segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Nem Deus Senna salva

Torcida invade a pista e grita os nomes de Senna e Barrichello (!): F1 atual não conquista mais ninguém

A torcida brasileira invadiu a pista de Interlagos, após o aborrecido GP do Brasil de F1, gritando os nomes de Senna e Barrichello. Felipe Massa, inclusive, foi vaiado quando estacionou seu carro em frente às arquibancadas do setor A, após a prova. Na TV, a Globo perdeu em audiência para a Record, que passava um programa de auditório.

É um movimento a ser analisado, este da torcida brasileira. Gritar o nome de pilotos ausentes (um morto há 21 anos e o outro aposentado, alvo de chacotas diárias nas redes sociais) é muito mais um movimento de protesto do que de idolatria, ao contrário do que se possa imaginar. Duvido que alguém que assista corridas de vez em quando seja capaz de lembrar de Senna na pista, local onde era gênio, mas também errava e fazia corridas ruins, como qualquer piloto. E sobre Barrichello, melhor nem comentar. Apesar de ter tido uma carreira bastante relevante, o piloto jamais foi compreendido pela torcida, que agora se põe a gritar seu nome a plenos pulmões na arquibancada.

Há uma junção de fatores, mas todos eles passam pelo trabalho da mídia, especialmente da Globo. Ao ficar martelando a imagem de Senna como um Deus reencarnado, a emissora convenceu as pessoas de que, para ver Fórmula 1 de novo, é preciso que um novo Ayrton surja. Esqueçam. Isso não vai acontecer.

Some-se a isso o fato de que  os pilotos brasileiros que atualmente correm por lá, não ajudam em nada. Felipe Nasr tem potencial, mas está numa equipe de poucos recursos. E, pelo menos até agora, não mostrou nada que possa nos levar a classificá-lo como um ás das pistas, essa é a verdade. Já o outro Felipe, veteraníssimo, foi responsável pelo último grande momento do automobilismo brasileiro, quando decidiu e perdeu o título para Lewis Hamilton, em 2008. De lá para cá, sua carreira entrou em modo automático. Este ano, faz uma temporada apenas regular, nem melhor nem pior do que a de 2014. E, pelo segundo ano consecutivo, leva uma surra do excelente Valteri Bottas, seu companheiro de equipe, que está apenas na sua terceira temporada completa de F1.

Domingo, o público que foi a Interlagos, presenciou uma corrida ruim. Não havia nada em jogo, não há competição pela ponta. Tirando um ou outro arroubo de Pastor Maldonado (dêem uma Mercedes para esse cara!) e duas ultrapassagens belíssimas de Max Vertappen, nada mais aconteceu. Os carros não fazem barulho, parecem enceradeiras velhas. E Felipe Massa, para quem a maioria torcia, fez uma corrida horrível, burocrática, totalmente apagada. Em nenhum momento produziu nada que levanta-se a torcida.

Em tempos remotos, as corridas em Interlagos costumavam ser boas, porque a pista é boa. Mas, ao colocar seus carros super tecnólogicos na boa e velha pista paulistana, a Fórmula 1 mostrou que não é mais capaz de produzir um espetáculo empolgante para quem paga caro por vê-la.  Do jeito que está, o último que sair, que apague a luz.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Gritaram Barrichello?

Mas agora sério.
Esta busca por uma F1 que não existe mais, que está no passado é que estraga a coisa.
Não tem mais garagista ingênuo e nem pilotos românticos.
O que temos é isto, tem que saber entender e achar a beleza da atual fase da categoria.