terça-feira, 14 de setembro de 2010

Alonso volta a briga com vitória no GP da Itália

Fernando Alonso pode ter vários defeitos, e tem mesmo. Mas não se pode negar seu talento e sua capacidade de disputar uma corrida em alto nível.

O GP da Itália foi uma demonstração clara de que o espanhol é o melhor piloto do grid e o mais qualificado desde que Schumacher se aposentou.

Andando o tempo todo no limite do carro, Alonso se aproveitou muito bem do ótimo pit stop da Ferrari e voltou a pista dividindo a curva com Jenson Button, que liderava até então. E levou a melhor sobre o atual campeão. Para desespero dos adversários, Alonso entrou de vez na briga pelo título.

E, entre os líderes, o que tem mais motivos para se preocupar é Lewis Hamilton. O inglês vem fazendo uma temporada impecável, mas ontem falhou feio. Tentou ultrapassar Felipe Massa na primeira volta, de forma atabalhoada, quebrou a suspensão e deu adeus ao GP. Num momento como este, qualquer abandono pode ser fatal. Ainda mais quando não se tem o melhor carro do grid.

Destaque para a troca de posições entre os pilotos da Red Bull no meio da prova, quando Vettel reclamou de um problema no motor e deixou Webber ultrapassar. Mas o problema sumiu e, no fim, o alemão ainda chegou na frente. A equipe disse hoje que o alemão teve problemas nos freios, mas eu não me assustaria caso descobrisse ordens de equipe. Mas isso já foi assunto no post abaixo.

E foi só o que aconteceu no pouco movimentado GP da Itália. Com exceção de algumas ultrapassagens de Mark Webber, uma ou outra briga no pelotão intermediário, a vitória foi decidida com uma troca de posições nos boxes, como nos tempos do reabastecimento.

Agora é acompanhar o comportamento dos postulantes ao título nas últimas provas, principalmente com o crescimento de Fernando Alonso.

Classificação Final (10 primeiros):

1º) Fernando Alonso – Ferrari

Vacilou na largada, mas contou com o bom trabalho da equipe Ferrari que fez um pit-stop rápido e o colocou de volta na liderança. No final, de forma inteligente, reconheceu isso e vai ganhando cada vez mais espaço na equipe. Está na briga.

2º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz

Foi bem na largada, mas já vinha segurando Fernando Alonso antes da parada no box. De qualquer maneira, obteve um bom resultado.

3º) Felipe Massa – Ferrari

Em terceiro largou, em terceiro chegou. Nada diferente do que vem fazendo ao longo de todo o ano.

4º) Sebastian Vettel – RedBull Renault

Adotou uma estratégia diferente, adiando até a última volta sua parada nos boxes. Deu certo.

5º) Nico Rosberg – Mercedes Benz

De volta ao topo da classificação, após uma série de corridas ruins. Continua dando um banho no companheiro famoso.

6º) Mark Webber – RedBull Renault

Largou muito mal e foi o único a se recuperar com ultrapassagens. Com o abandono de Hamilton assumiu a liderança do campeonato.

7º) Nico Hülkenberg – Williams Cosworth

Aos poucos vai mostrando seu talento e já vem sendo melhor que Rubens Barrichello na Williams.

8º) Robert Kubica – Renault

Não brilhou desta vez, mas marca pontos importantes no campeonato.

9º) Michael Schumacher – Mercedes Benz

Mais uma vez apagado, brigando nas posições intermediárias e tomando ultrapassagens no final.

10º) Rubens Barrichello - Williams Cosworth

Rubinho começa a apanhar de leve do companheiro de equipe. Desta vez, esteve apagado, apesar de ter ido bem nos treinos.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Jogo de equipe é inevitável

Coulthard, Villeneuve e Hakkinen no pódio de Jerez, em 97: um recorde de ordens de equipe



E a FIA não puniu a Ferrari. Quero dizer, não puniu mais, já que a multa de 100 mil dólares paga pela equipe de Maranello depois do GP da Alemanha não foi devolvida. Bom, não se pode acusar a FIA de não cumprir o regulamento.



Por mais revoltante que seja, a verdade é que a Fórmula 1 não abre espaço para um regulamento que proíba o jogo de equipe, pelo simples motivo de que a categoria é disputada por equipes. E são elas quem sabem onde estão seus interesses. A Ferrari se deu o direito de escolher Fernando Alonso como vencedor do GP da Alemanha. Seus carros estavam em primeiro e segundo lugares, ela ordenou que trocassem de posições. Ah, isso é contra o esporte, dirão alguns! Sim, é contra o esporte, mas Fórmula 1 não é esporte há muito tempo.


Esta semana, andei revendo algumas corridas antigas que tenho em casa e, entre elas, acabei assistindo à decisão do mundial de 1997, em Jerez de la Frontera, com Michael Schumacher e Jacques Villeneuve disputando o título. Todos já conhecem o final, com Schumacher tentando tirar Villeneuve quando o canadense tentou ultrapassá-lo. O ferrarista saiu da pista, perdeu o campeonato e a chance de tirar a equipe vermelha da fila teve que esperar mais um pouco.


O curioso é que a prova, aliás uma bela corrida, teve jogos de equipes do início ao fim. Vejam só: no início, Villeneuve cedeu a posição para Frentzen esperando que seu companheiro pressionasse Schumacher e o levasse a cometer um erro. Depois os dois trocaram de posição de novo, acintosamente, quando o canadense percebeu que seu companheiro não conseguiria incomodar o rival. Em certo momento, após as paradas de boxes dos líderes, Frentzen assumiu a ponta e passou a virar tempos altos para atrasar Schumacher na pista, permitindo que Villeneuve voltasse a encostar no alemão.


No meio da corrida, Schumacher e Villeneuve encostaram no retardatário Norberto Fontana, da Sauber com motor Ferrari. Fontana facilitou a passagem do alemão, mas atrapalhou Villeneuve na cara de pau, história que foi confirmada por Peter Sauber há alguns anos.


E ainda tinha mais: no final da prova, David Coulthard, que estava à frente de Villeneuve, foi chamado aos boxes pela McLaren, para não atrapalhar o canadense que perseguia Schumacher. No final da prova, com Schumy fora e Villeneuve precisando de apenas um sexto lugar para ser campeão, a Williams retribuiu o presente e mandou o canadense reduzir no finalzinho, entregando a vitória para o piloto da McLaren. Que piloto? Mika Hakkinen!!! Isso mesmo, Ron Dennis mandou Coulthard deixar o finlandês passar no final para que ele herdasse a vitória, já que seria a sua primeira na carreira, contra outras três do escocês.


Você conseguiu contar quantas ordens de equipe vimos acima? Pois é, às vezes elas até extrapolam as paredes das equipes. Com isso é fácil concluir que não é a FIA quem tem que resolver este problema. São os pilotos que precisam ter mais gana de vencer e parar de se sujeitar a todas as ordens que são dadas pelos patrões.