quinta-feira, 25 de junho de 2009

Despedida de Max Mosley: o caminho para a reviravolta da Fórmula 1



Um dia após o anúncio do “acordo-pizza FIA e FOTA” e da divulgação das 13 equipes que disputarão o mundial do ano que vem, é preciso fazer algumas reflexões. E uma das boas notícias que tirei do noticiário de ontem é a de que Max Mosley vai, finalmente, deixar a presidência da Federação Internacional de Automobilismo. Ele já havia tomado esta decisão, mas ameaçou voltar atrás caso o acordo de paz não fosse selado.

À frente da FIA desde 1993, ele se tornou mandatário máximo da Fórmula 1 ao ser eleito para presidente da extinta FISA, em 1991. Na ocasião, substituiu Jean Marie Ballestre, dirigente francês odiado no Brasil, por se posicionar a favor de Alain Prost nos seus duelos contra Ayrton Senna. Um cara polêmico e vaidoso, mas que teve papel importantíssimo na modernização da Fórmula 1, principalmente no que diz respeito à segurança.

Mosley ficou no poder durante 16 anos, tempo demais para qualquer dirigente. O comando de uma instituição precisa ser renovado de tempos em tempos. São necessárias idéias novas, relevantes, dadas por uma pessoa que conquista os outros pelo seu carisma e competência, e não pelo tempo em que está no cargo.

O grande problema de Max Mosley não são suas conclusões, muitas vezes corretas. O problema é a maneira que ele encontra para executá-las, geralmente com idéias inviáveis e, conseqüentemente, risíveis. Em 1993 o velho Max observou que a eletrônica estava tornando a categoria desigual, vide o desempenho arrasador da Williams. A solução? De um ano para o outro mandou retirar todos os equipamentos eletrônicos de uma só vez. O resultado foi uma temporada repleta de acidentes graves, resultando em duas mortes.

Recentemente, ao criticar a falta de competitividade da categoria, o velho Max sugeriu que os pilotos se revezassem nos cockpits das equipes. Hoje Michael Schumacher pilota a Ferrari, amanhã a Minardi, e assim por diante. E, aparentemente, ele não estava bêbado ao propor isso.
E tudo culmina na absurda idéia do teto orçamentário que geraria dois regulamentos distintos. Novamente, um raciocínio correto: o corte de custos é necessário, não há dúvida. Mas é preciso pensar numa maneira de solucionar isso de forma paulatina e, principalmente, racional.

Por fim, a questão das montadoras. Max sempre disse, com toda a razão, que elas não ligam para o esporte e que a Fórmula 1 não poderia ficar na mão delas, já que elas só se interessam pela categoria enquanto esta estiver rendendo frutos financeiros. Se isso não acontecer, abandonam o barco na primeira oportunidade. Um discurso correto que não foi acompanhado de nenhuma ação efetiva que pudesse evitar o fato (aqui, sejamos justos: Bernie Ecclestone abriu as portas da F1 para as montadoras e, vencer uma queda de braço com ele, quando o assunto envolve dinheiro, é bastante difícil).

Portanto, acredito que passou da hora de Max se aposentar. Sua imagem, desgastada por anos à frente da FIA, ainda sofreu um enorme baque em virtude do recente escândalo sexual, no qual ele se envolveu, deixando-se filmar durante uma sessão sadomasoquista. Espero que, para o seu lugar, venha alguém jovem, dedicado e, principalmente, com boa capacidade de discernir o que é viável do que é ridículo.


quarta-feira, 24 de junho de 2009

E chega!

Até que demorou menos do que se imaginava para que a pizza sabor FIA x FOTA, ficasse pronta. É impressionante a capacidade que a Fórmula 1 tem de criar factóides que mobilizam toda a opinião pública para anunciar, poucos dias depois, um acordo de paz. Se isso for uma estratégia para que se fale de F1 por aí, é preciso aplaudir: na última semana, até quem odeia automobilismo, comentou a respeito do racha em alguma mesa de bar. E provavelmente assistiu ao GP da Inglaterra para saber mais informações a respeito.

