sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Jenson Button: eficiência que dá resultado


Tem muita gente que torce o nariz para Jenson Button, considerando o campeão de 2009 um piloto normal, que não é digno de integrar o rol dos maiores da história. E o fato de ter ficado atrás de Lewis Hamilton na McLaren apenas deu mais combustível para os detratores do piloto.


Mas eu penso diferente. Button é um piloto de estilo discreto, mas de eficiência indiscutível. Regular a ponto de passar uma corrida inteira virando tempos de voltas absolutamente idênticos, o inglês chegou a liderar o campeonato, ganhou duas corridas, apertou Hamilton na Turquia, mostrando que respeito e subserviência são duas coisas bem diferentes. E poderia, sim, ter terminado à frente do companheiro no saldo geral de 2010. Basta lembrar que em Mônaco a equipe se esqueceu de retirar a proteção dos radiadores de seu carro e, na Bélgica, foi atingido por Vettel quando estava na segunda posição.


O fato é que a McLaren tem uma dupla de pilotos fortíssima, talvez a melhor do grid. E não ficarei nem um pouco surpreso se Button terminar 2011 à frente de Hamilton. Façam suas apostas.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lewis Hamilton: hora de dosar a afobação


A temporada de Lewis Hamilton foi bastante curiosa: pilotando um carro mais lento que os de seus adversários, o inglês realizou, até o GP da Bélgica, uma temporada brilhante. Liderava o campeonato naquele momento e parecia que faturaria o campeonato aproveitando-se dos erros dos dois pilotos da Red Bull. Mas, a partir do GP da Itália, foi ele quem passou a errar, abandonando duas provas seguidas e dando adeus a disputa. Ainda chegou à última prova com remotíssimas chances, mas uma vitória sua seria uma zebra histórica.


O estilo de Hamilton faz bem à Fórmula 1, já que ele é um piloto que não espera: se precisa ultrapassar, ultrapassa. Mas também é um tipo de pilotagem perigosa que pode prejudicar um campeonato. Afinal, Hamilton se afobou nos GP’s da Itália e de Cingapura ao tentar superar adversários? Deveria ter ficado atrás e garantido pontos. Agora, com a disputa terminada, é fácil apostar na segunda opção mas, e a emoção das corridas, onde fica?


No dia em que Lewis Hamilton conseguir dosar a afobação com uma técnica mais apurada na hora de ultrapassar, tenho pena dos seus adversários. Ele certamente vai faturar muitos campeonatos.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mark Webber: em seu melhor ano, deixou escapar um título ganho


Se Mark Webber tivesse se concentrado apenas em si mesmo, como fez até a metade da temporada, teria se sagrado campeão da temporada 2010, na Fórmula 1. Mas não. Ao invés disso, após o GP da Hungria, o australiano preferiu concentrar seus esforços em pleitear uma posição de primeiro piloto na Red Bull, aproveitando-se do momento ruim que o companheiro Sebastian Vettel atravessava.


Logo ele, Webber, que na largada para o GP da Inglaterra mostrou direitinho como se ganha espaço em uma equipe, ultrapassando o companheiro na primeira curva e ganhando a corrida de forma inapelável.


Mas o espaço ganho com atuações como essa, somadas às de Mônaco, Hungria e outras, foi por água abaixo porque a Red Bull mostrou que não estava mesmo a fim de preterir um piloto e favorecer outro, ou pelo menos, não quis favorecê-lo em detrimento do seu pupilo, Sebastian Vettel.


Sorte da equipe que ficou com os títulos de pilotos e construtores. Azar de Webber que, em seu melhor ano na Fórmula 1, perdeu o que pode ter sido sua última chance de ser campeão.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fernando Alonso: uma criança mimada, mas talentosa


Fernando Alonso não sabe perder. Isso não é exatamente uma ofensa, na verdade é uma característica comum a grandes campeões: Senna, Prost, Schumacher, Piquet, nenhum deles jamais engoliu uma derrota com facilidade. E nem deveriam: o esporte é feito de vencedores e perdedores, mas para se encaixar na primeira, é preciso engolir os adversários mesmo. E os bons engolem os ruins.


O problema do espanhol é que ele jamais consegue assumir a culpa por uma derrota. Senna ficava bravo com suas derrotas, mas sua revolta era consigo mesmo. Schumacher também. Já Alonso está num patamar parecido com Alain Prost: reclama de tudo e de todos quando seus imundos jogos de bastidores não funcionam. Destaco dois momentos do espanhol este ano: a ridícula reclamação que fez contra Massa, no GP da Alemanha, quando o brasileiro fechou a sua porta e, claro, o vergonhoso gestual contra Vitaly Petrov que segurou o espanhol em Abu Dhabi, com uma limitada Renault, para garantir pontos importantes para ele e sua equipe. Nos dois casos Alonso não passou pela própria incompetência.


Mas chega de falar mal do bicampeão, o melhor piloto da Fórmula 1 atualmente. Afinal de contas, mesmo com seus arroubos de criança criada pela avó, é preciso reconhecer que Alonso fez um trabalho excepcional dentro e fora da pista em 2010. Chegou à Ferrari, colocou Felipe Massa no bolso, conquistou equipes e torcedores e, com um carro que não era o melhor do grid, quase se sagrou campeão.


Uma temporada fabulosa de um piloto que vai dar muito trabalho em 2011. Aliás, arrisco a dizer, Alonso é o favorito ao título na próxima temporada.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sebastian Vettel: vitória de virada




Sim, ele errou muito durante o campeonato. Em certo momento, pareceu carta fora do baralho na disputa pelo campeonato. Mas nada que um excelente carro e muito talento não resolvessem.


Vettel chegou na Fórmula 1 em 2006, com apenas 19 anos e, quatro anos depois, já se sagra campeão. Os erros cometidos pelo alemão são perdoáveis se pensarmos pelo lado da experiência. O que faz pensar o quanto seu futuro pode ser brilhante já que, com maior quilometragem, esses erros tendem a diminuir drasticamente.


Azar dos adversários que, em 2011, enfrentarão um Vettel muito mais forte e mais preparado, e ainda levando o número 1 na carenagem do seu carro.

Retrospectiva 2010

Lembrando um pouco do finado Grid GP, é hora de fazer uma pequena retrospectiva do ano, lembrando de como foi o desempenho de cada piloto este ano na Fórmula 1. Vou tentar publicar uma análise por dia aqui no blog, seguindo a ordem do campeonato.

Espero que vocês tenham paciência para acompanhar.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Lucas di Grassi e Bruno Senna: futuro em cheque por motivos distintos

A Virgin, que agora se chama Marussia, confirmou a contratação de Jerome D’Ambrosio para a próxima temporada, ocupando o lugar que era de Lucas di Grassi. Isso mostra o quanto a permanência dele e de Bruno Senna na Fórmula 1 em 2011 é um fato bastante improvável. Mas isso não é surpresa: os dois se arrastaram pela pista em 2010 com carros pouco competitivos, não chamaram a atenção de ninguém e só ficam se tiverem uma contrapartida muito boa.

