quinta-feira, 28 de julho de 2016

Tchau Target


Não faz muito tempo que comemoramos aqui o fato de a Chip Ganassi adotar a clássica pintura dos anos 90 no carro de Scott Dixon, em 2016. Mas alegria de blogueiro pobre dura pouco. A Target anunciou que não renovou contrato com o neozelandês e, depois de 27 anos, o alvo branco sobre a pintura vermelha dos Ganassi não estará no grid da Fórmula Indy, em 2017.

Esse lance de pinturas me pega de jeito. Foi duro acostumar com a McLaren prateada, depois de anos de Marlboro. Aquela Williams vermelha de 98, depois da era Rothmans nunca me desceu redonda. Agora só falta a Ferrari largar o vermelho e pintar seus carros, sei lá, de verde.

Foi em 93 que descobri a Indy de vez, e a Target estava lá, na Ganassi. O piloto era Arie Luyendyk, o holandês voador. Velho, fora de forma, andando na rabeira do grid. Para o ano seguinte, Chip Ganassi repatriou Michael Andretti e, dois anos depois, descobriu o pacote técnico que levaria a equipe a se tornar uma das maiores da história da Indy: motor Honda, chassi Reynard e pneus
Firestone. Foi um festival de títulos ao longo dos anos, com Jimmy Vasser, Alessandro Zanardi, Juan Pablo Montoya e Scott Dixon, que agora encerra esse ciclo.

Minha torcida para o neozelandês está reafirmada a partir de agora. Seria muito justo encerrar a era Target com um título. Talvez o velho Chip possa se animar e bater na porta da Kmart para reviver o patrocínio da Newmann-Haas. Já ajudava bastante.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Por mais simplicidade

Rosberg pisa fundo sob bandeira amarela, no sábado:
é para punir? Não é? Quem sabe explicar?
É inegável que a Fórmula 1 está oferecendo, neste 2016, um bom campeonato. A rivalidade entre Hamilton e Rosberg parece mais robusta do que nos anos anteriores, Max Verstappen chegou para incomodar a turma de cima, e vem proporcionando ótimos espetáculos, Kimi Raikkonen faz um bom campeonato, a McLaren vem reagindo.

Ou seja, sentar-se diante da TV para assistir a uma corrida, tem sido um programa bastante animado. Mas, o que me pergunto sempre que termina uma corrida, é se eu consegui entender tudo o que se passou diante da tela nas duas horas anteriores. E, também, se alguém conseguiu.

Quem consegue explicar as regras atuais da F1, quando perguntado a respeito? Por que, por exemplo, Nico Rosberg não foi punido no sábado, mesmo tendo tirado vantagem clara ao ignorar a bandeira amarela causada por Fernando Alonso? E qual seria o motivo da punição a Jenson Button, que relatou um problema nos freios e foi instruído a ficar na pista? E, ainda, se é verdade que Max Verstappen não mudou várias vezes de trajetória na briga com Raikkonen, não seria mais grave a escolha pela trajetória definitiva no momento da freada, como o holandês fez mais de uma vez? E todas as vezes que Kimi passou do limite da pista com as quatro rodas durante essa briga?

Essas perguntas são apenas algumas, mas vejam o tamanho do parágrafo que geraram. Quantas páginas deve ter o regulamento técnico da F1? Será que precisa de tudo isso? Aqui em BH, organizo um campeonato de kart amador, a gloriosa Copa BH de Kart. Nosso regulamento tem 5 páginas de Word, e cada vez que surge uma situação que nos leva a perder tempo analisando e interpretando demais, mudamos para o ano seguinte. Precisamos de simplicidade.

E é de simplicidade que a F1 precisa, também. É muito para a minha limitada cabeça, ter que assistir a um treino no qual voltas podem ser anuladas porque o piloto ganhou tempo por cruzar o limite da pista. Hora, se alguém cruza o limite da pista e ganha tempo, então a pista tem um grave problema. Ou, daqui a pouco, teremos que ter um fiscal por carro.

O nível de tecnologia que os carros atingiram é muito legal, mas ninguém se interessa por computadores ambulantes. As pessoas querem ver pegas interessantes e que premiem aqueles que forem mais rápidos. Corridas, e falo qualquer corrida, ganharam fama por serem competições em que o mais rápido vence, utilizando um carro com  quatro pneus e gasolina. Ponto final.

Vejam a Indy, ou a Nascar: os caras saem com tanque cheio e quatro pneus novos. Quando acaba, para troca e volta para a pista. Fazem isso quantas vezes forem necessários até que, ao final de x voltas, o mais rápido ou o mais inteligente vence a prova. Nessas categorias ninguém sente falta de KERS, ERS, Asa Móvel, pneus moles, duros, semi-moles, moles pra cacete, etc.

