terça-feira, 5 de abril de 2011

No Brasil, a culpa é dos dirigentes

Gustavo Sondermann: vítima da incompetência e da negligência dos nossos dirigentes


Demorei um pouco para escrever sobre o terrível acidente que vitimou Gustavo Sondermann, no último domingo, em Interlagos, durante a etapa da Copa Montana. Demorei porque é muito duro escrever sobre mortes no automobilismo, embora seja um esporte no qual o risco é altíssimo. Demorei porque queria ver a reação de todos, os depoimentos, a manifestação de pilotos e dirigentes. Demorei porque fiquei estarrecido de não ter visto nada que prestasse, já que esse acidente provou, de uma vez por todas, que nosso automobilismo está condenado.


Sondermann não morreu porque a curva do Café é insegura,porque não tem área de escape ou porque o carro que pilotava era frágil. Morreu porque o automobilismo brasileiro não tem dirigentes. E por não ter dirigentes, não houve uma alma viva que, depois da morte de Rafael Sperafico, no mesmo ponto em 2007, percebesse que a soma de todos esses fatores é capaz de causar um acidente, e não apenas um deles.


Os carros da Stock Car e da Copa Montana são mal construídos. Se não fossem, não teriam goteiras, como vimos na última prova do campeonato do ano passado. Sobre a curva do Café, assino embaixo no que disse Flávio Gomes, em seu blog: para um Fórmula, ela não é perigosa, mas para um carro pesado e com pouca aderência como os Stock/Montana, é. O circuito de Interlagos possui uma enorme área na parte interna da Junção, que poderia ser utilizada para a construção de uma chicane decente para diminuir a velocidade dos carros. E, para fazer isso, não precisa de homologação nenhuma da FIA, como disse o imbecil do Cleyton Pintero, presidente da CBA.


E é aí, na minha opinião, que mora o problema. Pintero é um idiota. Demorou quase 24 horas para se manifestar sobre o acidente e, quando o fez, retirou dos ombros da CBA toda a culpa, dizendo que FIA homologou o circuito daquele jeito e é daquele jeito que ele deve ser. E ainda teve seu discurso endossado por Nestor Valduga, diretor de competições, outro imbecil que afirmou não haver motivo para se mudar o circuito, já que ele está liberado pela FIA. Então se a FIA homologar uma pista de cascalho, a CBA permitirá uma corrida da Stock lá? A FIA libera o circuito para uma corrida de Fórmula 1, mas não diz que a mesma pista pode receber um Stock, um caminhão, ou uma bicicleta.


A esses dois animais, um recadinho: o automobilismo brasileiro pertence à CBA. As categorias, todas elas, pertencem à CBA, assim como os circuitos que estão em cada estado. E o fato de não termos nenhuma categoria de base, o fato de nossos circuitos estarem acabando (Interlagos, que recebe a Fórmula 1, estava tomado por mato até a semana passada), mostra bem o valor que a CBA dá ao esporte que administra. E se não dá valor ao esporte, também estão se lixando para os pilotos e para a vida destes. Todos sabemos que o automobilismo é um esporte de risco e os acidentes são parte deste esporte. E quando acontecem, geralmente, têm vários fatores envolvidos. Mas, quando não se aprende com estes fatores, a culpa pelos próximos, automaticamente, passa para os dirigentes.


Parabéns Cleyton Pintero, seu idiota.

2 comentários:

Luís Fernando Ramos Santos disse...

Concordo plenamente com tudo.
Ps.: Perdi a conta de quantas vezes vc escreveu a palavra idiota!

Unknown disse...

Obrigado, mas também usei variações como imbecil, por exemplo.