domingo, 30 de setembro de 2012

A indecisão...



A ida de Lewis Hamilton para a Mercedes, confirmada na última sexta feira, trouxe duas conseqüências diretas: a primeira, e óbvia, é a ida de Sérgio Perez para a McLaren. Uma grande sacada da equipe inglesa, um grande negócio para ela e para o mexicano.A segunda, mais nebulosa: o que vai ser de Michael Schumacher, que ficou desempregado? O piloto alemão agradeceu à Mercedes pelos três anos em que ficou lá, e deixou o futuro em aberto. As especulações são de que ele poderia ir para a Sauber, ou até mesmo para a Ferrari, no lugar de Felipe Massa.  Seria uma bobagem. Nos três anos em que ficou na Mercedes, Schumacher provou que a idade elevada não permite que alguém pilote um carro exigente como o Fórmula 1 em alto nível.

Me recordo que, em 2009, quando foi anunciado como substituto de Felipe Massa, acidentado na Hungria, Michael realizou um teste com uma Ferrari de 2007 numa pista particular. O resultado deste teste foi estarrecedor, com Schumacher sofrendo de fortes dores do pescoço e descendo do carro vomitando litros.

Meses depois ele foi anunciado como piloto da Mercedes e deixou todo mundo de queixo caído. Como ele suportaria uma temporada inteira, se não foi capaz de superar algumas voltas?  Mas Schumacher se preparou, sentou no carro e acelerou o que podia. Mas o que ele podia em 2010, já não era o mesmo que podia em 2006. Seus objetivos estavam claríssimos: Michael queria se divertir, passear pelos circuitos do mundo pilotando um carro de F1. Se as vitórias viessem, ótimo.

Pouco para uma empresa como a Mercedes, que paga caro para por um carro de F1 para passear pelos circuitos do mundo.  Os resultados não vieram e Schumacher demorou a definir se parava ou continuava. A Mercedes não teve paciência e foi buscar Hamilton. Na verdade, acho que Ross Brawn estava mesmo era torcendo para que o heptacampeão tirasse o time de campo, por isso desistiu de esperar. 

As especulações põem Schumacher na Ferrari, no lugar de Massa. Acho improvável. Sua volta já foi negativa demais para ele passar um último ano levando tempo de Fernando Alonso. Na Sauber, se ele ainda estiver muito afim, é mais provável. Mas também será uma bobagem. Depois de 7 títulos, ficar andando numa equipe média, sem chance nenhuma de vitória, não é lugar para alguém como ele. 

Em 2010, fui a favor da sua volta e, de verdade, achei um barato ver Schumacher de novo, mostrando lampejos de sua genialidade em algumas provas e se estabacando em outras. Mas agora já deu. Se quiser continuar correndo, tem muitos lugares nos quais ele pode se adaptar melhor e andar em alto nível. A DTM é um ótimo exemplo.  Mas o fato é que enquanto sua decisão não sair, muita gente vai ficar com as barbas de molho. Não é, Felipe?

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sexta feira agitada

E eis que, quando todos esperávamos que a grande notícia do final do ano seria a previsível renovação de Massa com a Ferrari, a Fórmula 1 nos surpreendeu. Hamilton, Perez, McLaren e Mercedes deram um chapéu em todo mundo (menos no jornalista brasileiro Américo Teixeira Júnior, do Grande Prêmio) e balançaram as estruturas da F1. Vamos por partes:

Hamilton é da Mercedes, até 2015:

Já estava claro que Hamilton não estava satisfeito com a McLaren, e nem a McLaren com ele, a bem da verdade. O inglês é um excepcional piloto, rapidíssimo, mas tem uma vida pessoal e social bastante agitada para os padrões de Ron Dennis. Os excessos fora da pista vinham atrapalhando seu desempenho há tempos e isso ficou ainda mais claro após a chegada do sossegado Jenson Button.

A grande surpresa é que, mesmo com insatisfações de lado a lado, Lewis era uma cria da McLaren e a parceria entre eles parecia que não ia terminar nunca. A ida para a Mercedes é um desafio interessante e mostra que a equipe quer, finalmente, assumir uma estrutura mais profissional e buscar títulos. Com Schumacher querendo apenas se divertir, seria bem difícil.

Perez na McLaren

Uma grande sacada da McLaren. Sérgio Perez, dos novatos da F1, é o melhor. Tinha vínculos com a Ferrari, mas os italianos demoraram a definir por sua contratação e Ron Dennis foi mais esperto. Para ele, um grande negócio. Vai para uma equipe forte e que dá a seus pilotos a chance de disputarem abertamente. Na Ferrari, seria escudeiro de Alonso. E os ingleses ainda vão levar a grana do mexicano, que não é pequena.

Schumacher?

