quarta-feira, 11 de junho de 2014

Coitado do Rubinho



Rubens Barrichello disputou 326 corridas em quase vinte anos de carreira, na Fórmula 1. Venceu 11 provas, largou na pole 14 vezes, fez 658 pontos no total. Por duas vezes, foi vice campeão do mundo. Não é uma carreira ruim, longe disso. Tem muito piloto que passa pela F1 e nem nos lembramos da existência do dito cujo. Ainda assim, no Brasil, Rubens Barrichello é sinônimo de lentidão, de derrota, de segundo lugar.
Basta vir um grande evento e as redes sociais ficam infestadas de fotos-montagem como esta que está ilustrando o post, com Rubinho chegando atrasado ao evento em questão. Mas, por que isso acontece?

Primeiro porque Rubens não teve uma carreira linear. Com a morte de Senna, foi alçado à condição de protagonist repentinamente, quando ainda era uma promessa. Em se tratando de Brasil, a expectativa era justificável, mas Barrichello cometeu o erro de embarcar no oba oba. Me lembro muito bem da pré-temporada de 95, quando a Jordan começou a fazer tempos razoáveis com o motor Peugeot e Rubinho assumiu uma aura de favoritismo para o primeiro GP da temporada, em Interlagos, absolutamente incompatível com a condição da equipe. E essa foi só a primeira de muitas decepções.

Mas não acho que esse tenha sido o principal problema, apesar de ter ajudado bastante na construção de sua imagem. O problema maior é que Rubinho é o representante maior do “Coitadismo”, um perfil que o brasileiro adora assumir para si, mas detesta ver como característica alheia.

As empresas brasileiras estão cheias de “coitadinhos”, esse pessoal estranho que não assume responsabilidade por nada, se faz de sofrido para poder jogar a culpa de seus erros nas costas dos outros. Sei muito bem como é isso, trabalhei 12 anos em empresa privada.

É de Barrichello a infame frase “sou só um brasileirinho, contra todo este mundão”, dita no momento em que sua ficha começou a cair sobre ser o segundo piloto da Ferrari. Uma das minhas preferidas (ironic mode on) foi a campanha “um pontinho pro Rubinho”, lançada pelo próprio em 2007, quando a Honda fez um lixo de carro e Rubens fechou o ano sem marcar um ponto sequer, naquela que foi a pior temporada da sua carreira. Isso sem contar as inúmeras desculpas das mais criativas arranjadas por ele, para justificar desempenhos ruins em corridas. Uma vez, não me lembro em qual pista, chuviscou antes da largada e Rubinho disse que as gotas de chuva molharam seus discos de freio e atrapalharam seu desempenho na prova. Putz.

Ou seja, a má fama de Rubens Barrichello é bastante explicável, o que é uma pena já que trata-se de um piloto de muita qualidade (Barrichello foi, na minha opinião, muito mais piloto do que Felipe Massa é. Mas Massa goza de muito mais credibilidade, justamente pela maneira profissional com a qual encara seus resultados, sejam eles bons ou ruins).

De qualquer maneira, pouco adiantaria tentar reverter essa imagem por meio de números que comprovem a qualidade de Rubinho como piloto. A julgar pela propaganda da Renault, estrelada por ele no início do ano, o próprio parece não ligar muito para a má fama, e ainda utiliza a mesma para ganhar um dinheiro extra. Então, não sou eu que devo me preocupar.



Um comentário:

Ron Groo disse...

hehehe melhor personagem ever.