos capítulos desta movimentada novela.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Interlagos e seus três personagens

Webber a frente de Vettel em Interlagos: "problemas" de câmbio e falta de chuva
O GP do Brasil teve três personagens:


1º) A chuva. Ela ameaçou aparecer durante todo o final de semana, mas deu um baile em todo mundo. Quem já foi a Interlagos sabe muito bem o quanto é impossível prever o clima da região. Mas ela era esperada como salvadora da pátria, e seria mesmo, já que a corrida não teve nada de emocionante.


2º) O câmbio de Vettel. A Red Bull tentou arrumar uma desculpa para que seus pilotos trocassem de posição, mas esqueceu de combinar com o campeão do ano que, após deixar o australiano passar, seguiu andando forte. Uma bobagem da parte da equipe, que a esta altura, poderia ter trocado as posições sem teatro algum. Uma coisa é fazer isso quando o campeonato está decidido. Outra é tirar um piloto da disputa para beneficiar outro no meio do campeonato, né Dona Ferrari.



Nelson Piquet, a Brabham
 e a bandeira do Vasco: genial.
  3º) Nelson Piquet. O tricampeão deu algumas voltas com o Brabham BT-49, carro que lhe deu o primeiro dos três títulos a 30 anos e foi um show a parte. Sem sentimentalismos baratos, Piquet atirou para cima dos dirigentes da CBA, chamando-os de ladrões, levantou uma bandeira do Vasco da Gama na sua última volta, provocando os corintianos e ainda respondeu deliciosamente à repórter da Globo que lhe perguntou se a homenagem o deixou com vontade de chorar. “De chorar não, mas de rir sim”. Genial.

Com isso podemos notar que, infelizmente, nem mesmo Interlagos salvou este fim de temporada da monotonia. As novidades deste ano (asa móvel, KERS e pneus que esfarelam) duraram o tempo necessário para que as equipes as entendessem e passassem a conviver bem com elas. Mas também não sei até que ponto as ultrapassagens artificiais e o excesso de pit-stops das primeiras corridas contribuíram tecnicamente.

A Fórmula 1 também precisa rever conceitos, pensar um pouco como esporte, apesar de ser quase 100% bussiness. Ontem, em Interlagos, Bruno Senna foi punido por um toque em Michael Schumacher, quando o alemão tentava lhe ultrapassar. Uma tentativa de ultrapassagem envolve riscos, ninguém bateu em ninguém de propósito. Bruno quebrou um pedaço da asa. Michael furou um pneu. Já são punições naturais decorrentes de uma manobra arriscada. Agindo assim, a FIA tira dos pilotos o que lhes resta de atletas: a gana de ganhar posições e aumentar sua pontuação. Uma babaquice, em geral.

O GP do Brasil teve outra boa atuação de Jenson Button, vice campeão merecido. Menção honrosa à Alonso que ultrapassou o mesmo Button por fora, no Laranjinha. Grande destaque para Adrian Sutil que fez bela ultrapassagem sobre Nico Rosberg e garantiu um ótimo sexto lugar. Não tem lugar garantido para o ano que vem, mas será uma pena se não estiver no grid.

Para os brasileiros, o ano acaba mal. Bruno Senna precisa melhorar em ritmo de corrida. É bom em uma volta rápida, mas não mantém regularidade na prova, comete erros imbecis. Rubens Barrichello manteve a garra de sempre, mas teve um carro abaixo da crítica o ano todo. E Felipe Massa foi absolutamente patético em Interlagos, um retrato do seu ano. Fez uma parada a menos e ficou mais de 20 segundos atrás de Fernando Alonso que tem o mesmo carro. Ridículo.

Nas próximas semanas, falaremos mais sobre o fim da temporada, o título de Vettel, o domínio da Red Bull, as decepções e destaques. Que 2012 nos traga uma temporada naturalmente mais competitiva e, de preferência, com brasileiros na disputa.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Kubica está fora. E agora Renault?

A Renault anunciou que Kubica não volta à Fórmula 1 no início de 2012. Já era esperado. Quem viu as fotos do piloto publicadas a alguns dias e ligou os pontos na demora de Kubica em se reunir com a equipe já imaginava que este anúncio aconteceria. Infelizmente o polonês dá toda a pinta de que não voltará a F1. O acidente sofrido no início deste ano foi bem grave e, com os movimentos da mão direita limitados, é impossível conduzir um Fórmula 1 em alto nível.

Agora, a Renault, que no ano que vem passa a ser Lotus definitivamente, precisa saber qual receita vai seguir. Ontem, Fábio Seixas cravou que Rubens Barrichello está muito próximo de um acerto e que já teria, inclusive, uma carta de intenções assinada com a equipe. Bruno Senna disse ao Sportv que, na ausência de Kubica, ele seria a primeira opção. E Eric Bouiller andou dizendo que conta com Romain Grosjean para assumir um dos cockpits no ano que vem.

