quarta-feira, 25 de abril de 2012

Em busca do reconhecimento



André Ribeiro lidera o pelotão da Indy em Jacarepaguá/96: tempo de vacas gordas

Domingo a Indy vai correr pela 3ª vez seguida em São Paulo. Vão montar aquela pista improvisada no Anhembi, com uma reta que passa por um sambódromo e a cidade que abriga um autódromo como Interlagos terá que se contentar com essa pistinha chinfrim para ver a Indy. Uma pena, mas vamos em frente.

Esses dias, andei assistindo o 1º GP de Fórmula Indy no Brasil, em 1996 num circuito oval construído dentro do autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Espetacular. A Indy havia acabado de passar pelo processo que separou IRL e Cart (e que, mais tarde, acabaria com ambas) e a corrida no Rio era a consagração de uma categoria que só crescia, no país e no mundo.

Mercedes Benz, Honda, Ford e Toyota forneciam motores. Os chassis eram Penske, Lola, Eagle e Reynard. Duas fornecedoras de pneus: Goodyear e Firestone. Entre os pilotos, gênios como Al Unser Jr., Emerson Fittipaldi e Bobby Rahal. Grandes nomes da Indy como Michael Andretti e Paul Tracy dividiam a pista com jovens promessas como Gil de Ferran, André Ribeiro e Greg Moore. De quebra uma transmissão impecável do SBT, com câmeras exclusivas, repórteres espalhados pelo pit, Téo José e Dedê Gomez em grande forma (apesar da pachecada de sempre).

Infelizmente depois de 96 tudo mudou, a Indy perdeu identidade, virou um celeiro de gente roda dura. Em 2008, IRL e Cart voltaram a se encontrar e hoje tentam se estabelecer novamente.  Mas, a situação deste GP do Brasil, é bem diferente daquele de 96. O que antes era uma celebração, agora é uma tentativa de aproximação com o público, que anda afastado das corridas.

A Indy correu no Anhembi duas vezes. Em 2010, os carros não eram capazes de se manter em linha reta no piso do Sambódromo, porque piso de sambódromo é feito para sambar, não para correr de carros. Em 2011 a chuva que caiu desmontou o circuito e a corrida foi realizada numa segundona brava.

Esse ano é decisivo. As pessoas vão dar à Indy uma segunda chance, principalmente por causa da presença de Rubens Barrichello. Cabe à Indy caprichar no espetáculo e ganhar, de novo, a atenção do público brasileiro.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Bobos da corte

Alonso à frente de Massa no Barhein: normal para todo mundo. Para Globo, não.

Quem assistiu à transmissão da corrida de Fórmula 1 do Barhein, no último domingo, pela Rede Globo, deve ter notado o esforço dos profissionais (Galvão Bueno, Reginaldo Leme e Luciano Burti) em convencer o telespectador de que Felipe Massa fez uma grande corrida. Aliás, chegaram a dizer que o brasileiro realizou um GP melhor do que o do companheiro Fernando Alonso, ignorando o fato de que Alonso chegou duas posições à frente de Felipe. Aliás, o espanhol sequer chegou a ficar atrás de Massa em nenhum momento da corrida.

Essa pachecada sempre foi prática comum às transmissões esportivas no Brasil. Aqui, os eventos esportivos são um produto que precisa ser vendido e, com isso, o espectador precisa ser convencido da qualidade do que está vendo. E, aqui, entende-se por qualidade o bom desempenho do atleta brasileiro. Caso contrário, não estamos diante de um bom produto.

Mas, de uns anos para cá, a coisa vem ficando patética. No Barhein, Felipe Massa fez sua melhor corrida no ano. Oh!, dirão alguns.  Mas estamos falando de um ano absolutamente abaixo da critica, no qual o brasileiro, que historicamente leva meio segundo por volta de Fernando Alonso, elevou essa média para quase 1 segundo. Ontem, Felipe demonstrou um pouco mais de domínio sobre o carro, mas não foi capaz de ultrapassar o companheiro quando estava em uma estratégia diferente, usando pneus macios, enquanto a outra Ferrari estava calçada com pneus médios.

