quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ídolos do Blog: Roberto Moreno

Roberto Moreno sofrendo com a Andrea Moda, em 1992

GP de Detroit, Fórmula Indy, 1996. Primeira temporada da Firestone na categoria, e a primeira corrida com chuva naquela temporada. Os pneus de chuva da montadora de Ohio não eram páreo para os da Goodyear, que estava na Fórmula Indy a muito mais tempo. Os carros com pneus Firestone eram quase 2 segundos mais lentos.

Roberto Pupo Moreno, que corria na Payton Coyne não teve dúvidas: pegou um canivete e começou a fazer mais sulcos em seus pneus, tentando aumentar a aderência do carro. Todos os pilotos copiaram e a diferença de tempos foi reduzida drasticamente.

O episódio é a cara de Moreno, o maior batalhador da história do automobilismo brasileiro. O cara que sempre transformou as poucas chances que teve em oportunidades de aprendizado para ele, para a equipe e para os colegas. Foi assim desde a sua estréia no Kart em 1974, quando conseguiu a grana necessária preparando motores para pilotos iniciantes.

Em 1982 chegou à Fórmula 1 como piloto de testes da Lotus e disputou o GP da Holanda daquele ano, substituindo Nigel Mansell. Perambulou por equipes pequenas e testou pela Ferrari, conseguir sua melhor chance na F1: substituiu Alessandro Nanini na Benetton, quando o italiano sofreu um acidente aéreo e perdeu um braço. E, no GP do Japão daquele ano, produziu uma das cenas mais tocantes da categoria, ao chegar em segundo lugar, atrás do companheiro de equipe e amigo Nelson Piquet. A imagem dos dois se abraçando após a corrida é o retrato de um tempo em que correr na Fórmula 1 era o resultado de uma carreira sólida e consistente. Ninguém chegava lá com 17 anos, apenas por ter um patrocinador endinheirado.

Dispensado da Benetton em 1991 para a entrada de Michael Schumacher, Moreno foi para a Andrea Moda no ano seguinte. E classificou um carro que mal andava para o GP de Mônaco, um feito histórico. Em 1995 liderou o projeto da Forti Corse, que chegava à Fórmula 1, com dignidade, mas sem sucesso.
Nos anos seguintes, correu na Indy, conseguiu um terceiro lugar em Michigan / 1996. E, em 2000, uma vitória emocionante em Cleveland, depois de 12 anos sem vencer uma corrida.

Na Indy, Moreno ganhou o apelido “Super Substituto”, por estar sempre sendo chamado pelas equipes que precisavam cobrir a falta de algum piloto. Na melhor chance, entrou no lugar de Christian Fittipaldi na poderosa Newman Hass, em 1997, quando o sobrinho de Emerson sofreu um grave acidente na Australia.
Mas uma série de azares tirou dele a chance de conseguir bons resultados.

Atualmente, Moreno dá palestras sobre automobilismo e orienta jovens pilotos na carreira. Um batalhador que sempre conseguiu tudo com muito suor e que merecia melhores resultados. Mas só a sua colaboração para o automobilismo brasileiro já valeu por tudo.


Nenhum comentário: