sexta-feira, 10 de abril de 2015

É bom ter paciência

Pelas mãos de Bobby Rahal, a Honda chegou à Indy. Mas o resultado...

Neste fim de semana, teremos mais uma chance de conferir como será o desempenho da McLaren nessa nova parcerias com a Honda, que até aqui vem sendo decepcionante. Aliás, pensando nesse início de relacionamento complicado, acabei me lembrando de uma história que pode mostrar a Ron Dennis que o melhor caminho é ter paciência com os japoneses.

Depois de deixar a Fórmula 1 no final de 92, após anos de uma parceria vitoriosa com a mesma McLaren, a Honda voltou seus olhos para uma categoria que vinha crescendo exponencialmente, inclusive para fora dos EUA: a Fórmula Indy.  E para entrar lá, foram logo atrás de uma equipe de enorme estrutura, a Rahal Hogan, cujo dono e piloto principal era Bobby Rahal, tricampeão da Indy, uma das lendas do automobilismo norte-americano. A expectativa era enorme.

Infelizmente, a entrada da Honda na Fórmula Indy não poderia ter sido um fiasco maior. O motor japonês simplesmente não tinha potência para acompanhar os Ford e, principalmente, os Ilmor, que levaram a Penske a dominar a temporada. O auge do vexame aconteceu justamente em Indianápolis: sem conseguir se classificar, Bobby apelou para Roger Penske, que lhe emprestou dois motores Ilmor para que ele pudesse colocar seu carro e o do outro piloto do time, Mike Groff, no grid. Conseguiram e optaram por correr com os Ilmor, deixando a Honda de fora da mais tradicional corrida de automóveis do mundo.

Ao final do campeonato, Rahal terminou com apenas 59 pontos na tabela, em décimo lugar. Com o saco cheio depois de tantas quebras e decepções, o velho Bobby pôs os japoneses para correr, e fechou contrato com a Mercedes-Benz para 95.

Mas a Honda não queria, e nem podia, desistir do investimento e foi atrás de uma estrutura mais modesta para continuar o desenvolvimento do seu motor. E encontrou o que precisava na Tasman, equipe que estrearia na Indy naquele ano, com um carro pilotado pelo também estreante André Ribeiro. O veterano Scott Goodyear pilotaria um segundo carro, em algumas provas.

André Ribeiro e a Tasman acreditaram no projeto, e deram
aos japoneses sua primeira, de muitas vitórias

E começou a virada. Acoplado a um chassi Reynard, e calçando pneus Firestone, o motor Honda formaria o embrião do conjunto que seria sensação da Indy pelos próximos anos. E, já em 95, a Tasman quase venceu em Indianápolis, um ano após não se classificar. Só não conseguiu a vitória, porque Scott Goodyear cometeu um erro de principiante na última relargada, ultrapassando o Pace Car antes que este tomasse o caminho dos boxes (veja no vídeo abaixo). O canadense recebeu bandeira preta, a 20 voltas do final, deixando a vitória no colo de Jacques Villeneuve. Em Michigan, outro super oval, André Ribeiro esteve perto da vitória, mas foi traído pelo câmbio de seu Reynard e abandonou quando liderava com folga.



A primeira vitória viria com o brasileiro, no finalzinho da temporada, no oval curto de New England. No final do ano, uma fila de dirigentes formou-se em frente à sede da Honda, todos querendo ver seus carros empurrados pelo propulsor japonês na temporada seguinte.

E foi a partir de 96, que a Honda disparou na Indy. Equipando os Reynard da Chip Ganassi, os japoneses faturaram os campeonatos de 1996 até 1999, com Jimmy Vasser, Alessandro Zanardi (2 vezes) e Juan Pablo Montoya. A partir de 2000, a Honda juntou-se a Penske e levou Gil de Ferran ao bi-campeonato da categoria.

E a história da Honda na Indy dura até hoje, com diversos títulos e vitórias nas 500 milhas. Ao passo que Bobby Rahal, aquele que desprezou os japoneses, aposentou-se em 1998, sendo que venceu sua última corrida em 1992.

Se Ron Dennis der uma olhada nessa história, vai entender rapidinho que o melhor é dar tempo para que os japoneses trabalhem. Eles não constumam falhar.

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