quarta-feira, 30 de maio de 2012

Por que não?


Al Unser Jr. lidera o pelotão da Indy, em Michigan/96
 Estava eu a visitar minha avó outro dia, num domingo à tarde. Sua TV estava ligada na Record, que passava o programa da Eliana, aquela dos dedinhos. A pauta do programa? Durante duas horas e meia, que foi o tempo que permaneci sentado no sofá, ao lado de minha avó, diversas pessoas se revezaram, aos berros, diante de uma taça de cristal, tentando quebrá-la.

A Record não transmite futebol, como Globo e Band, de modo que precisa lançar mão de estratégias para obter audiência. E sua estratégia era colocar Eliana recebendo convidados que tentavam, em vão, quebrar uma taça de cristal. Berrando.

Longe de mim querer pautar as capengas emissoras de TV aberta do nosso país, mas fica a pergunta: será que a Fórmula Indy não seria um produto interessante para emissoras que não transmitem futebol, como Record, Rede TV e SBT? Estamos falando de uma competição esportiva de nível razoável, que produz um espetáculo no mínimo interessante e, o principal para o Brasil, tem brasileiros em condições de vitórias.

No início da década de 90, Nigel Mansell saiu da Fórmula 1 e foi para a Fórmula Indy, onde já estavam os ex-F1 Emerson Fittipaldi, Mário Andretti e uma turma do calibre de Bobby Rahal, Al Unser Jr. e Paul Tracy. A rede Manchete comprou os direitos de transmissão da categoria e, a partir da daí, a Indy se tornou uma das mais populares categorias de carros no Brasil.

E, para melhorar, veio o SBT e, a partir de 95, realizou um trabalho impecável, uma aula de transmissão ao vivo, com profissionais in loco, câmeras exclusivas, entrevistas com pilotos pelo rádio do carro durante a prova, um verdadeiro show. Tenho as temporadas de 95 e 96 da Indy em DVD. É um material de primeira qualidade.

(PS: assistam a este vídeo. Não consegui linkar direto aqui. É a vitória de André Ribeiro em Jacarepaguá/96. O ponto alto da Indy no Brasil, de arrepiar)

Depois a Indy entrou em crise, houve a separação entre Cart e IRL, a qualidade caiu e aí não tem milagre que salve uma categoria que perde o que tem de melhor: bons pilotos e bons carros.

No último fim de semana assistimos às 500 milhas de Indianápolis pela Bandeirantes. Transmissão correta, sem grandes espetáculos, um narrador decadente, mas tudo bem. Só que não pudemos assistir à premiação final, porque a Band transmite o futebol e este é, compreensivelmente, o principal produto. Este mesmo futebol nos impedirá de acompanhar todas as etapas ao vivo.

A Indy não é um produto tão caro como a Fórmula 1. Recuperou a qualidade de tempos anteriores e produz espetáculos interessantes. Apesar do trabalho excepcional do SBT na década de 90, nem é preciso tanto. Uma transmissão correta, ao vivo, que permita ao espectador assistir à todas as corridas, sem cortes no final, já estaria de bom tamanho.

Ou será que a Eliana e seus convidados com o gogó de ouro são melhores que isso?


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