segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Decisão à moda Interlagos


Tinha que ser assim. Uma temporada com 8 vencedores diferentes e uma gama enorme de variáveis durante as provas merecia ser decidida em Interlagos, uma pista que parece não se cansar de produzir corridas imprevisíveis. Mas ontem, voltando para Belo Horizonte depois da corrida, fiquei pensando em como estruturar este post. E não cheguei a conclusão alguma. Como ainda não vi imagens pela TV, resolvi eleger os personagens principais da decisão e mostrar como foi a corrida, usando estes pilotos como base.

Vettel – O legítimo tricampeão



Tricampeão. É meio estranho se referir assim a um piloto de 25 anos, mas depois de ontem, não há discussão. Sebastian Vettel conseguiu o que parecia impossível até a metade do campeonato. Virou o jogo contra Alonso e garantiu o título em uma corrida épica, que lembra os grandes momentos do passado da Fórmula 1. Caiu para último depois de se enroscar na curva do lago. Em poucas voltas chegou ao 6º lugar. Depois tomou uma decisão equivocada ao colocar pneus para pista seca quando a chuva apertou. Voltou
aos boxes e foi prejudicado pela Red Bull que se enrolou toda na troca de pneus. Com o carro prejudicado pelo acidente do início, partiu insanamente para cima dos adversários, engolindo-os. No final, Michael Schumacher lhe cedeu a 6ª posição, mas nem precisava. Com Alonso em Segundo, garantia o título com o 7º lugar. Não é só um tricampeão. É um monstruoso tricampeão.

Alonso – Um ano inesquecível

Com um carro sofrível, Fernando Alonso fez uma temporada absolutamente espetacular. Ontem, quando fez a ultrapassagem dupla sobre Webber e Massa, levantou o autódromo de Interlagos que, curiosamente, torcia por ele. Mas o restante da corrida não foi como ele esperava. Alonso saiu da pista algumas vezes, brigou com o carro, terminaria em terceiro não fosse o presente de Felipe Massa no final. Largar em 7º e terminar em 2º, de Ferrari, é um resultado espetacular. Mas não o suficiente. Fernando Alonso merece um
carro vencedor na equipe italiana. Que ele venha em 2013.

Massa – Lágrimas do desabafo

Discordo de quem diz que Felipe Massa teve um ano para esquecer. Acho que ele teve 3 anos para esquecer, os 3 que correu com Fernando Alonso. E foi isso que ele parece ter percebido nessa segunda metade de campeonato, período no qual subiu de performance a cada corrida, tendo seu ápice no GP do Brasil. Em casa, Felipe fez uma corrida memorável. Depois de sofrer bastante com pneus slicks em pista molhada, ele se adaptou às condições do asfalto, superou Webber e fez uma ultrapassagem de mestre sobre Kobayashi na reta oposta. Partiu como um leão para cima de Fernando Alonso e superou o companheiro nos boxes. E depois, claro, precisou entregar a posição. No final, as lágrimas e os desabafos. Que sejam lágrimas de transição e de renascimento de um piloto que tem muito mais a oferecer à Ferrari do que as
performances pífias dos últimos anos. Que tem a oferecer a atuação soberba deste final de semana.

Button – O calculista

Não tenho dúvidas de que a dupla de pilotos da McLaren é a melhor do grid. E ontem , Hamilton e Button deram um show, descendo a reta oposta quase batendo rodas em duas oportunidades. Enquanto Hamilton deu azar em uma batida com Hulkenberg, Button seguiu seu caminho sem cometer um único erro sequer. Isso numa pista com asfalto imprevisível, hora seco, hora molhado, hora úmido. Um show de um dos melhores pilotos do grid da F1.

Hulkenberg – O intruso

No treino de sábado de manhã, quando a Force Índia de Nico Hulkenberg passou zunindo na reta oposta pela primeira vez, meu amigo Fábio Campos, o cara que mais entende de F1 que eu conheço bradou: “Esse alemão é foda. Você vai ver na Sauber, ano que vem”. Nem precisamos esperar tanto. Hulkenberg se meteu na disputa de gigantes dos personagens acima e liderou 30 voltas do GP do Brasil. Ele e Button foram os únicos a encarar o piso molhado de Interlagos com pneus slick. Não fosse o inexplicável Safety car enquanto estava em primeiro e seu erro na tentativa de ultrapassagem sobre Hamilton, Hulk poderia ter vencido a prova e igualado seu feito de 2010, quando marcou a pole em Interlagos. Como diria Fábio Campos, vamos ver na Sauber.

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