Não estou dizendo que a F1 tem que voltar a ser como era nos anos 70, não é isso. A evolução não pode parar, e já vivemos outras fases nas quais a tecnologia se tornou mais importante que os pilotos. E é nessa fase que estamos agora: é mais fácil saber o nome de um fiscal de pista, ou de um componente eletrônico, do que de um dos pilotos da Marússia. Isso é grave.

Como sempre digo aqui, a F1 precisa de novas cabeças, que enxerguem aquilo que fez dela um esporte popular e amado. E que possam resgatar elementos que tornem a experiência de assistir a uma corrida, algo que fique restrito ao esporte e às emoções que ele traz. Deixem as discussões de regulamento e tecnologia para quem entende delas.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A grana chegou


A equipe Sauber está salva da falência, pelo menos por enquanto. O time foi adquirido por um grupo de investidores chamado Longbow Finance. Os valores do negócio não foram divulgados. Com isso, Peter Sauber sai de cena, deixando a equipe que fundou, e com a qual chegou à F1, em 1993.

Curioso como são as coisas na Fórmula 1 atual. Fico feliz em saber que a grana desses investidores vai salvar o time suiço. Mas, por outro lado, é triste perder um cara como Peter Sauber, que realmente ama o automobilismo, colocando em seu lugar um bando de gente milionária que vai tirar o time de campo assim que perceber que a brincadeira não dá lucro. Já aconteceu diversas vezes na F1, não há espanto. Tanto as montadoras, quanto essa turma edinheirada, só quer saber de cifrões.

Espero que não descaracterizem a Sauber, pelo menos. A equipe entrou na F1 em 93, trazendo a Mercedes de volta para a categoria. Seus elegantes carros pretos desfilaram pelas pistas até o final de 94, quando o time assumiu o azul da RedBull e, depois, da Petronas. Em 2006, a equipe foi adquirida pela BMW. Os alemães se pirulitaram no final de 2009, devolvendo o time para Peter Sauber. Mas foi no período da montadora que a Sauber viveu sua melhor fase, vencendo uma prova no Canadá, em 2008, com Robert Kubica.

Muita gente boa passou pelos cockpits suiços. Além do próprio Kubica, tivemos Heinz Harald
Frentzen, J. J. Letho, Kimi Raikkonen, Nick Heidfeld, Giancarlo Fisichella e Sérgio Perez, entre outros notáveis. A equipe ainda tentou brilhar com gente em fim de carreira, como Andrea De Cesaris, Jean Alesi e Jacques Villeneuve, mas sem sucesso. Entre os brasileiros, tivemos Pedro Paulo Diniz, Felipe Massa e, agora, Felipe Nasr.

De 2010 para cá, a Sauber vem vivendo momentos difíceis, com uma enorme escassez de patrocinadores. Fez um bom carro em 2012, amparada pela grana vinda do México, mas foi só.

Não fosse a austeridade dos suiços, a Sauber poderia ser uma Minardi contemporânea. Não tem tanto carisma para isso, mas é uma equipe simpática, conduzida por um cara honesto, como é Peter Sauber. Tem o meu respeito.

Que sua história seja respeitada pelos milionários da vez.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Sobre largadas na chuva

Villeneuve, Alesi e Hill dividem a primeira curva, na Espanha:
que pessoal maluco, não? 

Sem me alongar muito, apenas assistam ao vídeo abaixo. É a largada do GP da Espanha de 1996, corrida na qual Michael Schumacher conseguiu sua primeira vitória pela Ferrari com uma atuação de cinema.

Está caindo uma tempestade sobre o circuito, maior até do que a que caiu em Silverstone, no último fim de semana. O procedimento de largada não foi alterado. Foi perigoso? Sim. Houve acidentes? Sim, houve um. Exigiu mais habilidade dos pilotos? Sim, muito mais. Mas, os 22 caras que correm na Fórmula 1 não são os melhores pilotos do automobilismo?

Gostaria muito de saber quem, nessa Fórmula 1 de meu Deus, concluiu que largadas com chuva, qualquer chuva, devem ser dadas com o Safety Car. Não entendo mesmo. O público quer ver os caras se arriscando, mostrando capacidade de pilotar os carros em qualquer condição. É isso que sempre fez da F1 a categoria que mais atrai a atenção de quem gosta de corridas.

