terça-feira, 31 de março de 2009

Pensamentos sobre Nelsinho Piquet


Aproveitando o comentário do leitor Anselmo Coyote, que gerou debate no post sobre a corrida da Austrália, resolvi falar um pouco mais sobre Nelsinho Piquet.

Não tenho nada contra ele, apenas o fato de que ainda não me convenceu como piloto de Fórmula 1. Isso acontece com muita gente: fazem uma carreira brilhante nas categorias de base, mas quando chegam na F1 não se dão bem. Muitas vezes porque pegam carros ruins, ou muitas vezes porque não se mostram a vontade naquele meio hostil. E ainda existem aqueles que tentam, tentam, e não conseguem uma vaguinha sequer, para correr.

Em 2008, apesar de reconhecer que fez uma temporada razoável em termos de resultados, afinal foram 19 pontos num ano de estréia, senti falta de uma corrida inesquecível do brasileiro. Sim, ele até conseguiu um espetacular 2º lugar na Alemanha, mas isso foi circunstancial. Se aproveitou de uma bandeira amarela, causada por Timo Glock e apareceu na ponta.

Mas eu tenho para mim que um piloto, principalmente num ano estréia, precisa chamar a atenção. Resultados contam, é claro, mas é preciso balancear as duas coisas. Se além dos 19 pontos, Nelsinho tivesse feito duas corridas inesquecíveis para colocar no currículo, talvez sua autoconfiança estivesse maior. Quando digo corrida inesquecível, me refiro àquela, em que o cara treina que nem um leão, passa ao Q3, põe pouca gasolina e larga lá na frente. Na corrida, com o carro mais leve, ele mete a faca nos dentes e sai passando todo mundo. Aí se o carro quebrar, ou mesmo se ele for prejudicado por causa desta estratégia e não conseguir marcar muitos pontos, pelo menos, chamou a atenção da torcida e da imprensa. Foi assim, por exemplo, que Juan Pablo Montoya despontou na categoria, num GP do Brasil em 2001.

Em nenhum momento Piquet fez isso em 2008. Foram raras as vezes em que passou ao Q3, ficou atrás de Alonso em todas as classificações e, em corrida, cometeu vários erros. Rodou, bateu sozinho, se enroscou com outros pilotos, enfim, poderia ter tido um ano bem mais produtivo.
Piquet tem talento, se não tivesse, não estaria na F1. Corre ao lado do melhor piloto do grid, na atualidade, o que é sempre um fator complicador. Mas precisa, urgentemente, mostrar algo mais. Caso contrário, sua aventura na Fórmula 1 não deverá durar muito.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Ê Stock...

A Globo deu uma forcinha para os telespectadores e resolveu passar só a parte final da prova de abertura da temporada da Stock Car. Preferiu transmitir o jogo de Futsal Brasil x Irã, válido pelo importantíssimo... é... o que mesmo? Enfim, vimos o final da prova, mas não foi preciso ver muito mais para concluir: a categoria começou muito mal.

Estava na cara que ia acontecer algum problema com os novos carros, que não foram suficientemente testados. Não é nada bom, para uma categoria que vende uma imagem de profissionalismo e organização, estrear carros novos e ver mais de dez pilotos tendo seus capôs voando pelos ares. E o pior caso foi o de Ricardo Zonta, que fez uma corridaça e foi desclassificado por causa de um erro da organização.

Uma coisa é o piloto ser punido por um erro seu ou da sua equipe. Outra coisa é o cara ver o capô do carro que é fabricado para todos os pilotos pela mesma empresa voar pelos ares e ter que responder por isso.

Gosto da Stock Car, reconheço o esforço que é feito para viabilizar uma categoria de carros de turismo no Brasil, mas ela ainda precisa caminhar muito. Ao ver o novo carro pela primeira vez, pensei que essa caminhada estivesse começando, mas pelo jeito, me enganei.