Se despediu da equipe, mas não anunciou aposentadoria. Tem muita especulação rolando. Para? Vai para a Ferrari? Vai para a Sauber? Acredito que, até a sua decisão, as coisas vão ficar meio estagnadas já que, com um estalar de dedos, arruma lugar onde quiser. Minha opinião: vai se aposentar.  Mas é bom não apostar muito na minha opinião. As coisas estão pouco previsíveis, neste momento...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

As verdades de Cingapura



Vettel venceu, mas Red Bull ainda é muito irregular

O GP de Cingapura mostrou algumas verdades:

A primeira: A FIA está bem perdida com essa história de punições. A idéiade convidar ex-pilotos como comissários surgiu como uma boa novidade em 2010 mas o resultado foi péssimo. Os tais comissários, talvez sentindo-se na obrigação de mostrar porque foram escolhidos, acabaram se esquecendo que automobilismo envolve riscos, toques e ultrapassagens. O resultado é que hoje ninguém pode fazer nada. Ontem, Allan McNish até parecia ir contra essa maré, ao não punir Bruno Senna por sua defesa de posição na briga com Felipe Massa. Mas o comissário convidado compensou punindo Schumacher eWebber, um por atropelar um adversário, o outro por ultrapassar usando a enorme e asfaltada área de escape que tinha a disposição. Cansei decomentar sobre isso. 

Briga antológia entre os brasileiros
A segunda: Felipe Massa ainda sabe pilotar um carro de Fórmula 1. Ontem, em Cingapura, fez uma corrida excepcional, tempos de volta muito consistentes e, de quebra, uma das mais belas ultrapassagens que já vi na Fórmula 1, sobre Bruno Senna. Isso prova o que já disse aqui: seu mal desempenho não tem a ver com o acidente na Hungria. Seu problema é motivação. Está correndo atrás do seu novo contrato para 2013. Se conseguir melhorar em classificação, pode voltar ao pódio ainda este ano. 

Schumacher atropela Vergne: e o freio?
A terceira: infelizmente, já deu para Michael Schumacher. Aos 43 anos, o heptacampeão não precisa mais passar pelo constrangimento que a falta de reflexo tem lhe causado. Ontem, mais uma vez, o alemão atropelou um adversário (tinha feito o mesmo com Bruno Senna na Espanha) e foi obrigado a pedir desculpas públicas. Acredito que este acidente vai pesar muito na decisão de ficar ou se aposentar. Caso opte pela aposentadoria, Schumacher vai causar um enorme movimento no mercado de pilotos, o que também é ótimo. 

Quarta e última: Alonso vai ser campeão porque é o melhor piloto e porque tem muita sorte. Lewis Hamilton parecia imbatível com a McLaren em Cingapura e se configurava como principal rival do espanhol. Mas o carro do inglês teve problemas no câmbio e Sebastian Vettel herdou a vitória com a irregular Red Bull. Pelo jeito, Hamilton e Vettel deverão alternar vitórias até o fim do ano. Se Alonso se mantiver próximo, e é provável que vai se manter, leva o caneco.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O caminho da Indy ainda é longo



Acabou a temporada 2012 da Indy. A primeira temporada do novo chassi Dallara e a primeira de Rubens Barrichello na categoria. O campeão foi Ryan Hunter Reay, que venceu o duelo contra Will Power, vice campeão pela terceira vez, vítima de sua própria incapacidade de lidar com circuitos ovais. O melhor brasileiro foi Hélio Castroneves, que terminou o campeonato em 5º. Há anos correndo na Penske, Helinho passou perto do título algumas vezes, mas nunca foi campeão.

A temporada foi boa mas, de novo, passou despercebida no Brasil. E por vários motivos. A começar pelo mais óbvio: ninguém liga para automobilismo no país. A categoria cresceu em audiência nos anos 90, principalmente após a morte de Senna, quando as pessoas procuraram a categoria americana quedava aos brasileiros chance de vitória. E brasileiro só gosta de esporte em que o Brasil vai bem. Mas com os problemas que a Indy enfrentou no início dos anos 2000 (Separação entre Cart e IRL, perda de identidade, falta de dinheiro e crise técnica), o brasileiro desistiu de vez do automobilismo. 

Some-se a isso o fato de que Rubens Barrichello, principal atração da Indy em 2012, não fez o que se esperava dele. E no Brasil se espera o impossível. Em seu primeiro ano na Indy, correndo em uma equipe pequena como a KV, Rubinho conseguiu um quarto lugar como melhor resultado e terminou o ano em 12º. Poderia ter feito mais, mas é preciso dar tempo. Mas a torcida brasileira não é muito adepta a conceder tempo aos seus atletas. 

E ainda temos os motivos técnicos, que são o calcanhar da Indy a alguns anos. A Dallara é fornecedora única de chassis. Nos tempos áureos, a categoria contava com Reynard, Lola, Penske, Eagle e Swift. Pistas como Laguna Seca e Elkhart Lake foram trocadas por bombas como Baltimore, São Paulo e São Petesburgo. O asfalto de Detroit estava se desintegrando durante a prova. 

Antigamente víamos disputas entre Al Unser Jr., Michael Andretti e Bobby Rahal. Hoje temos Ryan Hunter Reay, Ryan Briscoe e Will Power. Sem grandes juízos de valor, o mínimo que podemos dizer é que o automobilismo americano já contou com gente melhor. 

