terça-feira, 23 de junho de 2015

Os chiliques da ex-campeã



O GP da Áustria, no último fim de semana, trouxe mais um capítulo da briga Red Bull x Renault x Fórmula 1. Além de Dietrich Mateschitz, que já vinha falando em abandonar a F1, agora foi a vez de Christian Horner abrir a caixa de ferramentas, dizendo que a Red Bull não precisa da Fórmula 1. A equipe está muito insatisfeita com o desempenho dos motores da Renault e acha as novas regras da Fórmula 1 rígidas e complicadas demais, o que tira da equipe a possibilidade de buscar o terreno perdido.

É uma situação que leva a algumas reflexões. A primeira delas é sobre quem são os protagonistas dessa nova Fórmula 1. Há muito tempo, em meados dos anos 2000, Max Mosley alertou para o perigo da entrada das montadoras e grandes empresas na categoria. Desde então já foram vários exemplos de que o velho Max tinha toda a razão. A Renault entrou e saiu várias vezes, a BMW se pirulitou ao menor sinal de crise e a Honda foi embora no final de 2008, voltando agora como fornecedora de motores.

A Red Bull não precisa da F1, Christan Horner tem toda a razão. E isso é um grande problema. Não se vê Frank Williams falando em abandonar a F1, por exemplo, porque a F1 é o seu negócio. Mas, para os austríacos, a história é outra. Automobilismo é um dos ramos da empresa de energéticos, que movimenta bilhões de dólares apoiando várias loucuras sob a alcunha de esporte radical. Se não há retorno financeiro, a empresa sai for a mesmo, não há paixão ou apego.

Outra coisa é em relação ao regulamento. Deve ser bem pouco motivador constatar ter um carro problemático no início do ano, já que há pouquíssimas possibilidades de melhora. A F1 não treina, não testa, não há como desenvolver novos componentes. A Red Bull não vai conseguir nem de longe chegar perto de Mercedes, Ferrari e Williams este ano e talvez nem no ano que vem. É ruim para o esporte, para o público, para a equipe e para os pilotos.

Mas, mesmo considerando tudo isso, cabe uma crítica à direção da equipe, ou da empresa: a Red Bull teve seu ciclo vitorioso, como tiveram Ferrari, Williams, McLaren e agora a Mercedes. Todas elas caíram, levantaram e permaneceram. A Red Bull sabe da realidade da F1 atual, e esse chilique todo por causa do mau desempenho fica parecendo coisa de criança mimada, que só gosta da brincadeira quando se está ganhando.

Se é de imagem que se fala, as atitudes atuais dos dirigentes da Red Bull não estão ajudando em nada na forma como as pessoas vêem a empresa.

3 comentários:

Ron Groo disse...

Perfeito! Vai de encontro ao que penso.
As grandes corporações montadoras de automóveis não podem ter poder politico algum na F1, aliás, nem carros próprios.
Com a exceção da Ferrar, que apesar de tudo, é parte histórica da categoria, os restante não fica se não vencer.
Red Bull agora, a própria Mercedes antes de vencer seu primeiro campeonato tinha feito a mesma ameaça...
Tem que mandar este povo ir se foder e baratear o custo para entrada de garagistas novamente, como tio Frank e até mesmo Peter Sauber. Sem esquecer do safado do Ron Dennis.

Bruno Aleixo disse...

O automobilismo que eu conheci é bem mais simples do que essa F1 atual: o cara arranja uns patrocínios, contrata um projetista e mecânicos. Constroi um carro. Arruma pneus, motores, testa e aperfeiçoa tudo. E poe na pista, contra os outros. Na pista, o piloto faz o resto. E pronto.

Ron Groo disse...

Ou como eu cansei de dizer na rádio onboard:
Alguns imbecis constroem seus carros e levam para a pista pra ver quem é mais rápido.
Quem pode mais, chora menos.