segunda-feira, 26 de março de 2012

Uma tragédia



Nem mesmo o melhor dos autores de novela poderia escrever um final de semana tão trágico para Felipe Massa como este, em Sepang. Vindo de uma pressão extraordinária da imprensa italiana após o seu péssimo início de temporada na Austrália, o brasileiro viu, de forma ainda mais clara, a face dos seus adversários: Fernando Alonso (companheiro de equipe), Sérgio Perez (piloto Ferrari, emprestado à Sauber), os pneus Pirelli e o carro da Ferrari (que sim, é uma porcaria). E, com isso, a corrida da Malásia seria, para ele, uma espécie de prova final.

Pois Massa não só não passou na tal prova, como ainda foi pisoteado por todos os seus adversários. Alonso venceu a prova e Perez foi o segundo, enquanto o brasileiro terminou em 15º, lutando contra os pneus Pirelli e contra o carro da Ferrari. Carro que aliás era novinho em folha, visto que a equipe resolveu trocar o chassi do brasileiro, acreditando que o resultado da Austrália foi tão ruim que só poderia significar algo muito errado com o carro de Felipe. Mas não significava.

Bem, nunca fui um entusiasta do piloto brasileiro, mas confesso que estou assombrado com o desempenho dele este ano. Nada pode ser capaz de explicar que um piloto seja mais de um segundo por volta mais lento que seu companheiro de equipe. Principalmente quanto este vence a prova. E, por pior que seja o carro da Ferrari, e ele é muito ruim, nada pode explicar que um piloto tenha dificuldade para ultrapassar uma Caterham durante a prova.

Há algo muito errado com Felipe Massa. Algo que não transparece em seu discurso tranqüilo e pouco indignado. Massa parece estar em outro mundo, enquanto o mundo real desaba sobre suas costas. Uma postura que seria perfeita caso o brasileiro estivesse conseguindo, ao menos, desempenhar seu papel na pista de forma digna. Durante anos, Rubens Barrichello foi achincalhado por ser o segundo piloto da Ferrari. Só que ele era um segundo piloto dos bons, formando a equipe vencedora que dominou a 1ª metade dos anos dois mil. Rubens era parte da engrenagem.

Massa não consegue nem ser isso. E não se pode acusar a Ferrari de não demonstrar apoio. A equipe vem divulgando mensagens de apoio ao brasileiro pelo Twitter, trocou o chassi do carro após a Austrália e tem evitado até mesmo as habituais declarações midiáticas de Luca di Montezemolo, quando este cisma de desancar um piloto. A Ferrari, aparentemente, ainda quer ver Felipe ajudando a equipe.

Mas a Ferrari não é uma mãe. Ela também precisa de resultados e, na Fórmula 1, para se conseguir resultados precisa-se, também, de uma dupla de pilotos forte. E a Ferrari, hoje, só tem um.

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