quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Vai ser esquisito


Era janeiro de 2000. Eu ainda estudava para entrar na faculdade, sabia que era jornalismo, sabia que era automobilismo. Entrei, seis meses depois, montamos um programa na rádio universitária (Eu, Fábio Campos e Luis Fernando Ramos), transmitimos uma corrida ao vivo, fomos a Interlagos, ainda vamos, nos tornamos amigos por causa da velocidade, por causa da Fórmula 1.

Bem, dizia que era janeiro de 2000, não nos desviemos. Recebi em minha casa meu exemplar daquele mês de Quatro Rodas, que vinha com seu tradicional guia da temporada de Fórmula 1. Na capa, uma foto de Rubens Barrichello na Ferrari. A 1ª imagem. Uma emoção inesquecível.

Aquele cara era um vencedor. Depois do dia 1º de maio de 94 se tornou “o” piloto brasileiro. E vestiu isso. Quis, por puro entusiasmo, ser o nº 1 no coração dos brasileiros, mesmo pilotando Jordans e Stewarts.
Mas em 2000 a esperança se renovou. E foram 6 anos na Ferrari, dois vice campeonatos, nove vitórias. A 1ª delas, na Alemanha, uma das maiores de um piloto de Fórmula 1. Também tivemos Inglaterra / 2003, demonstração de braço, de talento, de raça.

Mas, no outro cockpit vermelho estava o maior de todos. Aquele que esmagou todos os recordes. Que esmagou adversários. Que esmagou Barrichello. Que não soube, nunca soube lidar com isso. De esperança, virou chacota, sinônimo de derrota, de coadjuvante.

O Brasil, que Barrichello abraçou em 94, foi duro com ele. E ele seguiu em busca dos seus objetivos. Em 2006 foi para a Honda, em 2008 sua carreira parecia acabada.

Veio 2009, um foguete na Brawn e, novamente, um companheiro de equipe mais rápido. Jenson Button campeão, Rubinho vice de novo. E, de novo, se fazendo de vítima. E de novo apanhando, da torcida e da imprensa, a mesma que quis tranformá-lo em herói nacional em 94.

Os últimos dois anos foram de reconciliação. O Brasil, que já não vê a F1 como via em 94, voltou a demonstrar carinho com o seu piloto, solidarizou–se com seus esforços para reerguer a Williams, com sua luta para se manter na categoria mais importante do automobilismo.

O último ato poderia ter sido uma despedida honrosa, que ele merecia. Mas Barrichello não quis. Preferiu mendigar uma vaga numa equipe decadente que precisava de dois pilotos pagantes. E escolheu dois que nada mostraram até aqui, à exceção de seus extratos bancários.

Agora, acabou. Vai ser esquisito não ver Barrichello entre os 24 que vão correr em 2012. E, se por acaso ele aparecer entre esses 24, pilotando uma Hispania, vai ser tão estranho quando ridículo. Se Rubens não tivesse, em 94, assumido o papel que assumiu, talvez nem tivéssemos mais transmissão ao vivo de Fórmula 1 no país. Mesmo sem títulos, sem a vitória no Brasil sonhada por ele e pela torcida, ele foi, a seu modo, “o cara”.  

4 comentários:

Ron Groo disse...

Vai ser estranho, mas eu vou curtir ver esta estranheza...

Bruno Aleixo disse...

Ah Groo, seja menos exigente com o Barrichello, vai... Rsrsrs

Por Dentro dos Boxes disse...

Bruno,

disse tudo... valeu

abs...

Bruno Aleixo disse...

André, valeu pelo comentário!