terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Um olhar sobre as transmissões de automobilismo no Brasil

Rodrigo Mattar, do Fox Sports: raro exemplo de profissional que busca informação para driblar a falta de estrutura

Quem já tiver tido o prazer de assistir qualquer transmissão da Fórmula 1 pela Sky Sports deve morrer de inveja dos europeus. São horas e horas de programação, com comentaristas, repórteres e ex-pilotos in loco em todas as etapas, conversando com pilotos, dirigentes, produzindo análises e muito mais. Gente preparada, que estuda antes de fazer aquilo que exige muito conhecimento: transmitir um esporte, qualquer um, para o grande público.

A pergunta é: como o automobilismo pode estar novamente entre as modalidades mais populares do Brasil se as emissoras que transmitem corridas tratam o esporte como lixo? Mais do que uma crise técnica, pela falta de pilotos em categorias importantes, passamos por um momento de total falta de investimento também na mídia que é dedicada às corridas. Transmissões à distância, com pouca informação e comandadas por gente despreparada.

É bem verdade que nenhum esporte no Brasil, com exceção do futebol, tem a cobertura que merece. Nunca teve. Houve um breve período, nos anos 80, em que a Globo dedicou atenção e investimentos à Fórmula 1, quando tivemos nosso período mais frutífero em termos de resultados, com os tricampeonatos de Piquet e Senna. Na década de 90 foi a vez do SBT dar uma aula de como se transmitir eventos esportivos, com a brilhante cobertura da Indy entre os anos de 95 e 98.

É muito difícil fazer uma boa transmissão sem contar com profissionais falando diretamente do local no qual está ocorrendo o evento. Mas é impossível? Não, não é, e por incrível que pareça, 2016 nos apresentou a duas equipes que conseguem se destacar justamente por conseguirem se virar dentro da falta de estrutura das emissoras nas quais trabalham.

Uma delas é a dupla Sérgio Lago e Rodrigo Mattar, da Fox Sports. Os dois comandam as transmissões da Nascar no canal, e contam apenas com informações que têm na tela. Também estiveram juntos na transmissão das 24 Horas de Le Mans e na final da Fórmula E. Com um bom humor na medida, Lago e Mattar transmitem a corrida procurando levar ao espectador informações sobre o evento no qual estão trabalhando. Estudam e pesquisam antes de entrar no ar. Alguém consegue imaginar Galvão Bueno estudando, ou trocando informações com Reginaldo Leme antes de narrar uma corrida de F1?

O outro destaque é a equipe composta por Téo José e Felipe Giaffone, no Band Sports. Neste caso, com uma dificuldade a mais: se a Nascar disponibiliza muitas informações para embasar o trabalho de Lago e Mattar, Téo e Giaffone precisam se virar diante da pobreza de recursos da transmissão da Indy. E se viram muito bem: Téo José é o melhor narrador de automobilismo do Brasil, embora demonstre sinais de cansaço com o esporte. E Giaffone demonstra compreender muito bem o comportamento dos carros da Indy, mesmo tendo estado na categoria por tão pouco tempo. Deve ser por que pesquisa e estuda sobre o tema, não é Luciano Burti?


Resumindo, é difícil imaginar que o automobilismo voltará a ter a mesma atenção que já teve em um passado cada vez mais distante. Mas um pouco de dedicação e profissionalismo por parte da equipe pode tornar as transmissões um pouco mais informativas e, consequentemente, atrativas. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Rosberg deixa a F1

Menos de uma semana depois de comemorar seu título, Nico anunciou a aposentadoria

Uma bomba de proporções gigantescas acaba de explodir no mundo da F1: Nico Rosberg acaba de anunciar que vai se retirar da categoria, justamente na semana em que conquistou seu primeiro título mundial.

Aos 31 anos, o alemão alegou que o título conquistado no último domingo foi fruto de muito sacrifício. Acha que atingiu o máximo e não gostaria de voltar a enfrentar as situações pelas quais passou em 2016. Após 11 temporadas na F1, Rosberg não deixou claro se continua correndo em alguma outra categoria ou não.

É uma decisão respeitável, mas inacreditável. Correndo na melhor equipe do campeonato, após fazer a melhor temporada da sua vida e conquistar seu título mundial, Rosberg se aposenta. Fico até na dúvida se não houve algo mais grave, que pudesse ter levado o piloto a tomar uma decisão tão drástica.

Nico estreou na F1 em 2006, na Williams. Logo na sua primeira corrida, no Bahrein, o filho de Keke Rosberg pontuou e marcou a melhor volta da prova. Nos anos seguintes, sofreu com os carros ruins produzidos pela equipe, ainda que 2008 tenha sido uma boa temporada.

Em 2010 foi contratado pela Mercedes, que também trazia de volta Michael Schumacher, após 3 anos de aposentadoria. Correram juntos até 2012 e Nico jamais ficou atrás do heptacampeão, provando seu valor. Sua primeira vitória veio na China/12, quando ganhou uma corrida debaixo de muita chuva.

A partir de 2013 veio a parceria com seu amigo dos tempos de kart, Lewis Hamilton. No começo tudo bem, muita amizade e risadas nos bastidores. Mas, a partir de 2014, quando a Mercedes passou a humilhar seus adversários, a guerra entre eles explodiu. Nesse mesmo ano, Rosberg perdeu o título para o companheiro na última prova. Em 2015 teve alguns problemas mecânicos e foi novamente derrotado. Este ano levantou a cabeça, acelerou, e se tornou o segundo filho de campeão mundial a se tornar também campeão.

Com a sua retirada, surge uma vaga inesperada na melhor equipe da F1. O caminho natural seria a promoção de Pascal Wehrlein, piloto da casa, que corre emprestado na Manor. Mas a Mercedes pode surpreender e ir atrás de alguém mais experiente. Alonso? Button? Massa?


A F1 parecia definida para 2017, mas agora o bicho vai pegar de novo.