terça-feira, 29 de março de 2011

Largada para a Indy em 2011



Tony Kanaan, na KV: Indy começa com cara de automobilismo das antigas


A Fórmula Indy é uma categoria das mais interessantes: quando assistimos a uma corrida, comparando com a Fórmula 1 atual, tudo parece meio mambembe, improvisado. E de fato, muitas vezes é mesmo. Por outro lado, é uma categoria que traz à tona um automobilismo que está praticamente extinto: donos de equipe arrumam patrocínio, chassi, motor e pneus, fazem um carro e contratam pilotos, pagantes ou não, para defenderem seus times em circuitos montados em ruas, ovais ou autódromos fechados. Não precisam de asas móveis, nem Kers, ganha o piloto que é mais rápido, as pistas não têm atalhos e se alguém cortar caminho, vai parar na grama. E, se sair da pista, vai achar o muro e ficar fora. Ou seja, é uma categoria que premia os melhores.


Ou os menos piores, haja visto a quantidade de batidas que tivemos na primeira etapa, disputada no último domingo, em São Pettesburgo, na Flórida. A pista ficava metade na rua, metade num aeroporto e o asfalto ruim de dar dó. Logo na primeira curva, Marco Andretti fez um strike, passou por cima de vários carros, entre eles Hélio Castroneves, capotou e, ao descer do carro, foi aplaudido pelo público. Fosse na Fórmula 1 seria multado, excomungado, enxotado, como pode, meu Deus, um piloto por em risco a vida dos outros desse jeito?


Mas na Indy pode, pode tentar ultrapassar, pode errar. Tudo faz parte do espetáculo. Assim como faz parte do espetáculo Tony Kanaan, que sentou no carro na semana da corrida pela primeira vez na vida, chegar em terceiro. Faz parte do espetáculo, Simona de Silvestro, pilota da melhor qualidade, chegar em quarto, pressionando Tony pelo pódio. Faz parte do espetáculo, Dário Franchitti e Will Power, campeão e vice do ano passado, andando juntos a corrida toda, se estudando, buscando a vitória.


A primeira etapa da Indy pode não ter sido um espetáculo maravilhoso. Mas mostrou que a categoria americana tem, ao menos, uma disputa mais legítima entre pilotos, e não entre dispositivos. Bernie podia passar uns dias com Tony George.

segunda-feira, 28 de março de 2011

GP da Austrália: F1 precisa se reavaliar totalmente


Button x Massa: bela briga, abreviada pelos atalhos de Melbourne



O GP da Austrália mostrou que a Fórmula 1 está precisando se estudar um pouco melhor. A primeira corrida do ano, vencida pelo campeão do mundo Sebastian Vettel, poderia ter sido muito melhor do que foi, se os dirigentes não tivessem inventado tantas regras artificiais para “movimentar” as corridas.


Isso mesmo. As ultrapassagens que ocorreram, não dependeram da tal asa móvel. E deixamos de ver inúmeras brigas por causa do excessivo número de paradas no box. Foram vários exemplos de pilotos que, ao ver seu desempenho cair pelo desgaste dos pneus, anteciparam suas paradas a fim de não perderem tempo.



Ultrapassagens são legais, mas são raras. Sempre foram, em qualquer época. Elas são o momento sublime da Fórmula 1, não devem ser banalizadas. Os dirigentes de hoje se comportam como se a F1 precisasse ser como uma corrida de Kart, na qual os pilotos ficam trocando de posições o tempo todo. Isso nunca aconteceu.



O que falta, na minha opinião, é pista. A briga de Jenson Button e Felipe Massa estava linda, no começo da prova. Mas Jenson, depois de muito tentar, cortou caminho para ultrapassar. Claro, depois foi punido, mas a briga não aconteceu mais. Ele cortou caminho, porque havia caminho para cortar. Nos vangloriados anos 70, 80 e 90 não havia asas móveis, nem Kers, nem pneus de papel. Havia pistas que obrigavam os pilotos a tentar ultrapassagens nos limites de seus traçados. Era daí que surgiam as brigas, as disputas de freada e, eventualmente, as batidas.



A Fórmula 1 evoluiu muito nos últimos anos. A segurança dos circuitos é inquestionável. Mas as amplas áreas de escape limitaram as brigas que sempre existiram e que, às vezes, geravam ultrapassagens. E isso não resolve com artificialidades.



GP da Austrália – Classificação final



1º) Sebastian Vettel – Red Bull Infinit Rápido, ele sempre foi. Agora, com o número 1 no bico do carro, ganhou confiança e segurança. Vai ser bem difícil segurar Vettel este ano. Fim de semana perfeito.