Bruno tem vantagem neste quesito: tem um sobrenome forte e traz patrocínios interessantes. Mas ainda não conseguiu nada, a Hispania está campengando e o acordo do brasileiro com a Lotus (que agora são duas Lotus) parece ter sido mais um boato infundado.

Mas ainda assim, a situação de Lucas di Grassi é mais dramática. Igualmente correndo com um carro ruim, o brasileiro não goza do mesmo prestígio que o compatriota no meio, seus patrocínios não são páreo para os dos pilotos estrangeiros e o pior: sequer conseguiu chegar perto do companheiro Timo Glock em 2010 o que faz com que os chefes de equipe o vejam com mais desconfiança.

Lucas tem falado em tentar uma vaga de piloto de testes o que não quer dizer muita coisa, já que ninguém testa nada. Acho que seria bom que Di Grassi tentasse uma vaga na Indy, que vem crescendo, e pode representar um futuro de vitórias, bem mais promissor do que a Fórmula 1.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vettel e Red Bull: vitória merecida




Sebastian Vettel: título merecido mesmo após um ano de muitos erros



A vitória de Sebastian Vettel e da Red Bull no GP de Abu Dhabi, no último domingo, foi emblemática por vários motivos. Óbvio que o principal deles foi permitir que Vettel se sagrasse campeão, já que ele foi o piloto mais rápido do ano (pelo menos o que fez mais poles), mesmo tendo cometido vários erros. Mas se mostrou forte num momento de grande dificuldade e seu poder decisão foi colocado à prova nas duas últimas corridas. Mas a sua vitória teve outros elementos que valem ser citados:


1) A Red Bull mostrou que deixar seus pilotos disputarem é uma atitude de coragem, que pode trazer problemas (Turquia) mas que, no final, torna a vitória mais justa e bonita de se ver.


2) Mark Webber fez um grande ano, o seu melhor na F1. Sua vitória em Silverstone foi memorável. Mas no final, ao invés de se concentrar no seu próprio desempenho, preocupou-se em exigir tratamento de 1º piloto. Perdeu o foco, brigou com a equipe e foi superado pelo companheiro de equipe. Um golpe duro depois de um ano brilhante, mas não tem do que reclamar.


3) Fernando Alonso foi o cara em 2010. Chegou na Ferrari, destronou Felipe Massa, chegou à última corrida como líder do campeonato a bordo de um carro deficiente. Mas perdeu o título, reclamou de Petrov e saiu como mal perdedor mais uma vez. Não precisava.


Dito isso, a conclusão é que a Red Bull foi mesmo a grande vencedora de 2010. Fez o melhor carro, confirmou Vettel como uma realidade da categoria, apresentou um Mark Webber como nunca tínhamos visto antes, tudo isso deixando seus pilotos disputarem entre si, se lixando para a opinião pública, contornando seus problemas com bom humor e esportividade.


Antigamente o sonho de todo piloto era correr pela Ferrari. Acho que, depois dessa temporada, isso vai mudar um pouco.


Classificação Final (10 primeiros)


1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Quase perdeu para Hamilton na primeira curva, mas fechou a porta e dominou toda a corrida tranqüilamente. Campeão merecido, pois parou de cometer erros no momento certo.


2º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Tinha poucas chances de título mas, mesmo assim, fez o que pode para perseguir Vettel. Mas não foi páreo para o ritmo da Red Bull.

3º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Roubou a posição de Alonso na largada e tentou o pulo do gato de novo ao retardar sua parada nos boxes. Acabou não dando certo.



4º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Fecha o ano com uma bela quarta posição, a bordo de um carro problemático. Um dos destaques de 2010.

5º) Robert Kubica – Renault
Junto com Rosberg, foi um dos destaques de 2010. Nesta corrida conseguiu uma bela ultrapassagem por fora no final da grande reta.



6º) Vitaly Petrov – Renault
Nessa pista só é possível ultrapassar se o adversário cometer algum erro. Petrov não errou e se manteve à frente do desesperado Fernando Alonso para conseguir um belo resultado.

7º) Fernando Alonso – Ferrari
Perdeu uma posição na largada, se deu mal nas paradas de box e não conseguiu se recuperar. Na única vez que tentou ultrapassar Petrov, quase bateu com o russo. Reclamou sem razão, perdeu o campeonato e ainda saiu como mau perdedor.



8°) Mark Webber – Red Bull Renault
Corrida apagada do australiano. Sua classificação ruim lhe tirou de vez da briga pelo campeonato e parece tê-lo tirado toda a motivação. Encerra um ano brilhante de um jeito triste.

9º) Jaime Alguesuari – Toro Rosso Ferrari
Outro que se aproveitou da estratégia para marcar pontos e se manteve à frente de Massa sem cometer erros.

10º) Felipe Massa – Ferrari
Aliviado por chegar ao fim de sua pior temporada na Fórmula 1, Massa fez uma corrida discreta, como foram todas este ano.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Felipe Massa e a torcida em Interlagos

Como comentei com vocês no post anterior, este ano não pude ir a Interlagos ver o GP do Brasil. Por isso, ontem, telefonei para o meu amigo picareta Fábio Campos, um assíduo freqüentador das arquibancadas paulistanas e grande admirador da cultura local. Segundo ele, esses são alguns fatos relevantes para pensarmos sobre as reações da torcida brasileira:

_ Felipe Massa foi solenemente ignorado durante todo o fim de semana. Não se ouviram vaias, tampouco aplausos. Geralmente quando os pilotos brasileiros passam em frente às arquibancadas, principalmente nos treinos, há um barulho por parte da torcida. Com Massa, dessa vez, não se ouviu nada, era como se fosse um piloto qualquer.

_ A tradicional torcida Pisa Fundo, que fica no setor G trocou sua milenar bandeira da Ferrari por uma da Red Bull. Um dos membros da torcida disse que a decisão da troca foi tomada imediatamente após o fim do GP da Alemanha.

_ Fernando Alonso foi eleito o vilão da F1 pelo público brasileiro, sendo xingado de todos os nomes possíveis pelos torcedores durante o fim de semana.

_ Enquanto isso, Rubens Barrichello foi ovacionado como nunca antes havia sido. Durante o desfile dos pilotos, antes da corrida, as arquibancadas do Setor G quase vieram abaixo com a torcida pulando aos gritos de “Rubinho, Rubinho, Rubinho”.

