domingo, 23 de novembro de 2014

Merecido


Depois de 4 temporadas de domínio da Red Bull e de Sebastian Vettel, a Fórmula 1 tem um novo campeão: Lewis Hamilton confirmou seu favoritismo em Abu Dhabi, e conquistou o bicampeonato da categoria. Uma conquista merecida, especialmente pelo Hamilton fez após a corrida da Bélgica, quando a guerra entre ele e Nico Rosberg atingiu seu ápice. A Mercedes interferiu na briga e, seja lá o que tenha sido falado, fez bem a Hamilton, que emplacou 6 vitórias em 7 corridas, completando 11 no total. Nico venceu 5 corridas ao longo do ano.

Em Abu Dhabi, não houve a batalha épica que se prometia. Rosberg largava na pole e precisava que Hamilton terminasse em terceiro, caso ele vencesse a prova. Sua única chance seria um enrosco do inglês na largada, talvez até estivesse pensando em aprontar alguma na primeira curva, para colocar o companheiro em dificuldade. Mas Lewis largou muito bem, e Rosberg muito mal. O alemão patinou e ficou para trás.

Na volta 24 seu carro teve um problema no ERS, ele perdeu potência e se arrastou até o final, com enorme dignidade, para chegar em 14°. Foi uma pena que ele não tenha conseguido se mandar a frente na largada, porque o GP de Abu Dhabi teve um fator diferencial, que poderia ter ajudado o alemão: Felipe Massa, que fez sua melhor corrida desde 2008, talvez a melhor de sua carreira.

Rápido e constante, o brasileiro fez com que seus pneus durassem muito mais do que os dos concorrentes, e conseguiu colocar pressão em Hamilton. Sabe-se lá o que aconteceria se Massa estivesse lutando com ele pelo segundo lugar, com Rosberg em primeiro.

Fiquei com a sensação de que a intenção da Williams era ir até o final com apenas um pit-stop, mas quando viram que Hamilton viria para cima, resolveram levar Felipe para os boxes para colocá-lo no papel de perseguidor, e ainda garantir o segundo lugar caso não fosse possível a ultrapassagem. Foi um grande resultado para a Williams, que viu Valteri Bottas, novamente, fazer grande prova de recuperação, depois de largar mal, e chegar em terceiro.

Também vale menção a gigantesca prova de Daniel Riccardo, que largou dos boxes para chegar em quarto lugar. Se a Red Bull acertar a mão no carro para 2015, teremos um grande candidado ao título.

Por fim, fico com a imagem abaixo. Acima de toda a rivalidade que vimos este ano, fica o gesto de Rosberg, que foi cumprimentar o companheiro pela conquista. Um título disputado de forma dura pelos dois pilotos, que foram gigantescos no final. O esporte merece momentos como este.



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Por um novo ciclo de vitórias


Um pouco atrasado, como de costume, mas ainda em tempo de comentar os anúncios da Ferrari, ontem pela manhã: sai Fernando Alonso entra Sebastian Vettel em 2015. O tetracampeão assinou um contrato de 3 anos com o time italiano, e vai fazer dupla com Kimi Raikkonen. Não foi surpresa, mas é sempre bom esperar o anúncio oficial antes de comentar.

Sobre a saída de Alonso, muitos agradacementos, juras de amor eterno. O espanhol disse que se tornará um torcedor dos carros vermelhos. Legal, mas a verdade é que as cinco temporadas do espanhol na Ferrari não foram exatamente como a torcida e a equipe italiana sonhavam. Foram 11 vitórias e 2 vice campeonatos, em 2010 e 2012.

A impressão que fica é que a Ferrari viu em Alonso um pontencial novo Schumacher, aquele poderia dar início a um novo ciclo de vitórias para a equipe. Mas Alonso viu a Ferrari como a salvação da lavoura, já que tinha poucas perpectivas na Renault, havia brigado na McLaren e a Red Bull ainda era uma incognita. A equipe italiana se apresentava como a chance de pegar um carro campeão e trilhar o rumo dos títulos.

Mas não é assim que acontece na Ferrari. Salvo exceções, para se tornar vitorioso lá, é preciso saber lidar com o clima da equipe, construir, de fato, um time campeão. Como fez Schumacher.