Neste momento, quem parece carta fora do baralho é Vitaly Petrov. O russo tem muito dinheiro, até se revelou um piloto bastante razoável, mas na semana passada entrou em rota de colisão com o time, talvez por estar sentindo que sua batata está no forno.

Caso confirme Rubens Barrichello, a Renault mostra que vai seguir o modelo adotado no início deste ano: piloto experiente para acertar o carro + piloto jovem e com grana para injetar dinheiro e se desenvolver na categoria.

Bem, é só ver o desempenho da equipe após a saída de Nick Heidfeld este ano, para ver que os franceses estão certos. A questão é: quem será o jovem endinheirado? Pelas próprias declarações de Bouiller, Grosjean parece o favorito. Bruno Senna começou encantando a equipe, mas depois veio caindo. Mas seu padrinho é Eike Batista, que tem muito dinheiro.

Estou achando que poderemos ter uma dupla brasileira. Em termo de dinheiro, nada como agradar um país em expansão como o nosso, que pode injetar grana numa equipe de Fórmula 1. Os próximos capítulos desta novela prometem ser bastante quentes.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Hora de pagar a conta

Barrichello, Senna e Massa: situações opostas e igualmente dramáticas para 2012

O Brasil, país que detém 8 títulos mundiais na Fórmula 1, chega ao final de 2011 representado por três pilotos: Felipe Massa, Rubens Barrichello e Bruno Senna. Nenhum dos três têm resultados convincentes este ano e as perspectivas, por diferentes motivos, são b em ruins para 2012.


Dos três, a situação mais triste é, curiosamente, a de Felipe Massa. Curiosamente, porque apesar de ser o único com contrato para 2012, é Felipe quem enfrenta o caso mais grave de execração pública, justamente por causa de seu desempenho absolutamente lamentável em 2011 (e que deve se somar à sua péssima temporada de 2010).

Massa está prestes a se tornar o primeiro piloto da Ferrari, desde Ivan Capelli em 92, a deixar de subir no pódio por uma temporada inteira. Ele tem 108 pontos no campeonato, contra 245 do companheiro Fernando Alonso, uma diferença inacreditável de 137 pontos. Mas nem precisamos ir tão longe: do grupo dos seis pilotos das três maiores equipes Felipe é, de longe, o pior. Está 119 pontos atrás de Lewis Hamilton, 5º colocado no campeonato. Na última corrida, em Abu Dhabi, iria conquistar seu melhor resultado na temporada, um quarto lugar, quando rodou sozinho na pista e perdeu a posição para Mark Webber.

Com isso tudo, não podemos deixar de pensar que a Ferrari, provavelmente, deve muitos favores a Nicolas Todt, o empresário do brasileiro. Só isso explica a permanência de Massa no time em 2012. A Ferrari já fala abertamente da não presença de Felipe em 2013, está trabalhando o jovem Jules Bianchi como futuro companheiro de Alonso e não esconde, nem mesmo no Twitter oficial, a sua indiferença em relação ao piloto brasileiro. Um buraco que o próprio Massa tratou de cavar sozinho.

Do outro lado da moeda, temos Rubens Barrichello, com 19 anos de Fórmula 1. Foi ele quem, durante anos, carregou nas costas a cobrança do país por ter um piloto vencedor. Esteve por anos na Ferrari ao lado de Schumacher, ficando atrás dele também, mas com muito mais dignidade do que Felipe mostra agora. Aos 39 anos, é carta fora do baralho na Williams em 2012, apesar de ter passado dois anos lutando contra aquela carroça.

Mesmo assim, não fala em parar. Em Abu Dhabi, após se classificar em penúltimo lugar, chegou em 12º, chegando a freqüentar a zona de pontos. Rodrigo Borges fez este post no Esporte Fino, clamando pela ida de Rubinho para a Ferrari no ano que vem. Assino embaixo. Se não é, nem nunca foi um craque do volante, Barrichello é, ao menos, um piloto com sangue nas veias, que ajuda o time, que quer obter os resultados. Mas está num beco sem saída: as poucas vagas que restam não estão à sua espera. Deverá se despedir da F1 em Interlagos. Que a torcida lhe faça a homenagem justa, que ele merece.

Por fim, temos Bruno Senna. Começou bem na Renault, com bons fins de semana na Bélgica e na Itália. Mas foi só. O carro parou o desenvolvimento, Bruno pouco vem contribuindo e o entusiasmo inicial da equipe com ele esfriou. Os dirigentes insistem em dizer que aguardam Robert Kubica e já têm a grana de Vitaly Petrov. Uma situação bastante complicada para ele.

O único brasileiro que, no momento, bate à porta da categoria é Luiz Razia, que fez uma temporada fraca na GP2 e é piloto de testes da Lotus Caterham. Os anos de abandono do automobilismo brasileiro começam, a partir do próximo ano, a cobrar a sua conta. E, pelo jeito, ela não será barata.