segunda-feira, 12 de maio de 2014

Respeitemos o cara


O esporte costuma ser cruel com seus ídolos. É preciso um enorme esforço para construir uma boa reputação, anos e anos de trabalho duro e muitos resultados. Mas basta um deslize, um desempenho ruim, qualquer coisinha, para que toda essa reputação caia por terra. Países extremamente passionais como Brasil e Itália, por exemplo, são mestres em destruir ídolos por aí.

Semana passada, por exemplo, tivemos homenagens e mais homenagens a Ayrton Senna, em virtude dos 20 anos de sua morte. Sim, agora ele é um ídolo intocável, mas quem esteve em Interlagos em 1994 ouviu e, provavelmente, participou da vaia que o piloto levou quando rodou com a Williams, ao perder a traseira na junção. Assista ao VT da corrida e veja várias e várias pessoas indo embora depois que "seu" piloto abandonou a corrida.

O que nos traz a Sebastian Vettel. A única coisa que o cara faz desde 2010 é vencer corridas e campeonatos. Mas basta um início de ano problemático para que comecemos a questionar seu talento. Se o companheiro de equipe estiver mais rápido então, aí sim é que pegamos no pé.

Pois Vettel mostrou, neste fim de semana em Barcelona, que não se é tetracampeão a toa. Largou em 15º lugar, depois de enfrentar milhares de problemas mecânicos, e terminou na quarta posição, fazendo três paradas contra duas da maioria dos pilotos. Com direito à uma ultrapassagem de mestre no final da corrida, sobre Valteri Bottas, outro que brilhou no fim de semana.

As pessoas dizem que Vettel só ganhou tanto porque tinha o melhor carro, o que acho um argumento de uma pobreza inigualável. Ora, ele chegou à RedBull em 2009, com a equipe se estruturando, e não se pode dizer que não participou da construção deste "melhor carro". O fato de ter um equipamento superior, se deve ao seu trabalho também. Como foi Schumacher, na Ferrari. Pegar uma equipe estruturada, com um foguete na mão e ganhar campeonato é outra história. É o que fez Senna em 88, por exemplo.

A RedBull tem, agora, uma dupla de pilotos respeitável, com Vettel e Ricciardo. Infelizmente, não serão capazes de deter o domínio das Mercedes, mas poderão dar graça no pelotão intermediário de um campeonato que caminha para uma decisão rápida e previsível.

Em tempo: o Globo Esporte, programa esportivo da emissora que detém os direitos de transmissão da Fórmula 1, anunciou o resultado da corrida, mas não mostrou imagens da mesma. Estamos caminhando para uma perda de espaço irrecuperável na TV aberta. E sim, tem a ver com o desempenho sofrível de Felipe Massa. Falaremos disso ainda essa semana.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Penso que ele está provando que ele é bem mais que apenas o carro que pilota.