quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Na turma dos segundões


Nico Rosberg tinha uma carreira promissora. Estreou na Williams, em 2006, pontuando e fazendo a melhor volta logo na primeira prova do campeonato, no Barhein. Porém, na equipe inglesa, viveu anos de penúria com carros até bem construídos, mas que acabavam sucumbindo à falta de recursos ao longo da temporada. Ainda assim, em 2008, subiu ao pódio duas vezes, em Melbourne e Cingapura. Faltava um bom carro.

Ele veio em 2010, quando foi para a Mercedes. Até 2012 teve um desempenho muito melhor do que o do companheiro, o heptacampeão quase aposentado, Michael Schumacher. Foi em 2012, na China, que venceu sua primeira corrida na Fórmula 1. Em 2013 ganhou a companhia de Lewis Hamilton, seu amigo dos tempos de Kart. Ambos sofreram com um carro rápido, mas que destruia pneus em poucas voltas.
Em 2014, os alemães fizeram um foguete e Nico fez uma temporada quase irretocável. A ponto, inclusive, de destruir a amizade com Hamilton, fazendo nascer uma rivalidade que prometia ser uma das mais interessantes da F1.

Mas ficou na promessa. Depois de perder o título de 2014 na última prova, Nico Rosberg juntou-se, em 2015, ao grupo dos segundões, acompanhado de Rubens Barrichello, Felipe Massa, Riccardo Patrese, Gerhard Berger e tantos outros.

É um grupo fiel, esse dos segundões. São sempre leais às suas equipes, estão sempre dispostos a fazer o bem pelo time. Foi essa a desculpa que Massa e Barrichello sempre deram, ao entregar posições para Alonso e Schumacher, na Ferrari. O detalhe é que esse sentido de equipe só está neles: os primeirões da turma não estão nem aí para o sentido de equipe. É por isso que Hamilton empurrou Rosberg para fora no último GP dos EUA, Alonso jogou Massa na brita em Shangai/2010 ou Schumacher quase arrancou a frente da Ferrari de Barrichello, para vencer em Indianápolis / 2005.

E em que grupo estão os campeões, bi-campeões ou tri-campeões? Talvez esteja tarde para Nico mudar de lado, e talvez não haja mais vaga na turma dos primeirões. Mas eu, se fosse ele, tentaria.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Bem vindo de volta, Reginaldo



Como já esperado e anunciado, a Globo não transmitiu o GP dos Estados Unidos de Fórmula 1, corrida que daria, e deu, o título de tricampeão a Lewis Hamilton. A transmissão foi relegada ao canal a cabo Sportv. Sorte de quem gosta de corridas.

A transmissão na TV fechada foi uma das melhores dos últimos anos. Adotando um tom mais sóbrio, com muitas informações e, principalmente, permitindo que o espectador acompanhasse todos os detalhes, até a entrevista no pódio, comandada pelo cantor Elton John, o Sportv provou de uma vez por todas que o lugar da Fórmula 1 é na TV a Cabo. Que fique a TV aberta com as pachecadas em seus programas esportivos, em caso de vitória de algum piloto brasileiro. Quem gosta de corridas, não liga para isso.

E mais: a transmissão, comandada pelo bom narrador Sérgio Maurício, trouxe de volta Reginaldo Leme que, na Globo, há muito tempo foi engolido pelo ego de Galvão Bueno e sua necessidade de proteger os amigos Felipe Massa, Felipe Nasr e Ayrton Senna (que morreu há mais de 20 anos, mas na Globo isso não parece ser levado em conta).

Com espaço de sobra para contar suas histórias, vividas durante quase 50 anos de carreira, e sem ser interrompido a cada segundo, Reginaldo transformou a transmissão do Sportv em um programa imperdível para quem gosta de corridas. Até mesmo Luciano Burti, sempre burocrático na TV aberta, teve mais espaço para comentários técnicos, embora fique a anos luz do titular do Sportv, Max Wilson. E ninguém sentiu a menor falta do aborrecido Lito Cavalcanti, que comenta os treinos no canal.

A proxima corrida, no México, também será transmitida pelo Sportv. Da minha parte a audiência está garantida. Espero, sinceramente, que estejamos vendo o embrião do que será a transmissão da F1 já em 2016. O verdadeiro fã de automobilismo, agradece.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

1, 2, 3 Lewis Hamilton



Lewis Hamilton é tricampeão mundial de Fórmula 1. O inglês estreou na categoria como um raio, em 2007, mostrando seu cartão de visitas a Fernando Alonso, então bi-campeão do mundo. Venceu a temporada de 2008, mas depois entrou num espiral ruim. Mostrava-se sempre um ótimo piloto, mas com carros apenas razoáveis na McLaren, tornou-se coadjuvante de Sebastian Vettel.

Em 2013, mudou-se para a Mercedes e encontrou lá seu lugar. Quando a equipe passou a fabricar foguetes de corrida, a partir de 2014, Hamilton voltou ao trilho das vitórias. E ontem, no seu 43° triunfo, mostou que merece estar na galeria dos tricampeões da F1 com louvor.

