quarta-feira, 20 de julho de 2011

Nostalgia total: temporada 95 na Fórmula Indy


Gil de Ferran e o belo carro da Hall: um dos destaques da Indy em 95

Ando muito nostálgico nos últimos dias. Tão nostálgico que andei comprando várias corridas antigas de Fórmula 1 (temporadas 95, 96, 97, e aí por diante). Mas, há cerca de 2 meses me superei: comprei a temporada inteira da Fórmula Indy, em 95. O fornecedor foi o Jackson Lincoln, do Blog da Indy. Recomendo!


Bom, já assisti a temporada quase toda. Ontem, quando acabei de ver o GP de Mid-Ohio, me veio a pergunta inevitável: em que ponto da história o automobilismo se perdeu? Não, a temporada de 95 não foi perfeita. Houve provas chatas como Miami e Detroit, mas ninguém entrou em pânico por isso. Sabem porque? Por que a temporada em si foi boa, os pilotos faziam a diferença, para o bem e para o mal, não tínhamos fiscais e dirigentes aparecendo mais do que deveriam.

Esse GP de Mid-Ohio é um bom parâmetro. No começo da prova, Michael Andretti perseguia Jacques Villeneuve pela liderança. Depois de várias tentativas de ultrapassagem, os dois entraram juntos no boxe e Jacques saiu na frente. Andretti não teve dúvidas: com pneus frios foi para cima do canadense, jogou seu carro por fora, os dois se tocaram, bateram rodas umas 3 vezes e o americano foi-se embora. Ninguém foi punido. Christian Fittipaldi (com um belo carro da equipe Walker, reproduzindo a bandeira do Brasil) também atacou Raul Boesel e, afobado, tocou no compatriota, que rodou na pista. Um acidente de corrida, ninguém levou stop and go por causa dele.

Lá na frente, Villeneuve tinha problemas de freio e era pressionado por Gil de Ferran. Sim, aqueles carros davam problemas. Faltavam três voltas para o segundo pit-stop de ambos, mas Gil não se conteve: se meteu por fora na curva e deixou Villeneuve para trás. Não esperou o pit.

“Ah, mas eu gosto de pilotos que sabem aproveitar-se das estratégias e vencer a corrida”, dirá alguém. Eu digo calma amigo: Al Unser Jr. (ídolo deste blogueiro) retardou sua parada e, andando mais rápido do que todos mesmo com os pneus já em frangalhos, saiu da 5ª para a 2ª posição, à frente do canadense Paul Tracy.

Não acabou ainda: em certa altura Bobby Rahal também atacou Villeneuve (os dois disputavam o título). Bobby emparelhou com Jacques numa curva e o canadense não teve dúvidas: jogou o rival no muro. Ninguém foi punido e não havia uma área de escape gigantesca. Vacilou, é muro. Furioso, Bobby esperou Villeneuve passar por ele na volta seguinte e, já fora do carro, fez sinais bem pouco educados para o rival.

Em nenhum momento da prova foi possível apontar um vencedor. Há quatro voltas do fim, o motor de Michael Andretti estourou e Al Unser Jr., que tinha largado em 9º e pilotava uma Penske problemática, herdou a liderança.

Ainda tinha a transmissão, um show do SBT. Toda feita in-loco com os ótimos Téo José (locutor), Dedê Gomez (comentários, um show de informação) e Luiz Carlos Azenha (repórter), que circulava pelos boxes acompanhado de uma câmera exclusiva. Quando Emerson Fittipaldi abandonou (fazia uma péssima temporada, reflexo do carro ruim da Penske e do peso de seus 48 anos na época), Azenha conversou com o piloto que havia acabado de deixar o carro e estava furioso. Não tinha nenhum assessor de imprensa filtrando suas palavras que foram duras contra a equipe. Isso sem contar um canal direto com Christian Fittipaldi, que permitia que Téo José conversasse com o piloto durante as bandeiras amarelas.

Se você tiver a oportunidade, adquira uma dessas corridas, ou procure lances desta temporada no Youtube. A Indy, nessa época, era exatamente aquilo que nós, amantes do automobilismo, gostamos de ver: uma categoria com grandes pilotos, fábricas envolvidas e não dando as cartas e, na sua essência, mais esporte do que política. Os pilotos tinham vontade de vencer e não mediam esforços para isso. Um tempo que, infelizmente, acho que não volta mais.

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