Ferrari em crise: reflexo da desorganização

Não é por acaso que, desde 1992, a Ferrari não fica sem marcar pontos nas duas primeiras corridas do ano. Se desde a saída de Ross Brawn e o afastamento parcial de Jean Todt os italianos já vinham cometendo erros bobos, este ano, com a saída oficial do francês e o desinteresse cada vez maior de Michael Schumacher na equipe, a Ferrari vem se superando.

O erro com Kimi Raikkonen, na Malásia, foi uma das coisas mais esdrúxulas que já tive oportunidade de ver na Fórmula 1. Colocar pneus de chuva num carro, quando a água ainda não caiu, é algo que qualquer criança sabe que não tem a menor possibilidade de dar certo. É só pensar um pouco: Raikkonen perdeu mais de 20 segundos a cada volta com a pista seca. Se cada pit-stop dura um pouco mais que isso, o finlandês só sairia em vantagem caso a chuva começasse a cair imediatamente após ele sair do box, antes mesmo de contornar a primeira curva, o que não aconteceu. Mas como ele ainda deu umas 4 ou 5 voltas, a coisa foi ainda pior, pois além de perder muito tempo andando devagar, ainda foi obrigado a parar de novo, pois seus pneus acabaram neste período. Ou seja, teve que parar de novo.

Existem riscos e riscos a se correr na Fórmula 1. Mas colocar pneus de chuva, com pista ainda seca, apostando que a água estava por vir, é algo que confesso nunca ter visto. Principalmente num carro que ocupava a sexta posição e tinha chances de brigar por mais posições. Fizessem isso com Felipe Massa, que estava empacado lá atrás sem conseguir progresso, ainda seria mais fácil de engolir, embora a burrice fosse similar.

A Ferrari precisa se explicar. Tem um carro que não é ótimo quanto o de outros anos, mas tem potencial para melhorar. Tem excelentes pilotos. Mas está desorganizada e desorientada.