Quando Felipe encostou em Alonso, mais ou menos na metade da prova, Galvão, Reginaldo (constrangido, mas concordando) e Burti passaram a clamar por uma ordem de equipe. Lembraram da China, quando na mesma situação a Ferrari solicitou que Felipe encostasse para que Alonso o ultrapassasse. Mas se esqueceram que na prova de Xangai, Alonso partiu para cima como um leão e jantou o brasileiro com arroz e fritas. No desértico Barhein, a Ferrari não deu ordem nenhuma porque, em nenhum momento, Felipe esteve próximo de uma ultrapassagem.

Felipe Massa é pior do que Fernando Alonso. Assim como Rubens Barrichello era pior do que Michael Schumacher. E Gerhard Berger era pior do que Ayrton Senna. E assim por diante. Este tipo de comportamento da mídia brasileira, cada vez mais empenhada em esconder a verdade estampada na cara, está ajudando a matar o pouco interesse que o brasileiro tem no automobilismo.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Prazo de validade...

Red Bull RB8: prazo vencido?

O fato de a Red Bull começar o campeonato de 2012 de forma um tanto quanto claudicante pode parecer uma surpresa, num primeiro momento. Mas olhando para trás e revisitando a carreira de Adrian Newey, projetista da equipe, é possível encontrar explicações.

Os carros Red Bull de 2010 e 2011 podem entrar no hall de obras primas do projetista, ao lado de duas outras máquinas históricas: os Williams Renault FW14 e FW15 e os McLaren Mercedes Benz MP4/13 e MP4/14. E o que esses dois projetos guardam de semelhança? Ambos dominaram duas temporadas, 92 e 93 (Williams) e 98 e 99 (McLaren). E nada mais.

Williams FW15
As situações são diferentes, mas o resultado é o mesmo. Os Williams Renault que deram o título de 92 a Nigel Mansell e o de 93 a Alain Prost eram máquinas altamente eficientes, talvez os melhores carros da história da Fórmula 1. Mas, em 94, o regulamento da Fórmula 1 sofreu mudanças significativas e Newey acabou concebendo um carro problemático. A Williams havia contratado Ayrton Senna que, desde os primeiros testes, já demonstrava preocupação com a máquina que tinha nas mãos. O resultado nós já conhecemos.

Já os McLaren, responsáveis pelo bi-campeonato de Mika Hakkinen sucumbiram, em 2000, ao crescimento da Ferrari e de Michael Schumacher. Sim, a derrota já poderia ter ocorrido em 1999 caso o alemão não tivesse ficado de fora de metade da temporada, após um acidente em Silverstone, mas a verdade é que o carro de 99 ainda era superior à Ferrari.

McLaren MP4/14
É muito cedo para dizer, num campeonato tão embolado, que a Red Bull é carta fora do baralho. Mas é certo que Sebastian Vettel e Mark Webber não serão capazes de estabelecer o domínio visto nos dois últimos anos. E aí fica a pergunta, que terá que ser respondida no final do ano: teriam os projetos de Adrian Newey, prazo de validade?  

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Acabou...

A Fórmula Futuro acabou. Foi o que anunciou hoje a empresa responsável pela organização do evento. N
ão é uma surpresa. Quem disser que está surpreso, provavelmente é porque passou os últimos anos morando em Marte, ou Vênus.

No final de 2009 estive em Interlagos e, seis meses mais tarde em Jacarepaguá, acompanhando o Fiat Racing Festival, evento que reunia, além desta categoria escola, mais uma competição de motos e a Trofeo Línea.

E a Fórmula Futuro não decolava. Dava sono acompanhar as corridas, com 6 ou 7 pilotos correndo, sem disputa alguma. E esta era a única categoria de monopostos existente entre o kart e a Europa. Agora, não temos nem isso.

O que está acontecendo no automobilismo brasileiro é anunciado. A Fórmula Futuro foi criada e apadrinhada por Felipe Massa, que fez o que Pedro Paulo Diniz havia feito em 2002, quando criou a Fórmula Renault,, que também fracassou.

