quinta-feira, 1 de maio de 2014

Um blogueiro sem recursos



Vinte anos da morte de Ayrton Senna. Basta ligar a televisão, ouvir o rádio, navegar na Internet, enfim, estar acordado, para ver documentários, corridas históricas, ler textos maravilhosos, emocionantes, testemunhais. Gente que conviveu com o piloto, que compartilhou da sua gana por vitórias e títulos, que esteve com ele em Ímola, no fim de semana mais trágico da história do automobilismo. Tem material para todos os gostos, alguns excelentes, outros nem tanto. Mas basta saber escolher e relembrar uma carreira fantástica e um dos eventos midiáticos mais incríveis da história.

Mas o que resta a um blogueiro independente e de poucos recursos orçamentários? Bem, eu poderia escrever contando como foi meu dia, em 1º de maio de 1994. Mas tinha apenas 14 anos e vi a corrida como qualquer pessoa. Não creio que isso interesse a alguém. Não conheço ninguém que já tenha tido algum contato pessoal com Senna e nem que tenha estado em San Marino, naquele dia, o que torna impossível trazer para este blog um relato sobre como era pesado o clima no circuito.

Vamos especular então sobre as causas do acidente? Bobagem. O inquérito não concluiu nada, mas não precisa de inquérito. Qualquer um pode ver as imagens da última volta antes da batida e ver como o volante do FW16 estava solto nas mãos de Senna. Achar que aquela barra de direção não se partiu e levou o carro direto para o muro, para mim, é delírio.

Como sou um torcedor de arquibancada fiquemos com elas, as arquibancadas. Há alguns dias descobri, no Youtube, os dois vídeos abaixo:

 


Na hora em que descobri, imaginei que tinha conseguido um furo histórico, imagens raríssimas, ganharei o Pulitzer. Bem, um dos vídeos tem mais 4 milhões de visualizações o que prova que, além de pretensioso, sou burro. Mas, ainda assim, aqui estão eles.

Quando Senna corria, mal havia celulares, as câmeras digitais não existiam e, por isso, é dificílimo encontrar imagens do piloto diferentes das que já conhecemos pela televisão. Se alguém tiver filmado uma corrida de Senna em Interlagos terá que procurar a fita, mandar digitalizar e subir para o Youtube.

Esses caras que fizeram estes vídeos tiveram este trabalho. Filmaram, da arquibancada, os últimos momentos de um dos grandes pilotos da história da Fórmula 1. Um deles estava na curva Tosa (onde Ratzenberger morrera no sábado) e o outro na chicane Acque Minerali.

Eles acordaram cedo, foram para o autódromo, devem ter comprado lembranças da corrida, enfrentaram filas e curtiram aquele clima que só quem já foi a Interlagos ou a qualquer autódromo do mundo, sabe que existe e o quanto é bom. É possível que eles só tenham se dado conta da gravidade do evento que presenciaram quando chegaram em casa.

Esta é a homenagem mais sincera que acho que posso oferecer aqui no blog. A visão de quem teve o privilégio de testemunhar, da arquibancada, a última corrida de um dos maiores da história do automobilismo.

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