Alô Bernie! Quem gosta de corrida, gosta de desafio. Quem quer ver desfile de carros bonitos, vai a uma exposição.





domingo, 10 de julho de 2016

RedBull já é a segunda força



Quando a temporada 2016 começou, a curiosidade era saber o quanto Williams e Ferrari estariam próximas da Mercedes. As duas eram consideradas as únicas capazes de desafiar o domínio de Lewis Hamilton e Nico Rosberg ao longo do ano.

Hoje, após a 10ª etapa, disputada em Silverstone, fica claro que a RedBull tomou o lugar dos ingleses e italianos, com base no equilíbrio do carro, na melhora substancial do motor Renault e, principalmente, na qualidade absurda de sua dupla de pilotos.

Em Silverstone, mais uma vez, Max Verstappen fez uma corrida magistral, se metendo entre as Mercedes enquanto a pista estava molhada e, depois, dando trabalho a Rosberg na disputa pela segunda posição. Enquanto isso, Daniel Ricciardo mostrou novamente muita regularidade para ficar com o quarto lugar, o que lhe garante uma ótima quarta posição no campeonato, a três pontos de Kimi Raikkonen.

Já Ferrari e Williams, mais uma vez, deram um show de horror. Na equipe italiana, Raikkonen conseguiu um bom quinto lugar e segue sendo o melhor piloto do time na temporada, justificando a renovação de contrato que ganhou neste fim de semana. Já Sebastian Vettel, mais uma vez, sofreu com problemas mecânicos nos treinos e, na corrida, cometeu diversos erros, incomuns para um piloto da sua categoria. Ao ultrapassar Felipe Massa, o alemão acabou acertando a lateral da Williams do brasileiro e ganhou um acréscimo de 5 segundos em seu tempo, no final da prova.

Felipe até fez uma prova razoável, pensando no carro que tem nesse momento. Parecia que iria marcar pontos mas a Williams resolveu chamar o brasileiro para os boxes faltando 12 voltas para o fim. Massa foi o único a fazer uma parada a mais, o que arruinou suas chances. Mas, também, passou a prova toda sendo pressionado por praticamente todos os pilotos do grid. Valteri Bottas, de quem sempre se espera algo, fez uma prova horrorosa hoje, rodando, saindo da pista, muito mal.

E assim, com seus pilotos terminando apenas na 11ª e 14ª posições, a Williams começa a ser ameaçada pela Force India, na luta pela 4ª posição do campeonato. Se isso não é andar para trás, não sei o que é.

Uma briga mais forte pela vice liderança entre as equipes faria muito bem a um campeonato que já está ótimo. Mas neste momento, isso parece estar bem longe de acontecer.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Carl Haas


Foi confirmada hoje, pela família, a morte de Carl Haas. Ele faleceu no último dia 29 de junho, de causas não divulgadas. Hass sofria do mal de Alzheimer, mas não se sabe se a doença tem alguma relação com a morte do ex-dirigente.

Ao lado do ator Paul Newman, também já falecido, Carl Haas foi o dono da equipe Newman-Haas, uma das mais importantes da história do Fórmula Indy. Por seus carros, quase sempre patrocinados pela rede de supermercados Kmart, passaram Michael Andretti, Nigel Mansell, Paul Tracy, Mário Andretti, Christian Fittipaldi, Cristiano da Matta, entre outros. Da Matta, inclusive, conseguiu seu único título na Indy pilotando um Lola Toyota da Newman-Haas.

Quem acompanhou as lendárias transmissões da Indy na década de 90, certamente se lembrará da figura que passava a corrida toda com um charuto enfiado na boca, sem jamais acender o artefato. O estranho hábito gerou algumas das mais engraçadas piadas da história, contadas por mim e por Fábio Campos, em passado não tão distante.

É mais uma lenda do automobilismo que se vai. Descanse em paz, grande Carl Haas.

domingo, 3 de julho de 2016

Buemi campeão na Fórmula E



Não acompanhei a temporada da Fórmula E com a devida atenção, mas assisti às duas provas finais, disputadas em Londres, neste fim de semana. Lucas di Grassi e Sebastien Buemi disputavam o título.

A corrida de sábado foi sensacional, com os dois fazendo um jogo de gato e rato, se espremendo para ultrapassar adversários em busca dos pontos que garantiriam a vantagem na prova de domingo. A corrida foi vencida por Nicolas Prost, seguido por Bruno Senna. Depois de 23 anos, um Prost e um Senna juntos no pódio, de novo. Bem bacana.