É perfeitamente possível entender tal reação. Rubens Barrichello, agora ídolo, sempre foi visto como segundo piloto. Ninguém nunca acreditou, no íntimo, que ele teria condições de ser campeão na Ferrari. A atitude de Rubinho na Austria, em 2002, foi tão covarde quanto à de Massa na Alemanha, em 2010, mas tenho a impressão que Felipe decepcionou mais a torcida. Depois do que fez em 2008 e, principalmente, após o GP do Brasil daquele ano ficou a certeza de que ele seria campeão algum dia. Mas a surra que ele tomou de Fernando Alonso este ano, somada à sua atitude miserável de abrir mão de uma vitória em função do companheiro magoou profundamente a torcida.

Isso é reversível? Claro que sim. Uma boa temporada em 2011, mostrando a combatividade e o poder de reação que o consagraram, pode resgatar a imagem de Felipe Massa. Essa idolatria por Barrichello mostra que o brasileiro tem memória curta e que os pecados de ontem podem ser perdoados amanhã. Basta querer.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

GP do Brasil: show da Red Bull

Logo na primeira curva, Vettel assumiu a liderança e foi embora. Se não tivesse errado tanto este ano poderia até já ter fechado o campeonato

As 71 voltas do Grande Prêmio do Brasil devem ter sido intensas para quem estava presente no autódromo (este ano não pude ir, infelizmente). Na metade final da prova tínhamos um pelotão de 8 carros disputando posições intensamente. Uma pena que o público que curtiu a corrida de casa não pôde ver essa disputa em detalhes, já que a TV preferiu focar o desempenho dos três primeiros colocados que, apesar de terem trocado tempos de volta interessantes, jamais se encontraram na pista.

O GP do Brasil prometia muitas emoções, principalmente depois da incrível pole de Nico Hulkenberg no sábado, aproveitando as condições da pista. Mas o jovem alemão da Williams foi engolido pelos adversários no início da prova (a manobra mais linda foi a de Alonso, no final da descida do lago). A partir da daí a prova só foi salva pelas brigas intermediárias, com destaque para as ultrapassagens de Hamilton e Button sobre Kobayashi e a briga entre Felipe Massa e Sebastien Buemi.

A dobradinha da Red Bull garantiu à equipe austríaca o seu primeiro título de construtores. Se seus dois pilotos não tivessem feito tantas bobagens em 2010 (principalmente Vettel) a equipe deveria estar comemorando também o de pilotos. Aliás, se tivesse invertido as posições dos dois ontem, seria favoritíssima a vencer com Webber em Abu Dhabi. Mas a equipe entende que, se o australiano quiser vencer, que vá para cima. Aplausos para ela.

Entre os brasileiros, o destaque foi Emerson Fittipaldi que emocionou a todos com a volta que deu a bordo de sua Lotus 72. Foi um momento de arrepiar. Entre os outros, nada digno de nota.

Agora a descisão fica para Abu Dhabi. Se Mark Webber quiser vencer o campeonato, basta que ganhe a corrida e torça para Alonso não chegar em segundo. O carro da Red Bull é tão superior que não parece ser algo difícil. O problema é que ele precisa chegar à frente do companheiro Vettel e, isso sim, é um grande obstáculo.

Classificação final (10 primeiros)

1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Esperto, ganhou a corrida na primeira curva, quando ultrapassou Hulkenberg logo na largada. Depois manteve o ritmo forte, incluindo voltas voadoras após a saída do Safety Car. Se não tivesse feito tanta besteira em 2010 bem mais confortável na decisão.

2º) Mark Webber – Red Bull Renault
Também conseguiu se livrar rapidamente de Hulkenberg, andou no mesmo ritmo do companheiro até a entrada do Safety Car mas depois ficou para trás. Se conseguir andar à frente de Vettel em Abu Dhabi pode ganhar o campeonato.

3º) Fernando Alonso – Ferrari
Impressionou com o ritmo forte que impôs no início e no final da prova, mas estava andando mais que o carro. Fez a mais bonita das ultrapassagens sobre Hulkenberg e depois pilotou com segurança para garantir o pódio.

4º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Errou quando estava à frente de Alonso e, claramente, não tinha carro para chegar nos líderes. Tem chances matemáticas de ganhar o campeonato mas sua reta final de temporada é muito ruim.

5º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Se despediu das chances de título com uma bela corrida em Interlagos. Largou em 11º, adotou uma estratégia diferente e se manteve sempre rápido e atirado nas ultrapassagens. Lembrou o Button de 2009.

6º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Outro que fez bela prova, chegando novamente à frente do companheiro heptacampeão.

7º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Na sua volta a Interlagos, Schumacher fez o que já vinha fazendo ao longo do ano: brigas por posições intermediárias, sem muito brilho ou destaque.

8º) Nico Hulkenberg – Williams Cosworth
Deu show no sábado aproveitando-se das condições da pista. No domingo, com sol, foi engolido pelos adversários.

9º) Robert Kubica – Renault
Ficou preso no pelotão que se formou atrás de Hulkenberg no início da corrida e depois do pitstop não conseguiu ultrapassar ninguém. Pelo que se viu no terceiro treino livre, esperava-se mais.

10º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari
Protagonizou duas brigas com as McLaren de Hamilton e Button mas não resistiu e foi ultrapassado pelos dois.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Por um novo lugar ao sol

Felipe Massa falou hoje, em São Paulo. Classificou a temporada como “não positiva”, disse que enfrentou muitos problemas para aquecer os pneus nas classificações, alfinetou a imprensa que, segundo ele, o hostilizou mais do que a própria torcida após o episódio da Alemanha e, por fim, disse que, se precisar, abrirá caminho para Fernando Alonso no GP do Brasil. “Sou profissional”, foi a sua declaração.

É sempre um alento ouvir Massa falando porque em geral, é um camarada ponderado e polido, que mede muito bem as palavras e toma muito cuidado para não complicar sua situação na equipe. Ponto para ele. Fosse Barrichello estaria dizendo que Alonso é um babaca, que a equipe é ridícula e a torcida que se exploda.

Mesmo assim, posso estar muito enganado, mas acho que Massa deveria usar seu 2011 para procurar uma boa equipe na qual possa dar continuidade à sua carreira a partir de 2012. Porque do jeito que Fernando Alonso “chegou chegando” na Ferrari, acho que o brasileiro não o alcança mais. Obviamente que não estou dizendo isso só porque o espanhol pode ser campeão no primeiro ano, já que Raikkonen conseguiu a mesma proeza em 2007 perdendo espaço em 2008. Mas o finlandês nunca foi idolatrado na equipe como é agora Alonso, que tem os mecânicos nas mãos. Espaço conquistado com talento e velocidade.

