terça-feira, 16 de dezembro de 2014

2014 em revista: Regulamento


Quando a pré-temporada da Fórmula 1 2014 começou, todos estavam curiosos para ver como se comportariam os novos carros, com motores menores, turbinados, e um monte de componentes eletrônicos de recuperação de energia. Tudo ecologicamente correto e buscando a famosa redução de custos.

Os primeiros resultados foram escandalosos: a RedBull, atual campeã, mal conseguia sair dos boxes. A Lotus sequer apareceu nas duas primeiras sessões. Todos os pilotos reclamando dos carros, ariscos e difíceis de guiar. O som do motor era ridículo. Diversos dirigentes dando entrevistas, dizendo que seria uma surpresa se algum carro conseguisse chegar ao final do GP da Austrália, a primeira corrida.

Infelizmente, o novo regulamento da Fórmula 1 acabou se tornando uma sucessão de tiros n`água. A falta de confiabilidade dos carros foi superada a tempo. O som dos motores, baixo e abafado, tornou-se um problema, tanto para que assiste pela televisão, como para quem vê ao vivo. O excesso de eletrônica nos carros tornou o papel dos pilotos ainda mais irrelevante, já que eles são monitorados pelo rádio o tempo todo. As corridas de Fórmula 1 passaram a destacar aquele que economiza melhor, e não aquele que é mais rápido.

Para completar, o novo regulamento ainda mantinha esses pneus horrorosos da Pirelli que, em algumas pistas, não chegam a durar mais que seis voltas. E não podemos nos esquecer da asa móvel, que converteu as ultrapassagens em simples passagens de um piloto pelo outro.

A Fórmula 1 2014 afastou-se ainda mais de sua essência, que é a velocidade. Ao invés de vermos pilotos fritando pneus, brigando com os carros, buscando vitórias, passamos a ver gráficos de economia de combustível, câmeras térmicas para mostrar desgaste de pneus e gravações de rádio de engenheiros mandando pilotos virarem mais para a direita, do que para a esquerda.

Sim, houveram boas corridas, mas a questão é maior do que essa. A Fórmula 1 sempre foi uma experiência única. Me lembro da primeira vez que levei um primo meu a Interlagos. O moleque tinha 15 anos e quando passamos pela portaria do setor G, ouvimos um carro rasgando a reta oposta. Apenas o som e a sensação de que era um carro passando a quase 300 por hora fizeram com que esse meu primo saísse correndo desembestado na minha frente para chegar logo à arquibancada, mesmo não sabendo como chegar lá ainda.

Desconfio que a sensação não seria a mesma em 2014. E deve ser por isso que a F1, mesmo no meio de uma disputa entre dois pilotos da mesma equipe, tenha chegado ao final de uma forma meio melancólica, estranha. Talvez esteja na hora de resgatar um pouco da essência lá do passado.

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