quarta-feira, 13 de junho de 2012

“Na época do Senna era melhor”


Mansell e Senna batem rodas na Espanha: era melhor nessa época?


Quem gosta de automobilismo para valer, já ouviu essa frase centenas de milhares de vezes. A cena é comum: você chega numa roda de conversa e alguém lembra que você gosta de automobilismo. Se você estiver com 10 amigos, garanto que pelo menos 8 encherão o peito para repetir o título deste post.

Se a quantidade de pessoas que diz ter parado de ver Fórmula 1 em 1994 realmente assistisse às corridas nessa época, calculo que as manhãs de domingo na Globo deveriam ter quase 100% de audiência. Uau, melhor do que qualquer Big Brother!

Mas isso não é verdade. É claro que a epopéia de Emerson Fittipaldi, seguida do tricampeonato de Nelson Piquet e Ayrton Senna, somando a tudo isso o incrível talento midiático deste último, tornou a Fórmula 1 um esporte popular no Brasil. Mas isso foi apenas uma fase, aliás como são fase os sucessos de todos os esportes que não contam com 11 jogadores de cada lado, num gramado cercado de arquibancadas, povoada por gente fanática, que muitas vezes quer mais é agredir à torcida adversária do que, necessariamente, acompanhar o esporte.

Quem gosta de automobilismo gosta e pronto. A “época do Senna” foi ótima, uma Fórmula 1 de altíssimo nível, grandes pilotos e grandes equipes. A época agora é outra, mas não dá para dizer que não temos uma grande Fórmula 1.

A temporada de 91, por exemplo, último título do Brasil na Fórmula 1 (e com ele, Senna), não foi exatamente um primor de emoção. Até a 7ª etapa, Senna havia vencido 4 de ponta a ponta. Dessas 4, a única realmente emocionante foi a etapa de Interlagos, quando o brasileiro perdeu todas as marchas e quase foi alcançado por Riccardo Patrese, da Williams.

Ah, mas o campeonato só foi decidido na penúltima corrida, dirá alguém. Sim, mas isso aconteceu porque Nigel Mansell, que tinha um carro muito melhor, marcou só 6 pontos nas primeiras 4 etapas (que Senna venceu) e depois saiu ganhando todas as provas sem dar chance a ninguém.

Em 2012 já temos 7 vencedores em 7 GP’s. Desses, só Rosberg venceu com folga. Os outros tiveram vitórias apertadas. E ainda temos Lotus e Sauber em condições de vencer a qualquer momento. Em 1991 era só McLaren e Williams. A Benetton beliscou uma vitória com Piquet, quando Nigel Mansell abandonou o GP do Canadá na última volta.

A Fórmula 1 de hoje tem vários defeitos em relação ao passado. E, claro, ninguém é obrigado a gostar de corridas. O que falta à F1 de hoje é brasileiro na ponta. Infelizmente isso servirá para atrair as pessoas que só valorizam esporte em época de olimpíada ou copa do mundo. Porque, para quem gosta mesmo de corridas, sinto dizer: a época do Senna não era melhor. Era igual.

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