Deixemos de bobagem. A Ferrari luta pelos seus interesses e tem todo o direito. Quando deu a ordem para que Felipe Massa deixasse Alonso passar na Alemanha, este ano, estava pensando no campeonato. Caberia a Massa que é, afinal de contas, quem acelera, freia, troca as marchas e faz as curvas, acatar ou não a decisão. Acatando, assinou sua condição de segundo piloto que, desconfio, exercerá enquanto estiver na Ferrari.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Alonso deixa adversários com a pulga atrás da orelha




Os cinco postulantes ao título de 2010 com Bernie Ecclestone: só Alonso está sozinho na briga



Quando cruzou a linha de chegada na primeira posição do Grande Prêmio da Coréia do Sul no último domingo, em primeiro lugar, Fernando Alonso não só se estabeleceu como um improvável favorito ao título, como ainda bagunçou o esquema dos seus adversários. Por culpa do espanhol, e seu fantástico desempenho em 2010 com um carro inferior, McLaren e RedBull chegam ao final da temporada às voltas com dilemas que não imaginavam ter que enfrentar.


O caso da equipe inglesa é menos complicado. Jenson Button tem chances apenas matemáticas de chegar ao bicampeonato e não há dúvidas de que será o escudeiro de Lewis Hamilton, também com poucas chances, até o fim do ano. A surpresa aí talvez resida no fato de que estamos falando do atual campeão, aquele que leva o número um no bico do seu carro. Mas a segunda metade de temporada de Button foi das mais fracas e ele nem de longe lembrou a consistência e a eficiência do ano passado.


Na RedBull a situação é curiosa. Mark Webber bateu sozinho na Coréia e, neste momento, parecia estar assinando sua condição de segundo piloto. Mas a quebra de motor de Sebastian Vettel recolocou o australiano como principal adversário de Alonso na disputa pelo campeonato, já que as chances do alemão são remotíssimas.


Agora os austríacos, se forem inteligentes, terão que transformar o seu menino de ouro no segundo piloto. Resta saber se Vettel terá cabeça suficiente para aceitar esta condição, principalmente porque, apesar de não ter tido culpa no abandono do último domingo, a verdade é que ele se colocou nesta situação por ter feito um campeonato muito irregular, recheado de erros em várias corridas.


Já Alonso está sozinho na briga, culpa da temporada lamentável feita por Felipe Massa em 2010, indubitavelmente o pior ano do brasileiro na Fórmula 1, desde a sua estréia.


As cartas estão na mesa. Faltam duas provas para conhecermos o campeão. Alonso luta sozinho contra as duas RedBull, carros melhores, mas com pilotos pouco confiáveis. Atrás, a McLaren na espreita, com Hamilton sempre atento aos erros dos adversários. Que seja um final de campeonato empolgante.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fase ruim...

Felipe Massa acerta Vitantonio Liuzzi em Suzuka: brasileiro torce para o ano terminar logo

Quando a fase é ruim, o melhor mesmo é esperar pelo final. Essa frase deve estar martelando na cabeça de Felipe Massa que faz, neste ano, uma de suas piores temporadas de Fórmula 1. O brasileiro, que sempre teve na sua capacidade incrível de reação diante de situações adversas, a sua maior qualidade, agora parece estar cada vez mais afundado na sua crise pessoal. Se antes Felipe era respeitado na Ferrari, hoje ele vê um ambiente absolutamente voltado para Fernando Alonso que, diga-se de passagem, ganhou a equipe com resultados na pista.

E, geralmente, essa situação leva o piloto a cometer barbeiragens inexplicáveis, como a que Felipe cometeu na largada do GP do Japão. Apesar da transmissão oficial ter tentado nos convencer de que Schumacher (na verdade Rosberg) havia jogado Massa na grama, foi o brasileiro quem saiu da pista feito um descontrolado e voltou acertando a Force India de Liuzzi. O resultado de um ano tão catastrófico: é o único piloto dentre as grandes equipes que está fora da disputa pelo título.

Disputa que, aliás, está muito interessante. Mais interessante que as corridas em si, pouco disputadas. Mark Webber está 14 pontos a frente, comete poucos erros e vem fazendo um ano espetacular. Para mim é o favorito.

Favorito porque disputa contra um instável Sebastian Vettel, que parece gostar de ganhar corridas de ponta a ponta, mas se perde quando vem de trás. E também porque Fernando Alonso, apesar de ser o mais qualificado da disputa, carece de um equipamento mais rápido, principalmente em corridas. E, como já comentamos, dificilmente vai poder contar com o auxílio do companheiro de equipe. Já Button e Hamilton, salvo um milagre, não vão conseguir chegar.

As últimas três provas prometem ser eletrizantes.

Classificação Final – 10 primeiros

1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Quando larga na pole e se mantém na frente, ganha sem problemas. Uma bela prova do alemão que volta à disputa do título num momento decisivo.

2º) Mark Webber – Red Bull Renault
Esperto, sabe correr por resultados. Chegou ao Japão com 11 pontos de vantagem e saiu com 14. Favorito na disputa.

3º) Fernando Alonso – Ferrari
Sua Ferrari, nem de longe, foi páreo para os carros da Red Bull. Depende de uma melhora no desempenho de seu carro para seguir na disputa.

4º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Adotou uma tática de largar com pneus duros para se manter mais tempo na pista, mas após a parada nos boxes, voltou na mesma posição em que estava. Ou seja, não adiantou nada.

5º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Vinha chegando em Fernando Alonso e acredito que seria a maior briga da corrida. Mas perdeu a 3ª marcha e teve que deixar o companheiro passar. Se excluiu da disputa nas duas últimas corridas, em que abandonou por erros próprios.

6º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Depois de muito tempo, volta a fazer uma corrida combativa. Protagonizou duas belas brigas, com Barrichello e Rosberg.

7º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari
Show. Melhor piloto na pista, não tem cerimônia para ultrapassar ninguém. Salvou uma prova modorrenta do marasmo completo, com coragem, audácia e competência. Se continuar assim, supera Takuma Sato como o melhor piloto japonês da história.

8º) Nick Heidfeld – Sauber Ferrari
Em sua “reestréia de verdade” foi bem, marcando pontos. Não quis brigar com Kobayashi para não ser atropelado pelo companheiro.

9º) Rubens Barrichello – Williams Cosworth
Levou uma passada daquelas de Kobayashi, mas não foi o único. Melhor na classificação do que nos treinos.

10º) Sebastian Buemi – Toro Rosso Ferrari
Garantiu um pontinho importante para a equipe, numa boa prova.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pequena Pausa

Apesar de estar um pouco tarde, nunca é demais dar explicações: sumi desse espaço por uns dias porque o trabalho está consumindo grande parte do meu tempo e não estou conseguindo priorizar o blog. Ou pelo menos não com a qualidade que gosto de oferecer aos leitores. Na próxima semana, volto a postar análises mais qualificadas, ou pelo menos, prometo tentar.

Enquanto isso, alguns pitacos sobre os últimos acontecimentos:

_ GP de Cingapura

Vitória brilhante de Fernando Alonso, que já é o melhor piloto da temporada no meu ranking pessoal, superando Lewis Hamilton. Pode não ganhar o título este ano, mas mostra que conseguiu algo difícil: ganhou a equipe e os torcedores da Ferrari logo no primeiro ano.