A corrida de hoje prometia com os dois postulantes à taça empatados em pontos e Di Grassi levando vantagem no desempate. Buemi saía na pole, com o brasileiro em terceiro. Na largada tudo normal, mas aí, na primeira curva, Lucas tentou uma manobra inexplicávelmente suicida e atropelou o rival. Com os carros danificados só restaria aos dois pegar o segundo monoposto e tentar a melhor volta, que na F-E, garante dois pontos. E deu Buemi.

Lucas di Grassi é um piloto que passa uma imagem de enorme profissionalismo e, por isso, não consegui entender a manobra que tentou. Segundo ele, Buemi freou antes, mas o que o suiço ganharia fazendo isso? Com os dois fora, seria dele o prejuízo.

Dessa forma, o título ficou de bom tamanho, nas mãos do piloto do time de Alain Prost. Que Di Grassi coloque a cabeça no lugar e venha para a próxima temporada a fim de decidir o título na pista.

Por fim, um elogio à Fox Sports que trocou a equipe de palhaços comandada por Flávio Gomes, pelo profissionalismo e sobriedade da dupla Sérgio Lago e Rodrigo Mattar. Com muita informação e a medida certa de descontração, a dupla comandou a transmissão na exata proporção da emoção, enaltecendo os bons momentos. Assim como Téo José e Felipe Giaffone, na Indy, Lago e Mattar fazem aquele tipo de transmissão acrescenta à corrida, sem querer ser mais do que ela. Espero que sejam mantidos.

Gigantesco



Desde 2012 não vemos, na Fórmula 1, uma disputa de título franca entre dois pilotos. Tivemos um esboço em 2014, mas a Mercedes meteu a colher na briga de Lewis Hamilton contra Nico Rosberg. Este ano, por mais que tente, a equipe não está conseguindo frear os ânimos de seus dois pilotos e, para a felicidade da torcida, parece que temos um campeonato.

Hoje, na Áustria, Rosberg e Hamilton disputaram a vitória como convém a dois pilotos que estão brigando pelo título. Ninguém deu mole. Ninguém aliviou. Ninguém quis deixar o companheiro passar para o bem do time. Que se dane o time.

Nico fez uma prova excelente, depois de largar em sétimo, devido às substituições que teve que fazer em seu carro após a batida no treino livre de sexta feira. Ultrapassou adversários e apostou em uma estratégia que ignorava a chuva que rondava o circuito. Hamilton preferiu ficar na pista, esperando a água cair e, como ela não veio, o inglês perdeu tempo e deixou a liderança no colo do companheiro.

Na segunda parada, Nico optou por supermacios enquanto Hamilton colocou macios. Após uma rápida reclamação pelo rádio, Lewis fez aquilo que todo piloto deve fazer: foda-se a estratégia, vamos acelerar. E ele acelerou com vontade para cima do companheiro. Na última volta Hamilton encostou de vez e colocou por fora na curva 2. Rosberg espalhou, os dois se tocaram, e Nico levou a pior. A asa dianteira de seu carro quebrou e ele ainda foi ultrapassado por Verstappen e Raikkonen, que vinham logo atrás. Hamilton cruzou a linha de chegada para obter uma vitória gigantesca. Agora, ele está a apenas 11 pontos de Rosberg no campeonato.

Rosberg jogou duro? Jogou. Poderia ter aliviado e garantido a segunda posição? Poderia. Mas quem está disputando um campeonato, não vai aceitar tomar um passão por fora na última volta de uma corrida. Não pode aceitar. Esse Nico é candidato ao título, não aquele de Mônaco, que abriu passagem para o companheiro de equipe, pelo bem do time.

Toto Wolf disse que vai recorrer a ordens de equipe, se seus pilotos não se comportarem daqui pra frente. Vai lá Mr. Toto. Quero ver é quem vai obedecer.

O GP da Áustria ainda trouxe um Max Verstappen espetacular, pilotando na parte final administrando pneus com mais de 40 voltas e segurando Kimi Raikkonen. Teve um décimo lugar sensacional de Pascal Wehrlein, marcando pontos para a Manor. Teve Felipe Nasr fazendo milagre com aquela carroça da Sauber. E teve Jenson Button voltando a andar entre os primeiros com a McLaren.

Por outro lado, vimos uma corrida ruim de Felipe Massa e de Valteri Bottas, numa pista em que a Williams costuma ir bem. Vai mal a equipe inglesa. E a Ferrari, mais uma vez, forçando a barra na estratégia com Vettel e vendo o pneu traseiro direito do alemão indo pelos ares no final da reta.

É uma boa Fórmula 1, essa que estamos vendo em 2016. Tem seus problemas mas está oferecendo bons espetáculos e o principal: uma insana disputa pelo título. O que mais podemos esperar?