segunda-feira, 21 de março de 2016

Quase deu certo

Valteri Bottas fora do carro no sábado: imagem comum do
novo formato de treinos.

Como este blog é muito inovador, vamos inverter tudo. Ontem falamos da prova da Austrália e de como o mundial começou bem. Hoje, falaremos do treino classificatório, mas não do resultado, que importa pouco. O foco aqui é o novo formato adotado.

Novo que já é velho, aliás. Em uma reunião de emergência, no sábado mesmo, a nova classificação foi abolida para as próximas corridas e, a partir do Barhein, voltaremos a ver o treino como era disputado até o fim do ano passado.

O polêmico formato, que ninguém conseguiu explicar direito, nem eu, era até simples de entender vendo na prática. Depois de uma certa quantidade de minutos, em cada parte da classificação, aqueles que estavam em último lugar passavam a ter 90 segundos para marcar um tempo que lhe desse uma posição melhor.

No Q1, tudo funcionou maravilhosamente bem. Essa parte da classificação foi eletrizante, com os pilotos permanecendo na pista e  tentando sobreviver o maior tempo possível no treino. Mas, a partir da metade do Q2, os problemas apareceram.

Com toda a tecnologia embarcada nos carros atuais, as equipes sabem milimetricamente quais são suas possibilidades em termos de tempo. E, por isso, ninguém vai queimar pneus sabendo que não poderá melhorar nem um milésimo de seu tempo. E, assim, a partir da metade do Q2, muitos pilotos ficaram parados nos boxes enquanto sua contagem era corria na pista. No Q3, a coisa piorou e o treino acabou antes, de forma melancólica, com todos os pilotos já nos boxes.

As reações foram imediatas, todos reclamaram. Pessoalmente, acho muito sintomático que a F1 tenha que ficar inventando muita moda nas classificações, pois vejo isso como um sinal de que as corridas não estejam mesmo muito atrativas. Mas, por outro lado, valorizo que a categoria se movimente para criar fatos que atraiam mais espectadores.

Muita gente acha frescura, e acredita que o melhor seria voltar ao formato mais antigo, liberando os pilotos para darem as voltas que quiserem, durante uma hora de treino. Mas lembro que este formato, usado pela última vez em 2002, deixou de ser adotado porque os caras deixavam para marcar tempo nos últimos 5 minutos de treino, fazendo com que os outros 55 fossem um martírio. Isso não seria diferente agora.

Sei que vou levar muita porrada mas, para mim, o melhor formato de treino já adotado na F1 foi aquele da temporada de 2003, em que os pilotos entravam na pista um a um e tinham apenas uma volta para marcar tempo. Tínhamos uma ótima exposição das equipes menores e ainda vimos, várias vezes, pilotos experientes sucumbindo à pressão, errando, e tendo que largar no fim do grid. O único problema desse treino era a obrigação de se classificar com o combustível e pneus a serem usados na prova, mas isso é fácil de resolver.

Mas talvez, e escrevo isso com pesar, estejamos próximos de concluir que os treinos, pela previsibilidade de desempenho dos carros, não sejam mais interessantes como foram no passado. E, neste caso, talvez a Globo esteja certa na sua decisão de transmitir apenas um pedaço. É uma pena, mas pode ser a verdade.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Foi um tiro de bazuca no pé.
Este formato tipo dança das cadeiras não tinha como dar certo.
ficam inventando moda em corrida de carro e depois não sabe porque o povo não quer assistir mais.