quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Sai dessa, Reginaldo!


Reginaldo Leme é um dos mais importantes jornalistas esportivos do país. Trabalhando como setorista do Palmeiras, no início dos anos 70, acompanhava de longe a saga de Emerson Fittipaldi na Europa e, quando viu que o brasileiro poderia se sagrar campeão mundial de Fórmula 1, conseguiu uma verba do Jornal do Brasil para cobrir a conquista do brasileiro.

A partir daí fixou-se no automobilismo e ajudou a fazer dele um dos esportes mais populares do Brasil. Era ele quem contava as histórias de vitórias nos anos 80 e início dos 90, quando o país marcou época no esporte, com as vitórias de Ayrton Senna e Nelson Piquet.

Jornalista com J maiúsculo, Reginaldo Leme era o cara dos bastidores. Infiltrado no circo da Fórmula 1, a cada transmissão, ele nos brindava com informações exclusivas, elucidava dúvidas, acabava com especulações infundadas. Recheava as transmissões de corridas com notícias. No final dos anos 80, ganhou o programa Sinal Verde que, a cada fim de semana, contava um pouco da história da cidade e da pista que sediaria a prova.

Mas isso acabou. Hoje, Reginaldo Leme faz companhia a Luciano Burti e ao narrador da vez no estúdio da Globo, transmitindo a corrida à distância. Sem poder circular pelos boxes, sem conversar com pilotos, dirigentes ou jornalistas, seu brilho se apagou.

A transmissão que a Globo faz da Fórmula 1, hoje em dia, é simplesmente patética. A categoria evoluiu, tornou-se ultracomplexa em seus carros e regulamentos, e ninguém no estúdio entende porcaria nenhuma que se passa na corrida. Burti não senta num carro de F1 há mais de 10 anos e não sabe nada sobre o comportamento do bólido, ou das estratégias de corrida. Sua função é traduzir rádios.

Galvão Bueno e Cléber Machado não narram a corrida, não marcam os lances de emoção. Nisso, Luis Roberto é um pouco superior mas, como os dois primeiros, demonstra não entender nada do que está se passando. Na última prova, da Alemanha, narrou as perdas de posição de Felipe Massa como se o brasileiro estivesse pressionando os adversários. Inacreditável.

E, nessa mediocridade, Reginaldo não se salva. Sem ter o que falar sobre o que acontece nos bastidores, onde domina todas as ações, sobra para ele a tentativa de por ordem nas bobagens que as duas bestas falam o tempo todo. Mas falha, porque também não é ele a comentar a parte técnica. Não é sua especialidade.

Seu brilho derradeiro na TV foi conseguido à moda antiga: arrancou de Nelson Piquet a verdade sobre a farsa de Cingapura em 2008 e anunciou a bomba durante do GP da Bélgica de 2009. Conseguiu isso porque estava na Europa, porque estava fazendo o que sabe fazer: apurar e noticiar o fato.

Nem mesmo no Sinal Verde, a Globo respeita a história do jornalista. O programa está jogado no intervalo do Altas Horas, nas noites de sábado e vive de imagens do passado. Não há nada de novo, mesmo com a F1 correndo em países completamente diferentes daqueles que frequentava nos anos 80 e 90.

Pelo bem da sua história e da sua carreira, vai aqui um pedido de um fã: sai dessa, Reginaldo!

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