segunda-feira, 30 de julho de 2012

Iceman e a língua queimada




Quando a Lotus anunciou a contratação de Kimi Raikkonen, como primeiro piloto da equipe, ao lado do novato Romain Grosjean, critiquei bastante a equipe aqui no blog. Escrevi que era uma bobagem achar que Raikkonen seria capaz de liderar um projeto, visto que ele nunca demonstrou esse talento em especial. Rápido ele sempre foi, mas correndo com carros rápidos. Precisando trabalhar para fazer com que o carro seja competitivo, como foi na Ferrari, em 2009, o finlandês não era eficaz. Errei feio.

Primeiro porque, claro, a Lotus deu um salto em relação à 2011, e produziu um bom carro para este ano. E segundo porque a experiência no Rali parece ter feito muito bem a Kimi Raikkonen, que voltou à Fórmula 1 pilotando como nunca. Unindo sua incrível rapidez, à uma surpreendente regularidade, Raikkonen terminou todas as corridas deste ano e ocupa a 5ª colocação no mundial de pilotos, apenas 48 pontos atrás do líder Fernando Alonso. Tivesse um carro um pouco melhor, estaria na luta pelo campeonato.

Na Hungria, Raikkonen foi o único a ganhar um número expressivo de posições entre os primeiros colocados, largando em quinto e terminando em segundo, pressionando Lewis Hamilton pela vitória. Numa corrida em que ninguém ultrapassou ninguém, Raikkonen acelerou fundo durante a utilização de seu segundo jogo de pneus e, ao voltar do pit stop, dividiu a curva com seu companheiro Grosjean e levou a melhor. No final, andou perto de Hamilton mas o inglês não cometeu um único erro, o que seria o suficiente para que Raikkonen o ultrapassasse.

Não acompanhei sua carreira no mundial de Rali, mas está na cara que a experiência por lá ajudou Kimi a aprimorar seu estilo. Se antes o finlandês usava velocidade pura durante todo o fim de semana, às vezes sacrificando o carro, agora ele opta por pensar a etapa como um todo, às vezes abrindo mão da classificação para surpreender na corrida.

Até o final do ano, deverá subir ao alto do pódio, o que será ótimo para o campeonato. Raikkonen é bom de qualquer jeito mas, motivado, é quase imbatível.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

E a batata assa...

De acordo com essa matéria, do site Tazio, a Ferrari não exerceu a opção de renovação automática do contrato de Felipe Massa, que tinha validade até ontem (26/07). É só juntar alguns fatos, para fazer uma leitura mais adequada da situação:

1) Os resultados do brasileiro, desde 2010, cada vez mais lamentáveis.
2) As declarações públicas de cobrança dos dirigentes da Ferrari, feitas a cada mau resultado, ou seja, a cada final de corrida.
3) A pressão da mídia italiana
4) A entrevista de Webber ao site da RedBull, na qual o australiano admite ter conversado com a Ferrari sobre um contrato para 2013.

Está na cara que a Ferrari não tem mais Massa em seus planos para o futuro. Mas também não quer colocar Sérgio Pérez como escudeiro de Alonso, já em 2013. Por isso tentaram contratar Webber. E por isso deixaram expirar a opção de renovação com Massa.

Dessa forma, a equipe italiana fica com duas cartas na manga: caso o brasileiro melhore muito, mas muito seu desempenho este ano, oferecem mais um contrato ao brasileiro, com um salário bem menor, para que ele esquente lugar para um novo piloto em 2014. Se ele continuar nessa toada, leva um chute nos fundilhos e a equipe vai buscar gente experiente que possa segurar o lugar até a chegada de Perez (ou até mesmo Vettel, como se especula). Opções não faltam. Adrian Sutil é rápido e tem certa experiência, Heikki Kovalainen vem fazendo um ótimo trabalho na Caterham, e já correu na McLaren, inclusive venceu uma prova. Os dois fariam bem mais do que Felipe vem fazendo.

Opinião minha: Massa está fora em 2013. Mas ainda tem meia temporada para provar a alguma equipe média que pode colaborar com ela a partir de 2013. Caso contrário, nem isso vai conseguir.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Os fiscais e a grama


Observe a manobra do vídeo acima. Uma ultrapassagem de Alessandro Zanardi sobre Bryan Herta, na última volta do GP de Laguna Seca da Indy, em 96. A curva é a famosa saca-rolha que, junto com a Eau Rouge, de Spa Francorchamps, talvez seja a mais espetacular de todas. Se essa corrida valesse pelo campeonato 2012 de Fórmula 1, essa manobra, uma das mais incríveis que já vi no automobilismo, não ocorreria.

