sexta-feira, 1 de maio de 2009

15 anos...

Já fui mais aficionado com automobilismo. É engraçado isso, porque de uns tempos para cá é que venho militando mais neste meio, mas sem dúvida, eu era mais fanático na minha adolescência.
E foi nesta época que adquiri e mantive o hábito de gravar corridas de Fórmula 1. E depois, via, revia, esperava mais alguns dias para ver de novo. Hoje só aciono meu videocassete (sim, eles ainda existem) para gravar aquelas corridas às quais não poderei ver, mais como um compromisso com vocês, leitores aqui do blog.

Não tenho mais essas fitas, com exceção de uma. E um dia desses eu a reencontrei, mexendo no meu armário. É exatamente a gravação do GP de Ímola, de 1994. Hoje faz quinze anos que aquela corrida aconteceu. Resolvi assisti-la e pude notar o quanto a Fórmula 1 mudou nesses últimos anos.

Não vou utilizar este espaço para comentar o acidente fatal de Ayrton Senna. Todos nos lembramos, temos uma relação especial com este momento do nosso esporte, sabemos o que estávamos fazendo, qual foi nossa reação. Enfim, a tragédia marcou a todos. A verdade é que esta corrida tem um valor muito grande para o automobilismo e, em especial, para a Fórmula 1. Apenas Rubens Barrichello disputava a categoria naquele ano (ele não disputou este GP, por causa do seu acidente na sexta feira) e deve se surpreender cada vez que lembra como era a F1 naquele tempo. A primeira coisa que me chama a atenção quando coloco o play é ver pelas precárias imagens (na época eu não tinha tv a cabo) os carros se equilibrando em um asfalto todo remendado.

Se o asfalto era ruim, a pista era sensacional. A corrida foi boa, apesar do clima ruim, teve muitas ultrapassagens proporcionadas pelas curvas Tamburello e Villeneuve, que eram feitas com o pé no fundo. Quando Michael Schumacher estava atrás da Ferrari de Gerhard Berger, depois da segunda largada, dava para ver o Benetton ser “sugado” pelo vácuo da Ferrari, fazendo o alemão chegar ao fim da reta em condições de ultrapassar. Cenas raras de se ver nos dias de hoje, com o calendário infestado de traçados enfadonhos que dão sono só de olhar.

Uma das coisas que mais me impressionaram, confesso, foi a falta da limitação de velocidade nos boxes. Acho que não me lembrava de como era perigoso a maneira como os carros entravam e saíam dos boxes em altíssima velocidade. Isso causou o acidente de Michelle Alboreto, que atropelou dois mecânicos e instituiu de vez a limitação da velocidade.

Esses 15 anos passaram rápido demais. Aquele fim de semana, triste e doloroso, certamente ensinou uma lição importante aos dirigentes da Fórmula 1: a de que não se pode brincar com um esporte tão perigoso. A evolução da categoria, mostra que eles aprenderam direitinho.

3 comentários:

Ron Groo disse...

Tinha de mudar né?
Pena que até na F1 o velho ditado que diz que só se arruma a fechadura depois da porta arrombada.

Nickcs disse...

Ótimo post, parabéns! Apesar de concordar com as medidas de segurança impostas pela FIA nesses anos todos, devo admitir que era mais emocionante assistir corridas dessa época. Não que eu seja à favor de ver mais uma carnificina como a de Imola, Deus nos livre, mas acho que o aumento da segurança contribuiu para tirar também a emoção das provas. Os traçados foram mutilados, a potência e o grip mecânico foram restringidos e portanto só sobrou a aerodinâmica para os engenheiros desenvolverem. O que restou foram as corridas de autorama de hoje. Fora que, mesmo com a segurança elevada de hoje, parece que os pilotos arriscam menos. Legal ver seu relato sobre o vácuo, muito pertinente, hoje em dia parece que isso não existe mais. Enfim, a FIA está revendo algumas de suas medidas equivocadas, como o reabastecimento, pneus raiados, etc. Vamos ver se é possível resgatar também a emoção perdida durante esses 15 anos.

Bruno disse...

Podemos reparar também como os carros eram simples, e até certo ponto fragéis. Acho que tirar um pouco da emoção das provas para o bem dos pilotos foi importante e deu muito resultado, além claro, do desenvolvimento na estrutura do carro (monocoque, o cordão de aço que segura o pneu). A Fórmula 1 atual se enquadra como um grande negócio, dinheiro, principalmente se depender do Ecclestone e Mosley.
Acho que nesse ano já olharam com mais carinho para a história da Fórmula 1, tiraram aqueles tantos de haletas dos carros, volratam ao pneu slick e já está previsto o final do reabastecimeto no ano que vem. Salvação da F1? Não sei e está cedo para julgar, mas são bons passos (tirando esse sistema de medalhas horroroso).
Abraços.