Ainda não sabemos os termos da negociação, mas pela fala de Max Mosley hoje de manhã, é provável que a FIA tenha recuado em relação à idéia do teto orçamentário. Max disse que não concorrerá à reeleição (certamente por pressão das equipes) e de que a Fórmula 1 vai passar por um processo de revisão dos seus gastos, visando a contenção dos custos. Assim, vago deste jeito. Ou seja, fica claro que pouca coisa vai mudar.

A lista com os participantes do mundial de Fórmula 1 2010 já foi divulgada. Às 10 equipes atuais, se juntarão Manor, Campos e USF1. Um mundial com 13 times, 26 carros. Uma ótima notícia, sem dúvida alguma.

Sinceramente, espero que esta conversa de racha, briga, teto orçamentário, seja morta e enterrada. Quem gosta de automobilismo quer saber é de carros na pista, pilotos chegando ao limite, disputando curvas e freadas. Coisas que, aliás, andam em falta, e deveriam receber mais atenção da FIA do que estes assuntos burocráticos.

domingo, 21 de junho de 2009

GP da Inglaterra: abre o olho Button!

É muito cedo para dizer, mas parece que o reinado da Brawn pode ter chegado ao fim. Isso já era esperado, em virtude dos poucos recursos da equipe de Brackley frente às equipes com mais dinheiro. E, vendo o desempenho impressionante da Red Bull em Silverstone, é bom Jenson Button se preparar para começar a marcar pontos, pensando no campeonato. A vantagem é muito grande e é preciso administra-la. Porque os carros de Adrian Newey realmente parecem ter se desenvolvido a ponto de superarem os branquinhos de Ross Brawn.

Sebastian Vettel foi dono absoluto da corrida, andando mais de um segundo à frente de seus adversários, mesmo estando mais pesado. Ficou claro que Rubens Barrichello não conseguiria acompanhar o ritmo do alemão. E mais claro ainda que seria superado por Mark Webber nas paradas de box.

A corrida foi chata e previsível, como as outras deste ano e, infelizmente, já é possível concluir que as mudanças de regulamento não influenciaram nas disputas durante a prova. Uma pena.

Vamos aos pitacos:

_ Depois de Vettel, Felipe Massa foi o grande destaque, fazendo uma prova consciente, em ritmo forte e constante. Saiu do 11º para o quarto lugar, um excelente resultado. Já Kimi Raikkonen foi mal. Burocrático ficou preso no tráfego e conseguiu apenas o 8º. Ao invés de ficar brigando com a FIA a Ferrari deveria se preocupar mais com seu carro, que é bem ruim.

_ A batida de Kovalainen e Bourdais foi bastante simbólica. Uma tremenda barbeiragem de ambos, que já deveriam ter perdido o emprego este ano. Tiveram a chance mas não corresponderam.

_ A corrida só não foi um espetáculo deprimente por causa da garra de Hamilton e Alonso, que brigaram entre si e com outros pilotos não desistindo nunca de ganhar posições. Destaque para o momento em que se encontraram e protagonizaram uma bela batalha. Ainda bem que não ouviram Luciano Burti dizer que é melhor deixar passar para não perder tempo. Ai ai...

_ E Nelsinho Piquet conseguiu ficar à frente do companheiro de equipe o que é, para ele, uma façanha até agora. Piquet está abusando da estratégia de largar com gasolina até a tampa. Mas, sobre ele, repito o que já disse várias vezes: ainda falta “a corrida”. Sua passagem na Fórmula 1 é discretíssima até agora.

_ Um grande destaque da prova: Giancarlo Fisichella. Chegou em 10º, entre os 18 que terminaram. Um grande resultado. Físico é daqueles que só vai bem quando o carro é ruim.

