segunda-feira, 25 de maio de 2015

Temos um campeonato de engenheiros


Depois de 78 de voltas de uma corrida monótona em Mônaco, a pergunta que todos se fazem até agora é: por que diabos a Mercedes resolveu trocar os pneus de Hamilton, no final da prova? Em que estavam pensando? Se o objetivo era colocá-lo de volta na pista, em 2º, esperando que Rosberg devolvesse a posição, já seria uma idéia absurda, já que isso não aconteceria.

O fato é que o erro da Mercedes no final da corrida apenas corrobora com algo que já vínhamos discutindo há tempos: os pilotos estão dependentes demais dos boxes. Pode até ser muito bonito ver esses carros carregados de tecnologia até a tampa (bem, para mim não é), mas a verdade é que não se roda um único quilômetro sem que uma enorme equipe de engenheiros monitore cada centímetro rodado. Os pilotos, sozinhos, não são capazes de compreender nem 10% dessas trapizongas e o resultado é a total incapacidade de controlarem suas corridas.

O automobilismo sempre foi a união de forças entre o homem e a máquina. Porém, a máquina era o suporte para que o homem chegasse a vitória. Hoje, temos uma inversão de forças. Qualquer piloto, se bem instruído por engenheiros, movimenta um carro desses e anda até bem. Ora, quem deveria saber o estado de seus pneus era o piloto, e não a equipe. Em 2000, a Ferrari deixou na mão de Rubens Barrichello a decisão de trocar ou não seus pneus na pista molhada de Hockenheim.  O brasileiro fez sua opção e ganhou a corrida.

Em Mônaco, Hamilton não tinha como argumentar com seus engenheiros, embora fosse ele a se espremer nos guard-rails do principado. Recebeu ordem de um engravatado com centenas de números na tela de seu computador, entrou nos boxes, e jogou fora uma vitória certa.
E ainda entregou a taça de vencedor para seu companheiro Nico Rosberg, o único que pode desafiá-lo no ano. A diferença entre os dois é de apenas 10 pontos. Lewis continua como favorito, mas sabe que perdeu sua margem para bobeadas, o que é perigoso.

De qualquer maneira, a Mercedes acabou nos fazendo um favor, colocando graça num campeonato que vinha sendo muito chato.

Sobre Vestappen x Grosjean

Sobre o acidente de Max Verstappen e Romain Grosjean, tenho visto muita gente apontando o dedo para o holandês culpando a sua falta de experiência pela batida. É preciso muita calma. Também acho uma aberração que um carro de F1 possa ser pilotado por um moleque de 17 anos, mas isso é culpa da categoria, não do piloto. Verstappen faz um excelente campeonato, e fazia uma ótima prova em Mônaco, o que só prova que experiência conta bem pouco hoje em dia. Sua batida não é muito diferente da pancada entre Massa e Perez no Canadá, ano passado, e experiência não faltava ao mexicano e ao brasileiro.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Os benefícios de se olhar pra trás


Sempre que tenho um ataque de nostalgia, recorro aos meus DVD's de corridas antigas para lembrar como o automobilismo era mais legal. Aí que semana passada tirei a poeira do armário e fui de GP do Brasil de 2001, o primeiro que vi ao vivo na vida. Tem um significado bem especial pra mim.

Bom, a F1 já não era nenhuma maravilha em 2001, estava longe do espetáculo que era nos anos 70, 80 e 90. Claro, tudo evolui, nada é igual. Mas é possível notar, numa corrida de 14 anos atrás, onde foi que a coisa se perdeu.

Primeiro: as ultrapassagens. Sim, elas eram raríssimas naquela época, e enxergávamos uma crise nas corridas. Mas hoje, vejo que éramos felizes e não sabíamos. As poucas ultrapassagens que ocorreram naquela corrida, em Interlagos, foram um claro resultado do instinto dos pilotos, que decidiam que iriam pra cima do adversário, e iam mesmo. Foi assim que Juan Pablo Montoya jogou a Williams por dentro no S do Senna, tocou rodas com Michael Schumacher e jogou o alemão na grama.

Fosse hoje, certamente um engenheiro pediria para que o colombiano aguardasse o momento de abertura da asa móvel para ultrapassar. E, se houvesse essa oportunidade, a ultrapassagem seria feita sem esforço algum. Mas, caso houvesse qualquer toque, como houve, Montoya seria punido, o que não aconteceu em Interlagos.