E é como a Ferrari espera que possa fazer Vettel. Aos 27 anos, tetracampeão do mundo, não precisa de pressa para ganhar títulos. Já ganhou muitos e tem tempo de sobra para ganhar outros. Portanto, pode dar início a um trabalho semelhante ao que foi feito a partir de 96.

Será uma chance para que o tetracampeão mostre que pode ser competitivo sem a proteção dos austríacos da Red Bull. Simpatizo com pilotos que fazem movimentos tão bruscos na carreira. É um sinal de que não há comodismo, que existe a disposição para arriscar.

Se vai dar certo, só o tempo vai dizer. Mas é uma movimentação interessante para dar uma agitada na Fórmula 1, que anda tão cansativa.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Para relembrar: Austrália/94

Schumacher e essa coisa linda que era a Benetton B194

Foi num dia 13 de novembro, há exatos 20 anos, que Michael Schumacher conquistava o primeiro de seus 7 títulos mundiais, no GP da Austrália, que era disputado em Adelaide. Era um ano em que o alemão sobrava na turma, e parece estranho que a conquista tenha vindo apenas na última etapa do campeonato de 94.

Numa temporada triste, marcada pelas mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, a Fórmula 1 ainda via as equipes sofrerem com o regulamento, que tinha sido radicalmente alterado em relação aos anos anteriores, produzindo um campeonato de provas bem monótonas (opa, alguém lembrou deste ano?). A Benetton entendeu melhor as regras, produziu um carro excepcional e ainda contava com Schumacher em ótima forma, pronto para adentrar a galeria dos grandes campeões.

Mas tudo começou a ruir quando o alemão fez a volta de apresentação do GP da Inglaterra à frente do pole position Damon Hill (manobra que, diga-se, ele já havia feito no GP do Brasil). Schumacher não obecedeu à bandeira preta recebida durante a corrida e foi desclassificado. E mais: seria banido de duas corridas até o final da temporada.

Mas ainda não tinha acabado: na Bélgica, irregularidades no assoalho de sua Benetton o levaram a uma nova desclassificação. As duas corridas de punição foram Itália e Portugal, GP`s vencidos com facilidade por Damon Hill. A Williams havia encontrado um acerto melhor para o problemático FW-16, principalmente após a participação de Nigel Mansell no GP da França, que apontou o caminho das pedras para que a equipe melhorasse o chassi que tanta dor de cabeça havia trazido para Ayrton Senna no início do campeonato.

Com todas essas confusões, Schumacher e Hill chegaram ao GP da Austrália separados por um ponto, com vantagem para o alemão. Mesmo assim, o título de Schumacher parecia uma barbada, já que Hill continuava a mostrar-se um piloto apenas mediano, parecendo estar ali por falta de alguém melhor.
Mas o que vimos foi diferente. Desde a largada, Damon Hill encarou o forte ritmo imposto por Michael Schumacher na ponta (Mansell havia largado na pole, mas arrancou de forma lamentável) e pressionava o alemão o tempo todo.

O momento decisivo da
temporada de 94
E foi logo após o primeiro pit-stop que ocorreu o momento decisivo: Schumacher cometeu um erro, tocou o muro e quando voltou a pista, ainda a frente de Hill, viu o inglês colocar a Williams por dentro para ultrapassar. O alemão jogou a Benetton para cima e destruiu o braço de suspensão do carro de Damon, que ainda tentou alguma coisa nos boxes, mas em vão. Schumacher parou na barreira de pneus e comemorou ali seu primeiro título mundial. Mansell herdou a ponta e venceu o GP, seu ultimo triunfo na Fórmula 1.

Não é uma maneira bonita de se ganhar um campeonato, mas no caso de Schumacher sempre achei que FIA pegou pesado nas punições que aplicou a ele para que a disputa fosse prolongada até a última prova. Ninguém mais do que ele, disparadamente o melhor piloto do grid, merecia ganhar o campeonato.

A manobra deu início a uma certa rivalidade entre ele e Hill, mas o inglês nunca foi um adversário a altura. Ele se sagraria campeão em 96, quando a Williams produziu um carro muito melhor do que todos os outros. Damon Hill encerrou a carreira em 99, na Jordan. Já Michael Schumacher ainda venceria o campeonato seguinte, na Benetton, e dominaria o início dos anos 2000 na Ferrari, tornando-se heptacampeão mundial, o maior piloto de todos os tempos, uma lenda do esporte.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Desapeguem

Alguns pitacos sobre a transmissão que a Rede Globo fez do GP do Brasil, no ultimo domingo. Há um limite entre o que é aceitável e o que não é para se conseguir audiência e é por essas e outras que não considero nenhuma tragédia se a Globo decidir deixar as transmissões somente a cargo do Sportv.

Em primeiro lugar, o locutor: há pelo menos cinco anos, vem ficando cada vez mais claro que Galvão Bueno perdeu a mão. Basta assistir à alguma corrida antiga, mesmo as que eram disputadas por Ayrton Senna, para perceber que o locutor abandonou de vez o profissionalismo para adotar uma postura de torcedor de arquibancada. Sua narração do pit-stop de Valteri Bottas, torcendo loucamente para que algo desse errado é, desde já, um dos mais constrangedores momentos da crônica esportiva.

Narrar uma corrida, ou qualquer esporte, é transmitir as informações, traduzir o que está se passando na tela, levando a emoção do momento ao telespectador. Galvão não narra mais as corridas. Não narra as ultrapassagens, sequer sabe o que está se passando na pista. Sua preocupação é justificar todo e qualquer movimento de Felipe Massa, procurando desculpas para os erros e tentando fazer parecer que os feitos são maiores do que são. E, verdade seja dita, Reginaldo Leme aparentemente cansou de fazer o “advogado do diabo”, e também entrou nesse clima, o que é uma pena.

A outra questão é a obssessão insuportável da emissora com Ayrton Senna. Sim, ele foi importante, foi um dos maiores gênios do esporte, parte importante da popularização do automobilismo no país. Mas morreu há 20 anos.

Ontem, Interlagos tinha as presenças de Nelson Piquet e do maior de todos, Emerson Fittipaldi. A abertura da transmissão foi toda dedicada a Senna e seu capacete estava na cabine de transmissão, como uma imagem a ser cultuada. Um objeto de devoção.

A Globo precisa desvincular a imagem de Senna da Fórmula 1. É por causa de bobagens desse tipo que ouvimos a todo o momento frases como “só assistia na época do Senna”, “na época do Senna era melhor”, ou “nenhum brasileiro presta, depois do Senna só tivemos pilotos horríveis”. São coisas que em nada ajudam, estabelecem um parâmetro desleal e contribuem para a audiência pífia que as corridas têm no Brasil.

É claro que homenagear grandes ídolos faz parte do show, mas já tivemos muitas homenagens a Senna em maio. O Brasil teve outros ídolos e, de certa maneira, viveu momentos relevantes na Fórmula 1 após sua morte. Momentos que não são reconhecidos porque a Globo faz questão de, indiretamente, desvalorizá-los, com essas demonstrações de nacionalismo barato, essa covardia que faz com todos os pilotos brasileiros que tentaram alguma coisa no automobilismo mundial, após a morte de Senna.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Três vitórias pessoais


Os três primeiros colocados do GP do Brasil, disputado ontem em Interlagos, tinham muitos motivos para comemorar, por razões completamente diferentes.

Nico Rosberg, o vencedor, não ganhava uma corrida desde o GP da Alemanha, disputado no dia 20/07. De lá para cá, viu seu companheiro Lewis Hamilton vencer 5 corridas seguidas, virando um campeonato que parecia bem encaminhado. Na sua luta contra o parceiro, Nico ainda viu a equipe se colocar a favor de Lewis, censurando suas tentativas de desestabilizar o companheiro. Com a vitória, o campeonato continua em aberto. Mesmo Hamilton ainda sendo o favorito, sabe que não pode bobear em Abu Dhabi.

Já o inglês sabe que deu um passo importante para o título. Poderia ter vencido a corrida, caso não tivesse errado e rodado na volta anterior ao seu segundo pit-stop, mas soube administrar o segundo lugar e andou o tempo todo colado no companheiro, mostrando que é um piloto cada dia mais amadurecido.

