segunda-feira, 26 de julho de 2010

Lições mal aprendidas


Felipe Massa e Fernando Alonso: troca de posições tem novos ingredientes


Mark Webber é um personagem importante para a Fórmula 1. Ele mostrou que é possível, mesmo sendo um declarado segundo piloto, mandar uma trolha para sua própria equipe, vencer corridas e tirar uma casquinha dos dirigentes. Seu contrato não está em risco, a equipe e os mecânicos o respeitam. Não foi demitido.

Jenson Button é outro que nada tem de bobo. Disputa atenção dentro da McLaren com Lewis Hamilton, o xodó dos ingleses. Na Turquia estava em segundo e recebeu ordem para não ultrapassar. Mas não se importou, tentou a ultrapassagem e protagonizou, junto com o companheiro, uma das mais belas disputas desta temporada. O contrato do atual campeão não está em risco, ele não foi demitido.

Aparentemente os pilotos da Ferrari e a própria equipe estão em outro planeta. Só isso pode explicar que a equipe tenha repetido, neste último domingo, uma das atitudes mais infelizes de sua história ao mandar que um piloto dê passagem ao outro deliberadamente. A diferença é que desta vez a sinceridade escancarada foi substituída por um cinismo irritante, como se a Ferrari dissesse na cara de todos os amantes do automobilismo: vocês são uns trouxas. “Que pena que Massa teve um problema no câmbio”, disse Fernando Alonso ao final da prova, como se estivesse zombando das milhares de pessoas que, incrédulas, acompanharam uma equipe tirar a vitória de seu piloto, matando o pouco que ainda restava de esporte na Fórmula 1.

Para facilitar a leitura deste post, vamos dividir a análise entre os três personagens desta palhaçada: a Ferrari, Fernando Alonso e Felipe Massa.

Ferrari

Para começar, não cabe punição. Não há como proibir ordens de equipe. Isso é política interna de cada um, até porque, se fosse uma decisão de título, com Alonso dependendo da vitória, ninguém questionaria. O que mais impressiona é que a Ferrari tenha uma torcida tão fiel, esteja na Fórmula 1 há tanto tempo e tenha uma imagem tão ligada à velocidade, sendo a equipe que é: antidesportiva, desorganizada, sem planejamento. É incrível que alguém ainda tenha a coragem de ostentar uma bandeira de um time que proíbe um de seus pilotos de vencer uma corrida.

Fernando Alonso

É o melhor piloto do grid da Fórmula 1, rápido, inteligente, capaz de grandes corridas. Teve um fim de semana espetacular. Só não disparou na liderança da prova porque a besta do Vettel largou mal de novo e resolveu jogá-lo contra o muro.

Mas nada disso apaga o fato de que Alonso é um dos maiores babacas que já surgiram no automobilismo. Trabalha nos bastidores, desestabiliza companheiros, exige jogos de equipe e, no final, fala que não sabia de nada. É aquele colega que articula todas as sacanagens da turma na escola e quando a professora descobre faz cara de santo e aponta do dedo para os amigos.

Felipe Massa

Fernando Alonso jogou Felipe Massa na brita, quando o brasileiro deu uma bobeada na China, este ano. Felipe diz que trabalha pela equipe, e deu uma vitória de bandeja para o bicampeão. Se isso não é ser muito otário, então me digam o que é.

A Fórmula 1 não é uma rede de empregos. O pouco que resta de esporte ali exige que seus atletas se dediquem integralmente à vitória. Mark Webber vem fazendo isso. Jenson Button também. O que pensar então de alguém que abre mão de uma vitória em nome de um companheiro que nem disputando o título está? Flávio Gomes escreveu uma coisa em seu blog, com a qual concordo 100%: engana-se que acredita que Felipe está conseguindo respeito internamente. Mesmo com toda a sua falta de ética esportiva, a Ferrari também espera que seus pilotos tenham gana de vencer. Caso contrário, relegam o derrotado ao posto de eterno segundo piloto. E isso já está decretado.

E o mais triste é que Massa está na equipe a mais tempo do que Fernando Alonso. Se ele não tem moral para peitar uma decisão deste nível da Ferrari, é porque seu caráter é bem mais fraco do que imaginávamos. E, mais uma vez, nosso principal representante na Fórmula 1, é relegado ao posto de escudeiro. Triste sina a de um país que já teve tantos campeões.

Amanhã volto para falar da corrida em si, porque este assunto já cansou.

2 comentários:

Ron Groo disse...

Cansou... Também não toco mais no assunto.

Luís Fernando Ramos Santos disse...

O jogo de equipe virou coisa "normal" na F1.
Que decepção MASSA. Não merece nem um pouco da minha torcida mais.