Não ocorreria, porque Zanardi ultrapassou os limites da pista e precisou completar sua manobra numa parte de areia, uma incrível demonstração de habilidade e capacidade de controle do carro, inclusive para fugir do muro que estava próximo. Se fosse na Fórmula 1 2012, Zanardi encontraria uma enorme área de escape, não precisaria se preocupar com muro nenhum, porque ele não existiria. O italiano cortaria caminho e, se não devolvesse a posição, seria punido no final. Mas isso seria justo?

Em nome da segurança, nos últimos anos, a Fórmula 1 expandiu as suas pistas para além do limite do traçado. Foram construídas áreas de escape gigantescas, a parte interna das curvas também foi asfaltada. Sair com o carro do traçado não prejudica o equipamento em nada. A punição natural que ocorreria, a sujeira da grama grudada nos pneus ou um toque no muro, foi substituída pela ação dos fiscais. São eles quem decidem se punem ou não, frustrando o público e, o pior, inibindo pilotos de tentarem manobras mais ousadas.

A briga Vettel x Button do último domingo, aconteceria da mesma maneira se, do lado de fora do grampo, houvesse grama ao invés de asfalto. Vettel teria só que escolher o caminho: passar pela grama e sofrer as consequências, como fez Zanardi em Laguna Seca, ou recolher para não bater, o que também não seria condenável. Mas não havia grama lá. Havia asfalto, que os caras da FIA mandaram colocar, para aumentar a segurança. E, como havia asfalto, Vettel se jogou lá e acelerou. Como fez Schumacher contra Trulli, em 2003. E o alemão não foi punido.

OK, segurança é importante, mas ali não era mais área de escape. Podia ter grama. Sei lá, é preciso fazer alguma coisa. Se não fizerem, é melhor salvar aquele vídeo lá de cima nos favoritos do Youtube. Porque é só lá que vamos conseguir ver manobras como esta.

domingo, 22 de julho de 2012

Haja paciência...

Se na pista a Fórmula 1 atual é a mais sensacional da história recente da categoria, fora dela a coisa vai de mal a pior. Hoje foi um belo exemplo. Tivemos uma corrida movimentada em Hockenheim, não tão movimentada quanto as outras da temporada, mas na medida do possível. No final, Sebastian Vettel, que economizou pneus para atacar Jenson Button no fim, fez a ultrapassagem no grampo, da parte nova do circuito. Para se defender, Button fez aquilo que os pilotos passaram a fazer desde que as áreas de escape foram asfaltadas: espremeu Vettel, que fez o que todos os pilotos também passaram a fazer depois que as áreas de escape foram asfaltas. O que? Se jogou nela e completou a manobra. A FIA puniu o alemão com 20 segundos e ele caiu para quinto no final.

Um belo dia, alguém teve a brilhante idéia de asfaltar as áreas de escape das pistas da Fórmula 1 porque, segundo a convenção geral, a brita era perigosa por causar capotamentos. E a grama não segurava os carros em caso de uma escapada. Ótimo. Mas, com isso, deu aos pilotos a chance de cortar caminhos por ali e desde então temos visto um festival de incoerências.

Em 2008, Hamilton cortou caminho na Bélgica para ultrapassar Felipe Massa. Foi punido. Em 2007, Massa e Kubica se estapearam na pista e fora dela em Fuji. Nada aconteceu. Portanto, qual o critério? A desculpa para a punição de hoje foi a de que os “pilotos combinaram”. E por isso, nem Vettel nem Red Bull reclamaram de nada. Quem perde? O público, que vê a disputa na pista, vê o pódio, e quando chega em casa descobre que o resultado é outro.

E como o resultado final foi alterado, estou sem saco para comentar a corrida. Ainda mais que Alonso venceu como sempre e os brasileiros fizeram uma corrida desastrosa. A boa notícia foi a volta de Jenson Button ao pódio. Uma pena que isso ocorre tarde demais. O campeonato está nas mãos do espanhol. Ainda mais, com a ajuda da FIA.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Webber na Red Bull em 2013 - Algumas reflexões




Como todos já sabem, Mark Webber renovou com a Red Bull por mais um ano. Uma notícia que leva a algumas reflexões interessantes.

A primeira delas é de que, obviamente, a equipe confia bastante na sua dupla de pilotos. Hoje os dois são os únicos que surgem como rivais de Fernando Alonso na luta pelo título. Tanto Webber quanto Vettel estão em ótima forma, o carro energético parece ser melhor que o da Ferrari e o australiano vem tendo performances melhores que o do companheiro bi-campeão.

Com o enfraquecimento da McLaren e a irregularidade de Mercedes e Lotus, o campeonato começa a ficar polarizado entre esses três pilotos, o que só aumenta a responsabilidade de Felipe Massa. Seu papel fica claro: tirar pontos dos pilotos da Red Bull. Com isso, conclui-se que, apesar de ter feito sua melhor apresentação do ano na Inglaterra, o quarto lugar ainda não é o que a Ferrari espera dele. E Felipe ainda vai precisar mostrar mais. Neste momento, sua renovação de contrato para 2013 está apenas em suas mãos. Se conseguir ajudar Alonso na missão de vencer os rivais austríacos, fica na equipe italiana. Caso contrário, Perez surge como seu substituto.

E por último, e mais importante: a Red Bull parece ainda não estar segura sobre o substituto do australiano, que já tem 35 anos. O que coloca o projeto da Toro Rosso na corda bamba. A equipe, declaradamente um laboratório de futuros pilotos da equipe austríaca, só conseguiu revelar Sebastian Vettel até hoje. E, mesmo assim, o alemão é fruto da escola de pilotos da BMW. No ano passado, a equipe dispensou Sebastian Buemi e Jaime Alguersuari, desperdiçando dois anos de investimento nas jovens promessas. Em 2012 nem Jean Eric Vergne, nem Daniel Ricciardo conseguiram performances consistentes.

Vale a pena manter uma equipe satélite para revelar pilotos, sendo que ela não revela ninguém? Dietrich Mateschitz deve estar com a calculadora nas mãos.

Quanto a Webber, a renovação é merecida. É um piloto que melhorou muito com o passar dos anos e, se não é brilhante, tampouco dá vexames. Em 2010 poderia ter sido campeão, se não tivesse se estropiado num estúpido acidente de bicicleta. Mark nunca aceitou a ser segundo piloto, mas lutou pela condição de protagonista na pista. De presente, ganhou a permanência na equipe e a confiança dos patrões. E merece o nosso respeito.

domingo, 8 de julho de 2012

Alonso já tem seu principal rival no campeonato

Pela segunda vez no ano, os pneus venceram Fernando Alonso. Mas, se no Canadá, o atual líder do campeonato perdeu várias posições, dessa vez ele conseguiu se segurar em segundo, uma posição importantíssima para ele na briga pelo título. Muito embora, sua cara no pódio estivesse de pouquíssimos amigos.

Talvez ele estivesse pensando no erro estratégico que cometeu, ao escolher pneus mais duros logo na largada. Como ninguém sabia direito o comportamento dos pneus em Silverstone, já que choveu em todos os treinos, Alonso achou que sair com compostos duros o deixaria em vantagem. E deixou mesmo. O problema foi que, na primeira troca, ele manteve a borracha mais dura o que o obrigou a fazer o último trecho de macios. Um erro fatal.

Seus pneus acabaram rapidamente e Webber aproveitou para fazer uma bela ultrapassagem e tomar a ponta a quatro voltas do fim.

O australiano vai se consolidando como principal rival de Alonso no campeonato, o que é uma surpresa, em se tratando de um piloto que começou o ano mal.

A prova, como de hábito em 2012, foi movimentadíssima, com várias e belas ultrapassagens. Destaque para Felipe Massa que dispensou a asa móvel e fez a mais bonita manobra da corrida, ao ultrapassar Michael Schumacher no começo da prova. Massa fez sua melhor corrida do ano, desconfio que esse seja seu limite com o carro da Ferrari.

Bruno Senna, também fez uma boa prova. Não entendo muito bem porque as pessoas vêm criticando tanto o brasileiro. Na minha opinião, faz uma temporada bastante honesta, contando que é sua primeira completa (com a Hispania não conta). No final da corrida, deu um passão humilhante em Hulkenberg e arrumou um 9º lugar. Seu companheiro, Maldonado, mais uma vez se meteu em confusão e acabou tirando Sérgio Perez da corrida.

Decepção mesmo foi Michael Schumacher, que largou em terceiro mas fez uma corrida discreta e terminou apenas na sétima posição. Vettel também foi discreto e conseguiu o terceiro lugar após antecipar sua primeira parada. Mas não ultrapassou ninguém na pista.

E vamos embora que ta chegando a hora de ver a Indy.