segunda-feira, 2 de maio de 2016

Recado dado

O pódio na Rússia: Hamilton está nas cordas?

Não é muito comum, pelo menos na história da recente da Fórmula 1, casos de segundos pilotos que conseguiram virar o jogo depois de apanhar do companheiro de equipe. Barrichello x Schumacher, Massa x Alonso, Berger x Senna, Hill x Prost, Patrese x Mansell, são algumas das duplas com papéis mais do que definidos. Houve alguns brilharecos no meio do caminho, como Webber x Vettel quando, em 2010, o australiano desafiou o alemão pelo título. E existem também, claro, os casos em que a divisão de forças era tão igual, que o relacionamento entre os pilotos acabou em guerra, como foi o caso de Senna x Prost, em 88.

Depois de 2015, parecia claro que a Mercedes teria uma dupla de campeão e escudeiro, com Hamilton recolhendo taças e Rosberg escoltando o companheiro. Mas o alemão decidiu que não seria assim e iniciou 2016 de forma arrasadora, emplacando quatro vitórias em quatro corridas e abrindo quase 50 pontos de vantagem à frente do inglês tricampeão do mundo.

É claro que Hamilton teve problemas: patinou nas largadas da Australia e do Barhein, largou em último na China e em 10° na Rússia, sendo que nos dois últimos casos, foi vitimado por problemas mecânicos nos treinos. Mas no GP russo Rosberg mostrou que, talvez, sua liderança não deva ser creditada 100% à sorte.
Logo na largada, Hamilton pulou do 10° para o 5° lugar, aproveitando-se da lambança protagonizada por Daniil Kvyat. Após o Safety Car já estava em 4° e após a primeira rodada de pit-stops já aparecia em 2°, com 12 segundos para tirar de diferença da outra Mercedes, sem que ainda tivesse percorrida nem a metade da corrida.

O Lewis de 2014 e 2015 aniquilaria essa diferença em poucas voltas. E é aí que entra a diferença: ou Hamilton não é o mesmo dos anos anteriores, ou Rosberg definitivamente resolveu acordar. Pilotando de forma consistente, o alemão jamais se abalou, nem mesmo quando viu a sua vantagem cair para menos de 8 segundos, num momento em que pegou tráfego intenso. Na primeira volta com pista livre, foi quase 1 segundo mais rápido do que Hamilton, acabando com as pretensões do inglês.

O GP da Rússia pode não ter sido a melhor corrida do ano, mas foi importante para o campeonato e fundamental para as confianças de Rosberg e Hamilton. A julgar pela cara do inglês no pódio, o recado foi muito bem dado.

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