quarta-feira, 14 de maio de 2014

Primeira parte cumprida. E o resto?

Massa ajudou no ressurgimento da Williams. Falta agora trabalhar para si mesmo

A pré-temporada realizada pela Williams suscitou muitas expectativas em quem acompanha a Fórmula 1. Com um carro rápido, bonito e conduzido por uma boa dupla de pilotos, a equipe estaria pronta para se tornar, novamente, uma das grandes da Fórmula 1?

Bem, vamos analisar por partes. Houve um claro exagero de todos os jornalistas (eu, inclusive) sobre o que poderia fazer a equipe inglesa neste ano. A Williams não vai ganhar corridas, como achávamos. Talvez nem ao pódio suba.

Mas isso não deve camuflar a evolução da equipe, que é extraordinária. Estamos falando de um time que, em 2013, mal passava do Q1 nas classificações. Nesta temporada, a Williams vem frequentando o grupo dos dez carros mais rápidos com seus dois pilotos, o que é incrível.

É um resultado direto dos investimentos feitos em todos os setores, com a contratação de profissionais experientes e renomados. É também fruto da associação com a Mercedes e, sim, da chegada de Felipe Massa. A contratação do brasileiro foi um investimento de peso da equipe, que queria um piloto experiente, com anos de rodagem em equipe grande e que precisava de uma chance para liderar um projeto. Felipe era este cara. E os resultados obtidos pela equipe devem, em alguma parcela, ser creditados à chegada do brasileiro no time.

Isso é uma coisa. A outra coisa são os resultados individuais de cada piloto, e aí o negócio complica. Da mesma maneira que havia expectativa em torno da Williams, havia expectativa em torno de Felipe Massa. Afinal, conseguiria ele se reerguer e mostrar os bons resultados dos primeiros anos de Ferrari, antes da chegada de Fernando Alonso?

Até aqui, Massa está 22 pontos atrás de Valteri Bottas, finlandês que estreou na Fórmula 1 onze anos após o brasileiro começar na Sauber, em 2002. Sim, Massa teve problemas (em Xangai, com um pit-stop desastrado e em Melbourne, com um Kobayashi desastrado), mas quando chegou à frente de Bottas, foi por milésimos. E ainda tivemos a Malásia, na qual ele precisou desobedecer uma ordem de equipe para deixar o companheiro ultrapassá-lo. Ou seja, Bottas estava efetivamente mais rápido.

O que nos traz ao GP da Espanha, onde Felipe Massa fez uma corrida medíocre, que lembrou seus piores tempos de Ferrari. Lento, burocrático e nada agressivo, Felipe desgastou seus pneus acima da média, mesmo virando tempos mais altos do que a maioria de seus adversários. Tem alguma coisa muito errada quando alguém anda mais devagar e, ainda assim, precisa parar mais vezes para substituir a borracha. Sua explicação ao final da corrida era tão frágil, que ele mesmo parecia não acreditar muito no que estava dizendo.

Se a primeira etapa de seu contrato com a Williams foi cumprida, agora é hora de mostrar na pista e retribuir a confiança que a equipe depositou nele. E mais: se levar mais surras de Valteri Bottas, como a que levou na Espanha, ficará difícil desobedecer outra eventual ordem de equipe. E, ser segundo piloto de Bottas, será a última pá de terra na sepultura da carreira do brasileiro.

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