Outro fato interessante: ninguém correu economizando nada. Claro, economizar pneus e combustível pode ser uma estratégia para quem sabe fazer isso (Prost, por exemplo), mas na F1 de hoje economizar é a palavra de ordem para qualquer piloto, é o que manda na corrida. O resultado é que todos parecem correr meio presos, sem dar tudo que o carro pode. Até porque, se derem, esses pneus da Pirelli acabariam em 5 voltas.

Em Interlagos/2001, Montoya, Schumacher e Coulthard correram com a faca nos dentes, trocando melhores voltas, abanando a traseira de seus carros para todos os lados. O mínimo erro seria castigado, e eles estiveram sempre no limite.

E tem mais: Rubens Barrichello cometeu um erro idiota, acertou a traseira de Ralf Schumacher e ficou fora da prova. Sua entrevista à Globo, durante a transmissão, é uma pérola. Cheia de ironias, dando alfinetadas na equipe. Patético, mas divertido. Diferente das declarações corporativistas que ocorrem hoje.

E, por fim, o barulho dos carros. É impressionante a diferença que faz, até mesmo na sensação de velocidade que se tem, ao ver pela tela da televisão.

Olhar para o passado pode ser bom para a F1, definitivamente. A solução para a falta de interesse, pode mesmo estar lá.

domingo, 10 de maio de 2015

Rosberg vence em Barcelona e respira aliviado


Campeonatos dominados por uma só equipe, em geral, são bem chatos para o público. E, como a F1 está emendando o terceiro seguido neste esquema, é preciso algo para dar uma animada. Neste sentido, o GP da Espanha foi ótimo: Nico Rosberg venceu a prova e mostrou que pode não estar tão derrotado quanto pensávamos. Sim, ele está 20 pontos atrás de Hamilton. E sim, o inglês é um piloto mais rápido no geral. Mas a próxima corrida é Mônaco, os carros passam raspando os guard-rails, vai que acontece alguma coisa que coloque o alemão definitivamente na disputa. Não seria nada mal.

Rosberg conseguiu sua melhor vitória desde que levou uma chegada forte de Toto Wolf depois da Bélgica, no ano passado, um fato que destruiu sua moral na equipe e acabou com a graça de um campeonato que rumava para uma decisão interessante. Em Barcelona, Nico foi absoluto nos treinos e dominou a corrida com autoridade.

Novamente, Vettel e a Ferrari tentaram mostrar que podem dar algum trabalho. Mas, novamente, a Mercedes tratou de mostrar que a diferença dos carros é absurda. Hamilton antecipou sua primeira parada para superar Vettel nos boxes. Não conseguiu, porque a equipe cometeu um erro na troca de pneus. Tudo bem, vamos para a próxima. Aí o inglês novamente parou mais cedo e, na volta a pista, iniciou uma sequência de voltas 2 a 3 segundos mais rápidas do que a Ferrari. Um espanto. Mesmo fazendo três paradas, jantou Vettel fácil na estratégia e na velocidade.

A Ferrari ainda poderia ter conseguido a quarta posição com Raikkonen, mas novamente Valteri Bottas salvou a honra da Williams, se colocando entre os dois carros italianos. No final, Kimi encostou, mas não conseguiu passar o compatriota, que corre sem cometer erro absolutamente nenhum. Massa foi o sexto colocado, depois de uma má classificação, fez o que dava para fazer (Massa sempre faz o que dá pra fazer, o que é muito bom. Mas Bottas faz um pouco além, essa é a diferença. E aí vem Lito Calvalcanti e diz que Felipe é mais piloto. Ok.).

Daqui duas semanas os pilotos vão encarar as ruas de Monte Carlo. Mônaco não tem meio termo: ou a corrida é um porre, ou super movimentada. Para que opção será torcemos?

quarta-feira, 6 de maio de 2015

McLaren de roupa nova na Espanha


A McLaren fez um misteriozinho, divulgou um teaser que tinha a imagem de Senna, mas acabou com a esperança de vermos uma pintura clássica em seus carros, neste fim de semana, em Barcelona. É uma pena.

O carro vai com essas cores aí da foto. Não deixa de ser um belo carro, como são todos da equipe, aliás.