segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mais uma lição para aprender

Dan Wheldon celebra vitória em Indianápolis: seu último grande momento na Indy

Era para ser uma corrida festiva, a decisão de um campeonato entre dois pilotos, um evento especial, com premiação atrativa, que reuniria, inclusive, pilotos que não disputam a temporada regular da Fórmula Indy. Mas a 15ª volta do GP de Las Vegas, ontem, marcou o fim do campeonato de uma maneira trágica: um acidente violento levou 16 carros e vitimou, fatalmente, o inglês Dan Wheldon, campeão da categoria em 2005, duas vezes vencedor das 500 milhas de Indianápolis.

Há algo errado com a Indy. É evidente que correr a mais de 350KM/h num circuito oval não é e nunca será 100% seguro. Assim como Wheldon, muitos já morreram e, sem dúvida, outros tantos vão acabar morrendo também. Mas também é evidente que não se pode colocar 34 carros para correr num circuito tão pequeno. Assim como não se pode colocar carros tão velozes para correr numa improvisação desajeitada como a pista de rua de São Paulo.

Gosto muito da Fórmula Indy, já falei sobre isso aqui. É uma categoria interessante, competitiva, bem mais próxima do automobilismo clássico do que a Fórmula 1. Mas, desde que houve a separação entre IRL e Cart, em 96, a Indy parece ter perdido a medida do que é profissionalismo e do que é irresponsabilidade.

Essa corrida de Las Vegas não tinha razão de existir, não dessa maneira. Uma decisão de campeonato tem que ser atrativa por si só. Tentar montar uma “mini 500 milhas”, com 34 carros numa pista tão pequena me parece uma enorme irresponsabilidade. E é impossível não relacionar o acidente com a superlotação do traçado. A batida aconteceu no 15ª volta, estavam todos juntos buscando posicionamento. Quando os primeiros carros rodaram, deram início a um caos que, certamente, teria sido bem menos grave do que se a pista estivesse sendo ocupada pelos habituais 20 competidores.

Quem gosta de automobilismo, sabe que acidentes graves acontecem. Mas, quando ocorrem, sempre ficamos com a sensação de que poderiam ter sido evitados. Dan Wheldon (que, no Brasil, virou Don Wheldon, graças a incapacidade de Luciano do Valle de decorar nomes) não era um fora de série, mas foi um ótimo piloto. Parecia ser um bom sujeito, pelos depoimentos que surgem aqui e ali. Foi campeão da Indy em 2005 e, este ano, venceu as 500 milhas numa chegada incrível, inesquecível, um dos grandes momentos da história da corrida.

Deixou mulher e dois filhos. E algumas lições a serem aprendidas por essa competitiva, mas insegura Fórmula Indy.

2 comentários:

Ron Groo disse...

Desculpa, mas pra mim o momento é de silêncio, mais que qualquer coisa.
Vai se fomentar mais uma saraivada de criticas contra o automobilismo, quando isto poderia acontecer até com bicicletas.

Este ano caiu uns dois ou três aviões em apresentações, e não vi ninguém falando em parar com os voos...
Mas. Deixa pra lá.

Bruno Aleixo disse...

Concordo Ron... Como eu disse, esporte de velocidade, principalmente em circuito oval, não oferece segurança mesmo, e nunca vai oferecer. O que vale é o espetáculo.

Mas que alguém vai ter que explicar de quem foi a idéia de colocar 34 carros para correr numa pista daquele tamanho, isso vai.