segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Interlagos e seus três personagens

Webber a frente de Vettel em Interlagos: "problemas" de câmbio e falta de chuva
O GP do Brasil teve três personagens:


1º) A chuva. Ela ameaçou aparecer durante todo o final de semana, mas deu um baile em todo mundo. Quem já foi a Interlagos sabe muito bem o quanto é impossível prever o clima da região. Mas ela era esperada como salvadora da pátria, e seria mesmo, já que a corrida não teve nada de emocionante.


2º) O câmbio de Vettel. A Red Bull tentou arrumar uma desculpa para que seus pilotos trocassem de posição, mas esqueceu de combinar com o campeão do ano que, após deixar o australiano passar, seguiu andando forte. Uma bobagem da parte da equipe, que a esta altura, poderia ter trocado as posições sem teatro algum. Uma coisa é fazer isso quando o campeonato está decidido. Outra é tirar um piloto da disputa para beneficiar outro no meio do campeonato, né Dona Ferrari.



Nelson Piquet, a Brabham
 e a bandeira do Vasco: genial.
  3º) Nelson Piquet. O tricampeão deu algumas voltas com o Brabham BT-49, carro que lhe deu o primeiro dos três títulos a 30 anos e foi um show a parte. Sem sentimentalismos baratos, Piquet atirou para cima dos dirigentes da CBA, chamando-os de ladrões, levantou uma bandeira do Vasco da Gama na sua última volta, provocando os corintianos e ainda respondeu deliciosamente à repórter da Globo que lhe perguntou se a homenagem o deixou com vontade de chorar. “De chorar não, mas de rir sim”. Genial.

Com isso podemos notar que, infelizmente, nem mesmo Interlagos salvou este fim de temporada da monotonia. As novidades deste ano (asa móvel, KERS e pneus que esfarelam) duraram o tempo necessário para que as equipes as entendessem e passassem a conviver bem com elas. Mas também não sei até que ponto as ultrapassagens artificiais e o excesso de pit-stops das primeiras corridas contribuíram tecnicamente.

A Fórmula 1 também precisa rever conceitos, pensar um pouco como esporte, apesar de ser quase 100% bussiness. Ontem, em Interlagos, Bruno Senna foi punido por um toque em Michael Schumacher, quando o alemão tentava lhe ultrapassar. Uma tentativa de ultrapassagem envolve riscos, ninguém bateu em ninguém de propósito. Bruno quebrou um pedaço da asa. Michael furou um pneu. Já são punições naturais decorrentes de uma manobra arriscada. Agindo assim, a FIA tira dos pilotos o que lhes resta de atletas: a gana de ganhar posições e aumentar sua pontuação. Uma babaquice, em geral.

O GP do Brasil teve outra boa atuação de Jenson Button, vice campeão merecido. Menção honrosa à Alonso que ultrapassou o mesmo Button por fora, no Laranjinha. Grande destaque para Adrian Sutil que fez bela ultrapassagem sobre Nico Rosberg e garantiu um ótimo sexto lugar. Não tem lugar garantido para o ano que vem, mas será uma pena se não estiver no grid.

Para os brasileiros, o ano acaba mal. Bruno Senna precisa melhorar em ritmo de corrida. É bom em uma volta rápida, mas não mantém regularidade na prova, comete erros imbecis. Rubens Barrichello manteve a garra de sempre, mas teve um carro abaixo da crítica o ano todo. E Felipe Massa foi absolutamente patético em Interlagos, um retrato do seu ano. Fez uma parada a menos e ficou mais de 20 segundos atrás de Fernando Alonso que tem o mesmo carro. Ridículo.

Nas próximas semanas, falaremos mais sobre o fim da temporada, o título de Vettel, o domínio da Red Bull, as decepções e destaques. Que 2012 nos traga uma temporada naturalmente mais competitiva e, de preferência, com brasileiros na disputa.

2 comentários:

Ron Groo disse...

E o mais importante, mais legal, mais genial, mais engraçado foi Piquet, mostrando que houve um tempo que era divertido a F1.

Bruno Aleixo disse...

Infelizmente, representante de tempos que não voltam mais...