sábado, 12 de dezembro de 2015

Campeões da Indy na F1: Michael Andretti

Andretti no MP4/8: muita tecnologia e pouco tempo para se acostumar

Nos dias de hoje, parece inimaginável que alguém que não seja jovem e que não esteja em um programa de desenvolvimento de pilotos qualificado, possa ter chance de competir na F1. Mas nem sempre foi assim. A categoria já foi mais democrática, em um passado até recente, dando chance a gente talentosa que já tinha carreira consagrada em outras grandes categorias.

E foi no início da década de 90 que Bernie Ecclestone deu o pontapé inicial na saga dos campeões da Fórmula Indy competindo na F1. Mais especificamente, no final do ano de 1992, quando Nigel Mansell anunciou que estava de mudança para a Newman Hass, na Indy, após ser campeão da F1 pela Williams. O velho Bernie entrou em ação e intermediou a negociação entre Michael Andretti e a McLaren, para a temporada de 1993.

Piloto extremamente veloz e muito combativo, Michael era um personagem interessante para dar uma movimentada na categoria, que vivia o auge da eletrônica com um domínio entediante da equipe Williams, com seus carros avançadíssimos para a época.

O problema é que pouca coisa deu certo nesse casamento. A McLaren, que havia perdido os motores Honda (a montadora japonesa estava de mudança justamente para a Indy), receberia propulsores Ford para a temporada. A definição do fornecedor de motores atrasou o desenvolvimento do MP4/8 e, com isso, Michael quase não andou na pré-temporada. Sem conseguir se acostumar com todos os componentes e traquitanas eletrônicas presentes no modelo, Andretti foi para a pista na África do Sul, para a abertura da temporada.

Pancada com Berger, em Interlagos
As três primeiras corridas foram um fiasco total. Michael simplesmente não conseguiu completar sequer três curvas em nenhuma das provas, envolvendo-se em acidentes. Um deles, com Gerhard Berger, em Interlagos, bastante grave, mas sem consequências para os pilotos.

Em Ímola, o norte americano até andou bem, fazia uma corrida combativa, mas cometeu um erro quando brigava com Karl Wendlinger, acabou rodando e foi para fora da pista, abandonando a corrida. Os primeiros pontos vieram na Espanha, com um quinto lugar. Mas os fiascos se seguiram, no Canadá e em Mônaco.

A essa altura, Andretti já enfrentava dois problemas que acabaram sendo fatais: o primeiro deles, o próprio ambiente da F1, muito mais sério e profissional do que o da festiva Fórmula Indy. O segundo, a concorrência: Ayrton Senna, seu companheiro de equipe, estava no auge da forma, pilotando como nunca e, depois de Mônaco, o brasileiro liderava o campeonato a frente das Williams de Prost e Hill, enquanto Andretti anotava apenas 2 pontos na tabela.

A partir do GP da França, a coisa desandou depois que Ron Dennis deu uma entrevista bastante sincera, criticando a falta de velocidade do norte americano. Para piorar, a McLaren recebeu o novo motor Ford com comando de válvulas pneumático, igual ao da Benetton. O que parecia ser uma boa notícia, tornou-se um pesadelo, já que Michael e Ayrton passaram a sofrer com a confiabilidade do MP4/8, que sofreu várias quebras ao longo do ano.

No pódio, em Monza, com
Alesi e Hill
Sem ambiente na equipe, na F1, criticado pela imprensa e levando uma surra do companheiro de equipe, Michael decidiu deixar a categoria antes do fim da temporada. E, ironicamente, foi na sua última prova, o GP da Itália, que Andretti fez sua melhor corrida, pilotando como nos tempos de Indy, para conseguir um brilhante terceiro lugar. Foi também a última vez que um piloto norte americano foi ao pódio.

Andretti fechou contrato com a Chip Ganassi para a temporada de 94 da Indy. No seu lugar, a McLaren colocou Mika Hakkinen, então piloto de testes do time. Logo de cara, em Portugal, Mika classificou-se à frente de Ayrton Senna no grid, um resultado que jogou a última pá de cal na carreira de Michael Andretti na F1.

Mas a F1 ainda procuraria mais campeões da Indy, com resultados bem melhores, como veremos no próximo post.

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