_ Franchitti campeão da Indy

Cresceu nas etapas finais, aproveitando a sua superioridade nos circuitos ovais. O péssima atuação na última corrida, não apaga o brilhante campeonato de Will Power em 2010.

_ Raikkonen e Renault

A coisa começou como um boato, ficou mais séria e agora está dando briga entre as partes. Acho que seria um casamento benéfico para ambos.

_ Felipe Massa e as declarações sobre Barrichello

Resumo da conversa entre o brasileiro e o Bild:

Repórter: “Massa, você é um segundo Barrichello na Ferrari?”

Felipe: “Não”

Manchete do Jornal: “Massa afirma que não é um segundo Barrichello na Ferrari”

Isso sim é bom jornalismo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Alonso volta a briga com vitória no GP da Itália

Fernando Alonso pode ter vários defeitos, e tem mesmo. Mas não se pode negar seu talento e sua capacidade de disputar uma corrida em alto nível.

O GP da Itália foi uma demonstração clara de que o espanhol é o melhor piloto do grid e o mais qualificado desde que Schumacher se aposentou.

Andando o tempo todo no limite do carro, Alonso se aproveitou muito bem do ótimo pit stop da Ferrari e voltou a pista dividindo a curva com Jenson Button, que liderava até então. E levou a melhor sobre o atual campeão. Para desespero dos adversários, Alonso entrou de vez na briga pelo título.

E, entre os líderes, o que tem mais motivos para se preocupar é Lewis Hamilton. O inglês vem fazendo uma temporada impecável, mas ontem falhou feio. Tentou ultrapassar Felipe Massa na primeira volta, de forma atabalhoada, quebrou a suspensão e deu adeus ao GP. Num momento como este, qualquer abandono pode ser fatal. Ainda mais quando não se tem o melhor carro do grid.

Destaque para a troca de posições entre os pilotos da Red Bull no meio da prova, quando Vettel reclamou de um problema no motor e deixou Webber ultrapassar. Mas o problema sumiu e, no fim, o alemão ainda chegou na frente. A equipe disse hoje que o alemão teve problemas nos freios, mas eu não me assustaria caso descobrisse ordens de equipe. Mas isso já foi assunto no post abaixo.

E foi só o que aconteceu no pouco movimentado GP da Itália. Com exceção de algumas ultrapassagens de Mark Webber, uma ou outra briga no pelotão intermediário, a vitória foi decidida com uma troca de posições nos boxes, como nos tempos do reabastecimento.

Agora é acompanhar o comportamento dos postulantes ao título nas últimas provas, principalmente com o crescimento de Fernando Alonso.

Classificação Final (10 primeiros):

1º) Fernando Alonso – Ferrari

Vacilou na largada, mas contou com o bom trabalho da equipe Ferrari que fez um pit-stop rápido e o colocou de volta na liderança. No final, de forma inteligente, reconheceu isso e vai ganhando cada vez mais espaço na equipe. Está na briga.

2º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz

Foi bem na largada, mas já vinha segurando Fernando Alonso antes da parada no box. De qualquer maneira, obteve um bom resultado.

3º) Felipe Massa – Ferrari

Em terceiro largou, em terceiro chegou. Nada diferente do que vem fazendo ao longo de todo o ano.

4º) Sebastian Vettel – RedBull Renault

Adotou uma estratégia diferente, adiando até a última volta sua parada nos boxes. Deu certo.

5º) Nico Rosberg – Mercedes Benz

De volta ao topo da classificação, após uma série de corridas ruins. Continua dando um banho no companheiro famoso.

6º) Mark Webber – RedBull Renault

Largou muito mal e foi o único a se recuperar com ultrapassagens. Com o abandono de Hamilton assumiu a liderança do campeonato.

7º) Nico Hülkenberg – Williams Cosworth

Aos poucos vai mostrando seu talento e já vem sendo melhor que Rubens Barrichello na Williams.

8º) Robert Kubica – Renault

Não brilhou desta vez, mas marca pontos importantes no campeonato.

9º) Michael Schumacher – Mercedes Benz

Mais uma vez apagado, brigando nas posições intermediárias e tomando ultrapassagens no final.

10º) Rubens Barrichello - Williams Cosworth

Rubinho começa a apanhar de leve do companheiro de equipe. Desta vez, esteve apagado, apesar de ter ido bem nos treinos.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Jogo de equipe é inevitável

Coulthard, Villeneuve e Hakkinen no pódio de Jerez, em 97: um recorde de ordens de equipe



E a FIA não puniu a Ferrari. Quero dizer, não puniu mais, já que a multa de 100 mil dólares paga pela equipe de Maranello depois do GP da Alemanha não foi devolvida. Bom, não se pode acusar a FIA de não cumprir o regulamento.



Por mais revoltante que seja, a verdade é que a Fórmula 1 não abre espaço para um regulamento que proíba o jogo de equipe, pelo simples motivo de que a categoria é disputada por equipes. E são elas quem sabem onde estão seus interesses. A Ferrari se deu o direito de escolher Fernando Alonso como vencedor do GP da Alemanha. Seus carros estavam em primeiro e segundo lugares, ela ordenou que trocassem de posições. Ah, isso é contra o esporte, dirão alguns! Sim, é contra o esporte, mas Fórmula 1 não é esporte há muito tempo.


Esta semana, andei revendo algumas corridas antigas que tenho em casa e, entre elas, acabei assistindo à decisão do mundial de 1997, em Jerez de la Frontera, com Michael Schumacher e Jacques Villeneuve disputando o título. Todos já conhecem o final, com Schumacher tentando tirar Villeneuve quando o canadense tentou ultrapassá-lo. O ferrarista saiu da pista, perdeu o campeonato e a chance de tirar a equipe vermelha da fila teve que esperar mais um pouco.


O curioso é que a prova, aliás uma bela corrida, teve jogos de equipes do início ao fim. Vejam só: no início, Villeneuve cedeu a posição para Frentzen esperando que seu companheiro pressionasse Schumacher e o levasse a cometer um erro. Depois os dois trocaram de posição de novo, acintosamente, quando o canadense percebeu que seu companheiro não conseguiria incomodar o rival. Em certo momento, após as paradas de boxes dos líderes, Frentzen assumiu a ponta e passou a virar tempos altos para atrasar Schumacher na pista, permitindo que Villeneuve voltasse a encostar no alemão.


No meio da corrida, Schumacher e Villeneuve encostaram no retardatário Norberto Fontana, da Sauber com motor Ferrari. Fontana facilitou a passagem do alemão, mas atrapalhou Villeneuve na cara de pau, história que foi confirmada por Peter Sauber há alguns anos.