E chegamos a Felipe Massa, o terceiro colocado. É verdade que ele tinha o segundo melhor carro da pista e qualquer resultado que não fosse o pódio seria desastroso. E Felipe conseguiu o que precisava: uma corrida correta, em bom ritmo e substancialmente melhor do que a do seu companheiro, Valteri Bottas. Ele ainda cometeu dois erros nos dois pit-stops, mas nada que comprometesse. Um resultado importante para dar um pouco de alento, tanto ao piloto, quanto ao torcedor brasileiro, depois de um ano tão difícil.

O GP do Brasil ainda teve excelentes exibições de Jenson Button e Kimi Raikkonen, boas corridas de Sebastian Vettel, Fernando Alonso e Nico Hulkenberg. Foi uma boa corrida, é verdade, mas nada excelente. É triste ver a Fórmula 1 largar para uma corrida que pode ser decisiva, como a de ontem, com um grid tão vazio, carros que não fazem barulho e pneus que com 4 voltas, já precisam ser trocados.

Já fui a Interlagos várias vezes e, das vezes que não fui, sempre assisti pela televisão com tristeza, por não estar lá. Ontem não. Em nenhum momento lamentei o fato de estar assistindo a corrida no sofá, ao invés de curtir o calor das arquibancadas do setor G. Continuo com aquela sensação de fim de feira, de que algo está faltando. Arrumem isso, por favor!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Felipe Nars


Depois de 2 anos contando apenas com Felipe Massa, o Brasil voltará a contar com dois representantes no topo do automobilismo: Felipe Nars assinou contrato com a Sauber e correrá no time suiço ao lado de Marcus Ericsson.

Com um gordo patrocínio do Banco do Brasil e temporadas competitivas na GP2, Nars entra na Fórmula 1 pelas mãos de uma equipe séria e competente. A Sauber entende do riscado e, de vez em quando, acerta a mão no carro. Kimi Raikkonen, Felipe Massa e Heinz Harald Frentzen são exemplos de pilotos que começaram por lá e depois viraram alguma coisa.

É sempre uma boa notícia. A presença de mais um piloto aumenta a atenção ao esporte e não deixa de ser uma surpresa. Há anos o Brasil não investe na formação de pilotos e a chegada de alguém na F1, que não tenha sobrenome Piquet, Senna ou Fittipaldi, deve ser comemorada.

Para os ansiosos de plantão, recomendo calma. A Sauber, apesar de séria, é uma equipe de entrada. Se Nasr marcar alguns pontinhos, já estará no lucro. O lance é conseguir ser rápido e eficiente, e chamar a atenção das equipes maiores. Talento ele tem, já provou. Agora, nos resta torcer.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Santa falência

Barrichello na Brawn, em 2009: essa deveria ter sido a despedida
E foi divulgado o que pode ter sido uma das explicações para a saída de Rubens Barrichello da Globo: o piloto iria disputas últimas três provas da temporada da Fórmula 1 pela Caterham. A informação foi revelada pelo jornalista inglês Adam Cooper, e foi confirmada pelo piloto. Sem dinheiro, a Caterham colocaria Rubinho no lugar de Kamui Kobayashi, contando com um gordo patrocínio levado pelo brasileiro. Mas com a saída de Colin Kolles, que havia comprado a equipe, e a volta de Tony Fernandes, o antigo dono, a Caterham desistiu do negócio.

Ainda bem. De fato, Barrichello não teve a despedida que merecia depois de disputar mais de 300 GP`s de Fórmula 1. Mas isso aconteceu porque ele não quis. A primeira chance, em 2009, era a ideal a meu ver. Tinha nas mãos um grande carro na Brawn, terminou aquele campeonato em terceiro lugar, com duas vitórias. Sairia por cima. Mas arrumou um contrato com a Williams para 2010 e 2011.

Passou esses dois anos lutando com um carro abaixo da crítica e ainda tomando sufoco dos companheiros de equipe que teve nessas temporadas, os então novatos Nico Hulkenberg e Pastor Maldonado. Aí, desperdiçou a segunda chance de se despedir, correndo em casa, por uma equipe tradicional. Entrou num leilão para ver quem tinha mais dinheiro e foi preterido para dar lugar a Bruno Senna, também na Williams.
Desde então, fala em voltar. Em 2012 negociou com a mesma Caterham para disputar o GP do Brasil. No ano passado, seu nome foi ventilado pela Sauber. E, dizem, este ano ofereceu-se como piloto reserva da Mercedes em Cingapura.