Sua vitória, no GP de Austin, no Texas, uma das melhores corridas da temporada, veio numa entregada de Nico Rosberg, seu único adversário. O alemão fazia sua melhor prova do ano, mas cometeu um erro ridículo quando faltavam 7 voltas para o fim da corrida. Hamilton agradeceu, assumiu a ponta, e fez aquilo que vem fazendo ao logo de toda a temporada: apenas controlou a distância para os adversários e cruzou em primeiro.

A prova americana teve outros destaques: Sebastian Vettel, com a Ferrari, largando no fim do grid e chegando em terceiro. Acho que Vettel, a despeito do título de Hamilton, foi o grande nome da temporada. Max Verstappen, com a Toro Rosso, também foi um gigante, conseguindo um incrível 4° lugar. Isso sem contar a dupla da RedBull, Riccardo e Kvyat, que deram um calor nas Mercedes, enquanto a pista estava molhada.

A dupla da McLaren também merece muitos elogios. Button, que terminou em 6° e Alonso, que perdeu o 10° na última volta, por problemas no motor Honda, fizeram uma corrida combative, mostrando que a equipe inglesa pode reaparecer em 2016.

Já a Williams, num dia em que poderia sonhar em desafiar as Mercedes, acabou fora com seus dois pilotos, vítimas de problemas nos amortecedores.

Faltando 3 provas para o fim da temporada, a graça agora será a briga entre Rosberg e Vettel pela segunda posição no campeonato. Se Nico, com o carro que tem nas mãos, não levar essa, pode ir se preparando para dar adeus a equipe em breve.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Hora de voltar 25 anos no tempo, doutor!


Num dia em que se fala tanto de viagens no tempo, a turma que gosta de automobilismo certamente pegaria o DeLorean, de De Volta para o Futuro, para dar umas voltas em 1990. Foi neste dia, há exatos 25 anos, que Ayrton Senna conquistou seu segundo título mundial, no GP do Japão de 1990. De uma forma controversa: devolvendo a “gentileza”de Alain Prost, que jogou seu carro sobre o do brasileiro um ano antes. Dessa vez, Senna atropelou Prost depois de largar mal, perdendo a liderança da corrida para o francês, que corria na Ferrari. Os dois ficaram fora e Senna não poderia mais ser alcançado na tabela de pontuação.

A corrida foi vencida por Nelson Piquet, já tricampeão, com a Benetton. O segundo lugar foi de Roberto Moreno, pela mesma equipe, seu primeiro e único pódio na categoria. Vejam só o momento do automobilismo brasileiro. Em uma mesma prova vimos Senna se sagrar campeão pela segunda vez, Piquet vencer e Moreno chegar em segundo, protagonizando um dos pódios mais emocionantes já vistos na categoria.

Na rabeira do sucesso de Senna e Piquet, vários pilotos promissores se destacavam em categorias de base. Gente como Rubens Barrichello, Gil de Ferran, Christian Fittipaldi, e outros que viriam a ter carreira vitoriosa em diversas categorias importantes.

Infelizmente, Piquet parou em 91, Senna morreu em 94, em um acidente marcante, que traumatizou milhares de fãs de F1 no país. Foi nessa época que a Globo nos ensinou que para gostar de um esporte é necessário que sejamos campeões nele e o Brasil só voltou a se interessar por F1 quando Barrichello foi para a Ferrari, em 2000. Infelizmente, sua passagem por lá, embora vitoriosa, foi ofuscada por Michael Schumacher, apenas 7 vezes campeão do mundo. Felipe Massa, quando decidiu o título de 2008 e perdeu, em casa, trouxe mais algum entusiasmo, mas ele acabou rapidinho.

Ninguém mais liga para corridas no Brasil, só mesmo um pequeno número de fãs de velocidade, como eu e você. Os indices de audiência são pequenos. No próximo domingo, a F1 deverá consagrar Lewis Hamilton, admirador de Ayrton Senna, como tri-campeão. Mas a corrida será transmitida apenas na TV a Cabo, pois é no horário do futebol.


Em 25 anos muita coisa muda, para melhor e para pior. O automobilismo brasileiro, como era em 1990, talvez nunca mais exista. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Magnussen fora



Kevin Magnussen foi desligado da McLaren, depois de ficar a temporada inteira assistindo corridas nos boxes da equipe. Havia a expectativa de que ele fosse o substituto de Jenson Button em 2016, mas a Mclaren anunciou que o inglês continua como titular. Como Fernando Alonso também segue no time, não há lugar para o dinamarques, que estreou em 2014.

E não há lugar em equipe nenhuma. A Fórmula 1 não tem mais uma Minardi, ou uma Onix, ou uma Eurobrun, que pudessem colocar o piloto para correr, recebendo uma grana da McLaren. Se houvesse, Ron Dennis poderia manter seu piloto na ativa, pronto para o momento no qual Alonso ou Button deixassem a equipe. Também não há testes para se fazer, tudo é feito em simuladores que são utilizados pelos próprios titulares.