E ainda tinha mais: no final da prova, David Coulthard, que estava à frente de Villeneuve, foi chamado aos boxes pela McLaren, para não atrapalhar o canadense que perseguia Schumacher. No final da prova, com Schumy fora e Villeneuve precisando de apenas um sexto lugar para ser campeão, a Williams retribuiu o presente e mandou o canadense reduzir no finalzinho, entregando a vitória para o piloto da McLaren. Que piloto? Mika Hakkinen!!! Isso mesmo, Ron Dennis mandou Coulthard deixar o finlandês passar no final para que ele herdasse a vitória, já que seria a sua primeira na carreira, contra outras três do escocês.


Você conseguiu contar quantas ordens de equipe vimos acima? Pois é, às vezes elas até extrapolam as paredes das equipes. Com isso é fácil concluir que não é a FIA quem tem que resolver este problema. São os pilotos que precisam ter mais gana de vencer e parar de se sujeitar a todas as ordens que são dadas pelos patrões.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

GP da Bélgica começa a definir disputa pelo campeonato

Hamilton à frente do pelotão: ele e Mark Webber despontam como únicos postulantes ao título

Pistas boas costumam oferecer corridas boas, disso não há mais dúvidas. Spa é assim. Uma pista desafiadora, com um clima instável, que exige dos pilotos concentração, habilidade e inteligência. Por isso mesmo quem vence na Bélgica, invariavelmente é quem está na disputa do título. E, neste ano, parece que vai ser assim: Hamilton em primeiro e Webber em segundo deverão ser os adversários na disputa do caneco este ano.

Nenhuma surpresa com relação ao inglês, que faz uma temporada espetacular, se mantendo na liderança do campeonato sem ter o melhor carro. Já o australiano, este ninguém esperava mesmo. Mas Webber vem sendo um dos grandes de 2010, peitou sua equipe num momento crucial (GP da Inglaterra) e, quando comete erros, estes não são decisivos. Ele consegue se recuperar. Neste fim de semana, ele errou na largada, mas conseguiu um bom segundo lugar, numa excelente prova de recuperação.

E quem diria, os coadjuvantes na luta pelo título, podem ser justamente os companheiros dos pilotos de McLaren e Red Bull: o atual campeão Jenson Button e o queridinho da equipe austríaca, Sebastian Vettel. Button começou o ano bem, mas vem caindo nas últimas corridas. É um piloto muito eficiente, mas que se apaga quando os resultados não aparecem. Já Vettel, é um caso a parte: é rápido, mas erra demais. Ontem, mais uma vez tentando uma ultrapassagem, acabou vacilando e batendo na lateral do próprio Button, tirando o inglês da corrida.

Aliás, falando sobre esse acidente, acredito que a Fórmula 1 esteja precisando repensar sua postura. Vettel errou, é verdade, mas errou tentando ultrapassar um adversário. O fato de a FIA tê-lo punido depois demonstra o nível de rigor que a categoria atingiu. Ora, um piloto que tenta uma ultrapassagem está assumindo um risco, que é inerente ao automobilismo. Se errar e bater ele já está, automaticamente, punido, não há necessidade de obrigá-lo a passar pelos boxes. Desse jeito, cada vez mais, os pilotos vão ficando inibidos de tentar ultrapassagens, e quem perde é o público.

Classificação final (10 primeiros)

1º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Quase perdeu a corrida ao se manter na pista molhada com pneus de pista seca, por ordem da equipe. Esses engenheiros estão precisando confiar mais nos seus pilotos.

2º) Mark Webber – Red Bull Renault
Errou legal na largada, mas se recuperou muito bem. Faz um campeonato fantástico e, se ficar com o título, será mais do que merecido.

3º) Robert Kubica – Renault
Outro belo resultado do polonês, aproveitando-se do bom desempenho da Renault nesta pista. Desse jeito pode despertar interesse das equipes maiores.

4º) Felipe Massa – Ferrari
Não passou ninguém e nem foi ultrapassado. Uma das suas piores temporadas na F1. Conseguiu o quarto lugar por causa da batida entre Button e Vettel. Se Alonso não tivesse batido, não duvido que o espanhol teria incomodado o brasileiro.

5º) Adrian Sutil – Force India Mercedes Benz
A Force India parece ter se achado em Spa. Depois da pole de Fisichella no ano passado, a equipe voltou a andar bem este ano.

6º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Levou uma ultrapassegem do companheiro durante a corrida mas se recuperou e chegou à frente. O clima entre os dois vai azedando, mas ele parece não estar nem aí. Faz muito bem.

7º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Muito mal na classificação, o alemão mostrou seu velho faro de raposa velha, ao esperar a chuva vir para trocar seus pneus. Com isso, obteve um bom resultado, ainda que chegando atrás do companheiro, de novo.

8º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari
Mais um bom resultado do japonês, aproveitando a evolução do carro da Sauber.

9º) Vitaly Petrov – Renault
Prova de recuperação espetacular do russo, com direito a belas ultrapassagens. Vai entrando no clima da Fórmula 1.

10º) Vitantônio Liuzzi - Force India Mercedes Benz
Não conseguiu aproveitar tão bem o bom desempenho da Force India em Spa, embora tenha marcado um pontinho importante.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Racing Festival em Interlagos

Estive em Interlagos, no último fim de semana, acompanhando a terceira etapa do Racing Festival, torneio apadrinhado por Felipe Massa, que reúne três competições: Trofeo Línea (Turismo), Formula Future (Monopostos) e 600 Hornet (Motos). Já tinha acompanhado a primeira etapa no Rio de Janeiro e, desta vez, foi possível tirar algumas conclusões sobre o evento:

Público
Infelizmente não há. As poucas pessoas que vão ao evento são convidados dos patrocinadores. As arquibancadas, mesmo sendo de graça, estavam absolutamente vazias. Mas o interessante é que o público vai chegando ao longo do evento e não vai embora, o que mostra que as corridas são interessantes e despertam interesse de quem chega a ir. Talvez com um pouco mais de divulgação seja possível atrair mais pessoas, até porque...

Organização
... as empresas que estão por trás do Racing Festival cuidam bem do seu evento. Tudo é muito organizado, há muitas opções de alimentação, stands com carros (inclusive dois modelos usados nas corridas, um Línea e um Formula Future, que despertam grande interesse do público), boa sinalização em torno do autódromo. É claro que aumentando o número de pessoas, aumenta a desorganização e quem já foi à Fórmula 1 sabe bem do que estou falando, mas há potencial para crescimento ali.

Competição
Entre as três categorias, a que mais provoca frisson entre os espectadores é o Trofeo Línea. E não é à toa: as duas corridas foram espetaculares, com muitas disputas, um grid recheado de pilotos do primeiro escalão. Acredito que o Trofeo Línea pode, perfeitamente, evoluir para uma categoria de turismo de alto nível, com participação de outras marcas, fazendo dela a principal categoria de turismo do Brasil.

