quarta-feira, 28 de novembro de 2012

De pagante a procurado

A Williams acaba de anunciar aquilo que já sabíamos: Bruno Senna está fora da equipe em 2013. Será substituído pelo finlandês Valteri Bottas, protegido de Toto Wolf, sócio do time. Desde o início do ano, Bottas estava sendo colocado para testar nas sextas feiras de corrida, uma preparação para a futura titularidade que viria a adquirir. Para reverter este quadro, Bruno Senna precisava de uma coisa apenas: fazer uma temporada espetacular, que fizesse Frank Williams optar por ele como piloto talentoso, e não como piloto rico.

Mas isso não aconteceu. Bruno fez uma temporada boa, com algumas ótimas corridas, mas nada que chamasse a atenção. Demonstrou boa regularidade nas corridas, marcando 31 pontos no campeonato, 14 a menos que Pastor. Mas o venezuelano ganhou uma corrida, classificou-se 18 vezes na frente de Senna (largou 15 vezes na frente, já que foi punido em três oportunidades) e muitas vezes incomodou os líderes. Se não fosse tão afobado e irregular, poderia ter feito bem mais que os 45 pontos que marcou em 2012.
É isso que falta aos pilotos brasileiros. Me lembro de ter escrito isso sobre Nelsinho Piquet, ao final de sua primeira temporada na Renault: o brasileiro foi até razoavelmente bem, mas apostou na regularidade e não fez nada que chamasse grande atenção da mídia e das equipes.

Bruno foi pelo mesmo caminho. Mal nas classificações, apostou em corridas de regularidade e marcou pontos em metade das provas. Mas o que vale mais? Isso ou a sensacional vitória de Pastor Maldonado em Barcelona?

Mesmo assim, Bruno Senna ainda tem chance de buscar alguma coisa. As vagas estão na Catheram e na Force Índia. O brasileiro tem dinheiro e alguma experiência (2 temporadas e meia). Se conseguir alguma vaga, principalmente na equipe indiana, terá sua derradeira chance. Ou mostra serviço e deixa de ser apenas um piloto pagante, ou dá adeus de vez à Fórmula 1.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Decisão à moda Interlagos


Tinha que ser assim. Uma temporada com 8 vencedores diferentes e uma gama enorme de variáveis durante as provas merecia ser decidida em Interlagos, uma pista que parece não se cansar de produzir corridas imprevisíveis. Mas ontem, voltando para Belo Horizonte depois da corrida, fiquei pensando em como estruturar este post. E não cheguei a conclusão alguma. Como ainda não vi imagens pela TV, resolvi eleger os personagens principais da decisão e mostrar como foi a corrida, usando estes pilotos como base.

Vettel – O legítimo tricampeão



Tricampeão. É meio estranho se referir assim a um piloto de 25 anos, mas depois de ontem, não há discussão. Sebastian Vettel conseguiu o que parecia impossível até a metade do campeonato. Virou o jogo contra Alonso e garantiu o título em uma corrida épica, que lembra os grandes momentos do passado da Fórmula 1. Caiu para último depois de se enroscar na curva do lago. Em poucas voltas chegou ao 6º lugar. Depois tomou uma decisão equivocada ao colocar pneus para pista seca quando a chuva apertou. Voltou
aos boxes e foi prejudicado pela Red Bull que se enrolou toda na troca de pneus. Com o carro prejudicado pelo acidente do início, partiu insanamente para cima dos adversários, engolindo-os. No final, Michael Schumacher lhe cedeu a 6ª posição, mas nem precisava. Com Alonso em Segundo, garantia o título com o 7º lugar. Não é só um tricampeão. É um monstruoso tricampeão.

Alonso – Um ano inesquecível

Com um carro sofrível, Fernando Alonso fez uma temporada absolutamente espetacular. Ontem, quando fez a ultrapassagem dupla sobre Webber e Massa, levantou o autódromo de Interlagos que, curiosamente, torcia por ele. Mas o restante da corrida não foi como ele esperava. Alonso saiu da pista algumas vezes, brigou com o carro, terminaria em terceiro não fosse o presente de Felipe Massa no final. Largar em 7º e terminar em 2º, de Ferrari, é um resultado espetacular. Mas não o suficiente. Fernando Alonso merece um
carro vencedor na equipe italiana. Que ele venha em 2013.

Massa – Lágrimas do desabafo

Discordo de quem diz que Felipe Massa teve um ano para esquecer. Acho que ele teve 3 anos para esquecer, os 3 que correu com Fernando Alonso. E foi isso que ele parece ter percebido nessa segunda metade de campeonato, período no qual subiu de performance a cada corrida, tendo seu ápice no GP do Brasil. Em casa, Felipe fez uma corrida memorável. Depois de sofrer bastante com pneus slicks em pista molhada, ele se adaptou às condições do asfalto, superou Webber e fez uma ultrapassagem de mestre sobre Kobayashi na reta oposta. Partiu como um leão para cima de Fernando Alonso e superou o companheiro nos boxes. E depois, claro, precisou entregar a posição. No final, as lágrimas e os desabafos. Que sejam lágrimas de transição e de renascimento de um piloto que tem muito mais a oferecer à Ferrari do que as
performances pífias dos últimos anos. Que tem a oferecer a atuação soberba deste final de semana.

Button – O calculista

Não tenho dúvidas de que a dupla de pilotos da McLaren é a melhor do grid. E ontem , Hamilton e Button deram um show, descendo a reta oposta quase batendo rodas em duas oportunidades. Enquanto Hamilton deu azar em uma batida com Hulkenberg, Button seguiu seu caminho sem cometer um único erro sequer. Isso numa pista com asfalto imprevisível, hora seco, hora molhado, hora úmido. Um show de um dos melhores pilotos do grid da F1.

Hulkenberg – O intruso

No treino de sábado de manhã, quando a Force Índia de Nico Hulkenberg passou zunindo na reta oposta pela primeira vez, meu amigo Fábio Campos, o cara que mais entende de F1 que eu conheço bradou: “Esse alemão é foda. Você vai ver na Sauber, ano que vem”. Nem precisamos esperar tanto. Hulkenberg se meteu na disputa de gigantes dos personagens acima e liderou 30 voltas do GP do Brasil. Ele e Button foram os únicos a encarar o piso molhado de Interlagos com pneus slick. Não fosse o inexplicável Safety car enquanto estava em primeiro e seu erro na tentativa de ultrapassagem sobre Hamilton, Hulk poderia ter vencido a prova e igualado seu feito de 2010, quando marcou a pole em Interlagos. Como diria Fábio Campos, vamos ver na Sauber.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ferrari, Massa e as mutretas


Pelo que tenho visto e lido por aí, tem muita gente revoltada com a estratégia da Ferrari para a largada do GP dos EUA. Resumindo: Massa largava em 6º e Alonso em 8º, ambos do lado sujo da pista que, em Austin, parece ser mais sujo que o normal. A equipe então rompeu o lacre do câmbio de Felipe que, com isso, foi punido com a perda de 5 posições. Caiu para 11º e deixou Fernando Alonso em 7º lugar. A Ferrari emitiu uma nota sincera, dizendo que fez de propósito e que vai empregar todos os esforços
para conseguir o título.

Ora, se em 2002, com um carro quase um segundo mais rápido que a concorrência, a Ferrari tirou uma vitória de Rubens Barrichello para beneficiar Michael Schumacher na Áustria, qual a surpresa com a estratégia italiana na terra dos ianques? A Ferrari não tem o melhor carro e quer buscar o título que esteve próximo de Maranello o campeonato todo. Questões éticas não vão impedir a equipe agora. Se está dentro do regulamento, e a questão do câmbio está, então vão fazer.

E Felipe Massa não pode reclamar de nada. Está na Ferrari desde 2006 e sabe exatamente como a equipe trabalha. E se renovou seu contrato para 2013, é porque de certa forma concorda com os métodos. E mais: se foi vítima de mais uma mutreta da sua equipe é porque, mais uma vez, está na posição de 2º piloto. Se tivesse tido um desempenho razoável este ano, poderia estar disputando o título e aí a conversa seria outra. Mas não está.

Querem saber? No fim das contas, o culpado é Massa. Como era Barrichello. Segundo piloto só é segundo piloto por estar atrás na pontuação. Se estivesse parelho, a situação seria outra. Lembrem de Webber em 2010, que disputou o título com Vettel e Alonso até o final. Foi tratado como protagonista, assim como o companheiro. Em 2011 foi mal e virou escudeiro de novo. Simples assim.

domingo, 18 de novembro de 2012

Em Interlagos, de novo


Ficou para o Brasil. Isso era esperado. O que não era esperado é a diferença de pontos entre primeiro e segundo colocados no mundial: Vettel tem 13 pontos sobre Alonso, o que não reflete o equilíbrio geral da temporada. Mas reflete o que foi a reta final, quando a RedBull achou os segundos que faltavam ao seu ótimo carro e ainda melhorou a confiabilidade do modelo (menos para Webber, coitado).

Essa diferença de pontos faz com que Alonso precise vencer o GP do Brasil, no próximo domingo, e torcer para que Vettel termine em 5º lugar. Difícil? Muito, mas não podemos esquecer de um fator importante: Interlagos. A pista paulistana é, talvez, a mais imprevisível do mundial, com seu asfalto irregular, suas curvas desafiadoras e, principalmente, o clima instável de São Paulo. Essas são as apostas da Ferrari e de Fernando Alonso.

Ferrari que começou o GP dos Estados Unidos mostrando que vai lançar mão de todos os artifícios possíveis para levar o título. Hoje, mandou trocar o câmbio de Felipe Massa para que o brasileiro, que largasse em sexto perdesse 5 posições e cedesse uma à Fernando Alonso, que largava em 8º. E deu certo. Alonso aproveitou o lado mais limpo da pista para ganhar três posições na primeira curva e pular para quarto. E não tem nenhuma surpresa na decisão da Ferrari. Certo ou errado, a equipe trabalha assim.
Mas Alonso fez uma corrida apagada, chegando só em terceiro, muito atrás dos dois primeiros. A sorte dele é que Hamilton estava endiabrado e perseguiu Vettel o tempo todo, ultrapassando na metade da corrida para vencer.

Mas a ótima pista de Austin proporcionou brigas muito boas, envolvendo Raikkonen, Hulkenberg, Grosjean, Senna, Maldonado, Button e Massa. Felipe fez uma ótima corrida, e ainda foi responsável por uma das mais belas ultrapassagens da prova, sobre Raikkonen no finalzinho. O brasileiro realmente resolveu andar bem quando já era tarde demais.

Agora, vamos ver como será o decorrer da semana da decisão. Os dois melhores pilotos da atualidade, num duelo dentro e fora da pista. Como nos velhos tempos!