Não sou dos que achincalha Rubens Barrichello, pelo contrário. Acho que foi um piloto de Fórmula 1 dos melhores, habilidoso, rápido, muito raçudo. Foi parte importante do time dos sonhos da Ferrari, na primeira metade dos anos 2000, mas não era melhor do que Schumacher. O que não é demérito, ninguém foi melhor do que o heptacampeão. Sua primeira vitória na F1, no GP da Alemanha de 2000, foi uma das mais incríveis corridas que já vi um piloto fazer.

Mas sua carreira de piloto de F1 acabou. Hoje ele é líder da Stock Car, vem fazendo um ótimo campeonato. Não tem sentido armar uma “despedida”, andando no fundo do grid com um carro abaixo da crítica, pagando para correr. Ele não merece isso e nem a torcida, que tantas vezes foi a Interlagos para vê-lo correr.

Santa falência, essa da Caterham.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Cadê a Fórmula 1?

Hamilton virou o jogo na Mercedes. Mas, quem se importa?

É bem difícil entender o que está acontecendo com a Fórmula 1 neste final de 2014. Aquela decisão épica que todos esperávamos, entre dois pilotos da mesma equipe, numa batalha que lembrava a rivalidade entre Senna x Prost, transformou-se numa espécie de fim de feira, um apagar de luzes sem graça. Na referida disputa, a rivalidade explosiva transformou-se num show de um homem só, Hamilton, contra um Rosberg resignado e conformado. E o resto? Grid vazio, poucas disputas, poucas notícias. As pessoas estão perdendo o interesse pela F1.

De que adiantou gastar os tubos nesse novo regulamento? Sim, tivemos algumas corridas boas, mas o resultado mais visível são carros bem mais lentos, silenciosos, e tão tecnologicamente avançados que o piloto se tornou uma peça a mais. Os carros são pilotados por engenheiros, que ditam o tempo todo o que fazer, como fazer, quando fazer. Tudo o que o fã de automobilismo odeia.

Há anos eu vinha falando sobre a forma como o dinheiro se tornava preponderante na categoria, transformando-a num jogo de interesses em que ninguém pode perder nenhum centavo. É esse jogo de interesses que fez a Mercedes intervir na animadíssima briga Rosberg x Hamilton após o GP da Bélgica, uma intervenção que, aparentemente, tirou todo o tesão do alemão na luta pelo título. Depois daquilo, só deu Hamilton (que é mais piloto, sem dúvida, mas vinha comendo o pão que o diabo amassou contra a frieza do companheiro).

Em Austin, uma pista fabulosa, apenas 18 carros largaram. Caterham e Marússia alegaram não terem condições financeiras de correr e nem devem mais voltar à F1. A Lotus e a Sauber estão no bico do corvo. A equipe suiça, vinha realizando um programa especial para colocar Simona de Silvestro na F1 ano que vem, o que seria uma ótima jogada de marketing e um atrativo para a categoria. Mas não teve grana para dar continuidade e anunciou a contratação do endinheirado Marcus Ericsson para 2015. Ele estava na Caterham e não mostrou nada, mas é rico e isso basta para os padrões de entrada atuais.

A F1 precisa se reinventar, esportivamente falando. Sim, é muito legal essa história de sustentabilidade, mas ela deve vir como pano de fundo do esporte, não como bandeira principal (e que sustentabilidade é essa, com esses carros caríssimos correndo para uma audiência pífia?). Mexer no regulamento, flexibilizar as determinações para que os projetistas possam colocar suas mentes para trabalhar, dar mais autonomia aos pilotos, adotar pneus de verdade, ao invés dessas porcarias que acabam em três voltas. Sei lá, é preciso fazer algo.

Bernie Ecclestone andou falando em mexer na distribuição financeira. É uma boa medida, mas só ela não resolve. E não é Ecclestone, 84 anos, quem vai ser capaz de mexer tão profundamente. A F1 precisa de cabeças que a entendam como esporte, não apenas como negócio.

Uma categoria esportiva que não tem graça, também não tem popularidade. E o caminho para o fim, nessa condição, é curto. Espero, sinceramente, que alguém esteja pensando no assunto.