Vejam só que grupinho fechado a F1 se tornou. Não há mais espaço para contratações bombásticas e inusitadas. Era hora da Haas, por exemplo, trazer alguém da Indy, ou da Nascar, para dar uma movimentada, como foi quando a Williams trouxe Villeneuve, ou Zanardi, ou Montoya. Esqueçam.

Também não há mais equipes pequenas. O que existe, são grandes conglomerados que aceitam investir mais ou menos, dependendo do interesse comercial. Por isso, as equipes acabam escolhendo até mesmo os pilotos pagantes, como a Sauber. Ela não precisa da grana da McLaren para admitir Magnussen. É mais interessante ficar com os cifrões de Felipe Nasr e Thomas Ericsson.

E, com isso, é mais uma carreira que se vai. Claro, Magnussen tem muitas opções pela frente. Mas desconfio que, na F1, não tem mais chance. E olha que sua única temporada, em 2014, nem foi das piores, considerando que a McLaren estava em queda livre, devido à deterioração de sua relação com a Mercedes.

Uma pena, mas um sinal dos tempos. A Fórmula 1 sempre foi para poucos, mas agora é para pouquíssimos. E esses pouquíssimos estão cada vez menos se beneficiando dos seus méritos na pista e cada vez mais dos acordos comerciais que são capazes de fazer. E ainda nos perguntamos porque o público se interessa cada vez menos pela categoria.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

GP da Rússia guardou as emoções para o final

Raikkonen x Bottas: melhor briga da temporada deve ser
valorizada, não criticada

O final do GP da Rússia, surpreendentemente, acabou sendo um dos principais momentos da temporada de Fórmula 1. Surpreendentemente, porque a pista de Sóchi não tem nada de especial, é apenas mais um traçado comum com areas de escape gigantescas, como vemos aos montes por aí.

Mas, mesmo com Lewis Hamilton passeando mais uma vez, o GP russo ocupou os noticiários em virtude das várias brigas e batidas que ocorreram ao longo da prova. Especialmente a tentativa de Kimi Raikkonen para cima de Valteri Bottas, na última volta, pela 3ª posição.

Tentando ultrapassar o compatriota durante toda a parte final da corrida, Kimi viu a possibilidade no último giro, e mergulhou com tudo. Bottas não viu, ou jogou duro mesmo, fechou a porta e os dois bateram. O piloto da Williams ficou de fora, enquanto Raikkonen se arrastou até a linha de chegada, mas perdeu a 5ª posição ao ser punido depois da corrida, por causa do acidente.

Não há dúvidas de que Raikkonen foi culpado e, desta vez, acho que a direção de prova acertou ao puní-lo, já que ele estragou uma boa corrida de Valteri Bottas. Mas não acho que deva ser crucificado. Kimi viu um espaço e mergulhou, na tentativa de ganhar a posição. É óbvio que não queria causar a batida.

Não acho que tentativas de ultrapassagem devam ser contestadas pela mídia, como se o piloto de trás tivesse sempre que esperar o momento mais limpo. Quando não dá na boa, forçar pode ser um caminho e já vimos inúmeras ultrapassagens que se tornaram históricas.

E, sem querer jogar a responsabilidade nos ombros do adversário, faltou a Bottas um pouco de inteligência. Se ele tira a Williams da trajetória, Raikkonen ia passar reto e Valteri teria seu pódio garantido.

Particularmente, fico é feliz de ver que ainda existem pilotos que têm sangue nas veias. A tentativa de Kimi Raikkonen mostrou que ele é um desses e, mesmo errando, merece nosso respeito.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Novidades do dia

Button segue na McLaren em 2016
Duas novidades do dia, uma esperada e a outra nem tanto. Vamos primeiro com a surpresa: Jenson Button cumprirá seu contrato com a Mclaren até o final de 2016 e se disse motivado para correr em 2017 também. Com o desempenho pífio da equipe inglesa e da Honda este ano, esperava-se que Button anunciasse que se retiraria da F1 ao final do ano.

É uma ótima notícia para Ron Dennis e para a turma da Honda. Button pode não ser tão rápido quanto Alonso, mas é dedicado, reclama pouco, e não tem arroubos de vaidade, como o espanhol. Tem a tarimba de um campeão do mundo, sem ser um sujeito antipático e escandaloso. Aos 35 anos ainda tem lenha para queimar, o que é ótimo para a F1.

A outra notícia do dia, já era mais ou menos esperada: a Manor receberá as unidades de força da Mercedes, no ano que vem. Como os alemães não deverão mais fornecer para a Lotus, que deverá ser comprada pela Renault, poderão disponibilizar estes motores para mais uma equipe e já tinham dito que não seria a RedBull. Não sei até que ponto a Manor poderá evoluir em 2016, mas se a McLaren não abrir o olho, corre o risco de se tornar a pior equipe da F1, o que será uma catástrofe para o time.

Se a coisa caminhar dessa forma, no ano que vem, a F1 pode dar adeus a qualquer tentativa de entrada de um novo fornecedor na categoria. Investir uma grana para andar em último? Sem chances.