Classificação final (8 primeiros)
1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Domínio absoluto. Deverá começar a escalar o campeonato. O título é difícil, mas é bom Button abrir o olho.
2º) Mark Webber – Red Bull Renault
Apenas acompanhou Rubens Barrichello para supera-lo nos boxes. Poderia ter tentado a ultrapassagem, mas seguiu a convenção da Fórmula 1 moderna.
3º) Rubens Barrichello – Brawn Mercedez-Benz
Pouco pôde fazer, em relação ao domínio da Red Bull. Pela primeira vez, chegou à frente do companheiro de equipe.
4º) Felipe Massa – Ferrari
Rápido e consistente. Bela prova do brasileiro que se recuperou da má posição na largada.
5º) Nico Rosberg – Williams Toyota
Salvou mais alguns pontinhos para a equipe.
6º) Jenson Button - Brawn Mercedez-Benz
Pela primeira vez no ano, mostrou um desempenho discreto.
7º) Jarno Trulli – Toyota
Pouco combativo, competiu pelos pontos.
8º) Kimi Raikkonen - Ferrari
Outro que apareceu pouquíssimo, como de costume.

sábado, 20 de junho de 2009

Sobre mocinhos e bandidos

Quando pensamos que nosso saco já está cheio, a Fórmula 1 e sua politicagem barata consegue ficar ainda mais chata e desagradável. Já não bastasse o fato de as corridas estarem monótonas, mesmo com todas as mexidas nas regras, ainda temos que agüentar essa briga de Ecclestone e Mosley x FOTA (liderada pela Ferrari).

A verdade é que Mosley tem razão num ponto: a de que a F1 não pode ser dominada pelas montadora, como vinha sendo. A desistência da Honda, no fim do ano passado, parece ter acendido uma luz na cabeça branca do velho Max, que resolveu botar para quebrar neste ano.
O grande problema é que a entrada das montadoras jamais foi devidamente combatida pela FIA. E principalmente por Bernie Ecclestone, que vê dinheiro em qualquer coisa que faça. Outro problema foi a forma com que Max Mosley resolveu agir: propondo um regulamento esdrúxulo, em que as equipes que aceitarem um teto orçamentário terão privilégios enquanto as outras correrão por sua própria sorte. Ora, isso não existe. Fórmula 1 é uma categoria, sempre foi, e precisa ter apenas um regulamento.

Esse é o problema de Max Mosley. Seu pensamento é correto: se as equipes estão reclamando tanto da crise, porque não aceitar uma redução em seus gastos? O problema é a forma com que ele propõe as coisas. Suas idéias são radicais e estranhas demais. Esse regulamento entra para a mesma categoria da regra de definir o campeão pelo número de vitórias e da história dos pilotos se revezarem entre as equipes, entre outros delírios do presidente safadinho.

Mas, a princípio, o racha entre FIA e FOTA não preocupa. Apenas cansa. Isso porque não acredito que a FIA iria montar um campeonato oficial sem Ferrari e sem McLaren. E também não acho que as equipes fariam uma liga independente, com custos estratosféricos que acabariam afastando novos interessados e quebrando rapidamente, porque também não acredito que as montadoras estarão dispostas a gastar tanto dinheiro num esporte cujos seus CEO’s não têm o menor interesse.

Das duas uma: ou Max recua, ou a FOTA desiste desta bobagem. Ambos têm razões e culpas. Não há mocinhos e bandidos nesta história. Há é gente muito chata, trabalhando com afinco para tornar a politicagem mais importante que o esporte.

Ah, a propósito, Sebastian Vettel fez a pole para o GP da Inglaterra.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Quem faz fama...

... deita na cama. Não é a toa que Rubinho é chamado de chorão.


Começo este post pedindo desculpas aos leitores. Realmente está um pouco tarde para analisar a corrida da Turquia, mas infelizmente a falta de tempo imperou nos últimos dias. De qualquer maneira não há muito a dizer: a corrida foi terrivelmente chata, como foi chata a de Mônaco e a da Espanha. Estou cada vez mais desanimado de um dia voltar a ver um campeonato emocionante sem que, para isso, seja necessário que o mundo desabe em água, ou que alguém bata e provoque a entrada do Safety car e outras coisas parecidas.

Mas quero falar, mas aprofundadamente sobre um assunto: Rubens Barrichello. Bom, basicamente, uma largada desastrosa, que pode (e digo pode porque Ross Brawn disse que é possível que Rubens tenha cometido um erro) ter sido causada por um problema de embreagem. Vindo lá de trás o brasileiro errou, bateu em Kovalainen e atropelou Adrian Sutil, me fazendo lembrar David Coulthard em seus derradeiros momentos da carreira.

