segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Simon Pagenaud é o campeão da Indy em 2016



Numa corrida modorrenta, em Sonoma, a Fórmula Indy conheceu seu vencedor de 2016. Simon Pagenaud sagrou-se campeão pela primeira vez, vencendo 5 corridas na temporada. Foi seu segundo ano na Penske. A equipe do velho Roger dominou a temporada com facilidade, baseada nas boas atuações de Pagenaud, Will Power e Hélio Castroneves. Só Montoya decepcionou e não tem o futuro garantido na equipe.

Não foi um grande ano para a Indy, infelizmente. A prova de Sonoma foi chata como foram quase todas as outras da temporada. Poucas ultrapassagens, corridas decididas logo no início. Some-se a isso alguns pilotos de baixo nível técnico e esses carros horrorosos, temos uma categoria que precisa de uma revisão urgente.

Eu gosto da Indy, na sua simplicidade. A categoria não tem invenções e complicações desnecessárias. Os caras largam com tanque cheio, quando acaba a gasolina param e trocam pneus. É apenas disso que o automobilismo precisa.

Mas a Indy não consegue decolar. Esse ano tivemos a volta de pistas tradicionais, como Road America e Phoenix. Mas, especialmente este ano, a categoria enfrentou o problema da pressão aerodinâmica gerada pelos chassis Dalara, que tornaram as manobras de ultrapassagens dificílimas.

Passou da hora da Indy buscar novos investidores, que possam viabilizar uma categoria multimarcas. Quem sabe assim não atrairia até mesmo gente que não tem mais chance na F1, como era no passado?

Para o Brasil, mais um ano sem vitórias. Tony Kanaan teve uma temporada ruim e Helio Castroneves, embora tenha terminado o ano em 3°, fez um ano com a regularidade habitual. Ontem adotou uma tática incompreensível de fazer uma parada a mais, o que lhe tirou a chance de chegar ao pódio.

Mas os dois devem continuar em boas condições na próxima temporada. É bom aproveitarmos, porque se não há muitos brasileiros na trilha da Fórmula 1, na Indy não tem ninguém mesmo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O que será da F1 no Brasil?

Rubens Barrichello comemora em Monza/09: última vitória brasileira na F1

O site meio e mensagem publicou uma interessante matéria, com viés publicitário, a respeito dos rumos da Fórmula 1 no Brasil. A parada de Felipe Massa ao final do ano e a remota possibilidade de Felipe Nasr estar em um cockpit competitivo (aliás, não se sabe nem se ele estará em um) tornam bastante obscuro o futuro da categoria no país. Some-se a isso a venda, confirmada hoje, dos direitos da F1 para a Liberty Media, que assume o comando paulatinamente, até o fim do próximo ano.

Me parece claro que não há mais interesse da grande massa do público por Fórmula 1. E quando digo grande massa me refiro aquelas pessoas que assistem corridas ocasionalmente e que dizem não gostar mais porque não é mais como na "época do Senna". Há pouco destaque para o esporte nos principais sites brasileiros e, mesmo nos noticiários esportivos da Globo, que afinal detém os direitos de transmissão, pouco se fala de F1.

Os índices de audiência da Fórmula 1 caíram drasticamente nos últimos anos. E é preciso ser razoável: de fato, a F1 ficou complicada demais para quem não é fã do esporte. É um desafio assistir a uma corrida hoje e lidar com informações sobre Kers, ERS, pneus ultramacios, economia de combustível, controles de largadas, asas móveis. Difícil imaginar que alguém vai parar por quase duas horas, no domingo de manhã, para assistir a algo que não compreende direito, sem ter sequer como torcer para um piloto brasileiro.

E esse é o segundo problema: não haverá pilotos brasileiros em boas condições tão cedo. A falta de interesse do público, fez com que o país praticamente parasse o seu processo de formação de pilotos e, com a parada de Felipe Massa, as consequências começarão a chegar. Há uma possibilidade para Sérgio Sette Câmara, que conseguiu contrato com a RedBull, mas ele vai precisar pastar muito para conseguir entrar na Toro Rosso. E, depois disso, se mostrar muito serviço, poderá estar na RedBull no futuro. Mas o percentual de chance é infimo. Pedro Piquet e Pietro Fittipaldi surgem no horizonte como possibilidades futuras, mas ainda distantes.

Isso significa que o jejum de vitórias brasileiras, que já é o maior da história do país, continuará. O último brasileiro a vencer uma corrida de F1 foi Rubens Barrichello, no distante GP da Itália de 2009. O jejum anterior, que era o maior até então, havia durado 7 anos, quebrado justamente por Rubinho, ao vencer o GP da Alemanha de 2000. Não vislumbro vitórias brasileiras num período de dez anos para a frente, a não ser que existam casos fortuitos, como foram as vitórias de Panis, em Mônaco /96 e Maldonado, na Espanha/12. Nada estruturado, só casos isolados mesmo.

É triste que um país de 8 títulos mundiais e 101 vitórias tenha chegado ao ponto de se tornar uma nação de casos fortuitos, como a Venezuela ou a Polônia, por exemplo. Mas é um buraco no qual o próprio país se meteu. É o caso de se olhar para dentro e perceber onde estão os erros para tentar começar tudo do zero. Haverá interesse para isso? Se pensarmos que acabamos de demolir um autódromo para construir um centro olímpico, vamos ver que estamos bem perto da resposta, infelizmente.

sábado, 3 de setembro de 2016

Jenson Button está fora do grid em 2017



Depois de Felipe Massa, Jenson Button é mais um a anunciar que não estará no grid da Fórmula 1, em 2017. Mas, diferente do brasileiro, Button renovou seu contrato com a McLaren e vai trabalhar nos bastidores da equipe, como uma espécie de consultor para desenvolver o novo carro. Caso Fernando Alonso se retire, ao final de 2017, o inglês de 36 anos poderia assumir o volante novamente, em 2018.

Não acredito nessa possiblidade. Como já disse no post sobre a saída de Felipe Massa, os veteranos estão sem lugar na Fórmula 1. E a McLaren é um ótimo exemplo disso: Stoffel Vandoorne, que será o titular ano que vem, correu esse ano no Bahrein e estreou marcando pontos de cara. A garotada se entende melhor com esses computadores ambulantes, não vale a pena pagar salário alto para um piloto em fim de carreira. É uma nova dinâmica que, gostando ou não, precisamos nos acostumar.
Jenson Button estreou na F1 em 2000, disputou 297 corridas, venceu 15 e foi campeão em 2009.

Muita gente classifica o inglês como um campeão ocasional, como foram Villeneuve e Hill, por exemplo. Não concordo de jeito nenhum. Não é preciso ser um piloto exuberante, que realiza manobras espetaculares, vence inúmeras corridas e campeonatos, para se ter valor.

Button teve uma temporada ruim, na Benetton, em 2001. Marcou apenas 2 pontos ao longo do ano, mas é preciso dizer que o carro era uma porcaria. A Renault tinha inventado um motor com angulação diferenciada no posicionamento dos cilindros e o negócio não funcionava de jeito nenhum.

Fora isso, esteve sempre entre os mais rápidos, mesmo não tendo o melhor carro do grid. Quando teve, em 2009, massacrou a concorrência vencendo 7 corridas seguidas e, bem ao seu estilo, administrando a diferença de pontos na segunda parte do campeonato, quando a Brawn começou a ser alcançada pela RedBull.

Na McLaren, encarou Lewis Hamilton de frente e fez uma temporada excelente em 2011. Mas a equipe caiu muito de produção a partir de 2013 e ninguém pode fazer milagre sem um bom carro, não é?

Para finalizar, Button era tido como certo na Williams, para correr no lugar de Felipe Massa. Com a sua desistência e a provável renovação de Sergio Perez, na Force India, o cockpit do segundo carro de Frank Williams volta a ser alvo de muitas especulações. De repente, Felipe Nasr pinta por lá. Seria uma ótima notícia.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Massa deixa a F1 no final do ano


Felipe Massa acabou de anunciar, em Monza, que deixa a Fórmula 1 ao final do ano. Não terá seu contrato renovado pela Williams e não negocia com nenhuma outra equipe da categoria. Até aqui, foram 242 corridas, 41 pódios e 11 vitórias. Talvez tenha sido o último cara a fazer o povo brasileiro parar para assistir a uma corrida, quando decidiu e perdeu por milésimos o título de 2008, na decisão de campeonato mais espetacular da história do esporte a motor.

É a grande notícia de 2016 até aqui e ainda vamos falar muito disso ao longo dos próximos dias. Saindo, Felipe Massa coloca o Brasil em uma situação de coadjuvante que, certamente, mudará muito a forma como se consome o esporte no país, a partir do ano que vem.

Mas, falando rapidamente sobre a decisão em si, fez bem Felipe em anunciar sua retirada dessa forma. Ele já havia dito mais de uma vez que não gostaria de ter minar a carreira se arrastando no fundo do grid. Com um anúncio antecipado, Massa poderá ter aquilo que Rubens Barrichello não teve: uma despedida digna, inclusive tendo a oportunidade de ser homenageado em Interlagos, local onde foi duas vezes vencedor.

Não há espaço para veteranos nessa Fórmula 1 na qual os carros são mais computadores sobre rodas do que automóveis, propriamente ditos. Não há nada na F1 de hoje que lembre a dinâmica da categoria na qual Massa estreou em 2002, na Sauber. E isso vale para Alonso e Button, contemporâneos do brasileiro, que devem estar próximos de se despedirem também.

 Não há porque uma equipe pagar um salário para Felipe Massa para que ele faça exatamente a mesma coisa que um fedelho de 18 anos faz, com mais eficiência, mais futuro e ainda agregando valor por meio de patrocínios pessoais. Pessoalmente não gosto dessa realidade, mas ela está aí, e não dá mostras de que vai mudar.

O fim da carreira na F1 não é o fim da carreira de piloto. Não é aposentadoria. Felipe Massa construiu ótimo relacionamento com pessoas influentes ao longo de 14 anos na categoria. E para comprovar isso, basta ver os posts no Twitter de todas as equipes pelas quais passou, agradecendo-o pelos serviços prestados. Certamente, Massa terá um bom lugar onde escolher para correr. DTM, WEC, Indy, Stock Car, são opções interessantes. Particularmente, gostaria de vê-lo na Indy. Mas não sei se é a categoria preferida do piloto.

E para o Brasil? Isso é assunto para as próximas semanas. Mas que podemos ir nos despedindo da F1 na TV aberta, isso podemos.