quinta-feira, 22 de julho de 2010

Para relembrar: a primeira de Barrichello


Rubinho na Alemanha, em 2000: 1ª vitória inesquecível



Este fim de semana, na Alemanha, Rubens Barrichello vai comemorar os 10 anos da sua primeira vitória da Fórmula 1. Foi em Hockenheim, em 2000, no seu primeiro ano como piloto da Ferrari. Uma corrida inesquecível por muitos motivos, mas principalmente, por ter sido uma das maiores vitórias de um piloto de Fórmula 1.



Eu tenho essa corrida gravada até hoje e resolvi assisti-la novamente essa semana, para escrever este texto. Assisto corridas de Fórmula 1 há pelo menos 22 anos e não me lembro de ter visto uma prova tão magistral. Talvez a vitória de Schumacher, na Bélgica, em 1995, seja comparável, mas dela falamos outro dia.



O fim de semana tinha começado mal para Barrichello. Com o carro reserva e com a pista molhada, ele se classificou em um modestíssimo 18º lugar no grid de largada. Enfrentando dificuldades em seu primeiro ano de Ferrari, precisando lidar com o fato de ser mais lento que o companheiro Schumacher, Rubinho vivia um momento complicado.



Logo na largada, um acidente tirou Michael Schumacher da disputa. As Mclaren de Mika Hakkinen e David Coulthard dispararam na liderança e, uma vitória do finlandês o colocaria na liderança do campeonato, que vinha sendo dominada pelo alemão. Mas Rubinho não parecia disposto a colaborar.



Voando desde o início da prova, Barrichello vinha engolindo todos os adversários. A Ferrari programou uma estratégia de duas paradas, contra uma dos outros, numa tentativa de deixar Rubinho com o carro mais leve por mais tempo, dando a ele a chance de ganhar mais posições. Em apenas 15 voltas o brasileiro já ocupava a terceira posição, quando fez sua primeira parada.



Neste momento, um lance curioso mudou os rumos da prova: a pista foi invadida por um bêbado muito doido, que provocou a entrada do Safety car. Todos os pilotos foram para o box fazer suas paradas, o que deixaria Rubinho na liderança, que ele logo perderia por ter que parar de novo. Esperto, Ross Brawn chamou o brasileiro que trocou pneus junto com o pelotão e voltou em terceiro lugar, atrás de Jarno Trulli, então na Jordan. Hakkinen liderava.



Na relargada Rubens tentava de todas as maneiras ultrapassar Trulli, sem sucesso. Foi quando houve o segundo fato relevante: uma forte chuva caiu nas imediações da reta dos boxes (Hockenheim era uma pista imensa) deixando parte do circuito alagada. As equipes começaram a chamar seus pilotos para trocar pneus, inclusive Mika Hakkinen. Barrichello continuou com pneus slick, apostando que o restante da pista permaneceria seco.



Foi um show. Se equilibrando com os pneus inadequados na parte mais molhada, Rubens não só se manteve à frente de Mika Hakkinen, como foi aumentando sua vantagem na liderança. Na bandeirada, toda a equipe Ferrari estava no alambrado, dando a impressão de que os mecânicos entrariam na pista. A equipe Jaguar, antiga casa de Rubinho (ele era da Stewart em 99, que foi comprada pelos ingleses), também festejou com ele no alambrado.



Foi uma festa como poucas vezes se viu na Fórmula 1. Os pilotos da McLaren erguiam Rubens que chorava feito criança no pódio, ao som do hino nacional. Não me lembro de ter visto tanta festa pela vitória de um piloto. Desde 1993 um piloto brasileiro não ganhava uma corrida de Fórmula 1. Rubinho foi o cara que segurou o rojão após a morte de Senna e a vitória tinha que ser dele mesmo.



Depois disso a carreira de Barrichello tomou rumos estranhos, ele se tornou um piloto com pouco traquejo, sempre que teve carros rápidos foi superado por seus (excelentes) companheiros de equipe. No Brasil virou sinônimo de lentidão, motivo de chacota. Uma injustiça. Na pista sempre foi um grande piloto, rápido e consistente, que não teve a sorte de estar no lugar certo e na hora certa.

Nenhum comentário: