terça-feira, 26 de março de 2013

O que faltou

Vettel e Webber na Malásia: o problema não foi o "o que", mas sim o "como"



Sebastian Vettel conseguiu uma coisa bem difícil no último GP da Malásia. Por mais que sua atitude de partir para cima de Mark Webber no final da corrida, contrariando uma ordem da equipe, tenha representado a vitória dos pilotos contra a burocracia das corporações, a maneira como ela veio gerou opiniões contrárias ao ataque, o que não deixa de ser curioso.

Vamos por partes: como esportista, Vettel tem o direito e, porque não dizer, a obrigação de lutar para vencer até o fim. Todas as milhões de pessoas assistindo a corrida, no autódromo ou na TV, querem ver um bom espetáculo. E um bom espetáculo, em qualquer esporte, se faz com boa competição. Vettel fez o que Barrichello deveria ter feito em 2002, o que Massa deveria ter feito em 2010 e o que Rosberg deveria ter feito também na Malásia, logo atrás da RedBull.

O problema é que a personalidade que sobrou na manobra, faltou na atitude e é isso que incomoda. Vettel acatou a ordem da equipe, mas manteve o giro do motor na potência máxima, o que revela um preocupante desvio de caráter. Gerou, a partir de uma ordem do box, uma situação desigual e dela se aproveitou para ultrapassar o companheiro, que obedeceu a ordem. Quisesse lutar pela vitória, deveria ter negado a ordem verbalmente. “Seb, coloque o motor na mistura 21 e mantenha posição”, disse Adrian Newey. “Não coloco
porra nenhuma, vou pra cima”, era o que deveria ter dito Vettel.

A atitude de Vettel o coloca no mesmo patamar de grandes campeões como Senna, Piquet, Schumacher e Alonso, só para citar alguns. São caras que não aceitam perder de jeito nenhum e não vão ficar atrás de companheiro nenhum por ordem nenhuma. E isso é um direito que eles têm.

O que não é legal, é fazer isso de uma forma desigual e ainda ficar pedindo desculpas depois, com cara de coitado. Quer vencer, vença. Mas assuma, bata no peito. Vettel quase fez o que a torcida quer. Mas esse pouco que faltou, é muito para quem espera exemplo de atletas profissionais.

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