Imagem da semana

A alegria genuína depois do trabalho bem feito...

domingo, 29 de março de 2009

Pitacos da Austrália

Bela corrida, uma prévia maravilhosa do que pode ser o campeonato em 2009. Gostei de ver os carros entrando na reta colados uns nos outros, uma prova de que o regulamento que os transformou em trapizongas horrorosas pode ter mesmo funcionado. Então esqueçam o que comentei no post sobre os treinos livres: os carros estão lindos agora, já que são funcionais!

O Kers também poderá ajudar no espetáculo, como mostrou Lewis Hamilton. E espero que a FIA não invente punição para estes difusores, já que são uma interpretação do regulamento que parece correta. E, de mais a mais, a Red Bull mostrou que um bom carro não necessariamente se faz só com difusores. Sem eles, Vettel deu uma canseira em Jenson Button. E vamos aos pitacos:

_Os elogios à Brawn GP já foram feitos no post anterior. Agora um alerta: o passado de Ross Brawn nos mostra que ele prefere um sistema de “1º e 2º pilotos”. Portanto, Rubens Barrichello precisa ficar esperto, porque Jenson Button já mostrou que não está para brincadeira este ano.
_ Rubinho largou mal e fez uma corrida discreta, dando sorte no final. Ao passo que o inglês demonstrou uma segurança incrível a corrida toda. Aliás, é impressionante como o talento de Button só aparece quando tem um carro bom nas mãos.

_ Dúvidas quanto ao comportamento de Lewis Hamilton no meio do pelotão? Largou em 18º e chegou em 4º, que virou 3º com a punição a Trulli. Deu um show na corrida.

_ Nelsinho Piquet fez uma largada inteligente e vinha bem na prova, até cometer mais um erro. Está ficando difícil defender o piloto. Começo a dar razão a Flávio Briatore, que não tem nenhuma paciência com ele.

_ Não vou achar culpados na batida entre Kubica e Vettel. Um tentando ultrapassar e o outro tentando se defender. É isso que a F1 precisa. Apesar do acidente, palmas para os dois.

_ Mal a Ferrari. Eles sempre vão mal na Austrália e, como já tinha dito antes, não há motivo para desespero. O carro não é uma máquina de outro mundo, mas com desenvolvimento adequado, pode voltar a dar trabalho.

_ Bela corrida de Alonso. Belíssima de Trulli. O italiano acabou punido e perdeu o terceiro lugar, mas isso não apaga seu brilho na corrida, depois de ter largado na última fila.

Ao longo da semana, vamos falando mais sobre o GP.

A Austrália e a vitória do automobilismo

A imagem de Jenson Button, Rubens Barrichello e Ross Brawn, abraçados no lugar mais alto do pódio, é uma das mais marcantes do GP da Austrália, disputado esta madrugada em Albert Park. Há um mês atrás estes três mal sabiam se suas carreiras teriam continuidade. E nesses último dias viveram uma realidade com cara de sonho: montaram uma equipe independente, conseguiram motores da Mercedes, colocaram seus carros para correr, arrepiaram nos testes e, no primeiro fim de semana de corrida do ano, passaram praticamente o tempo todo na frente dos adversários.

É disso que Fórmula 1 precisa: pessoas que têm vontade, que gostam de corridas e não necessariamente, que precisem de lucro o tempo todo. Espero, do fundo do meu coração, que Brawn GP consiga desenvolver seu excepcional carro durante o ano, ande na frente e faça essas montadoras repensarem seus papéis, abrindo caminho na Fórmula 1 para aqueles que, de fato, gostem de corridas.

Parabéns a eles, e a todos os mecânicos que trabalharam incessantemente neste carro, mesmo sem saber se ele iria para a pista. Independente do que aconteça ao longo do ano, vocês já são campeões.

Já já, dou meus pitacos sobre a corrida.

sexta-feira, 27 de março de 2009

O que já podemos falar...

Finalmente os carros foram para a pista. E, como sempre, valeu a pena esperar. A Fórmula 1 começou bastante interessante e o desavisado que pegar o tabela de tempos dos primeiros treinos livres, vai pensar que está vendo ela de cabeça para baixo. Mas não, as independentes Brawn e Williams colocaram as montadoras no bolso, o que arrancou um sorriso discreto, no canto da boca deste que vos escreve. É claro que muita coisa pode, e vai mudar, não só na corrida de domingo, mas ao longo de toda a temporada. A princípio, algumas constatações:

_ Apesar de Kovalainen ter andado bem na primeira sessão, a McLaren parece estar fora da disputa, num primeiro momento. Estou curiosíssimo para ver Lewis Hamilton andando no meio do pelotão.

