segunda-feira, 31 de maio de 2010

É disso que a F1 precisa...

GP da Turquia: uma boa prova, sem fatores externos



Começo esta análise com uma pergunta: afinal de contas, o que vale mais em uma corrida? Ultrapassagens, brigas e disputas ou ver a eficiência de uma equipe dominando o campeonato? A segunda opção foi o que vimos durante anos e anos. Anos representados pela Ferrari, utilizando como símbolo a frase repetida mil vezes pelo “locutor rei”: “Tragam as crianças para casa”. E foi levando as crianças para casa que Raikkonen, Massa, Schumacher e Barrichello fizeram da Ferrari um time quase imbatível nos últimos anos. Mas também transformaram a Fórmula 1 num negócio chato, modorrento, pouco competitivo. Enfim, uma disputa entre camaradas.

E chegamos a este GP da Turquia, sem dúvida, uma das grandes corridas dos últimos tempos. E desta vez não teve chuva, não teve Safety Car, nada, nenhum fator externo. Teve, sim, Hamilton partindo para cima de Webber desde a primeira volta, devolvendo uma linda ultrapassagem de Button com outra linda ultrapassagem, teve Alonso batendo rodas com Petrov para garantir um pontinho a mais e diversos outros lances interessantes.

E teve, claro, o grande momento da temporada até aqui: a batida entre as duas Red Bull de Webber e Vettel. O alemão vinha em segundo, depois de ganhar a posição de Hamilton no Pit Stop. Atrás no campeonato, pressionado, fez o que se esperava dele, partiu para cima. Mas cometeu um erro de avaliação. Mark Webber não deixou espaço para o companheiro, se defendeu de forma leal e justa. Mas Vettel esperava que Webber abrisse, o que não aconteceu. Ao tentar voltar para tangência da curva encontrou o companheiro lá, eles bateram e a Red Bull entregou para a McLaren uma dobradinha que era toda sua. O australiano ainda conseguiu chegar em terceiro, pelo menos salvou a liderança do campeonato.

Uma manobra de ultrapassagem é arriscada por natureza, não há como negar. Mas quando acontece entre dois companheiros de equipe é preciso ter uma dose maior de atenção por parte dos envolvidos. Atenção que faltou a Vettel e que sobrou a Button, durante o segundo melhor momento da temporada até aqui. O atual campeão tentou ganhar a posição do companheiro, passou, os dois vieram lado a lado até o momento em que chegaram ao limite de uma batida. Jenson recolheu, salvou o segundo lugar e mostrou que é possível que dois companheiros disputem uma vitória sem causar prejuízo da equipe.

Temo que a imagem das Red Bull se chocando seja mais forte do que a bela disputa da McLaren. Mas que essa imagem não influencie às demais equipes a adotar a tal de “Tragam as crianças para casa” que a Ferrari imortalizou. A Fórmula 1 precisa de disputas como as que tivemos na Turquia.

Classificação Final (10 primeiros)

1º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Combativo desde o início, deu um show na disputa com Button. Estranhamente parecia mais contido no pódio, mas isso é o de menos. Está na disputa pelo campeonato.

2º) Jenson Button – Mclaren Mercedes Benz
Continua mostrando que o seu forte é a inteligência durante a corrida. Foi até o limite na disputa com Hamilton mas soube a hora de recolher e garantir os 18 pontos.

3º) Mark Webber – Red Bull Renault
Sem culpa no acidente com Vettel. Mostrou que, além de estar pilotando muito, está com uma sorte dos diabos. Se tocar àquela velocidade e ainda conseguir continuar parece algo inacreditável.

4º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Combativo no início da prova e constante no final. Já está mais rápido que o companheiro. Gostaria muito de vê-lo nas disputas que estão acontecendo na ponta das provas. Pode chegar lá na segunda metade da temporada.

5º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Acompanha bem Michael Schumacher, mas não o supera como antes. Teve dificuldades no final da prova, com os pneus desgastados, mas se manteve bem.

6º) Robert Kubica – Renault
Sempre nos pontos, faz um campeonato para lá de digno. É outro que faz falta nas disputas da dianteira.

7º) Felipe Massa – Ferrari
Fraco, pouco combativo, burocrático. Felipe me parece fora de combate no momento. E o carro não ajuda.

8º) Fernando Alonso – Ferrari
Ele e a equipe cometeram um erro grosseiro na classificação. Largando no meio do bolo, teve que fazer outra prova de recuperação. Mostrou muita ousadia e técnica na disputa final com Petrov.


9º) Adrian Sutil – Force India Mercedes Benz
Outro que chegou aos pontos ultrapassando concorrentes e mostrando combatividade. Bela prova.

10º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari
Na classificação, conseguiu passar ao Q3, o que é um grande destaque. Passou a corrida toda disputando posições e foi premiado com um ponto importante para a sua equipe.

2 comentários:

Ron Groo disse...

Eu gostei, independente do resultado, houve competição pelo primeiro lugar.
Há tempos não se discutia uma vitória com tanta força dentro da pista e com tantas possibilidades.

Tomara que a Ferrari aprenda algo com isto e acabe com o "tragam as crianças para casa"

Bruno Aleixo disse...

Pois é Groo. E tomara também que a bobagem do Vettel não leve às equipes a valorizarem ainda mais a tal frase...