É inacreditável mas sou obrigado a admitir que, apesar de ter comemorado sua contratação pela Brawn, acho que Barrichello deveria mesmo ter se aposentado. Sim, eu acreditei que o brasileiro se daria bem este ano e achava que ele merecia encerrar sua carreira de uma maneira honrosa. Isso porque não, não sou daqueles que pensa que a carreira de Rubinho é um lixo e valorizo seus anos de Ferrari e seus dois vice-campeonatos. Mas a volta de Rubens à ponta da F1 trouxe de volta aquilo que ele tem de pior: o seu desastroso discurso e a sua maneira, digamos, peculiar, de lidar com a falta de vitórias. E depois de três anos acostumado ao profissionalismo e à concentração de Felipe Massa, que não perdeu a esportiva nem quando foi obrigado a entregar uma vitória em casa para o companheiro (Interlagos 2007), confesso que estava desabituado a ouvir essa lenga-lenga de Rubinho.

Porque agora é um tal de “as coisas só acontecem para mim”, seguido de um “meu companheiro deu sorte porque erraram na frente dele”, emendando com um “as pessoas se identificam com a minha luta para ser campeão”, que fico com preguiça todas as vezes que vejo um mau desempenho do brasileiro. E a pérola da Turquia, sem sombra de dúvida: “meu motor batia no limitador de giro 8 segundos antes do fim da reta”. Uau. Qualquer um de nós, que jogamos GP4, sabemos que precisamos regular a relação de marchas adequadamente, para aproveitar ao máximo a potência do motor. E um piloto com 17 anos de Fórmula 1 não faz isso, e ainda põe a culpa de seus fracassos no time e no acaso?

Ora, faça-me o favor Rubens.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Que venham as independentes

Brabham de Nelson Piquet: montadora só para o motor e olhe lá...


March, Brabham, Epsilon Eukadis, Lola, Campos, Superfund, Prodrive, USGPE. Essas são as marcas que se pré-inscreveram no mundial de Fórmula 1 para a temporada 2010. Isso sem contar todas as outras que já disputam a categoria e que anunciaram sua pré-inscrição na última semana, depois de uma intensa batalha contra Max Mosley e seu incrível teto orçamentário. Teto esse que deve continuar gerando polêmica, pois apesar das equipes da FOTA terem feito a inscrição sob a exigência de que essas regras fossem revistas, o velho Max parece pouco disposto a resolver o problema: deu uma entrevista hoje dizendo que vai manter o tal teto.

Bom, voltando à parte das inscrições, assunto infinitamente mais interessante do que essa chatice política, confesso que fico feliz quando vejo as equipes independentes demonstrando interesse novamente pela Fórmula 1. Sim, sabemos que dessas oito, uma ou no máximo duas deverão efetivamente se inscrever, mas juntando-as à Brawn, Wiliams e Force Índia teríamos um campeonato bem mais divertido.

Divertido porque, apesar de toda a força mercadológica que move a F1, ainda podemos acreditar que pelo menos algumas poucas pessoas que integram essas equipes têm algum amor ao esporte, ao contrário dos engravatados das montadoras. Aliás, se querem saber minha opinião sincera, eu trocaria fácil fácil Renault e Toyota por duas equipes dessas novas.

A Renault entra ano sai ano anuncia sua retirada das pistas. A Toyota gasta os tubos de dinheiro para fazer um carro feio e ruim. Imaginem se, ao invés destas duas, tivermos March e Brabham de volta, com seus carros coloridos, revivendo as glórias de um passado muito mais divertido do que esses dias de hoje. E quando falo glórias, não estou falando de vitórias. Essas equipes ficam felizes quando pontuam, festejam quando terminam uma prova. Enquanto as outras duas, a qualquer resultado duvidoso, ameaçam cair fora.

Continuo sendo um defensor fervoroso das equipes independentes. A Fórmula 1 sempre foi assim: um campeonato formado por pessoas que montam uma equipe, fazem um carro e vão atrás das montadoras para conseguir motores para correr. Que seja assim, por mais utópico que isso possa parecer hoje em dia.