_ Me preocupa a Renault. O carro parece ser ruim mesmo e Alonso só conseguiu a 12ª posição depois de lutar bastante com o bólido. Má noticia para Nelsinho que ficou em penúltimo lugar. Tudo que ele não precisava neste momento de afirmação era de um carro mal nascido.

_ Brawn GP. Para mim, não precisa fazer mais nada. Olhar para os dois últimos anos e ver o lixo que era a Honda e agora, ver os carros “marca texto” de Button e Barrichello andando na ponta, dando trabalho, sendo rápidos e competitivos, é algo inimaginável. Espero que arrumem um patrocínio logo para poderem desenvolver o carro sem ficar pelo caminho.

_ A Williams foi a surpresa, mas lembro que no ano passado foi a mesma coisa. Assim como Brawn e Force India, os ingleses vão precisar de dinheiro para desenvolver o carro, coisa que não aconteceu em 2008. Torço, sinceramente, para que consigam.

_ A Ferrari certamente vai se intrometer nas primeiras posições. Pode não ter feito um carro “de outro planeta” como nos outros anos, mas acho que estão bem. Não há motivo para pânico.

_ Olha, juro que estou tentando, mas vai ser difícil acostumar com o visual novo dos carros. Dizer que ficaram feios, chega a ser um elogio. Estão pavorosos. E dentro de toda essa monstruosidade, acho que a Williams foi a que conseguiu um desenho e uma combinação de cores que melhor se integrou à essas asas medonhas que foram adotadas. Já a BMW... Bem, deixa isso para lá. Se a coisa ficar mais competitiva, nada disso importa.

quinta-feira, 26 de março de 2009

É hoje!

Começam hoje os treinos para o GP da Austrália, a abertura da temporada da Fórmula 1. E, conseqüentemente, termina a agonia dos fãs do automobilismo, único esporte no planeta que obriga seus torcedores a ficarem cerca 5 meses em jejum. Mas a estréia de um mundial, acaba valendo cada segundo da espera, só pelo prazer de ver os motores roncando novamente.

E desta vez há algumas expectativas especiais, que trazem um clima diferente de anos anteriores: como será o desempenho da Brawn GP? As novas regras vão ou não beneficiar as ultrapassagens? A McLaren errou a mão mesmo, ou está blefando bonito? E, se errou a mão, como será que Lewis Hamilton vai se comportar andando no meio do grid, coisa que ele não fez até hoje?

Teremos todas essas respostas na madrugada de sábado para domingo. A princípio, arrisco alguns palpites: A Brawn GP vai andar bem, talvez belisque um pódio. Tecnicamente as novas regras vão beneficiar as ultrapassagens. Resta saber se os pilotos vão se arriscar, já que a falta de ultrapassagens é um problema mais do que técnico. É também mercadológico. Bater um carro significa ficar menos tempo em exposição o que, conseqüentemente, significa menos dinheiro entrando na conta. Seria muita imbecilidade da McLaren blefar a este ponto. A julgar pelas declarações de todos da equipe, inclusive Hamilton, estou achando que eles estão fora da disputa este ano.

Será que acertei? Saberemos em breve...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Crise na Stock Car

Estava na cara que ia acabar acontecendo. Crise mundial, novos carros carecendo de desenvolvimento, dificuldades de se conseguir patrocínio. O resultado disso: Stock Car deixando para realizar seus treinos coletivos a menos de uma semana da estréia da temporada 2009, com carros que sequer tinham ido à pista uma única vez. E foi exatamente nestes testes que um grave acidente poderia ter custado a vida de Cacá Bueno, uma das estrelas da Stock. Seu carro se incendiou de repente, e o piloto teve dificuldades para se soltar do cinto e deixar o bólido, chegando a desmaiar. Foi retirado pela equipe médica.

Antes de sair apenas criticando, é preciso dizer que esses treinos estavam agendados para serem realizados bem antes, mas não havia pilotos suficientes para ocupar os carros. Infelizmente, a crise fez com que as empresas recuassem em seus patrocínios esportivos, trazendo dificuldades para os pilotos que só conseguiram confirmar participação na temporada 2009 há poucos dias.

O grande problema é que neste ano, os treinos são fundamentais para a categoria, que estréia novos carros, mais modernos, bonitos e seguros. Mas que precisam ser testados. Principalmente porque, segundo vários pilotos, o novo carro apresenta problemas no escapamento que esquenta demais, aumentando muito a temperatura dentro do carro. Foi o que levou ao acidente de Cacá.

E agora? A temporada já vai começar e há um problema grave a ser resolvido. Alguns pilotos e até donos de equipe, estão dizendo que se recusam a correr. Não sei não mas, se essa corrida for realizada, e um acidente assim acontecer, será um vexame total, um risco quase irreparável na imagem da categoria. Se eu fosse dirigente, preferiria arcar com o ônus de um adiamento a correr o risco de ter o filme, literalmente, queimado. Vamos esperar para ver a solução que será dada.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Aí vem a Fórmula 1

Meu Deus! Depois de tanto tempo sem escrever, é praticamente impossível eleger um tema a se destacar da pré-temporada da Fórmula 1. Mas, às vésperas da largada para a temporada 2009, é preciso fazer um esforço para, pelo menos, chamar atenção para aquilo que mais me surpreendeu.

Apesar da tentação, não vou falar agora das regras estúpidas anunciadas e, depois, “desanunciadas” por Bernie e seus asseclas. Prefiro falar da Brawn GP.

Saudosista que sou, não posso deixar de falar que, apesar das constantes mudanças, não evitei um sorriso no canto da boca ao ver que a poderosa montadora Honda, abriu caminho para uma equipe independente. Sim, sou fã delas e, sinceramente, gosto da Fórmula 1 como era a algum tempo: equipes formadas por fãs de automobilismo, que iam atrás das montadoras para conseguir motores. E não pelas próprias montadoras, que a cada sinal vermelho do mercado financeiro, ameaçam se retirar da categoria.

Brawn GP, Williams e Force Índia. São as independentes do momento, que contam com a minha torcida. E, focando a equipe de Ross Brawn, alguém poderia prever algo tão estarrecedor quanto o desempenho destes carros na pré-temporada?

Rememorando: depois de especular o nome de Deus e todo mundo para comprar o espólio da “falida” Honda, Ross Brawn foi anunciado como novo dono da equipe, há uma semana do início dos testes em Barcelona. Os pilotos? Rubens Barrichello (comento ao longo da semana) e Jenson Button. As primeiras fotos do carro, limpo de patrocínios, já dava a impressão de que a equipe iria mesmo compor o fim do grid.

Mas a Brawn GP, com motores da Mercedes-Benz, passou pela pré-temporada na Espanha (Jerez de la Frontera e Barcelona) como um furacão. Num dos testes, Rubens Barrichello chegou a enfiar um segundo na Ferrari de Felipe Massa. Blefe? Acho que seria uma burrice tremenda blefar em todos os testes, precisando desenvolver um carro para uma temporada inteira.
Essa é a maior curiosidade da Fórmula 1 até aqui. Como será o desempenho da Brawn GP na Austrália e, porque não, no restante da temporada.
E chega, porque este post já está grande demais. Ao longo da semana, falaremos mais sobre automobilismo, Fórmula 1 e muita velocidade.

Começar

Começar é sempre difícil. Portanto, é melhor começar indo direto ao assunto, sem muitos rodeios. A idéia deste blog é exatamente essa. Ir direto ao assunto. Aqui vamos falar de velocidade, carros, corridas, enfim, tudo que tem motor, volante, quatro rodas e que ande, vai estar aqui.

Vocês que se acostumaram a ler meus textos no Grid GP, vão continuar a lê-los aqui. Com o mesmo cuidado e qualidade. E vamos direto ao assunto, porque tem muita coisa para se falar.