A 600 Hornet também tem sua parcela de destaque. As duas provas foram bem disputadas, vimos algumas quedas, mas nada grave. É realmente interessante ver que as pessoas no Brasil gostam de corridas de moto, mesmo sabendo que nosso país não tem tradição neste tipo de evento.

Mas o que preocupa mesmo é a Fórmula Future. Os carros são bem interessantes, mas o grid é minguado, apenas 8 carros largaram (no Rio foram 9). Dessa forma não há disputas na pista e o público se desinteressa rapidinho. Não foram poucos os que aproveitaram esta corrida para fazer um lanche. É um abacaxi que os idealizadores precisaram descascar, pois o grande apelo do Racing Festival junto à CBA é realmente a formação de novos pilotos. Será necessário realizar um estudo de custos para incentivar a entrada dos pilotos que saem do Kart, caso contrário a categoria vai durar muito pouco.

Em resumo é isso: o Racing Festival decepciona como categoria escola, mas empolga com a promessa de uma categoria de turismo espetacular. Agora é preciso equilibrar esta balança. A semente já está plantada e acredito que vamos conseguir colher os frutos muito em breve.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Show de nostalgia




Quando pensei neste blog, tempos depois de me despedir do saudoso GridGP, imaginei um espaço no qual pudesse falar não só sobre automobilismo, mas também sobre automóveis em geral. Aliás, é por isso mesmo que o blog recebeu o nome de Velocidade & Cia. Mas a falta de tempo somada a pouca inspiração acabaram por transformá-lo num espaço dedicado exclusivamente à cobertura de corridas.

Mas se eu precisava de algum incentivo para retomar esta conversa, ele veio na semana passada. Em comemoração aos seus 50 anos, a Revista Quatro Rodas acabou relançar todo o acervo em meio digital, num formato idêntico ao que a Veja já tinha adotado.

Assino esta revista desde que tinha dez anos. A primeira assinatura foi presente de aniversário de um tio. Me lembro da capa como se fosse hoje: o recém-lançado Ford Verona andando a toda velocidade numa praia. Depois de 12 meses a assinatura acabou, meu avô a renovou e até hoje sou um leitor assíduo desta publicação, que aliás foi um dos temas da minha monografia de conclusão do curso de jornalismo.

Não vou discutir as qualidades editoriais da Revista, que para mim são inúmeras. Nesse momento, só posso recomendar um passeio demorado pelas edições. Há, por exemplo, um teste curiosíssimo, em 1992, por exemplo, colocando frente a frente os carros da Ford x os da Volkswagen, que formavam a Autolatina, na época. E dá-lhe Escort XR3, Fiat Prêmio, Tempra, Elba, Gol GTI, Monza, carros que fizeram parte da história da nossa indústria e que são a base do que temos hoje. Isso sem contar os exemplares das décadas de 60 e 70, uma festa para os fãs dessa época.

As mudanças na diagramação, no projeto gráfico (destaque positivo para os belos ensaios fotográficos do início dos anos 90, inclusive nas reportagens sobre turismo; e negativo para a tentativa de utilizar uma linguagem e uma diagramação mais bem humorada no final da mesma década, o que deixou a Revista engraçada, para dizer o mínimo), nos textos sempre bem feitos e apaixonados, as análises precisas, os títulos inacreditavelmente perfeitos, enfim, uma revista que faz parte da história da indústria automotiva.

Quatro Rodas faz parte da minha formação como cidadão e, se me interessei em cursar jornalismo, certamente devo muito desta decisão a Revista. Parabéns pelos seus 50 anos e obrigado por este presente que foi dado a nós, os leitores.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GP da Hungria: em corrida chata, Webber chega à liderança do campeonato


Rubinho x Schumacher: rusgas do passado em jogo, numa manobra linda e perigosa




Em primeiro lugar, vamos ao óbvio: esperar uma grande corrida nesta pista de Budapeste é perda de tempo. Ultrapassada, estreita, cheia de curvas de baixa velocidade, uma única reta muito curta. Tecnicamente não favorece em nada uma competição em alto nível como a Fórmula 1. E, se nos treinos, os dois melhores carros fazem dobradinha no grid, aí então a coisa se complica.



Só mesmo fatores externos podem mudar o resultado de uma prova assim e isso aconteceu ontem, com a entrada do Safety Car por causa de um pedaço de carro perdido na pista. Não gerou nenhuma disputa interessante, mas tirou uma vitória que estava nas mãos de Sebastian Vettel. E a corrida ficou nas mãos de Mark Webber que não entrou nos boxes para trocar seus pneus macios durante a entrada do Safety Car e parecia que ia perder a corrida. Mas se aproveitou do carro espetacular que tem em suas mãos e deu um show na pista, andando por cerca de 40 voltas com os mesmo pneus abrindo vantagem suficiente para entrar nos boxes e voltar ainda líder.



E voltou na frente de Fernando Alonso, já que Sebastian Vettel foi punido por não manter a distância necessária para o Safety Car. O alemão ficou bem bravo com a situação, mas infringiu uma regra e vai se complicando no campeonato por conta de sua inexperiência. Na volta à pista ainda tentou pressionar o espanhol da Ferrari, mas sem sucesso. E parecia que nada mais aconteceria até que...



... até que Rubens Barrichello, que tinha largado com pneus duros, entrou no box e voltou atrás do alemão Michael Schumacher. Os dois protagonizaram uma disputa dura, um pega bonito de ser ver, entre dois veteranos com muita história para contar. A ultrapassagem veio no fim da corrida, com Rubinho se jogando por dentro, e sendo jogado no muro pelo alemão. Uma disputa claramente carregada de mágoas do passado, de ambas as partes.



A foto que ilustra este post não nos deixa mentir: Schumacher foi desleal. Ele pode defender sua posição, óbvio, mas não pode jogar um piloto no muro desse jeito. Aliás, já imaginaram se tivesse algum infeliz saindo do box àquela altura? A FIA também achou a coisa perigosa, tanto que puniu Schumacher, que vai perder dez posições no grid para a corrida da Bélgica.



Parabéns a Rubinho pela ultrapassagem linda, uma das mais belas de 2010. Mas menos, muito menos, para a repercussão do fato no Brasil. A coisa está sendo tratada como uma disputa histórica, uma vingança de toda uma nação contra o alemão que sacaneava o brasileiro. E Rubinho, claro, carrega nas entrevistas, se revolta, bate no peito. Bobagem. Estamos falando de uma disputa pelo décimo lugar, entre dois pilotos de grande categoria, que nunca se bicaram, e que estão tocando o seu final de carreira de forma digna. Corridas são assim mesmo, um tentando passar e o outro tentando se defender. Se alguém for desleal na manobra será punido, como foi Schumacher. E pronto.