O país perdeu o interesse pelo automobilismo, assim como perdeu pelo tênis após a era Guga, e pelo basquete após Oscar. Ainda gosta um pouco de Vôlei, mas esse esporte tem apoio pesado de empresas privadas, não conta.

É bobagem defender uma popularização do esporte. Automobilismo é um brinquedo de ricos, sempre vai ser. Exige equipamento, preparação, transporte, as despesas são altíssimas, não é possível comparar com o futebol, por exemplo. Mas, mesmo os ricos, precisam de incentivo. E, no Brasil, isso está ligado à brasileiros vencendo. O que não acontece desde que Senna foi embora. Rubens Barrichello carregou a cruz de substituir o tricampeão e conseguiu manter o interesse do povo por um tempo. Mas foi praticamente um mártir. Muitos passaram por lá e só Felipe Massa, hoje com 30 anos, se firmou. Bruno Senna, sobrinho de Ayrton, é o último dos moicanos. Depois dele, só se dermos muita sorte para termos algum piloto na Fórmula 1.

Infelizmente o automobilismo do Brasil está igual a um cachorro correndo atrás do rabo. Precisa de gente nova, que não se interessa por ele porque não tem ninguém "bom" na Fórmula 1. E não vai ter ninguém "bom" na Fórmula 1 se ninguém se interessar. Aparentemente, os próximos anos serão de muitas más notícias para quem gosta de velocidade.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Rosberg e Pirelli: protagonistas na China



Se em 2011 tivemos uma temporada de Fórmula 1 completamente dominada por Sebastian Vettel e a imbatível Red Bull, 2012 promete um caminho bem diferente. Em três corridas até agora, tivemos três vencedores de três equipes diferentes e o líder do campeonato é Lewis Hamilton, que não venceu nenhuma. Aliás, esteve no pódio nas três, mas como terceiro colocado. Se a Austrália apontou uma McLaren forte e a Malásia mostrou que a Sauber fez um carro muito bom, a China trouxe das cinzas a Mercedes que, aparentemente resolveu seus problemas de desgaste de pneus e deu a Nico Rosberg sua primeira vitória na categoria. E poderia ter feito dobradinha, se não tivessem estragado a corrida de Schumacher com um pit stop mail feito.

Aliás, os pit stops e os pneus acabaram ajudando a definir o resultado do GP da China em larga escala. A corrida começou morna, com Rosberg liderando sem dificuldades, abrindo distância para Schumacher. A decepção da largada foi Kobayashi, que saía em terceiro, mas caiu para sexto e fez uma corrida bem discreta.

Quando começaram os pit-stops, as estratégias foram se revelando. Aí apareceu Felipe Massa. O brasileiro largou com pneus duros e partiu para duas paradas. Mas, apesar de parecer estar melhor familiarizado aos pneus, o brasileiro continua apresentando um ritmo de corrida lamentável. Passou a prova toda sendo ultrapassado e quando tinha que passar alguém (Paul di Resta por exemplo) ficava voltas e voltas sem conseguir. Terminou a corrida em 13º, cinco segundos atrás de Alonso, que fez uma parada a mais. Melhorou, mas bom ainda não está.

Outro que se deu mal com a estratégia de parar uma vez menos foi Raikkonen. Embora tenha mantido bom ritmo durante a prova, seus pneus foram para o espaço no fim da corrida e ele foi perdendo todas as posições. Estava em 2º e Chegou em 15º.

O final da prova foi realmente espetacular. E poderia ter sido ainda melhor, se a McLaren não tivesse errado no pit-stop de Jenson Button. O inglês era muito mais rápido do que Rosberg e chegaria às últimas voltas em condições de ultrapassar. Mas tivemos belas ultrapassagens de Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Mark Webber.

Destaque também para Sérgio Perez, que mais uma vez mostra que é o que mais se entende com esses pneus e Bruno Senna, que fez uma corrida consistente e de novo marca pontos. E de novo na frente de Maldonado. Um começo promissor para ele e para a Williams.

Ao longo da semana, falamos mais sobre a situação da Red Bull e da Ferrari.