E por fim, claro, o que já debatemos aqui: precisamos de uma emissora de TV que tenha a tarde livre de esportes e que possa transmitir a Indy como uma alternativa à nossa lamentável programação de TV aberta. A Band, compreensivelmente, investe no futebol. Tanto que as etapas que não foram disputadas às 16hs (horário dos jogos do campeonato brasileiro) foram transmitidas. É difícil se identificar com um campeonato em que não se pode ver todas as corridas.  Ainda não foi desta vez que vimos o tal renascimento da Indy. O caminho ainda é longo e é preciso percorrê-lo com mais velocidade. Que 2013 traga essa dose extra de potência.

domingo, 9 de setembro de 2012

Massa na Ferrari em 2013: bom negócio para quem?




Apesar de não ter feito uma corrida excepcional em Monza, acredito que Felipe Massa tenha conseguido, com seus dois últimos resultados, caminhar bastante na direção de uma renovação de contrato para 2013. Em Spa, o brasileiro recuperou-se bem após largar em 14º lugar e chegou em quinto, à frente de Mark Webber, até então adversário de Alonso no campeonato. Na Itália, Felipe não fez nada de mais, mas chegou em quarto, logo atrás do companheiro, manteve um ritmo competitivo e só não foi ao pódio por causa da excepcional corrida de Sérgio Perez, que largou em 12º, guardou os pneus médios para o final e engoliu todo mundo. Não dava para segurar o mexicano e nem Alonso fez isso.

A questão que fica é: seria vantajoso para Felipe permanecer na Ferrari? Renovando por mais um, dois ou três anos, não importa, o destino de Felipe Massa está traçado: será o segundo piloto de Fernando Alonso. Isso significa lutar por algumas migalhas, talvez um ou outro pódio e, se der muita sorte, pode beliscar uma vitória (se voltar a pilotar em nível aceitável, coisa que não faz desde o início de 2010).

Mas existem outras opções entre as equipes médias que poderiam lhe render frutos mais interessantes. Caso a Ferrari contrate Sérgio Perez, Massa poderia ficar com a vaga do mexicano na Sauber, uma equipe com bom ambiente e que tem um carro aceitável. Seria companheiro de Kobayashi, ótimo piloto, mas não fora de série. Se seu substituto fosse Hulkenberg, por exemplo, Massa poderia acelerar a Force India, que conta com o ótimo motor Mercedes.

Sim, são equipes médias, mas o que é melhor: recuperar a auto-estima e liderar uma equipe média, ou ser relegado a coadjuvante do melhor piloto da atualidade? No lugar de Felipe, eu escolheria a primeira opção.

domingo, 2 de setembro de 2012

Grosjean doidão põe fogo no campeonato


Alonso prestes a ser atingido pelo "francês voador"

Romain Grosjean conseguiu uma coisa que parecia bem difícil: colocou pimenta num campeonato que caminhava tranquilamente para as mãos de Fernando Alonso. Com um revezamento de adversários correndo atrás da Ferrari, bastava ao tricampeão marcar pontos em posições intermediárias que o título era certo. Mas o francês da Renault resolveu se transformar em bola de boliche e fez um strike de respeito na primeira curva do GP da Bélgica, tirando Alonso, Hamilton, Kobayashi e Perez. E ainda colocou na disputa a dupla da Red Bull, Vettel e Webber, que haviam largado no meio do pelotão. Um pancão de respeito.

A batida não ficou barata para Grosjean, que está suspenso do GP da Itália. Além de dar graça a um campeonato que parecia decidido, Romain ainda alimentou a central de boatos da Fórmula 1, já que agora todos estão especulando sobre o nome do seu substituto nessa corrida. A Renault não confirmou, mas Jerome D’Ambrosio, que é o terceiro piloto da equipe, afinal, deverá assumir o cockpit.

Mas Grosjean não precisa ficar triste, já que seu companheiro de confusões também aprontou. Maldonado queimou feio a largada e depois ainda acertou a traseira de Timo Glock ficando fora da prova. Na próxima corrida, perderá milhares de posições no grid, talvez tenha que largar de Ímola, e ir pela estrada até chegar à Monza.

Com tudo isso, o GP da Bélgica acabou sendo movimentado nas posições intermediárias, com disputas entre Schumacher, Raikkonen, as duas Force Índia, as duas Toro Rosso e os dois brasileiros. Massa terminou em quinto e à frente de Webber, um bom resultado para os seus padrões atuais. Já Bruno Senna fez outra corrida muito boa, mas foi prejudicado pela tática ridícula da Williams e ficou sem pneus no final. Bruno vai superar Maldonado até o final do ano, um resultado que será muito importante para ele.

Lá na frente, Button passeou tranqüilo, e venceu sem dificuldades. O destaque ficou mesmo para Vettel que fez várias ultrapassagens e terminou em segundo lugar. Tem agora 24 pontos a menos do que Alonso e tudo indica que os dois vão lutar até o fim pelo título.

Graças a Romain Grosjean.