Classificação final (10 primeiros)



1º) Mark Webber – Red Bull Renault

Salvo pelo Safety Car, aproveitou a oportunidade, traçou uma estratégia ousada e cumpriu seu objetivo com muita competência. Chega a liderança do campeonato se valendo do grande equipamento que tem nas mãos e da maior experiência em relação ao companheiro.



2º) Fernando Alonso – Ferrari

Vai beliscando resultados importantes. Há apenas 10 pontos do líder, não há como não dizer que não está na briga.



3º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault

Se não fosse o Safety Car, ganharia fácil. Ainda assim, poderia ter se mantido próximo do companheiro, herdando a liderança após a parada de Webber. Mas, mais uma vez, se embananou sozinho e acabou em terceiro.



4º) Felipe Massa – Ferrari

Burocrático, se limitou a se manter na pista. Poderia ter tentado chegar na briga com Vettel e Alonso mas, aparentemente, ficou com preguiça.



5º) Vitaly Petrov – Renault

Ótimo resultado do russo, que foi muito bem no sábado e se manteve rápido e constante na corrida.



6º) Nico Hülkenberg – Williams Cosworth

Consistente o fim de semana todo, superando o companheiro de equipe.



7º) Pedro de la Rosa – Sauber Ferrari

Brilhante com um carro limitado, passando ao Q3 no sábado e marcando pontos no domingo. Deu adeus ao azar que vinha acompanhando-o em 2010.



8º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz

Mal na classificação de novo, não conseguiu impor seu ritmo no domingo. Resultado ruim para suas pretensões no campeonato. Poderia ter se aproveitado do abandono de Lewis Hamilton.



9º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari

Mais pontos para o japonês, que faz uma temporada das mais honestas, apesar dos erros ocasionais.



10º) Rubens Barrichello – Williams Cosworth

Pontinho conseguido na raça, após linda ultrapassagem sobre o ex-companheiro de equipe Michael Schumacher.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Houve uma corrida...

Largada na Alemanha: até parecia que seria uma boa prova...


O fato de ninguém estar se lembrando de que houve uma corrida na Alemanha este fim de semana, é uma prova inequívoca do mal que a Ferrari faz ao automobilismo. Suas ordens de equipe desastradas e autoritárias, que são seguidas por pilotos mequetrefes e pouco ambiciosos, acabam nos fazendo esquecer que um mundial está sendo disputado e que há outros pilotos interessados em ganhar o título, ao contrário de Felipe Massa.

Infelizmente o GP da Alemanha foi uma corrida pouco interessante e seus raros lances de emoção foram camuflados pela patuscada da Ferrari. Logo na largada Sebastian Vettel se encarregou de estragar o próprio fim de semana, que tinha tudo para ser perfeito, ao patinar na largada e espremer Fernando Alonso no muro. Impressionante como a falta de maturidade do alemão está complicando sua vida no campeonato.

As Ferrari se aproveitaram e foram embora. Lewis Hamilton tratou de ultrapassar Mark Webber e tentou acompanhar a outra Red Bull, sem sucesso. Enquanto isso Jenson Button fazia uma corrida consistente e inteligente como sempre. Ficando mais tempo na pista, conseguiu superar Webber e chegou logo atrás do companheiro.

Depois das paradas nos boxes a briga das Ferrari parecia mais aberta, pois Massa se manteve à frente de Alonso mesmo com dificuldades para aquecer os pneus mais duros. Numa de suas tentativas de ultrapassagem, Alonso foi fechado pelo companheiro e soltou um “Isso é ridículo” no rádio, certamente se referindo ao céu nublado, contrastando com a bela paisagem da Floresta Negra, que envolve o circuito de Hockeinheim.

Mais tarde, Felipe Massa cometeu um erro: ao acelerar na saída da curva, seu pé escorregou do acelerador, o que permitiu a ultrapassagem de seu nobre companheiro de equipe. Alguns torcedores foram embora do autódromo, enquanto outros ensaiaram algumas vaias. Certamente são pessoas de mente poluída, que acreditam que uma equipe tão comprometida como a Ferrari, pediria para que um piloto de tanta personalidade como Felipe Massa cedesse a vitória. Bobinhos.

De resto, cabe dizer que Rubens Barrichello não conseguiu repetir a boa performance das últimas provas, embora tenha ido bem no sábado. Petrov finalmente conseguiu pontuar com a Renault e as duas Toro Rosso conseguiram bater uma na outra, arrebentando a corrida da equipe.

Ah, e Luciano Burti que teve vergonha de traduzir o “isto é ridículo” de Fernando Alonso durante a transmissão, terminou a mesma afirmando que o grande vencedor do fim de semana foi Felipe Massa. Caso encerrado.

Classificação Final (10 primeiros)

1º) Fernando Alonso – Ferrari
Vinha num belo fim de semana, rápido nos treinos. Só não assumiu a liderança na largada porque foi espremido no muro por Vettel. Estava mais rápido que Felipe Massa, mas aparentemente para ele, isso não é suficiente para ultrapassar. É preciso que o companheiro permita esta ultrapassagem.

2º) Felipe Massa – Ferrari
Parecia estar renascendo para a Fórmula 1 correndo de forma consistente, se defendendo dos ataques de Alonso. Mas acatou uma ordem da equipe e, nas palavras brilhantes de Daniel Gomes, acabou morrendo.

3º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Mais uma vez a imaturidade de Vettel o impede de ganhar mais pontos. Se tivesse se mantido em linha reta, ao invés de espremer Fernando Alonso, depois de largar muito mal, poderia ter garantido a segunda posição, atrás do espanhol.

4º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Quando sente que não dá, corre para se manter na ponta do campeonato. Foi o que fez este fim de semana, na Alemanha, e se deu muito bem. Permanece na liderança do campeonato com todos os méritos.

5º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz

Consistente, rápido e eficiente. Vai marcando Lewis Hamilton bem de perto. Uma bobeada do companheiro e ele toma a liderança do campeonato.

6º) Mark Webber - RedBull Renault


Desta vez não brilhou como nas outras corridas. Foi ultrapassado por Hamilton no início e depois acabou sendo vítima da boa estratégia da McLaren para Button. Ainda assim marcou pontos importantes para o campeonato.

7º) Robert Kubica – Renault
Foi o primeiro colocado do “resto”, o que é bom levando em consideração o equipamento que tem na mão.

8º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Desta vez não brilhou como em Silverstone, embora tenha chegado à frente do ilustre companheiro de novo. Não foi um bom fim de semana para a Mercedes.

9º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Mais uma corridinha apagada do heptacampeão que segue em ritmo de pós-aposentadoria. Está apanhando feio do companheiro Nico Rosberg, mas não está nem aí.

10º) Vitaly Petrov – Renault
Desta vez não fez nenhuma bobagem, e conseguiu seu segundo pontinho na temporada. Precisa mostrar mais, está muito atrás do companheiro de equipe.