domingo, 3 de julho de 2016

Gigantesco



Desde 2012 não vemos, na Fórmula 1, uma disputa de título franca entre dois pilotos. Tivemos um esboço em 2014, mas a Mercedes meteu a colher na briga de Lewis Hamilton contra Nico Rosberg. Este ano, por mais que tente, a equipe não está conseguindo frear os ânimos de seus dois pilotos e, para a felicidade da torcida, parece que temos um campeonato.

Hoje, na Áustria, Rosberg e Hamilton disputaram a vitória como convém a dois pilotos que estão brigando pelo título. Ninguém deu mole. Ninguém aliviou. Ninguém quis deixar o companheiro passar para o bem do time. Que se dane o time.

Nico fez uma prova excelente, depois de largar em sétimo, devido às substituições que teve que fazer em seu carro após a batida no treino livre de sexta feira. Ultrapassou adversários e apostou em uma estratégia que ignorava a chuva que rondava o circuito. Hamilton preferiu ficar na pista, esperando a água cair e, como ela não veio, o inglês perdeu tempo e deixou a liderança no colo do companheiro.

Na segunda parada, Nico optou por supermacios enquanto Hamilton colocou macios. Após uma rápida reclamação pelo rádio, Lewis fez aquilo que todo piloto deve fazer: foda-se a estratégia, vamos acelerar. E ele acelerou com vontade para cima do companheiro. Na última volta Hamilton encostou de vez e colocou por fora na curva 2. Rosberg espalhou, os dois se tocaram, e Nico levou a pior. A asa dianteira de seu carro quebrou e ele ainda foi ultrapassado por Verstappen e Raikkonen, que vinham logo atrás. Hamilton cruzou a linha de chegada para obter uma vitória gigantesca. Agora, ele está a apenas 11 pontos de Rosberg no campeonato.

Rosberg jogou duro? Jogou. Poderia ter aliviado e garantido a segunda posição? Poderia. Mas quem está disputando um campeonato, não vai aceitar tomar um passão por fora na última volta de uma corrida. Não pode aceitar. Esse Nico é candidato ao título, não aquele de Mônaco, que abriu passagem para o companheiro de equipe, pelo bem do time.

Toto Wolf disse que vai recorrer a ordens de equipe, se seus pilotos não se comportarem daqui pra frente. Vai lá Mr. Toto. Quero ver é quem vai obedecer.

O GP da Áustria ainda trouxe um Max Verstappen espetacular, pilotando na parte final administrando pneus com mais de 40 voltas e segurando Kimi Raikkonen. Teve um décimo lugar sensacional de Pascal Wehrlein, marcando pontos para a Manor. Teve Felipe Nasr fazendo milagre com aquela carroça da Sauber. E teve Jenson Button voltando a andar entre os primeiros com a McLaren.

Por outro lado, vimos uma corrida ruim de Felipe Massa e de Valteri Bottas, numa pista em que a Williams costuma ir bem. Vai mal a equipe inglesa. E a Ferrari, mais uma vez, forçando a barra na estratégia com Vettel e vendo o pneu traseiro direito do alemão indo pelos ares no final da reta.

É uma boa Fórmula 1, essa que estamos vendo em 2016. Tem seus problemas mas está oferecendo bons espetáculos e o principal: uma insana disputa pelo título. O que mais podemos esperar?

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