2º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz Chegou a ameaçar Vettel no início da prova, mas depois ficou para trás. Mesmo assim, mostrou uma evolução incrível da McLaren, após uma pré-temporada fraquíssima. Se continuar evoluindo, pode tentar impedir o bi-campeonato do alemão.



3º) Vitaly Petrov – Renault Parece que a falta de confiança da Renault, fez bem ao russo. Andou bem na classificação e na corrida, mostrando que o carro da equipe francesa tem potencial para bons resultados.



4º) Fernando Alonso – Ferrari Começou mal, com uma largada ruim, mas depois mostrou a velha garra de sempre. Esperava-se um desempenho um pouco melhor da Ferrari, já que o braço do espanhol fez clara diferença.



5º) Mark Webber - Red Bull Infinit Mal, muito atrás do seu companheiro de equipe. Depois do excelente 2010, parece que Webber vai voltar ao seu estado normal em 2011. Se voltar, bye bye emprego em 2012.



6º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz Proporcionou bela briga com Felipe Massa no início da prova, mas perdeu a paciência, ultrapassou por onde não podia e foi punido. Ainda se recuperou, mas perdeu feio para Hamilton o fim de semana todo.



7º) Felipe Massa – Ferrari Pior desempenho entre os pilotos das grandes equipes. Roda meio segundo mais lento do que Alonso e não parece demonstrar vontade nenhuma de se recuperar. É outro que, se não melhorar, dança no fim do ano.



8º) Sebastian Buemi – Toro Rosso Ferrari Foi bem combativo, mostrando que a Toro Rosso evoluiu bastante, em relação à 2010.



9º) Adrian Sutil – Force India Mercedes Benz Corrida correta do alemão, conseguindo pontos importantes. Mesmo assim, é possível notar que há uma pequena queda no desempenho da Force India em relação ao último ano.



10º) Paul di Resta – Force India Mercedes Benz Estréia marcando um ponto importante. Vindo da DTM, é uma atração interessante para a F1, principalmente por estar substituindo o fraco Vitantonio Liuzzi.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Finalmente...

O período que se situa entre os meses de outubro e março é sofrido para quem gosta de automobilismo. Claro, sempre se pode pensar que essa entre safra ajuda as corridas a não se tornarem comuns, como o futebol que acontece o ano todo, ou o vôlei, ou o tênis e por aí vai. Mas a verdade é que, infelizmente, todas as categorias de automobilismo começam a projetar o show da próxima temporada e nós, os fãs, temos que nos contentar com notícias de testes, factóides lançados pelos dirigentes, anúncios de contratações, dispensas, apresentações, coisas que pouco nos ajudam a matar a saudade.

Mas os motores começaram a roncar neste fim de semana, com a Stock Car e o WTCC em Curitiba. A Fórmula 1 já deveria estar na pista, mas precisou rever seus planos por conta da crise no Oriente Médio, e vai começar neste fim de semana, junto com a Fórmula Indy.

A Fórmula 1 passou os últimos quatro meses se desenvolvendo e, como sempre, trazendo polêmicas. A principal delas é o retorno do KERS, juntamente com a utilização da asa móvel, numa nova tentativa de aumentar o número de ultrapassagens. São mais dois comandos, num volante que já é cheio deles. Evidentemente, o excesso de trabalho, a mais de 300 por hora, preocupa os pilotos.

Também tivemos o lamentável acidente de Robert Kubica e sua substituição, a polêmica das duas Lotus, que deve chegar ao final antes da largada em Melbourne, o carro da McLaren, que pode ser bonito, mas não anda nada, a Red Bull e a Ferrari na frente, as surpresas de Toro Rosso e Williams.

Na Indy, acompanhamos o drama de Tony Kanaan que, por pouco, não arruma lugar para correr (fechou hoje com a KV) e vimos Bia Figueiredo conseguir um contrato para correr o ano todo.

E aqui, na nossa pátria de chuteiras, vimos declarações fortes de Felipe Massa e João Paulo de Oliveira constatando o óbvio: o nosso automobilismo está acabando. Nossas pistas estão entregues às traças, não formamos mais pilotos e nossas categorias de turismo são apenas politicagem pura.

Mas, enfim, é hora de acender o sinal verde (ou apagar as luzes vermelhas, como queiram). Hora de esquecer esses problemas e curtir o ronco dos motores, o cantar dos pneus, torcer pelos nossos ídolos.

Um ótimo 2011 para todos nós!